terça-feira, 31 de maio de 2011

I Saw the Devil
(Akmareul Boatda, 2010)
Suspense - 141 min.

Direção: Jee-woon Kim
Roteiro: Hoon-jung Park

Com: Byung-hun Lee, Min-sik Choi e Gook-hwan Jeon



Filme de vingança coreano, com Min Sik-Choi ("o" Oldboy) e Byung-hun Lee (GI Joe e Zona de Risco) guarda semelhança com o cinema do visceral Chan-wook Park. Ambos contam com antagonistas perversos, momentos de grande violência gráfica e finais de grande impacto emocional.


Mas, infelizmente apesar de perturbador como conto de vingança, não tem o frescor e a inteligência das tramas de Park. Por outro lado, apresenta um dos personagens mais assustadores do cinema moderno, o serial killer Kyung-Chul (interpretado por Min Sik-Choi, com trejeitos de seu papel mais famoso).


I Saw the Devil começa com a morte violenta de uma garota pelas mãos do serial killer que não apenas mata, mas despedaça suas vítimas. O noivo da mulher, o oficial da segurança nacional coreana Kim Soo-hyeon (Byung-hun Lee) decide perseguir todos os possíveis suspeitos de terem assassinado a garota. Porém, Kim não pretende prender o assassino mas fazê-lo sofrer ainda mais do que ele fez sua amada sofrer.



O filme passa a acompanhar primeiramente as tentativas e erros de Soo-hyeon em encontrar o verdadeiro assassino, não deixando de, no meio do caminho, mutilar, machucar e espancar até a quase morte os demais suspeitos.


I Saw the Devil pode ser descrito também como uma versão mais anabolizada e violenta de Desejo de Matar onde o "Charles Bronson oriental" enfrenta o Hannibal Lecter sujo e não adepto do canibalismo da Coréia.


Quando os dois começam a se confrontar a narrativa começa a brincar com nossas expectativas quase sádicas em acompanhar o policial maltratar e quase matar o serial killer a cada novo encontro, mutilando-o e ferindo-o de forma a prolongar sua agonia, apenas para soltá-lo na rua e partir para um novo confronto dias ou horas depois.



O problema é que apesar dos dois atores estarem em grandes momentos, depois de um tempo a história começa a perder seu foco e cair na paródia de si mesmo. Cenas "semi-gore" atrás de cenas semi-gore (e uma quase erótica pra contrabalancear) a história de Hoon-jung Park é uma coleção de situações tensas mas que não conseguem equilibrar-se bem como uma narrativa coesa. Explico: os momentos mais interessantes do filme são quando percebemos que o policial começa a perder a razão e a "gostar" de infligir dor em seu inimigo. Uma situação que se não é a mais original no mundo, no contexto do filme funcionava muito bem.

Na parte final do filme (especialmente nos 30 minutos finais, das mais de duas horas de projeção), o filme é desvirtuado e o policial quase vilão, volta novamente ao lado da luz e abandona as trevas de sua alma, apesar de manter-se violento. Falta equilibrar essa nova condição as mortes e cenas de violência apresentadas até então, além do fato de que a dualidade do personagem de Byung-hee Lee dava um charme ao filme e faziam o espectador não conseguir antecipar totalmente o desfecho da história.


O jogo entre gato e rato entre os dois personagens é muito interessante e algumas seqüências bastante tensas. A chacina dentro do taxi, com a câmera girando ao acompanhar a ação é desde já, uma das grandes seqüências que vi esse ano.



Apesar de apoiar-se na violência, I Saw the Devil não é gore em excesso. O diretor Jee-woon Kim não é adepto do torture porn de Eli Roth e segue a cartilha dos conterrâneos. Se fosse menos óbvio em suas resoluções (apesar das duas últimas cenas serem muito bem sacadas) I Saw the Devil seria um tremendo filme que faria jus a suas referencias e homenagens.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

O Poder e a Lei
(The Lincoln Lawyer, 2011)
Thriller - 118 min.

Direção: Brad Furman
Roteiro: John Romano

Com: Matthew McConaughey, Marisa Tomei, Ryan Phillippe e William H. Macy

Atores canastrões são muito bem remunerados no cinema. Em geral, eles usam esse talento quase nato em comédias românticas, onde beleza é a chave de seu sucesso e desenvolvimento de personagem se resume a tirar a camisa. Hugh Grant se consagrou como um ator desse tipo, avançando (felizmente) quando posto fora da zona de conforto, como em Um Grande Garoto. Já Matthew McConaughey é o rei das comédias românticas americanas como Armações do Amor e Como Perder um Homem em 10 dias, dois hits de público. Encarnando a reunião ambulante dos clichês do homem idealizado, McConaughey sempre atua em seu padrão, ao sorrir pra protagonista influenciável, sempre com um olhar apaixonado e com seu ar galanteador. Com seus salários astronômicos, o ator se limita a ter apenas um personagem em seu currículo: o de si mesmo. Mas o que faz do americano um astro é seu carisma, que sustenta confortavelmente seus filmes e que fazem o público comprar suas idéias, tornando-os sucesso, mesmo que com qualidade bem duvidosa (os dois títulos que citei são simplesmente pavorosos, assim como 75% das comédias românticas).



E o que The Lincoln Lawyer, traduzido de forma genérica por aqui, tem a ver com esses canastrões que povoam o cinema romântico? Dos estilosos créditos iniciais até a escolha soberba de elenco, Lincoln Lawyer apresenta um belo teste ao poder dos atores limitados e as situações a que são submetidos. O roteiro de John Romano, baseado no livro policial de Michael Connelly, se estrutura como um filme de tribunal mesclado com policial, em que as convenções desse subgênero são postas em prática com destreza. Os conflitos internos do protagonista Mick Heller, vivido por McConaughey, são o centro do filme, ainda que as explicações jurídicas, que servem pra ambientar a trama, sejam constantes. Se no início somos submetidos ao método cafajeste de trabalho de Mick Heller não é à toa: a reviravolta emocional (em certo ponto do filme) está implícita á todo momento.



Assim como os conflitos do protagonista, os planos complexos típicos estão presentes. E é aí que um fator curioso (e crucial) do filme se revela: a simplicidade da trama. Repare como sempre que o discurso investigativo entra em cena, algum elemento visual serve pra ambientar o espectador ali. Cena chave: O encontro entre McConaughey e Ryan Phillipe na primeira reunião. Mesmo que os personagens continuem em off, explicando, um flashback com fotografia hiper-granulada entra em tela. A princípio, essas explicações, apesar de nunca serem desnecessárias, podem ser vistas como defeito, mas todas estão ali justamente pra não tirar o foco do que importa aqui: o protagonista e seu caráter. E esse estudo de personagem é potencializado pela escolha de elenco, que é ousada por suas opções.


E justo esse tipo de filme, que adota convenções de gênero, é conhecido por apostar bastante em seus atores. O casting surge ousado por selecionar a maior gama da canastratrice de Hollywood, o que o caracteriza como um teste aos baluartes dessa "área". O homem a ser julgado é vivido por Ryan Phillipe, sempre um ator cretino (os closes em sua face são épicos de tão artificiais); o promotor é vivido por Josh Lucas; a ex-mulher, por Marisa Tomei. Num elenco como esses, nada melhor que um motorista cool e um protagonista como Matthew McConaughey. Quando a trama começa a se desenrolar de fato, o diretor Brad Furman começa a trocar seu visual á lá David Ayer (Dia de Treinamento, Os Reis da Rua) por close-ups constantes, sempre com uma câmera na mão. Nada melhor que isso para investir nas emoções de seus personagens. Sendo assim, a opção é excelente e casa perfeitamente com o casting escolhido e a proposta do roteiro de valorizar o estereótipo dos filmes de tribunal.



De mestre mesmo, porém, é a jogada do roteiro em utilizar toda a canastrice de seus personagens a seu favor. Marisa Tomei não precisa exercitar seus músculos rígidos da face pra tornar viva sua relação com McConaughey, muito mais sexual e amorosa do que aparenta. Nos momentos que dependem mais de sua atuação, a atriz apenas precisa falar gritando. Josh Lucas vai construindo seu personagem aos poucos, o tornando mais vulnerável. Interessante mesmo é a solução visual que o diretor cria pra evoluir o personagem de Lucas: ao explorar o imaginário que se tem sobre a persona do ator, Furman filma os olhos azuis de Lucas com um contraste que os valoriza de forma sobre-humana. Ao longo da projeção, o azul dos olhos ficam mais e mais escuros. É Lucas passando no teste, deixando sua canastrice pra trás (pelo menos nesse filme). Mas o ápice desse jogo é a atuação colossal de McConaughey. Explorando seu personagem ao máximo e sabendo esbugalhar seus olhos cansados de maneira esplêndida, o ator ainda cria um sotaque extremamente carregado pra exaltar a competência e masculinidade de seu personagem.


Se os canastrões anteriores atuaram de forma uniformemente boa, é em Ryan Phillipe que a corda arrebenta. O péssimo ator, mais canastrão que nunca (os closes nos tremeliques de Phillipe são hilários), também se revela perfeito para o papel. Já que o roteiro precisa de um personagem falso por natureza, tem decisão melhor que um ator artificial pra interpretá-lo? O esquema realizado pros personagens de McConaughey e Phillipe também ajuda muito a compor uma relação de nêmesis. Enquanto Heller acha que soltar criminosos é aceitável quando ninguém vai condenado, Phillipe só quer ser absolvido se alguém for preso no seu lugar.



Aí então que Lincoln Lawyer se aproxima de O Vencedor, filmaço indicado ao Oscar ano passado. Investindo nos estereótipos pra tornar mais viva sua trama consagrada, o filme de Furman se engrandece. Tem seus muitos defeitos, como a previsibilidade, mas como um estudo de personagens e da consciência coletiva sobre os estereótipos, Lincoln Lawyer cumpre seu papel muito bem. Em certo ponto do filme, uma pessoa pergunta pra Heller: Afinal, qual é a sua? Uma pergunta emblemática, e que é fácil de ser respondida. Heller tenta se redimir de seus métodos aproveitadores, mas o epílogo do filme, é perfeito pra ilustrar a personalidade dele. Depois da lição de moral, o protagonista mantém sua essência cafajeste, o que é revelador.


Aqui, McConaughey está mais "machão" que nunca. E quando o vemos com seu bastão de Baseball, não dá pra reclamar. Pra contar uma história divertida como essa, nada como um diretor razoável, um Cliff Martinez compondo uma excelente trilha e um bom ator em seu melhor. É sua volta a boa forma. E não me refiro ao corpo.

domingo, 29 de maio de 2011

Se Beber Não Case 2
(The Hangover Part II. 2011)
Comédia - 102 min.

Direção: Todd Phillips
Roteiro: Craig Mazin, Scot Armstrong e Todd Phillips

Com: Bradley Cooper, Ed Helms, Zach Galifianakis, Justin Bartha, Ken Jeong e Mason Lee

No mundo da comédia, há muitos meios de se fazer rir. Há o humor físico, as anedotas clássicas, o humor involuntário e gags de situações de saia-justa. O ponto principal de tudo, e que configura o âmago da comicidade em qualquer produto que se intitule humorístico, é a famosa quebra de expectativa, termo conhecido e aprendido até mesmo no colegial básico. Para trazer as gargalhadas, portanto, é necessário a posse de uma idéia original, algo que nos surpreenda, adicionado de uma dose de timing. Por que esse lembrete sucinto sobre humor? Simples: O primeiro Se Beber, Não Case , de 2009, utilizava uma idéia genial sobre um gênero deixado de lado nos anos 80 - o filme de comédia sobre e para "macho". Com a temática clássica da ressaca em Vegas, o longa de Todd Phillips arrebentou por ousar numa história de amnésia, com personagens no timing certo, piadas originalíssimas e uma mão cheia para o escracho. Seguiu o que a cartilha do humor inteligente manda, e foi um sucesso arrebatador. O que o segundo longa - que estréia esse final de semana - faz, entretanto, não vai de encontro ao que o micro lembrete no início dessa crítica diz. Repete as piadas, não aposta em quase nada novo, e se aparenta perdido e inócuo em seu roteiro, principalmente se colocado lado a lado do original .



Não foi só agora que Phillips começou a apostar em algo repetido. Depois do sucesso de 2009, o diretor realizou um Parto de Viagem, e utilizou o tema já presente em Se Beber, Não Case , acoplando-o a um road movie. Sem nada muito novo para explorar - e com um Zach Galifianakis que praticamente repetiu o papel de Alan, mas dessa vez ao lado de Robert Downey Jr. - Phillips apostou em piadas de oralidade pura, e só não se saiu muito pior porque terminou o longa no momento certo. Já em Se Beber, Não Case - Parte II , tudo vai pelo ralo pois se abandona o mínimo de originalidade - o argumento é quase idêntico ao do original. É a piada repetida em essência, a previsibilidade em película .


Desde o primeiro frame somos expostos a isso. A única diferença básica - e que parece que foi a motivação para o filme ser realizado - é a mudança de cenário de Las Vegas para a Bangcoc. Dessa vez quem se casa é Stu (Ed Helms), e como a cerimônia será na Tailândia, para lá vai o resto da "matilha" - Alan (Zach Galifianakis) e Phill (Bradley Cooper). Depois da farra, dessa vez, eles não perdem o noivo, mas sim o irmão menor de idade da noiva. A partir daí, é amnésia de cá, envolvimento com gangues de lá, e as mesmas viradas de roteiro já degustadas no genial primeiro filme .


Não é exagero. A estrutura da narrativa é meticulosamente igual a do hit de 2009, uma opção consciente de quem estava preparando o roteiro, apostando em um retorno financeiro certo com o sempre eficiente caça-níqueis que o cinema “mais do mesmo” é. Desse modo, toda a trama de quebra-cabeça proposta em 2009 - com o suspense gradativo das descobertas do que haviam realizado na noite que se passara - é simplesmente colocada de lado. A imprevisibilidade e o artifício do inesperado, que são pontos fundamentais para qualquer boa piada, são impossibilitados de existirem aqui, por motivos óbvios. Mesmo que não se saiba exatamente como cada evento se sucedeu , é possível prever as soluções, e também os problemas pelos quais nossos protagonistas vão passar. E eles ocorrem na mesma ordem e na mesma lógica do primeiro filme, com os mesmos desfechos, sem inovações . De maneira esquemática e já conhecida, fica difícil de engolir o script dessa sequência/cópia, que perde seu tempero principal - a originalidade .


E se na estrutura e no encadeamento de arcos o filme já exalava previsibilidade, nos pontos em que ele se diferencia, e apresenta detalhes originais - como os personagens provenientes da cidade, por exemplo - simplesmente não consegue tirar o máximo deles. São pontos desenvolvidos com preguiça, sem a vivacidade necessária e ''jogados'' na narrativa sem muita relevância para a trama. É a prova de que Se Beber , Não Case! 2 consegue fracassar até nos ralos termos originais que propõe, e que mesmo deixando a inevitável comparação com o original de lado, ainda assim permanece na falha. É o triste resultado de um argumento desenvolvido ás pressas - e sem um pingo do preciosismo do primeiro longa - instigado pela ganância de lançar logo uma continuação nos cinemas mundiais.

Mas se este segundo Hangover consegue não ser uma perda total, é muito pelos seus detalhes. Há várias gags isoladas que fazem um trabalho interessante, e mesmo que não sejam suficientes para carregar a produção nas costas, geram gargalhadas verdadeiras. Outro trunfo que auxilia e muito a segurar o ritmo deste novo filme são seus personagens. Phill, Alan e Stu são engraçados por natureza, e apesar de não estar tão ''conectados'' aqui quanto no primeiro filme, ainda asseguram a atenção do espectador com confiança. Galifianakis segue com seu talento nato, extraindo momentos de pura genialidade e servindo como óleo lubrificante para a produção. Com momentos pontuados de humor físico sublime, e um ou outro escracho bem empregado, Se Beber...2 se sustenta como uma daquelas anedotas que você já conhece, mas que se for contada por quem sabe, ainda faz surgir um grato sorriso enviesado.



Nada que salve o resultado final do fracasso esperado. A tática de repetir milimetricamente a fórmula de um sucesso para garantir os cofres do estúdio deixa a amarga sensação de desperdício de rolo cinematográfico. Como um "meme", que aos poucos perde sua força no mundo virtual, Se Beber Não Case! 2 fará rir, mas será facilmente esquecido diante de sua irrelevância em essência. Desnecessário e fraco, só nos faz lembrar o que o personagem de Bradley Cooper fala no início da projeção: ''Será que não poderíamos fazer tudo de novo em Vegas?'' Não. Simplesmente não deveriam fazer de novo, em lugar nenhum.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Um Novo Despertar
(The Beaver, 2011)
Drama - 91 min.

Direção: Jodie Foster
Roteiro: Kyle Killen

Com: Mel Gibson, Jodie Foster, Anton Yelchin e Jennifer Lawrence



Jodie Foster é muito corajosa. É somente entendendo isso que podemos imaginar seu envolvimento nesse arriscadíssimo e potencial fracasso retumbante (em termos comerciais e até mesmo crítico) chamado Um Novo Despertar.


Um Novo Despertar causa estranhamento e apesar de tentar por diversos momentos soar interessante, é no contexto geral, um longa muito irregular, pois não consegue defender suas idéias com credibilidade e não consegue se livrar do incomodo inicial de acompanhar um homem usando um fantoche de pelúcia na mão durante todo o filme. Falha também ao tentar seguir os passos de Clint Eastwood que sempre - ou melhor, na grande maioria das vezes - utiliza um plot "raso" para discutir algum assunto sério e bastante contundente.


Apesar dos filmes não apresentarem nenhum relação, tentem imaginar esse Um Novo Despertar como a versão Menina de Ouro de Foster. Na superfície, Foster conta a história insana do homem que fala pelo fantoche, mas na verdade ela quer falar sobre outra coisa: a depressão. Clint apresentava a discussão sobre a eutanásia a partir da história de superação da boxeadora Maggie Fitzgerald.


No filme de Foster, nosso primeiro contato com esse mundo vem por meio do altamente depressivo Walter Black (Mel Gibson) um executivo que herdou uma companhia de brinquedos do pai e que vive flutuando acima da realidade. Sua esposa (Meredith, interpretada pela própria Jodie) o deixa, seus filhos (o pequeno Henry interpretado por Riley Thomas Stewart e Porter interpretado por Anton Yelchin) sentem vergonha do pai e sua companhia está indo ladeira abaixo.


Quando o filme engrena (após um off que explica todos esses detalhes que mencionei acima) Walter está tentando o suicídio. Ao não conseguir concluí-lo acaba se acidentando e ao acordar decide enfrentar sua depressão dividindo sua personalidade (pois é), dando vazão a sua ira, entusiasmo e espontaneidade na forma de um fantoche intitulado "The Beaver" (simplesmente O Castor em português) que passa a gerir sua vida e negócios.


A primeira hora do filme mistura a gerencia do Castor com a figura trágica do garoto Porter, um especialista em recriar/reproduzir os sentimentos alheios em forma de texto (habilidade responsável por lhe prover dinheiro) e que detesta perceber suas inúmeras similaridades com seu pai.


O trabalho de Anton Yelchin aqui é muito bom, sendo seu personagem o verdadeiro (ou deveria ser pelo menos) interesse da história. Seu estado de apatia que aos poucos vai se transformando em depressão é brilhantemente ilustrado pela diretora. O problema do longa é que a figura de um homem usando um fantoche como meio de comunicação é absurda e causa - acho até que de forma proposital - incomodo em quem assiste. Impossível evitar rir quando Mel surge na tela e é acordado por sua mão... quer dizer Castor.

Mas não é nem o Castor que quebra o realismo do filme, ou a figura "queimada" de Gibson que deixam o gosto de "podiam ter feito bem melhor" na boca. São nos últimos minutos, que começam com uma insólita briga entre cérebro e corpo (rivalizando com a briga da mão perdida em Hora do Espanto 2) apresenta um ínterim estúpido (no sentido da gravidade da situação) e culminam em um adocicado epílogo, que não combina com a seriedade que o assunto vinha sendo apresentado até então.


Não que ele seja um happy ending, mas não combina com a idéia defendida pelo filme até aquele momento. Parece que Foster quis mostrar um pouco de esperança em meio à situação que é muito mais complexa de ser resolvida do que o filme mostra.



Esse é um filme de ator (dirigido por um inclusive) e são eles que roubam a cena. Gibson repete seus tiques de interpretação que todos conhecemos de todos os outros filmes de sua carreira. Foster é uma atriz de muita garra e consegue dar realismo a sua personagem que é de longe a que tem menos tempo de tela e mais trabalho, como mediadora entre os dois mundos que passam todo o filme em constante choque.


Anton Yelchin mata a pau e demonstra um talento até então adormecido por seus papéis mais mainstream. Contido em seus gestos e profundamente atento a sua linguagem corporal, ao mesmo tempo em que incorpora alguns maneirismos de Gibson (fundamentais a trama) desenvolve com independência seu personagem e suas neuroses. Completando o bom elenco, a belíssima e talentosa Jennifer Lawrence mais uma vez mostra porque devemos ficar de olhos abertos e sempre aguardando seus próximos projetos. Surgindo como interesse romântico de Porter, demonstra muito mais a cada minuto de tela. Complexa, cheia de "sapos" presos na garganta e com uma profunda vontade de crescer, funciona tão bem quanto o personagem de Yelchin.


É uma pena que dois personagens tão interessantes sejam mastigados com desdém pela direção de Foster, que foca sua história por muito tempo em quem não deveria ter tanto espaço assim. Caso o filme mantivesse seu interesse visual - e falo mesmo em tempo de tela e exposição do personagem - em Porter e nos primeiros passos rumo à destruição total vista no personagem de Walter, Um Novo Despertar (título fraco) seria muito mais interessante do que é. Por apostar nesse caminho, surge como uma versão cheia de psicoterapia de boteco da clássica história do Médico e o Monstro.


quarta-feira, 25 de maio de 2011

Conan



A volta do cimério ao cinema, dirigida pelo bom Marcus Nispel, tem o ar de aventura bárbara permeando todo o seu trailer, com trilha climática e pesada, mulheres semi-nuas e confrontos empolgantes. Embora parecesse um filme barato, Conan mostra contar com uma rica direção de arte que, ainda que não muito criativa, pelo menos é correta. Candidato a bom filme de ação á moda antiga, divertido e descompromissado, Conan até promete valer o ingresso, mas peca por não ousar. Fora que o astro da nova versão, Jason Momoa, é mais um desenho da Image Comics do que um ator. Se sozinho ele não se sustenta, comparado com Schwarzenegger, fica mais difícil ainda.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Howl
(Howl, 2010)
Drama - 84 min.

Direção: Rob Epstein e Jeffrey Friedman
Roteiro: Rob Epstein e Jeffrey Friedman

Com: James Franco, David Strathairn, Jon Hamm, Mary-Louise Parker, Alessandro Nivola, Jeff Daniels e Treat Williams



Antes de mais nada é preciso salientar que apesar de tratar diretamente da obra do poeta beat Allen Ginsberg, Howl não funciona exatamente como uma biografia tradicional.


O filme dirigido em parceria por Rob Epstein e Jeffrey Friedman (ambos ligados ao documentário The Celluloid Closet) parte para uma análise mais profunda da liberdade de expressão e da aceitação do diferente usando como base o "caso" de Ginsberg,


Assim como a poesia do personagem, o filme não pretende ser esteticamente tradicional e mistura flashbacks, p&b, monólogos, animação e filme de tribunal. E mais incrível, é que essa maluquice funciona muito bem. Os flashbacks (que contam momentos da criação da poesia do personagem e um pouco sobre sua vida) surgem em p&b, a leitura das poesias são ilustradas pela animação e o presente surge em cores e entrecortado entre o julgamento sobre obscenidade que o editor do livro "Howl" de Ginsberg sofre e uma entrevista do autor para um jornalista (que nunca é visto).



Howl não está interessado em contar cada segundo da vida de seu personagem, mas em ilustrar sua criatividade e seu talento. Mostrar cada detalhe de seus prodígios e de sua enorme capacidade intelectual e de imaginar "mundos", criar algo novo e completamente diferente do status quo.


Mas no fundo Howl levanta bandeiras. O background dos envolvidos (além dos diretores Gus Van Sant é um dos produtores executivos) corrobora essa intenção que não soa exagerada nem catequizadora. Muito felizes ao relacionar uma figura notoriamente controversa com questões urgentes em nossa sociedade (cada vez mais importantes) como: liberdade de expressão e aceitar o diferente.


Isso também fica claro pelo envolvimento de uma série de grandes e talentosos atores em pequenas pontas. Além de James Franco, muito a vontade como o poeta e bastante seguro de si nas cenas onde precisa demonstrar afeto por outros homens por exemplo, durante o julgamento (que serve como principal linha narrativa do filme) os papeis de advogado de defesa e promotor são defendidos por dois atores de grande talento: John Hamm (da série Mad Men e do recente Atração Perigosa) e David Strathairn (de Boa Noite, Boa Sorte, Ultimato Bourne, Los Angeles Cidade Confidencial entre muitos outros) respectivamente.



Além deles desfilam pela tela diversos especialistas, que servem como testemunhas a favor ou contra a liberalização do livro. Curioso ver Mary-Louise Parker (da série Weeds entre outros) como uma ferrenha defensora da proibição do livro, em um papel diferente do que estamos acostumados a ver. Completam o elenco Jeff Daniels (Debi & Lóide, Lula e a Baleia, Velocidade Máxima entre outros), Alessandro Nivola (A Outra Face, Retratos de Família entre outros) e Treat Williams (conhecido pela série de tv Everwood, lembram?).


Howl se destaca do lugar comum das biografias por sua estética apuradíssima e pelo bom gosto nas animações que ilustram a sincopada narração de James Franco. A idéia parece ser enfatizar cada palavra dita tornado-a especial para quem ouve. Se aposta no ritmo de cada frase que é visualizada com cuidado e carinho por imagens astrais, banais, sexuais e religiosas como a poesia do autor.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Lope
(Lope, 2010)
Drama - 106 min.

Direção: Andrucha Waddington
Roteiro: Jordi Gasul e Ignacio del Moral

Com: Alberto Ammann, Leonor Watling, Pilar López de Ayala, Luis Tosar, Miguel Ángel Muñoz, Juan Diego e Selton Mello.



Confesso que em minha brutal ignorância jamais tinha ouvido falar no escritor/dramaturgo/poeta Lope de Vega e muito menos em sua prolífica carreira, por isso não tenho como afirmar quanto de "real" existe na narrativa do filme do brasileiro Andrucha Wadddington. Portanto minha análise é objetivamente sobre o produto final: o filme.


Seguindo a cartilha da cinebiografia, Lope acompanha os "grandes momentos" do surgimento do poeta com todas as desventuras e aventuras do personagem. Lope é interpretado por Alberto Ammann de forma a reforçar ainda mais a impressão de que Lope é um conquistador nato, talentoso e que vive intensamente cada segundo de sua vida. Os demais coadjuvantes não comprometem (apesar de lhes faltar brilho), embora a beleza de Leonor Watling (que vive a ingênua e apaixonada Isabel) e de Pilar Lopez de Ayala (a fogosa Elena Osorio) seja um colírio para os olhos.


Andrucha usa os mesmos (ou muito parecidos) filtros que usara em Casa de Areia, para reforçar o ambiente essencialmente arenoso e inóspito da Madrid do século XVI, além de forçar a saturação para destacar os tons mais escuros da produção.


A narrativa não é episódica e se esforça para dar um panorama da vida do personagem, deixando de lado seu trabalho, que é visto de relance e com destaque para suas poesias destinadas a jovens impressionáveis e a ricas mulheres da corte que eram (igualmente) impressionáveis pelos textos - nesse caso - outorgados a outros, que compravam os poemas do autor. A visão do filme para seu personagem é a de que Lope é um Don Juan egoísta e beberrão, que se importa pouco com aqueles a que agride e deseja apenas "viver intensamente".


Não é das formas mais inteligentes de apresentar seu personagem, ainda mais quando o filme clama pela simpatia do público pelo "devasso" Lope. Longe de acarinhá-lo, o resultado é o oposto e Lope é encarado como um arrogante garoto mimado que não sabe bem o que quer da vida, além do poder e do coração de todas as damas de Madrid.


O roteiro tem uma série de problemas em transportar o espectador para aquele mundo, em especial para provar as relações entre seu protagonista e os coadjuvantes. O exemplo mais bem acabado para mim é a relação com o marques de Navas (Selton Mello) que surge na história e some sem nenhuma explicação, mesmo com o mesmo roteiro - e filme - não cansar de lembrar a Lope e ao publico que a traição de Lope será vingada pelo marquês. Mesmo assim, não existe um segundo para nos mostrar o marques ou seus planos, ou mesmo sua tão falada vingança, que fica - pelo que o filme apresenta - só no campo das idéias. Ou seja, o roteiro insere uma perspectiva de "combate" e o descarta quando opta por outro caminho, o que invalida e enfraquece as motivações dos personagens para fugirem de Madrid.



Lope não é um camarada simpático e nos força - e isso talvez seja intencional - a ver com mais atenção o personagem do Frei Bernardo (Luis Tosar), que parece ser o único a ajudá-lo numa tentativa de "regenerá-lo" e colocar um pouco de sabedoria na cabeça do impulsivo personagem.


A primeira incursão do cineasta brasileiro fora do país não é um fracasso monumental, mas nem de longe pode ser encarado como um sucesso. Prejudicado - desde a saída - por um roteiro que não consegue criar apreço por seus personagens, e uma coleção de coadjuvantes fora de tom ou fracos, o filme parece um longo especial para tv, onde aqui e ali podemos enxergar quadros construídos com esmero e excelente - mesmo - trabalho de direção de arte e figurinos. Falha em seu casting e principalmente ao optar por contar a história de um homem retirando dele suas principais características: suas obras, deixando ao público uma história - já vista antes muitas vezes - sobre um homem perdido em seus sonhos e que quase destrói sua própria vida.

domingo, 22 de maio de 2011

Rise of the Apes


O novo filme, mais um capítulo na saga do Planeta dos Macacos, pareceu em nada acrescentar á mitologia desde a pré-produção. Agora, com o primeiro trailer lançado, as teorias se concretizaram. Ainda que James Franco e Freida Pinto sejam talentosos e a WETA Digital tenha feito um novo magistral trabalho ao criar o macaco Cesar, o roteiro parece realmente comprometer a produção, ao tentar criar alguma tensão e ação em meio a origem da revolta dos símios. Se o filme original já sugeriu tudo tão bem, pra que mostrar o que aconteceu? Ao tentar caçar níquels, Rise of the Apes pode até surpreender, mas até agora só soou desnecessário e equivocado. E a presença do diretor Rupert Wyatt, quase um estreante(dirigiu apenas The Escapist), só favorece a tendência da direção ser de aluguel e o filme, na verdade, ser do estúdio.

sábado, 21 de maio de 2011

Rio
(Rio, 2011)
Aventura - 96 min.

Direção: Carlos Saldanha
Roteiro: Don Rhymer, Joshua Sternin, Jeffrey Ventimilia e Sam Harper

Com as vozes de: Jesse Eisenberg, Anne Hathaway, Rodrigo Santoro, Jamie Foxx, Will I Am e Jemaine Clemant

Um exemplo de sucesso brasileiro no exterior é o diretor carioca Carlos Saldanha. Depois de passar pelos três Eras do Gelo, fazer muito dinheiro com a franquia e chegar até a experimentar o 3D já no terceiro longa da série, o cineasta deve ter reparado que foi muito bom enquanto durou, mas não dava para tirar mais leite daquela pedra. Para seguir no seu sucesso de bilheteria sem mais o ás na manga que foram os filmes gelados, Saldanha então recorre a uma idéia antiga, e também certeira para inflar seu bolso - o potencial do Brasil de exportação.



E então temos Rio, uma animação que utiliza o ''charme brasileiro'' - que hipnotiza qualquer estrangeiro desde os anos 50 com Carmen Miranda - como arma principal para sua vendagem, não só para o público geral (que se delicia com a visão "pseudo-festeira" que se tem daqui) mas também para muito crítico estrangeiro que obviamente não possui conhecimento a fundo do nosso Brasil, muito menos do Rio de Janeiro em si. Nada estranho de se fazer, e por dinheiro vale pintar uma imagem caricata da ''cidade maravilhosa'' e colocar como cerne uma trama esperta sobre dois animais carismáticos. O que atrapalha em Rio são duas coisas: o fato dessa pintura míope do Rio de Janeiro ser feita justamente por um brasileiro - carioca! - e a tal trama esperta que esperávamos, simplesmente não aparecer.



O grosso da história não era mesmo muito inventivo. Nela , Blu , uma ararinha azul nascida no Brasil e levada ainda filhote para os Estados Unidos, enfrenta um dilema: Por ser o último exemplar macho de sua espécie no planeta, tem a tarefa de acasalar com a última fêmea da respectiva espécie, e assim evitar sua extinção. O único problema é que essa fêmea está no Brasil, no Rio de Janeiro, e Blu terá que vir para o clima tropical para realizar sua missão. Para complicar? Blu não sabe fazer o que qualquer ave deveria - voar.


No entanto, mesmo com uma trama inicial tão básica, era possível tirar muito proveito do seu desenvolvimento - coisa que o roteiro simplesmente não faz. Rio entra pela via do fracasso, pois duplica seus fardos de clichê. Explico. Se não bastassem apenas seus problemas narrativos, de uma trama esquematizada, com personagens por vezes sem brilho, e o lugar-comum rotulado na testa, o novo filme de Saldanha ainda se arrebenta mais por abordar um pano de fundo de Rio de Janeiro de maneira cretina. E se engolir Rio já era difícil só considerando seus problemas estruturais de script, seus erros concordância com a realidade carioca só dificultam mais a deglutição. Não é perseguição ou implicância, mas já se repara pelo nome do filme, que o longa tem como objetivo caracterizar a cidade de maneira verossímil, e tomando isso por base, ficam irritantes detalhes como o próprio samba - criança negra sambando dentro de casa sem motivo aparente? Como carioca digo, isso não ocorre no Rio. Carnaval parando a cidade da maneira mostrada? Isso tampouco partilha da realidade.



Mas tudo bem, uma visão embaçada sobre a cidade maravilhosa é comum, e já devemos ficar acostumados com abordagens deturpadas do nosso país e de nossa região. O problema é quando um brasileiro, natural do próprio Rio de Janeiro, realiza um filme que tanto tem de imagético estereotipado, típico da visão de um estrangeiro deslumbrado. O que poderia elevar o longa a um patamar diferenciado, ao tomar a cidade pelo que ela REALMENTE é, tira pontos do filme ao confirmar uma cosmovisão completamente comum e batida. Não é difícil enxergar em Rio, o filme, aquele super otimismo tropical que os gringos tem assim que pousam em terras brasileiras. Muito desse otimismo do filme de Saldanha existe no hip-hop imbecil e marginal de Don Blanquito, também chamado Rio - que o link segue aqui http://migre.me/4yHBH . Don Blanquito pinta o Rio como o harém perfeito, uma festança dos diabos. Um humor involuntário, mas compreensível, já que Blanquito obviamente é só mais um estrangeiro deslumbrado e imbecil a cruzar nossas fronteiras. O inaceitável é que Carlos Saldanha não consiga tirar seu filme desse patamar tão previsível, condenando-o, inevitavelmente, a semi-irrelevância no seu contexto de ambientação urbana, um dos alvos claros da produção.


Ofensas ao modo de ambientar o Brasil á parte, Rio, infelizmente, não apresenta também muitas qualidades no modo de guiar sua própria história. O estilo esquematizado, viradas previsíveis, isso tudo era esperado, e de certo modo até obrigatoriamente relevado pelo crítico que vos fala - é um filme infantil e da Blu Sky, ora bolas. Acontece que Rio não leva muito mais ingredientes no seu preparo. Para no limiar do basico, e não envolve seus espectadores para levá-los um degrau adiante. Desculpem, mas com a safra de animações adultas e inteligentes que desembocam nos cinemas freqüentemente - Rango é só o exemplo mais recente - era de esperar muito mais. Os personagens não são trabalhados com o esmero necessário - apesar de lindos graficamente - e as situações são as clássicas máximas.



Optar pelo clássico, aliás, é o principal problema de Rio, que flerta com várias opções consagradas, onde todas indicam erros claros. Tome por exemplo a introdução da ave vilã. Um momento musical completamente avulso, sem um pingo de necessidade. Blu aliás, é preciso ao apontar ao vilão exatamente isso logo após ele acabar seu número . '' Desnecessário''. É através de erros assim, que Rio estaciona no limbo das animações, no lugar-comum. A verdade é que mesmo com seu colorido belíssimo - e o visual que Saldanha emprega no filme é caprichado - o longa da ararinha azul revela-se narrativamente monocromático, acinzentado e extremamente normal.


É triste dizer isso, mas Rio não aproveitou todo o tema volumoso que podia destrinchar com níveis "semi-pixarianos". Como de costume da Blu Sky, a produção sai meio capenga, mas é divertido o suficiente para alegrar os pequenos - e fazê-los comprar muitos ingressos, já inflacionados pelo 3D. Mais triste que isso, só a maldita metáfora que Rio faz com seu realizador: Assim como Blu, Saldanha é um brasileiro nato, mas, por ter sido criado nas tetas dos EUA, se esquece um pouco do requebrado verdadeiro de sua terra natal. A única diferença é que Saldanha ainda deve se lembrar do que o Brasil é de verdade, mas por uma visão mais lucrativa e estereotipada, porque não fazer vista grossa ?