terça-feira, 3 de março de 2015

Relatos Selvagens

Relatos Selvagens
(Relatos Salvajes, 2014)

Direção: Damián Szifrón
Roteiro: Damián Szifrón

com: Ricardo Darín, Leonardo Sbaraglia, Oscar Martínez, Erica Rivas, Walter Donado, Julieta Zylberberg, Rita Cortese, Diego Gentile

Uma coletânea de diversas situações extremas em que o acaso, o destino ou o que quer que se acredite ditam as regras. Os tais "Relatos Selvagens" são pequenas histórias que representam momentos de desespero humano diante da injustiça, mentira e fúria. Um homem que se enxerga como vítima de todos a sua volta, uma garçonete que reencontra um homem que a fez muito mal no passado, uma disputa no trânsito, um homem em busca de justiça quando seu carro é rebocado, um acidente de trânsito com consequências terríveis e a pior festa de casamento da história. Todas elas misturando na mesma medida horror, suspense, non-sense e até um pouco de comédia, transformando o filme em um espetáculo de humor negro.

O que se destaca é a imprevisibilidade da maioria das situações, o texto afiado e as grandes interpretações dos atores, destacando-se o figurinha fácil do cinema argentino Ricardo Darín, Erica Rivas e Oscar Martínez nos seguimentos mais longos do filme. Não é difícil entender o sucesso do filme já que ele se relaciona facilmente com muitos de nós. Aqui, a coisa só é elevada a enésima potência e mesmo naqueles mais simplórios (o de Darín e o do homem que se vê como vítima) existe um toque de surpresa e fantasia. Alguns beiram o non-sense, outros usam da crítica social (de leve) para surpreender o espectador e outros beiram a anarquia. Tudo bem organizado, bem montado e com momentos muitíssimo satisfatórios.

Num mundo ideal, filmes como esse (e sendo bem honesto quase toda a lista dos estrangeiros) teriam sido os nomeados ao principal prêmio do cinema americano, com os demais filmes fazendo apenas figuração.

★★★★

segunda-feira, 2 de março de 2015

Conto da Princesa Kaguya

Conto da Princesa Kaguya
(Kaguyahime no monogatari, 2013)

Direção: Isao Takahata
Roteiro: Isao Takahata e Riko Sakaguchi

Faço votos para que esse não seja o último dos filmes do Studio Ghibli. Porém, se essa nefasta possibilidade se concretizar, essa é uma das mais belas histórias já apresentadas pelo estúdio e uma despedida bastante digna.

Adaptado de uma lenda do folclore japonês, o mais longo filme do estúdio é uma delicada e emocionante história sobre um casal de camponeses que encontram uma criança dentro de um bambu e a criam como sua filha transformando-a na Princesa Kaguya.

Muito já se disse a respeito da opção do diretor Isao Takahata (o mesmo do seminal O Tumulo dos Vagalumes) em fazer seu filme com essa técnica de animação que parece saída de uma pintura de aquarela ou esboços mais ríspidos - nas poucas, mais lindas sequências de ação. Funciona perfeitamente para a ideia do filme, que é suave e parece deslizar na tela. Um pouco longo (eu tiraria uns 10 minutos), mas essencial. Em um mundo em que todas as animações parecem precisar ser em 3D, Kaguya merece ser vista por sua enorme qualidade e por ainda compreender que um lápis e um papel podem dar vida a qualquer coisa.

★★★★½