quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Piranha 3D
(Piranha, 2010)
Terror/Comédia - 88 min.

Direção: Alexandre Aja
Roteiro: Pete Goldfinger e Josh Stolberg

Com: Jerry O'Connell, Eli Roth, Ving Rhames, Richard Dreyfuss, Elisabeth Shue, Christopher Lloyd



O filme Piranha foi um sucesso trash produzido por Roger Corman, em 1978, que agradou a crítica pelo humor negro usado em um filme aparentemente de terror. Porém, o filme de Joe Dante atravessou gerações e hoje é cultuado junto com uma leva enorme de filmes de um subgênero conhecido como exploitation. E o gênero é tão cultuado que Quentin Tarantino o homenageia em todos os seus filmes e até mesmo fez um filme exclusivamente sobre isso, o Top 10 de 2010, Á Prova de Morte. Mas os exploitation podem até ter envelhecido bem, mas não foram bem renovados. Hoje em dia, é raro ver um filme desse tipo entrando em cartaz, com pequenas aparições de um Machete ou o inédito no Brasil Black Dynamite, uma homenagem-sátira a Shaft, o grande policial negro que influenciou um tipo peculiar do exploitation, o blackexploitation. Agora, o 3D chegou á moda. E nada melhor que um filme que tem exagero em sexo, drogas e gore voltar á cena agora, usando o exploitation para fazer o "3Dexploitation". E um remake de um clássico trash seria o melhor a se fazer. Daí, chegou-se a pauta a produção de Piranha 3D.


O resultado, apesar de enrolado em alguns pontos, é engraçadíssimo e divertido para as pessoas de mais estômago. É vistoso na tela o que o antes diretor de filmes sérios de terror Alexandre Aja faz com o que tem em mãos. Depois de um filme censura R chegar às telas utilizando o 3D da melhor forma possível (Resident Evil 4), Piranha 3D vem para ser o primeiro filme que se faz presente apenas pela diversão sem história e gore na Geração 3D.



A trama, se o filme tiver mesmo uma, é um grupo de jovens que se reúne num lago todo ano. Mas nesse ano, um diretor de filmes pornográficos (Jerry O'Connell) resolve rodar um filme revolucionário e chama duas de suas atrizes (Kelly Brook e Riley Steele) para o lago. Junto, ele chama o jovem Jake (Steven R. Queen) e sua amiga Kelly (Jessica Szohr) para o passeio de lancha que irá para fazer o filme. Porém, o lago é atacado por piranhas geneticamente modificadas da Era Mesozóica (Deus...), o que causa terror aos jovens bonitos e seminus do lago. Enquanto isso, Julie (Elizabeth Shue), mãe de Jake, e Fallon (Ving Rhames) vão pro lado pra salvar gente e matar piranhas.


Como já deu pra ver, o roteiro da dupla do ridículo Pacto Secreto Josh Stolberg e Pete Goldfinger é profundo como uma piscina de 50 litros. A história é imbecil demais, com até mesmo a ordem das mortes sendo previsíveis. O desenvolvimento é nulo, refletindo o que a história mesmo propõe. A trama vai progredindo com cenas de dar horror a qualquer cineasta que saiba o que é edição, sendo bem arrastadas e apresentando não apenas clichês corriqueiros a qualquer filme de terror com jovens, mas tendo um ritmo truncadíssimo e nenhum atrativo para continuar na sala de cinema. E olha que Richard Dreyfuss já tinha aparecido nos 2 minutos iniciais, apenas pra morrer e apresentar a divertida homenagem a Tubarão feita pelos realizadores.



Porém, é pra se ter na cabeça de que aquele filme ali é um exploitation de essência e logo logo a bobagem vai acabar e as destemidas piranhas irão aparecer. Para tentar enrolar esse tempo das piranhas apenas rondarem o lago sem atacar, era necessário um maior polimento e talvez uma sátira melhor ao gênero, sem tentar contar uma história boba como essa com o tom trivial. O início de Piranha 3D é o maior defeito do filme, por apresentar personagens e situações como qualquer outro filme de terror. E isso cansa bastante, visto que os diálogos são terríveis e os personagens, arquetípicos. Em pensar que esses defeitos poderiam ser bem piores, se não houvesse a homenagem com Dreyfuss e as atuações de profissionais como Elizabeth Shue e Ving Rhames.


Até que, lá pros 45 minutos, um verdadeiro MILAGRE acontece. As piranhas atacam. E começa um dos espetáculos gore mais vistosos em anos. Sem aquelas restrições que Jogos Mortais provoca a si mesmo, Alexandre Aja libera o rio de sangue e corta cerca de 300 corpos com criatividade e reúne, partir dali, as referências exploitation do filme. E só a partir dessa genial seqüência que o filme faz valer o excelente cartaz que dizia: Suor-Sexo-Sangue. As piranhas comem todo mundo no lago, com destaque para o modo nojento como que Aja filma os ataques, nos mínimos detalhes. Espanta-se a censura 16 anos. Além disso, os sobreviventes que conseguiram subir no palanque e se livrar das piranhas não deixam de ser mero banquete pra Aja, que pouco se importa em identificar os personagens com o público, que conseqüentemente só quer ver eles morrerem mesmo. E tome palanque virando pelo peso extra e mais 100 pessoas viram vítimas das piranhas. E o filme se engrandece nisso. Divertido e sangrento, Piranha 3D se torna um espetáculo do grotesco, sem história e muito gore. Quanto ás homenagens, Piranha até mesmo atualiza algumas delas. Se uma clássica linha cortante atinge milimetricamente o biquíni de uma mulher para mostrar seus seios antes de cortá-la ao meio, o espírito contemporâneo devolve com uma participação de Eli Roth.



Após essa magnífica seqüência, poucas coisas merecem nota no filme. A genial cena final é divertida e o balé das atrizes nuas, com a lindíssima ópera The Flower Duet ao fundo vale o filme. A direção de Aja nada faz demais, mas serve bem para o propósito dela: enquadrar o maior número de belas mulheres e mortes que o filme exige. A edição de Baxter é lamentável, assim como a fotografia de John R. Leonetti. A trilha de Michael Wandmacher nem se fala também, sendo comum porém passável.


No resumo geral, Piranha 3D diverte demais. Se Steven R. Queen, Jerry O'Connell e Jessica Szohr não conhecem o termo atuação, ao menos Kelly Brook é uma maravilhosa mistura de Blake Lively e Jennifer Garner, visto que Elizabeth Shue segura suas cenas e as piranhas fazem o resto. Um filme com diversos defeitos, roteiro pífio e estapafúrdio, mas que diverte pelas suas homenagens e seu gore sem limites. Seus exageros também são uma bem-vinda volta do exploitation á moda, o que me deixa feliz pelo fato desse tipo de filme divertir de uma forma grotesca e incorreta. Piranha 3D faz o que se propõe, apesar do péssimo início. E isso basta ás vezes. Agora é esperar pela seqüência, já que o final deixa um gancho maravilhoso.


Exagero é mesmo o que define o filme. Não bastava fazer a Piranha engolir um pênis. Tinha que fazê-la arrotar ele também.


(Nota do Editor: Esse é o último post de 2010 aqui no Fotograma Digital. Chegamos ao nosso segundo ano com muita gente lendo e alguns comentando. Para 2001, esperamos melhorar, expandir e acrescentar. Voltamos dia 3 de Janeiro com nossas tradicionais listas de melhores de 2010. Abraços e Feliz Ano Novo!)

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Árvore da Vida



O aclamadíssimo diretor Terrence Malick lança em 2011 seu novo filme, resultado de uma idéia que vinha sendo desenvolvida desde dos anos 70. O explêndido trailer impressiona pela beleza de imagens sublimes, mas ao mesmo tempo simples . Paisagens do espaço e do campo se misturam na trama que parece profunda, no nível de questionamento existencial . Nela, Jack( o garoto Hunter McCracken) é o mais velho dentre os três irmão de uma família texana . A história acompanha o menino aprendendo as coisas da vida, enquanto também mostra Jack adulto (Sean Penn), deprimido, devido a uma provável formação conturbada, marcada pela morte de um dos irmãos . Brad Pitt e Jessica Chastain interpretam os pais . Devemos esperar além de um drama de família disfuncional, uma grande discussão de elementos fundamentais da vida. Se tratando de Malick, já podemos nos preparar para o melhor possível.



terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Provavelmente o ditado mais famoso do mundo é aquele que diz que "beleza não pôe mesa". As pessoas, de forma geral, estão sempre tentando afastar estética e talento, como se ambas andarem lado a lado fosse uma tarefa impossível. Aqueles que dizem isso certamente não conhecem a nossa musa de hoje: a atriz sul-africana Charlize Theron. De modelo aos 16 anos, após ganhar um concurso em sua cidade natal (indo trabalhar para a agência Pauline's) e uma prematura carreira como dançarina, interrompida por uma lesão no joelho aos 19 anos, a hoje mensageira da paz das Nações Unidas foi um longo percurso cheio de reviravoltas. Porém, sua grande chance como artista viria mesmo após fazer uma cena diante de um caixa de banco quando foi descontar um cheque, logo atraindo a atenção de um descobridor de talentos.

O ativismo e a polêmica sempre fizeram parte de sua vida: seja por presenciar a mãe matando (em legítima defesa) o pai, que a agredia constantemente, seja envolvida em organizações em defesa dos direitos da mulher, na luta pró-aborto, em favor do casamento gay e como membro ativa do PETA (de defesa aos animais). Sua estreia no cinema em 1985 - com míseros 10 anos - num filme B chamado Children of the corn III, mesmo numa participação sem fala e por poucos segundos, foi o necessário para agradar os produtores de hollywood, o que lhe renderia papeis nos filmes Contrato de Risco, de John Herzfeld e The Wonders: o sonho não acabou, de Tom Hanks.

No início da carreira em Contrato de Risco
Meu primeiro contato com um filme em que trabalhou foi, em 1997, no misto de suspense e ação O Advogado do Diabo, de Taylor Hackford, em que faz a esposa do personagem protagonista cujo pai é nada menos do que o diabólico Lúcifer, interpretado pelo ator Keanu Reeves. Entre 1998 e 2002, participa de uma série de longas de aventura e dramas pessoais, onde destaco o romântico Regras da Vida, de Lasse Hallstrom (fazendo par com Tobey Maguire), Homens de Honra, de George Tillman Jr, onde acaba ofuscada pelo duelo de atuações entre os atores Cuba Gooding Jr e Robert de Niro e o comovente e profundo Doce Novembro, de Pat O'connor, quando realmente começou a chamar minha atenção em papeis mais pesados e de construção narrativa mais pesada, na pele de uma mulher marcada por uma doença incurável e relacionamentos de curta duração em demasia.

Com Keanu Reeves, em cena do sexy e excelente Advogado do Diabo
Em Regras da Vida, com Tobey Maguire
Cuba Gooding Jr. e Charlize em Homens de Honra
Em cena em Doce Novembro
O ano de 2003 seria o início de sua apoteose com o Oscar de melhor atriz ganho por sua interpretação da serial killer Aileen Wournos no filme Monster: desejo assassino, de Patty Jenkins. Nos anos seguintes, se destacaria como Britt Ekland em A vida e a morte de Peter Sellers, de Stephen Hopkins (com belíssimo trabalho de Geofrey Rush no papel-título) e como Josey Ames, primeira mulher a vencer um processo por assédio sexual nos EUA em Terra Fria, de Niki Caro. Seus últimos personagens, a heroína Mary de Hancock, sátira de Peter Berg, a fútil Sylvia de Vidas que Cruzam, de Guillermo Arriaga e a quase inexistente aparição na ficção-científica A Estrada, de John Hillcoat, não lhe renderam boas críticas, o que vem gerando comentários nos tablóides de que é hora de mudar os rumos de sua carreira.

Em Monster, o filme que lhe rendeu um Oscar
Em Vida e Morte de Peter Sellers
Seu último projeto finalizado é a animação Astroboy e está cotada para participar de Mad Max: Fury Road, reboot da clássica franquia eternizada no cinema pela dupla Mel Gibson e George Miller. Um projeto que vem sofrendo com sucessivos atrasos e cancelamentos os mais diversos. Além disso, rumores atestam que Charlize pode vir a compor o elenco do terceiro longametragem de Batman, dirigido por Christopher Nolan, na pele de uma soçialite. Entre altos e baixos, ninguém nega o talento (e a beleza, é lógico!) de Charlize Theron. Uma prova mais do que viva de que aquele ditado que começou esse texto muitas vezes não está com nada. Em algumas ocasiões (como esta, por exemplo) ele até atrapalha.





segunda-feira, 27 de dezembro de 2010


Beaver


Bad Mel is back! Nesse bizarro filme dirigido por Jodie Foster (outra sumida) ele vive um cara em depressão que explusa seus monstros interiores por meio de um fantoche de castor (!!!). Potencial para ser hilário, sombrio ou uma bomba homérica.


domingo, 26 de dezembro de 2010

Tron - O Legado
(Tron: Legacy, 2010)
Aventura/Sci Fi - 127min.

Direção: Joseph Kosinski
Roteiro: Edward Kitsis e Adam Horowitz

Com: Jeff Bridges, Garett Hedlund e Olivia Wilde


Em 1982, a computação gráfica dava seus primeiros passos no cinema. Foi Tron- Uma Odisséia Eletrônica, que introduziu os primeiros arcaicos esboços de um artifício que viria a ser explorado em proporções caoticamente mais avançadas décadas mais tarde . Era com uma história simples, mas recheada de detalhes, que Tron exibia diversos conceitos do seu mundo digital: as clássicas lightcycles, os grandes planos quadriculados e negros, além de uma infinidade de construções poligonais que, devido à clara limitação dos efeitos da época, eram primitivas e até simplórias, comparadas aos efeitos tão realistas de hoje em dia. Por isso mesmo, por seu estilo conceitual tão datado, um dos filmes precursores da utilização da computação gráfica é tão vagamente lembrado nos dias de hoje, sendo citado apenas por escassos aficionados por clássicos cult. Entretanto, se na década de 80, Tron foi criado para exibir a temática cibernética com os efeitos visuais que eram novidade, nada mais justo e interessante, que estabelecer um equivalente nos dias atuais, onde a computação gráfica tem níveis cada vez melhores e o 3D se desenha como uma inovação que veio para ficar.


Portanto, é uma atitude atrativa, e também corajosa, trazer Tron: O Legado, para os cinemas, 28 anos depois de o original ter sido lançado. Viver a experiência do mundo eletrônico proposto no clássico oitentista com toda a tecnologia digital existente hoje, foi de fato o argumento mais forte para a realização do longa. Uma grande atualização, um enorme update das concepções visuais do primeiro filme é o que se estampa logo de cara, como a motivação primordial para a existência da seqüência. Porém, como já estamos calejados de saber, nada que se baseia em alegorias - e efeitos especiais não passam disso no cinema - tem muito futuro. Se este novo Tron fosse apenas um filme lindo, mas que nada possuísse em conteúdo, seria uma verdadeira frustração, devido à expectativa que se criou em cima dele. Graças aos deuses do cinema, enfim, não foi isso que aconteceu dessa vez, e Tron: O Legado mostra que, mesmo com alguns tropeços, é mais do que apenas um “rostinho bonito”.



A história começa alguns anos depois dos acontecimentos do primeiro filme, com Kevin Flynn (Jeff Bridges) conversando com seu filho de sete anos, Sam, sobre sua recente descoberta, a Grade. Depois disso, o pai de Sam desaparece, e não mais retorna. Passam-se mais 20 anos, e o já adulto Sam (Garret Hedlund) ocupa seu tempo atrapalhando o curso da companhia que herdou: a ENCOM. Até que um dia, o paradeiro de sue pai é dado na velha casa de jogos onde trabalhava. Indo até lá, Sam acaba adentrando o mundo cibernético que seu pai havia criado há tantos anos, e precisa ajudá-lo a sair de lá.


O roteiro desta seqüência faz jus exatamente ao original de 1982: uma trama com estrutura enxuta, típica de aventura, onde existe um objetivo e este precisa ser alcançado. Entretanto, no clássico cult oitentista, tínhamos um tipo de desenvolvimento mais lento, com uma narrativa que acabava por tornar o caminho que parecia tão simples, mais “tortuoso”, se assim podemos dizer. Em Tron: O Legado, todas as arestas que sobravam do original foram aparadas, tanto em seu roteiro, quanto no seu visual (este sendo muito explícito, obviamente). A narrativa do longa de 2010, mostra sua simplicidade sem medo, coloca seus objetivos em tela, e aguarda seus protagonistas irem atrás deles. Entretanto, num ritmo mais veloz e adequado. É também preciso ser dito que o roteiro é amarrado e apresenta um encadeamento de fatos coerente.


Diante disso, só é triste constatar que os roteiristas fizeram o mais difícil, com sucesso – criaram toda uma estrutura narrativa coesa – e o mais fácil, com erros – bolaram diálogos, parte fácil do roteiro, com infantilidades e alguns tropeços tolos. Uma revisada básica não faria mal algum nesta situação.



A escolha do diretor, o egresso de curtas e comerciais Joseph Kosinski, se apresentou acertada, no balanço geral. Kosinski mostra certa segurança na direção e tem seu diferencial nas partes de ação, que coordena com maestria, conseguindo arrepiar o crítico que vos fala na seqüência da luta das lightcycles. Boa direção somada a efeitos primorosos. Um resultado de encher os olhos. Kosinski nem aparenta ser estreante, e já se mostra preparado para qualquer outro grande blockbuster que pegar pela frente.


Tecnicamente, Tron é irretocável. Os efeitos especiais do mundo cibernético são sensacionais, belíssimos e muitos elegantes. Todos os aparatos – desde veículos até as roupas usadas – são de uma beleza simples, porém rara. Neste ponto, todos estão de parabéns, tanto o pessoal dos efeitos especiais quanto o da direção de arte. Impecável, e ilustra uma evolução indescritível. E se a parte visual do filme teve uma evolução tremenda, nem se fale da trilha sonora. Um conjunto de sons estranhos do primeiro filme dá lugar ao ritmo eletrônico ESPETACULAR da dupla francesa Daft Punk. A trilha é parte essencial ao filme, e o incrementa de maneira incrível. As músicas funcionam adicionando ao filme um potencial cool impressionante. Uma das melhores trilhas que não vejo há tempos.



Já nas atuações, não teríamos problema algum, não fosse Garret Hedlund. O ator tem problemas na interpretação de Sam Flynn, que vão desde o modo como desempenha suas falas até o modo como seu corpo se movimenta. Hedlund anda como um modelo, seu jeito de se mover é incrivelmente artificial, quase robótico. Fora Hedlund, todos os outros dão o seu melhor, destaque para Bridges, sempre à vontade e Olívia Wilde que empresta uma atuação muito adequada á personagem Quorra.


Numa cotação final, Tron: O Legado agrada muito. Possui um roteiro estrutural muito agradável e que tem tanto no seu conteúdo, quanto no seu ritmo uma superioridade ao original. Se esta continuação de Tron foi pensada para uma evolução visual, teve, por resultado final, uma verdadeira revolução visual e uma boa evolução em sua história, suprindo ás expectativas na medida certa.


Obs: O 3D é um tanto quanto inócuo, e o que surpreende mesmo é a beleza dos efeitos, com a tridimensionalidade ficando visivelmente de lado.


quinta-feira, 23 de dezembro de 2010


Transformers 3: Dark of the Moon



Depois da bobagem sem graça Transformers 2, as espectativas para uma eventual sequencias cairam a níveis quase nulos. A premissa do trailer de inserir a chegada do homem a Lua com a descoberta de uma nave dos robôs é interessante e talvez renda uma história divertida. Nem sinal de Shia Labouf e afins pelo menos nesse trailer inicial. Tem cara de prólogo ou de aviso aos espectadores. Esperamos que Spielberg - que visilmente "meteu a mão" no primeiro filme, volte a dar os toques em Bay. Seu Transformers 2 é uma piada de mal gosto e muito barulhenta.




terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Minhas Mães e meus Pais
(The Kids are All Right, 2010)
Comédia/Drama - 106 min.

Direção: Lisa Cholodenko
Roteiro: Lisa Cholodenko e Stuart Blumberg

Com: Annette Bening, Juliane Moore, Mark Ruffalo, Mia Wasikowska e Josh Hutcherson

É quase uma tradição. Entra ano e sai ano e a Academia e os críticos americanos elegem um filme indie, geralmente de pouquíssimo orçamento para ser um destaque na festa da indústria americana. Geralmente são pouco vistos pela massa - o que não é, nem de longe, sinal de falta de qualidade - tem roteiros "subversivos", atores inexperientes ou tentando resgatar suas carreiras, trilha sonora moderninha e angariam fãs entre os "descolados" e "diferentes".

Essa tradição americana sempre ocorreu, mas vem tornando-se mais evidente na última década. Desde o ano 2000 quando Spike Jonze foi indicado ao prêmio de melhor diretor pelo bizarro e genial Quero ser John Malkovich e Hillary Swank venceu o prêmio de melhor atriz pelo visceral Meninos Não Choram essa tendência se expandiu. Nos últimos anos tivemos a "coroação" de filmes como: Encontros e Desencontros, Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças, Crash, Pequena Miss Sunshine, Juno, Quem quer ser um Milionário, Preciosa e Guerra ao Terror. Todos pequenos filmes que foram alavancados pela crítica especializada, tendo espaço na festa da indústria.

Kids are All Right, ou como foi toscamente traduzido no Brasil, Minhas Mães e meu Pai, é um exemplo quase arquétipo dessa tendência. Apenas não é formada de atores novatos, já que os cinco personagens principais são, ou consagrados pela critica, ou caras conhecidas do público.


Dificilmente - arrisco a dizer que é uma certeza - não teremos pelo menos três indicações ao filme de Lisa Cholodenko. Posso apostar que Anette Bening, a citada Lisa e o filme terão indicações. A exceção do trabalho forte e inspirado de Anette - de volta aos bons papéis - as demais indicações serão exageradas para não dizer injustas.
Por quê? O leitor mais ávido por respostas diretas pergunta.

Kids are All Right versa sobre um casal homossexual (Anette Bening e Julianne Moore) que a partir de um doador anônimo conseguiram ter dois filhos. Quando os garotos são adolescentes (Mia Wasikowska e Josh Hutcherson), os dois têm a vontade de conhecer o seu pai. Ai entra Mark Ruffalo que vive o doador/pai (Paul) que passa a conviver com a família. Apesar das óbvias arestas pontudas que essa relação, no mínimo, estranha revela a família passa a conviver bem.



Cholodenko no entanto acaba com a credibilidade de seu filme ao inserir um conflito fajuto e até certo ponto ofensivo, tanto em termos narrativos como - principalmente - moral. Imagino se a história fosse entre um casal heterossexual, que teria usado um doador para conceber seus filhos qual seria a saída infeliz utilizada.

Não sei da preferência sexual da diretora, mas ao ver seu filme fica claro que sua visão de sexualidade é deturpada, como trocar de camisa ou escolher um sorvete diferente. Basta termos um probleminha em casa que tudo pode ser resolvido na cama - de outro. Pior ainda quando o outro (spoiler) não "joga no mesmo time" que agente. É o caso do filme, que usa um medíocre caso vazio e sem sentido entre uma personagem lésbica, feliz com sua condição e um heterossexual, reforçando os preconceitos de que essa coisa de opção sexual é pura frescura.

Imagine você leitor. Você - como eu - heterossexual e porque tem problemas em casa, vai pra cama com um homossexual? Isso é realista? Faz algum sentido?

Para Cholodenko faz. Para mim, nem um pouco e isso faz o filme desabar vertiginosamente rumo à mediocridade.


Embora alguns possam defender que a personagem de Moore (Jules) fosse bi-sexual, ou curiosa, não faz sentido vendo o que a narrativa apresenta. Ao utilizar numa sequencia engraçadíssima, um vídeo erótico gay entre dois homens, Cholodenko tenta ali justificar sua virada na história e o surgimento desse caso. Não funciona, pois em nenhum momento fica claro as motivações para que o casal lésbico tenha tesão em ver dois homens transando.

E mesmo que tenha ficado subentendido, o que isso prova? Que no fundo lésbicas "precisam" de um pênis? Que a sexualidade do ser humano é tão complexa e que apesar de termos uma escolha sexual, no fundo "ninguém é de ninguém"? E se é assim que Lisa pensa, aonde entrar os nossos parceiros? É diversão por um tempo, até trocarmos de time? E a realidade do casal que parece viver uma crise normal de um relacionamento regado pelo tédio? Por que são lésbicas, ela tem que partir pra cima de um hétero? Por que não inserir então um caso com outra lésbica?

São questões assim que fazem o filme, que é uma comédia leve e com momentos realmente divertidos derrapar vergonhosamente. Mesmo quando vemos a traição de Jules (Moore) não fugimos do riso, porque apesar de tudo Cholodenko sabe tirar risadas de seu material. Sabe fazer de um espinhoso assunto, uma comédia dramática interessante.



Por isso, é muito difícil dizer se Kids are All Right é um bom filme ou não. Suas opções morais e escolhas narrativas são deturpadas e fracas, embora o resultado dessa "baderna" não seja ruim e até funcione em alguns momentos.

Kids conta com uma atuação retumbante de Anette Bening, fazendo de sua Nic, uma mulher tridimensional. Ranzinza, super-controladora e insegura é de longe a melhor coisa do filme. Os garotos - que ao iniciar o filme, pensei que seriam a propulsão da história - são mal utilizados apesar de apresentarem um bom trabalho e na metade filme do filme são deixados de lado em detrimento da resolução da história mal elaborada de traição e arrependimento do casal Bening/Moore.

Wasikowska prova que é melhor do que sua pálida e inexpressiva Alice e Hutcherson foge totalmente de sua imagem de garoto bonzinho, mas tem pouco tempo para solucionar seus arcos narrativos. Cholodenko levantou a bola mas furou na hora de dar a cortada vencedora, reduzindo o papel dos garotos ao papel de coadjuvantes. E Ruffalo, que tenta mostrar-se interessado nos filhos e depois com desejo por Jules, é uma pálida caricatura. Ruffalo é muito melhor do que seu trabalho aqui demonstra, e sua extirpação na parte final do filme não deixa cicatrizes e nem mesmo uma lembrança.

Talvez, e aqui faço uma defesa da diretora, Cholodenko possa estar dizendo: no fundo ele sempre foi somente um doador e como tal, jamais seria realmente parte dessa família.

Faz sentido, mas então porque dar tanta importância ao seu personagem e sugerir que ele faria parte de forma permanente da história? Apenas para descartá-lo totalmente nos últimos quinze minutos do filme (que por sinal é o melhor do filme sem dúvida).

Kids are All Right é uma comédia dramática "moderna" para caretas. Parece ser na superfície algo subversivo e tentador para os liberais, mas no fundo - até mesmo em termos narrativos - é reacionário. Tenta dar significados e aprofundar uma discussão séria - sexualidade - no meio de uma comédia indie que não sabe a quem se dirige nem o que quer dizer exatamente. Lésbicas são felizes? Quem são nossos pais de verdade? Como podermos ser felizes? Todos os nossos problemas se resolvem na cama de outro? Carência se cura? Relacionamentos são fadados ao tédio profundo e por isso uma traição é inevitável?



Muitas perguntas para pouco filme, que moralmente é discutível e narrativamente regular. Sobra apenas Anette Bening que faz uma de suas melhores atuações da carreira e a revelação de que Wasikowska não é uma garota gélida e sem expressão.

Muito pouca coisa para o "fenômeno indie da temporada".





segunda-feira, 20 de dezembro de 2010


London Boulevard

Londres.Gangsters.Keira Knightley. Três ótimos motivos para prestar atenção no filme de William Monaghan (roteirista de Infiltrados, Cruzada, Rede de Mentiras, Fim da Escuridão). Tem ainda Colin Farrel parecendo a vontade como gangster e Ray Winstone repetindo sua persona de Fim da Escuridão.


domingo, 19 de dezembro de 2010


Comer, Rezar, Amar
(Eat, Pray, Love, 2010)
Comédia/Romance - 133min.

Direção: Ryan Murphy
Roteiro: Ryan Murphy e Jennifer Salt

Com: Julia Roberts, Javier Bardem, Richard Jenkins e Billy Crudup

Comédia Romântica é um gênero saturadíssimo no cinema. Sempre tem algum filme com clichês, viradas no terceiro ato e beijos em aeroporto prontos pra aparecer. Numa pesquisa rápida, podemos notar que, só no circuito atual, temos: Juntos Pelo Acaso, Amor por Acaso, Coincidências do Amor e por aí vai. Porém, a variedade das tramas é tão ampla quanto a galeria dos títulos traduzidos, que tem sempre "Amor", "Surpresa" ou "Acaso" no título. Então, quando lançam variações saudáveis desse gênero sofrível, é amplamente válida a visita ao filme. Nesses últimos dois anos, tivemos dois exemplos: o genial 500 Dias com Ela e Educação. Porém, se foi Educação o indicado ao Oscar, foi um erro grave. O filme começa de maneira sensacional, apresentando uma charmosa comédia "coming-to-age", com toques românticos e elegância tipicamente inglesa (e ainda apresentava a atriz mais bonita do mundo para esse crítico que escreve, Carey Mulligan). Porém, uma escolha da protagonista no final se demonstra imbecil e excessivamente infantil. E é nessa linha que Comer Rezar Amar segue. A adaptação do livro da feminista Elizabeth Gilbert é falha na mesma forma que Educação, mas com problemas ainda maiores.

A trama segue Elizabeth que, ao perceber que está infeliz em sua vida, decide que é preciso mudar. Primeiro, remove o obstáculo mais evidente: seu casamento, iniciando assim um doloroso processo de divórcio. Depois, a tentativa de viver uma vida normal e buscar novos relacionamentos amorosos. No entanto, a aparente felicidade inicial logo dá lugar ao mesmo vazio existencial que ela antes sentia. Elizabeth então embarca em uma viagem de um ano pela Itália, Índia e Indonésia.


O roteiro adaptado por Ryan Murphy e Jennifer Salt é correto em diversos pontos, mas comete erros de estrutura. Como o filme é dividido em atos, nas três viagens de Elizabeth, um ritmo cadenciado é completamente válido, afinal, estamos falando do que, na teoria, era um drama de superação. Porém, a escolha feita pelos roteiristas é ditar um ritmo arrastado, que se não chega a cansar, atrapalha muito a mensagem do filme. Em vez de apresentar os fatos de maneira fluida, dividido em etapas, acrescentando algo para a vida de Elizabeth (com ela tirando lições de cada ato importante), o filme escolhe narrar as partes engraçadas, as partes desnecessárias e as importantes. Logo, o filme se torna episódico e extremamente truncado. Na Itália, temos vários dos clichês habituais, como o jeito dos italianos mostrado de uma forma caricata, falas engraçadinhas e diálogos dispensáveis, usados apenas pra exaltar a genialidade repentina que a protagonista ganhou.

Na Índia, o ritmo é mais truncado ainda, apresentando ainda um personagem bem interessante, mas que tira o foco do filme. O desastre se concretiza em Bali, num segmento do filme que simplesmente não devia existir se levarmos em conta o início do filme.

Porém, caro leitor, essa é uma CINEBIOGRAFIA. Logo, o ritmo do filme ser tosco é culpa dos roteiristas, sim, mas não é deles a culpa de Elizabeth Gilbert ser a maior recalcada, hipócrita, irritante e pretensiosa mulher na história recente da Sétima Arte.



E aqui começa a comparação com Educação. Da mesma forma que é infantil a escolha de Carey Mulligan no final do filme inglês, as escolhas tomadas por Elizabeth beiram a ridicularidade. As feministas já dirão que sou machista, que não gosto da mulher querendo se libertar do casamento e etc.

Não mesmo. Mulheres com coragem são uma máxima maravilhosa nas telas. O fato que deve ser levado em conta é a hipocrisia ambulante que é a protagonista. Uma contradição viva. Elizabeth é uma mulher que se julga independente. Porém, ela fica o filme inteiro tentando achar o amor de sua vida, ficando com alguns homens antes do final. Nada contra, se não fosse pelo fato dela achar que a jornada dela NADA VALE SEM UM HOMEM AO SEU LADO. Bonito, não? A mulher é independente, mas precisa de um homem com ela. Então porque largou o marido no início? Afinal, o que Beth não gostava era da instituição do casamento, de ser dona de casa, não de seu marido. Se não fosse esse ridículo pensamento, o segmento de Bali não precisava existir (e o filme fluiria melhor). É uma festa só. A protagonista é um ser tão desastrado na alma que consegue até determinar o fracasso de ritmo do filme.

Mas não só essa contradição deve ser levada em conta. Autoproclamada livre de pudores e preconceitos, a recalcada Elizabeth conhece seu primeiro apartamento na Itália, numa pensão. E qual é a primeira coisa que nossa heroína faz? Reclama do teto, que está sujo e feio e talvez isso faça o apartamento ceder. Tão espiritual, já que foi nessa jornada só porque uma espécie de líder espiritual a guiou, que não se desliga do material. Essa questão é até abordada no filme, no segmento da Índia, em que ela não consegue parar de pensar em trabalho e na decoração da sala de reflexão, em vez de ter paz interior. Porém, essa questão é esquecida e nunca é solucionada, quando é ofuscada pelo drama do personagem do excelente Richard Jenkins. A questão romântica da protagonista é a determinante pra tirar a alcunha desse filme de drama para comédia romântica dramática.



A construção de personagem é fraca. O roteiro gasta tantos minutos em situações arrastadas e desnecessárias que se esquece de explorar a profundidade da tristeza de Elizabeth no casamento. Porém, existem boas partes no filme. E elas são as cômicas e de drama leve, em que partes engraçadas são conduzidas habilmente por Ryan Murphy. As belas locações utilizadas ajudam e tornam o filme simpático.

Os coadjuvantes também fazem parte desse pacote e suas participações são cruciais pra tornar o filme aceitável. O drama leve se deve a partes como a que a irritante protagonista junta amigos e declara o quanto à vida dela está muito melhor agora, sem nada de aparências ou materialista (o pior é que o filme parece acreditar que isso é verdade...) e pede aos seus amigos pra ajudar a quem realmente precisa, doando milhares de dólares pra salvar uma mãe solteira em Bali. O bonito ato sacramenta, de vez, a imagem de mulher independente clichê que é Elizabeth Gilbert. Mulher determinada genérica. Um papel típico de Julia Roberts.

O que ajuda bastante o filme também são os quesitos técnicos. A elegante direção de Ryan Murphy é criativa e explora bastante o ambiente que filma. Buscando ângulos bonitos e recheando as transições de cena com planos aéreos, Murphy executa uma direção bonita de se ver e salva muitas partes do filme que passaram com desinteresse pelo roteiro. A trilha sonora de Dario Marianelli também é muito boa e eleva ainda mais o tom de drama leve e romântico que a história pede. Destaque para a música do espetacular Eddie Vedder no final do filme. Mas o melhor momento do filme é a fantástica fotografia de Robert Richardson remete a uma aura clara, diferente de suas fotografias recentes, o belo contraste clássico de Bastardos Inglórios ou o Noir pesadíssimo da melhor fotografia do ano (junto com Inception), Ilha do Medo. Excelente e ajuda a alavancar a potência que as locações representam pra tornar o filme agradável de assistir. Fora isso, a fotografia de Richardson varia em diversos pontos com os sentimentos da protagonista, se tornando mais clara ou escura, sem tornar-se esquematizada. A edição do filme, por Bradley Buecker, peca em diversos pontos como no desinteresse pela separação das três viagens, que só torna o roteiro episódico... mais episódico ainda.


Nas atuações, a única que merece citação extra, além do genial Jenkins, é a protagonista. Julia Roberts atua como se Elizabeth fosse ela mesma, numa atuação na média, em que comete o maior erro em acreditar com tanta veracidade naquele personagem arquetipico. Logo, é raro ver Julia num papel desafiador e diferente pra ela mostrar todo o talento que tem, como em Duplicidade.

No final das contas, Comer Rezar Amar é um filme pra sessão de sábado á noite, bem filmado e simpático, quando se esquece a mulher vazia que o protagoniza. Ryan Murphy faz o que pode e realiza um filme que, se não fosse a contradição latente que beira o ridículo que permeia a vida de Elizabeth, poderia ser melhor. Poderia ser realmente bom, uma película de jornada que apenas peca pelo ritmo truncado e mal dividido que o filme tem por si só. Porém, não há como fazer uma adaptação sem mudar a essência dela. O maior defeito de Comer Rezar Amar, nas duas mídias, é a escritora. O ideal de liberdade é algo maravilhoso a ser mostrado no cinema e não deve ser colocado em comédia romântico-dramáticas como essa.

Elizabeth Gilbert largando o marido? Que nada. Bom era o tempo que April Wheeler se matou pra fugir da vidinha de dona de casa na maçante Revolutionary Road.





quinta-feira, 16 de dezembro de 2010


The Fighter



Um dos filmes mais comentados nas listas prévias de Oscar e afins é esse drama sobre boxe estrelado por Mark Wahlberg e que deve render uma indicação ao sempre questionado Christian Bale, que vive o irmão do protagonista e seu treinador. O trailer tem um clima de Rocky Balboa e a assinatura "baseado em fatos reais" sempre induz o espectador a dar uma olhada mais atenta ao filme.