sexta-feira, 13 de maio de 2011

CANNES 2011


Começou hoje (11/05) o mais famoso e importante dos festivais de cinema mundo afora. Esse ano a mostra competitiva apostou em caras conhecidas, antigos vencedores e algumas surpresas.

Abaixo analisamos - a partir de seus trailers ou informações - os indicados a Mostra Competitiva:

A Árvore da Vida
(Tree of Life) Terrence Malick


O aclamadíssimo diretor Terrence Malick lança em 2011 seu novo filme, resultado de uma idéia que vinha sendo desenvolvida desde dos anos 70. O explêndido trailer impressiona pela beleza de imagens sublimes, mas ao mesmo tempo simples . Paisagens do espaço e do campo se misturam na trama que parece profunda, no nível de questionamento existencial . Nela, Jack( o garoto Hunter McCracken) é o mais velho dentre os três irmão de uma família texana . A história acompanha o menino aprendendo as coisas da vida, enquanto também mostra Jack adulto (Sean Penn), deprimido, devido a uma provável formação conturbada, marcada pela morte de um dos irmãos . Brad Pitt e Jessica Chastain interpretam os pais . Devemos esperar além de um drama de família disfuncional, uma grande discussão de elementos fundamentais da vida. Se tratando de Malick, já podemos nos preparar para o melhor possível.

The Boy with a Bike
(Le Gamin au vélo) de: Jean-Pierre e Luc Dardenne



O novo projeto dos irmãos Dardenne parece apostas na fórmua consagrada por A Criança. Vemos um garoto abndonado pelo pai que precisa entender "seu lugar no mundo" e parece em busca de uma figura paterna (representada por seu guardião legal negligente) enquanto convive com a personagem de Cécile de France, que surge como a encarregada pelo bem-estar do garoto.

Drive
(Drive) de Nicolas Winding Refn



Na verdade não é um trailer mais um clip que explica muito pouco sobre a história do dublê que também trabalha como motorista para criminosos que se vê marcado para se “apagado” depois que um assalto dá errado. O elenco é muito interessante, além de Gosling (que aparece no clip e é o protagonista do filme), ainda temos Carey Mulligan (Educação e Never Let Me Go), Christina Hendricks (da série Mad Men), Ron Perlman (Hellboy) e Bryan Cranston (da série Breaking Bad). Todos eles dirigidos por um dos diretores mais impressionantes do novo milênio: o visceral Nicolas Refn, responsável pelas pérolas Bronson e Valhalla Rising. Não deve ganhar a Palma, mas indica que Cannes respeita o jovem diretor.

Habemus Papam
(Habemus Papam) de Nanni Moretti



A primeira relação é de estranheza a o novo filme do aclamado diretor Nanni Moretti (de O Crocodilo e O Quarto do Filho), já que o trailer sugere uma comédia leve e que será (imagino que durante o festival lhe perguntem isso a exaustão) comparada a Discurso do Rei por suas propostas semelhantes: figuras de poder “subjugadas” aos cuidados de médicos, em busca de cura para o físico e a alma. Sai o rei de Tom Hooper entra o papa de Moretti, identificado apenas pelo título. Darei o voto de confiança a Moretti e aguardarei por algo superior ao regrado e sem sal filme “símbolo” dos gagos do mundo.

Hanezu No Tsuki
(Hanzeu No Tsuki) de Naomi Kawase


Sem trailer e com pouquíssimas imagens divulgadas apenas podemos especular sobre o novo projeto de Naomi Kawase, ganhadora de três Palmas de Ouro no festival. A sinopse indica que Kawse, profundamente japonesa em sua abordagem, falará sobre a relação da modernidade - representada pelo personagem de um homem de negócios – com a espera e a capacidade (ou falta de) de esperarmos as coisas seguirem seus próprios caminhos sem nos “afobarmos” prevendo nossos avanços de acordo com nossas ilusões de perfeita ordem, ignorando o acaso. Parece pretensioso.
Hara-Kiri: Death of a Samurai
(Ichimei) de Takashi Miike

Considero Takashi Miike o maior cineasta japonês dos últimos vinte anos. Sempre atento e mordaz em seus filmes, é impossível assistir a um de seus filmes sem nenhuma reação. Ele nos choca, nos irrita, nos embala em contos humanos, nos apresenta a face destrutiva e violenta da humanidade. Em Ichimei, Miike aponta sua câmera para os milenares samurais. O que o curto (infelizmente) teaser trailer mostra é pouco para definirmos alguma coisa, mas é interessante para analisarmos que Miike continua afiado para escolher cores e construir quadros.

Footnote
(Hearat Shulayim) de Joseph Cerdar



Interessantíssimo trailer da nova produção do israelense Jospeh Cerdar, que aborda a rivalidade entre dois excêntricos professores (e pai e filho) da Uiversidade de Jerusalem. O filho (Uriel) sempre colheu os louros da fama, enquanto seu pai (Eliezer) sempre se manteve afastado da glória, até o dia em que ele descobre que receberá a mais alta honraria do país. Os jogadores trocam de cores e pai e filho entram numa batalha de egos. O trailer além de expor o plot, ainda apresenta uma divertida montagem e iluminação contrastante que pode dar o tom da produção.

La Piel que Habito
(La Piel que Habito) de Pedro Almodovar



O bizarro trailer de La Piel que Habito mostra que Almodovar continua mestre em criar imagens interessantes e parece dessa vez apostar no suspense. A sinopse aponta para a história do cirurgião plástico que caça o homem que estuprou sua filha. Sendo Almodóvar é dificil imaginar que a história tenha apenas essa camada. O trailer parece dizer algo além. Também marca o reencontro de Banderas e o diretor que o revelou ao mundo

L'Apollonide (Souvenirs de la Maison Close)
(L'Apollonide (Souvenirs de la Maison Close) de Bertrand Bonello



Rock'n'Roll e muitas mulheres bonitas e com pouca roupa ilustram o trailer da produção de Bertrand Bonello (de Tirésia e Pornographie) sobre o limiar do prostíbulo L'Apollonide no início do século XX. A sinopse indica que o filme falará sobre as moças que vivem e trabalham na casa e seus clientes ansiosos por amor, carinho e o conteúdo de suas saias.

Le Havre
(Le Havre) de Aki Kaurismaki



O novo filme do amado (e odiado) diretor finlandês Aki Kaurismaki, fala sobre Marcel Marx, um autor auto exilado na cidade de Le Havre que tem de abandonar sua boa vida (e a trinca bar, seu trabalho como sapateiro e sua esposa) para defender um garoto refugiado da África que surge em seu caminho. Kaurismaki é notório humanista e crítico da sociedade e parece seguir o mesmo caminho nessa nova produção.

Melancholia
(Melancholia) de Lars von Trier


O espetacular trailer do novo filme de Lars von Trier, o primeiro após a perturbação causada em Cannes por seu Anticristo, apresenta uma montagem eficaz, ainda que escancare o quanto o filme é europeu e sujo, sem o profissionalismo pontual dos americanizados. Apresentando diálogos tensos em dramaticidade, Melancholia é um filme catástrofe, como apontam as belas imagens em câmera super-lenta, mas se estrutura como um drama, que se inicia no casamento da personagem de Kirsten Dunst, que está transformada desde sua ascenção por Homem-Aranha. Extremamente bela, mas exótica para o papel, Dunst deve segurar o filme com folga, ainda mais tendo Charlotte Gainsbourg para dividir as cenas consigo. Lembrando o movimento Dogma 95 em seus temas e consolidando a estética esplêndida de Anticristo (repare os dedos se esfumaçando de Dunst), Melancholia se firma como um dos filmes mais interessantes a serem vistos esse ano.

Michael
(Michael) de Markus Schleinzer



A estréia do veterano diretor de elenco Markus Schleinzer (que trabalhou em diversos filmes como: A Fita Branca, Professora de Piano, Os Falsários entre outros) parece muito promissora. Acompanha, pelo que a sinopse indica, o final da vida do garoto Michael durante sua "estádia involuntária" com seu homonônimo mais velho. Apesar de não mostrar nada, indica o caminho que o filme deve tomar. A "mão" de Michael Haneke e seus temas polêmicos pode ser sentida.

Once Upon a Time in Anatolia
(Bir Zamanlar Anadolu'da) de Nuri Bilge Ceylan



O veterano do festival Nuri Bilge Ceylan (de 3 Macacos, Uzak, Climas e Koza) apresenta seu novo filme sobre o tédio e a falta de perspectiva em uma cidade pequena. Potencial para cult ou para abacaxi.

La Source des Femmes
(La Source des Femmes) de Radu Mihaileanu



O romeno Radu Mihaileanu conta a história sobre um grupo de mulhers que resolvem fazer uma "greve de amor" até que os homens de sua vila façam chegar água até a cidade. O trailer mostra que Radu deve balancear a situação comica com a potencial discussão sobre os direitos das mulheres na África oriental e Oriente Médio.

Pater
(Pater) de Alain Cavalier


Confuso até mesmo para ser explicado, esse novo filme do veterano Alain Cavalier parece ser uma mistura estranha entre a ficção e o documentário que acompanha o próprio diretor e o ator (e seu amigo) Vincent London em uma espécie de diário visual sobre a relação de amizade entre os dois. Uma mistura de I'm Still Here com a poesia visual dos franceses? Esperar para ver.

Polisse
(Polisse) de Maiwenn



O novo filme de Maiwenn (que também atua na produção) acompanha o dia a dia da polícia da infância francesa, e sua intensa rotina entre prisões de abusadores, ladrões, mães em crise, famílias destruidas e a dificil relação entre seus trabalhos e suas vidas pessoais. O clip do filme ainda mostra o humor com que essa rotina é retratada, apostando - aparentemente - na crueza de suas reflexões sobre a profissão.

Sleeping Beauty
(Sleeping Beauty) de Julia Leigh



O primeiro filme de Julia Leigh apresenta um espetacular trailer após ser confirmado para a Mostra de Competição em Cannes. A belíssima fotografia, os ângulos milimetricamente planejados e a frieza das imagens frontais concebidas por Leigh se somam a um uso formidável do som, que emprega tensão por todo o trailer até culminar na estrondosa badalada final, tudo isso pontuado por uma narração em off que é excepcional por introduzir o espectador naquele mundo, sem soar deselegante. Uma grande promessa pra temporada de filmes cult, esse pequeno filme australiano é capitaneado pela atuação da sempre competente Emily Browning. O tom triste e pesado da produção promete ser um dos favoritos na Costa Francesa.

The Artist
(The Artist) de Michel Hazanavicius



Mudo. Em preto e branco. Em falando de cinema. O filme de Michel Hazanavicius sobre a ascensão e queda de uma estrela do cinema mudo parece ser - no mínimo - um desbunde para os amantes da sétima arte, com suas inúmeras referências e homenagens que o trailer apresenta.

This Must Be The Place
(This Must Be The Place) de Paolo Sorrentino



O genial Paolo Sorrentino (de Il Divo e La Conseguenze Dell'Amore) está de volta, apostando na história do roqueiro obsoleto e cinquentão (Sean Penn em atuação que pode lhe render mais uma indicação ao Oscar) que após o assassinato do pai - com quem não falava a mais de trinta anos - decide partir em uma road trip pelo interior dos Estados Unidos para encontrar o culpado. Primeiro filme do italiano em lingua inglesa, o clip mostra os tiques de Penn e sua caracterização "assustadora" numa mistura de Robert Smith com Motley Crue e a sempre interessante Frances McDormand.

We Need to Talk About Kevin
(We Need to Talk About Kevin) de Lynne Ramsay



Drama sobre a relação tumultuada entre uma mãe (a incrível Tilda Swinton) e seu filho,  um adolescente rebelde (Ezra Miller), após este ter cometido um grave crime que choca toda sua comunidade. Ela se questiona sobre seu amor pelo rapaz e sobre sua culpa na criação do garoto, que podem ter resultado no crime. O clip ainda apresenta o pai ausente e gelado (interpretado por John C. Reilly) e imagens que ilustram com perfeição essa relação problemática.

   


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