segunda-feira, 31 de maio de 2010

Fúria de Titãs
(Clash of Titans, 2010)
Ação/Aventura - 106 min.

Direção: Louis Leterrier
Roteiro: Travis Beacham, Phil Hay e Matt Manfredi

Com: Sam Worthington, Liam Neeson, Ralph Fiennes, Mads Mikkelsen

Em 1981, o produtor Ray Harryhausen, que criava os grandes efeitos de stop motion dos filmes da época, produziu o filme Fúria de Titãs, um épico que enfocava no embate entre deuses e humanos, com os grandes personagens da mitologia grega, como Zeus , Medusa e Hades . O filme tinha a trama simples, mas não escondia tal característica : se encarava apenas como uma diversão a lá "Sessão da Tarde", com diversos efeitos especiais criados pelo experiente gênio na arte do stop motion, Harryhausen. Nos últimos anos, com a volta da popularização do gênero épico, alguns filmes do gênero foram produzidos. Um grande exemplo é 300, de Zack Snyder, que possui todas as características de um legítimo filme do gênero, se levando a sério, com uma trama de personagens bem desenvolvidos e situações genias. Um clássico moderno.


Logicamente, os produtores hollywoodianos não poderiam perder sua chance de lucrar um pouco mais sobre o gênero, levando aos cinemas mais um blockbuster, com bases épicas. Nada melhor do que fazer um remake de um clássico do gênero, aplicando efeitos e técnicas atuais sobre o grande filme de 1981. Na teoria, o Fúria de Titãs de 2010 tinha tudo pra dar certo. Na teoria. O que se vê em tela é uma sucessão de erros inadmissíveis para um remake desse nível.


Na trama, que é a mesma do longa da década de 80, Zeus (Liam Nesson) está profundamente irritado com o descaso e desobediência dos humanos ,que, por sua vez, estão inconformados com o descaso de seus deuses. Com isso, os deuses fazem uma exigência aos humanos: A princesa Andrômeda (Alexa Davalos) deve ser sacrificada, ou então Hades (Ralph Fiennes) libertará o colossal monstro Kraken, para arrasar a cidade de Argos. Para conter Kraken , um grupo de bravos soldados é reunido a Perseu (Sam Worthington) um jovem semi-deus que acabou de descobrir sua divindade.

A história é de fato rasa e simples, sem maiores refinações, como no filme de 1981. O problema é que o filme produzido por Harryhausen se assumia como uma aventura simples, sem se levar a sério demais. O filme de 2010 dirigido por Louis Leterrier (experiente em blockbusters), pega a mesma trama, mas se leva verdadeiramente a sério . Nota-se isso já pelo trailer, e no filme, pelo tom que o diretor emplaca. Ora, isso transforma o filme em um ninho de situações esdrúxulas . E o roteiro confirma sua estupidez explicando após cada cena o que já se consegue ver claramente, sem necessidade de nenhuma fala do tipo “Olhem, eles estão em cima dos escorpiões! ”. Isso sem falar em incongruências que se espalham pouco a pouco ao longo do filme. A rapidez em que Sam Worthington se convence que é um semi-deus é bem forçada, e sua relutância em usar seus poderes ao longo do filme soa muito mal. O roteiro se esmera onde não precisa, e relaxa em pontos importantes. Outra demonstração da falta de competência na escrita são as cenas que tentam pontuar o drama do filme. Não transmitem um pingo de emoção.


Se o filme tem um roteiro geral tão ruim, na construção de seus personagens é ainda pior. Nenhum deles é trabalhado de forma decente, e quando tentam desenvolver Perseu, a atuação cretina de Sam Worthington dá a pá de cal na história. Simplesmente causa risos. Muito careteiro e sem um pingo de competência dramática, pelo menos neste filme. Os outros astros seguem a trilha Worthington. Atuando na medida do caricato, nem Liam Nesson passa limpo. Sobram as cenas de ação, que compõem a maior parte do longa. São os pontos positivos do filme, e conseguem entreter. A única decepção é a luta contra Kraken. O monstrão mostrado no trailer demora para sair da água, e quando sai, tem uma luta insossa e rápida, que dá a impressão final de um último ato um tanto apressado.

Já Leterrier, que poderia ter abusado numa direção visionária e ter mais reconhecimento na indústria cinematográfica, faz uma direção de aluguel, extremamente comum e que atrapalha o andamento de algumas sequências. Corta muito em algumas passagens de ação, o que atrapalha um pouco no entendimento dessas situações. Mais takes únicos não fariam mal a ninguém. Dirigindo efeitos, ele se sai melhor, conseguindo extrair movimentos de câmera bem melhores . Já na direção de atores, Leterrier não extrai bons resultados de seus atores, e os enquadra no estilo feijão-com-arroz de sempre .


Os efeitos são muito bonitos e cumprem o que prometiam . Da parte técnica, também se destaca a trilha sonora, que se sobressai quando comparada a outras trilhas de filmes de ação. Os cenários também são muito bonitos, e conseguem passar a imponência necessária. Deslizes só na fotografia. Nenhuma paleta mais interessante para se aplicar num épico, e fica um pouco da sensação do filme não se passar naquela época.

A sensação que fica ao fim da exibição é que o filme não cumpriu boa parte do que prometeu. A estética de épico não se baseia nos figurinos e nas espadas, mas sim no tom de narrativa empregado por seus realizadores . Portanto, Fúria de Titãs mais parece um filme ruim de aventura B, disfarçado em um épico de alto orçamento. Aliás, chamá-lo de épico é uma ofensa a esse gênero consagrado, que já nos trouxe tantas obras-primas.

domingo, 30 de maio de 2010

Direito de Amar
(A Single Man, 2009)
Drama - 101 min.

Direção: Tom Ford
Roteiro: Tom Ford e David Scearce

Com: Colin Firth, Julianne Moore, Mathhew Goode e Nicholas Hoult

Demorei certo tempo pare embarcar na história de Tom Ford, e muito dessa “culpa” reside na forma quase solene com que boa parte do filme é contada. Esteticamente Direito de Amar (a péssima tradução de A Single Man “Um Homem Sozinho/Solitário”) é impecável e belíssimo.

Fica ainda mais impressionante quando a historia conta que esse foi o primeiro filme que o estilista realizou. E com que esmero, com que qualidade fotográfica e com que conhecimento de cores e iluminação. É a mais impressionante estréia de um diretor que vi desde Darren Aronofsky em Pi.

Mas sobre o que versa A Single Man (me recusarei a chamá-lo de Direito de Amar)? Temos George, um professor de meia idade homossexual que vive em uma crise profunda causada pela morte de seu marido/namorado Jim. George sente-se preso a seu papel de viúvo enlutado e por mais que tente (e tentem também) ele não consegue sair do estado de profunda melancolia. Até um dia em que ele resolve mudar as coisas.


E durante esse dia, em que se passa o filme, ele tenta colocar as coisas em ordem antes de seguir em frente. Para isso ele encontra diversas pessoas que de uma forma ou de outra marcam seu dia e sua vida, ao mesmo tempo em que (via flashback) vemos alguns momentos dos dezesseis anos de amor e carinho do casal.

George é vivido com extremo talento por Colin Firth, no seu melhor papel na carreira. Sutil até mesmo quando precisa transmitir muita emoção, sua interpretação é uma aula de naturalidade e de destreza. Notem uma sequencia em flashback que se inicia com um telefonema e culmina numa corrida pela chuva. Que aula. Eu adoro Jeff Bridges, mas se a Academia tivesse premiado o inglês seria muito mais do que merecido.

Entre os encontros somos apresentados a Charley, Juliane Moore, uma amiga de George que se manteve obcecada por ele, mesmo com a homossexualidade do amigo. Um caso para terapia.O amor de George é vivido por Matthew Goode (de Watchmen) e tem pouco tempo de tela para demonstrar muita coisa.


Mas porque, no inicio do texto demorei para “entrar” no filme? Por que (usando uma expressão do filme Shrek) A Single Man tem camadas. Superficialmente ele trata da superação de traumas e seguir em frente. Mas também podemos lê-lo como um libelo a favor da coragem e um conto sobre entender sua própria natureza.

Por isso, A Single Man, é um filme que faz pensar depois que ele acaba. Muito mais do que um filme panfletário sobre gays, mas sobre o amor e sobre entender que nossa felicidade está intrinsecamente ligada aquilo que sentimos sobre aqueles que amamos.

E Tom Ford consegue “passar a mensagem” totalmente ?

Sim, até quase aos 45 do segundo tempo, quando o filme escorrega e apresenta uma resolução infeliz para esse que escreve. Achei simplista e de certa forma até um pouco clichê, e que prejudica o bom desenvolvimento do filme.


Espero ver Ford em outros projetos demonstrando a mesma competência estética inquestionável e apresentando maior qualidade (ainda) no desenvolvimento de sua história.

Será que estamos vendo o nascimento de um novo grande diretor? Só o tempo dirá, mas A Single Man é uma tremenda estréia.


sábado, 29 de maio de 2010


O Rei Leão seja talvez a melhor versão de um filme Disney já lançado no Brasil. Além da qualidade do filme (que é quase inquestionável) a especificações tecnicas dessa edição são maravilhosas. Tudo 5.1, wide e uma faixa em DTS, o que para quem tem um aparelho bom é sensacional.

Esteticamente a capa é muito bonita, e ainda conta com um encarte curto com seleção de cenas e um guia (acreditem é um guia bastante simplificado) apresentando os extras.

No disco 1 você tem além do filme na versão de cinema a versão "extendida" que conta com uma sequencia musical inédita que foi cortada da versão original, e aqui foi acrescentada. Honestamente ela não faz falta. Quem canta é o passarinho (Zazu) e a música é bem chatinha, mas é um acrescimo aos fãs mais fervorosos. Ainda no primeiro disco você encontra três jogos infantis (Caça ao Rango do Timão, Jogo das Personalidades e Descubra o som dos animais com o Pumba), um videoclipe de "Circle of Life" interpretado por algumas "estrelinhas" do Disney Channel, e um "Por Trás das Câmeras" com duas cenas (em storyboard) excluidas.



O disco 2 é incrivel. Lotado (mesmo) de todo tipo de extra que você possa imaginar. Desde os mais infantis (um "tour" pela selva com os hilários Timão e Pumba), passando por explicações bastante interessantes sobre as Origens da história do Rei Leão. Como a partir da premissa "bestinha" Bambi na África, os roteiristas transformaram o filme em uma analogia sobre vida e morte, Shakespeare e mitos tradicionais.

Além dessa introdução sobre a história, o dvd conta com um extenso making off sobre o filme em si. Nele cada passo foi abordado: as origens do filme (ou como o filme "b" se transformou no maior clássico da retomada Disney), a viagens de alguns dos produtores até a África (que marcou tanto esse pessoal qua anualmente eles se reunem para celebrar a viagem), a influência da arte africana no filme e reflexões sobre a importância do filme, onde vemos uma série de depoimentos dos envolvidos tratando do legado do filme. A parte técnica é apresentada nos Rascunhos (que contam como funciona a hilária sessão de "brainstorm" desse pessoal), os desenhos de prodoução (que esmiuçam as cores e opções estéticas dos cenários), os desenhos dos personagens (que analisam as origens e o desenvolvimento dos personagens) e um especial sobre o CG do filme. Além das tradicionais galerias sobre os personagens (esses vem em fotos).



E pensam que acabou?

Ainda temos um bom making of sobre a fántástica trilha de Hans Zimmer, partindo desde suas inspirações, a participação de Tim Rice e de Elton John (que trabalharam com a produção por três anos), a entrada do genial cantor sul- africano Lebo M., responsável pela fabulosa aberta do filme, e que dirigiu alguns corais africanos que transformam a trilha de Zimmer numa obra de arte completa. Além disso, os vídeos das músicas "Can You Feel the Love Tonight" com Elton John, "Hakuna Matata" com Lebo M. e Jimmy Cliff e "Circle of Life" novamente com Elton John.



E para fechar os videos sobre a produção do filme, ainda vemos um doc. "educativo" sobre os animais retratados no filme com um adendo sobre o relacionamento da Disney e os animais no cinema, e um belo trabalho contando as origens, produção, diferenças, casting entre outras coisas sobre a adaptação teatral do filme.

O dvd ainda tem algumas apresentações fotográficas e um extra interessante, que mostra uma mesma sequencia sendo dublada em todos os idiomas que a Disney lançou o filme.



É sem dúvida nenhuma, um dos dvds mais legais lançados por aqui, e que hoje é artigo raro.

FICHA TÉCNICA

DVD DUPLO
Estojo Amaray (Duplo)
Distribuidora: Walt Disney Home Entertainment
Áudio: Inglês 5.1 Dolby/Português 5.1 Dolby/Inglês DTS
Imagem: Widescreen Anamórfico


EXTRAS:
DVD 1
- Jogos: Caça ao Rango do Timão, Jogo das Personalidades, Descubra o som dos animais com o Pumba
- Videoclipe inédito: "Circle of Life"
- Por Trás das Câmeras: Cenas excluídas e making of da sequencia nova "O Relatório Matinal".


DVD 2
- Sáfari Virtual com Timão e Pumba
- História: Origens da História, Temas Eternos e História Ganha Vida
- Filme: As Origens, Viagem de Pesquisa da Produção, Influência Africana na Arte, Reflexões, Introdução aos Rascunhos, Desenhos de Produção, Desenhos dos Personagens, Animação Computadorizada, Galeria de Criação.
- Música: Inspiração Musical, Composição das Músicas, Orquestra, Emoção da Trilha, Influência Africana, Sequencia de Áudio, Círculo Completo.
- Vídeos: "Can You Feel the Love Tonight"; "Hakuna Matata"; "Circle of Life"
- Animais: Documentários curtos sobre os animais de O Rei Leão: Leões, Suricates, Javalis, Hienas e Disney e os Animais.
- Teatro: Origens Musicais, Da tela para o Palco, Textura Musical, Arrumando o Palco, Saltos da Fantasia e Galeria de Publicidade do Musical
- Mais extras: Rei Leão pelo mundo, Lançamento mundial, capas das trilhas sonoras.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Alice no País das Maravilhas
(Alice in Wonderland, 2010)
Aventura/Fantasia - 108 min.

Direção: Tim Burton
Roteiro: Linda Woolverton

Com: Mia Wasikowska, Johnny Depp, Helena Bonham Carter, Anne Hathaway, Crispin Glover

Tim Burton nunca foi um diretor que tivesse como principal característica a capacidade de contar boas histórias. Que os fãs me perdoem, mas Burton é um mestre do visual. Capaz de criar inúmeros momentos visualmente brilhantes que misturam toda sua vocação com o “gótico” misturando-o ao kitsch e ao absurdo, Burton fez a fama com obras que nesse aspecto são quase sempre inquestionáveis.

Porém, o mesmo mestre do visual nunca teve igual talento para narrar histórias que se utilizassem dessas imagens. Tudo no mundo de Burton é estéril. Vê-se a beleza, mas não nos envolvemos com ela. A comparação mais cabível é a de apreciar um quadro no museu. Vimos, gostamos, mas não nos envolvemos. Para que nos envolvêssemos em seus “quadros” bastaria a Burton ser capaz de criar as referencias entre o publico e obra, como fazem as pessoas realmente interessadas em artes plásticas. Geralmente as pessoas se preparam para acompanhar a exposição, ou acervo, tendo uma “base” formada anteriormente.

No cinema, essa base de envolvimento emocional tem de vir do diretor, que afinal é o comandante do “navio”. É ele que nos dá as coordenadas para que possamos acompanhar sua aventura.


Alice no País das Maravilhas, a adaptação dos personagens (e não da história) de Lewis Carrol, é mais um triunfo visual e fracasso narrativo do diretor. Em cada frame estão impregnados os maneirismos do diretor. Desde Johnny Depp repetindo pela enésima vez o papel de perturbado, até a trilha sonora clichê de Danny Elfman, passando pelas releituras de personagens “clássicos”, culminando num roteiro que quer abraçar o mundo e não consegue nem fechar as próprias mãos.

Começamos pela audácia de Burton em querer ser um tanto quanto arrogante, ao abrigar sua historia no futuro do clássico de Carrol. Talvez com medo de comparações entre sua eventual visão da obra e as demais versões (são muitas), o diretor saiu-se com a saída dos covardes refugiando-se em seu próprio mundinho (o que alias já havia feito com os Batmans) onde longe de comparações com o material original poderia “pirar” à vontade.

O problema é que além de apresentar uma história intitulada Alice no País das Maravilhas, que nada tem a ver com o livro homônimo, Burton ainda erra vertiginosamente ao mostrar seus personagens (esses sim os clássicos do livro) como simulacros cinzentos e sem graça.


A começar por sua protagonista que é muito fraca. Sendo mais um exemplo de adolescente revoltadinha com o mundo, age durante o tempo todo como um ser perdido (o que seria compreensível se a explicação para tal sensação não fosse tão patética) durante sua estada no mundo mágico de Underland... sim, e não Wonderland (coisas da mente “genial” de Burton).

A atriz Mia Wasikowska, passa o filme todo em uma jornada em busca de algo que os outros dizem que ela tem de fazer, e não se impõe em momento algum, culminando num ataque de Joana D’Arc, que confesso a vocês, só me fez rir, tamanha a cara de pau do diretor.

Os demais personagens não passam de asseclas acerebrados. A Rainha Branca (personagem de Anne Hathaway) é das coisas mais dantescas da historia recente do cinema. Sem o menor sentido, passa o filme inteiro num estado de afetação mental insuportável. É impossível torcer para “seu time”. Por outro lado, apesar dos efeitos de CG, Helena Bonham Carter é uma atriz de primeiro time, e tirando leite de pedra consegue ser a única a entregar algo próximo de uma atuação digna.


Crispin Glover está medonho (apesar de ser o usual em sua medíocre carreira) e Johnny Depp misturando o visual Madonna com problemas capilares com Willy Wonka depois de bater a cabeça, é mais um que copia a si mesmo. Em momentos lembra o pirata Jack Sparrow, em outros o já citado chocolateiro. Uma pena, pois acho que Depp é um ator com muito potencial, que em sua quase obsessiva parceria com Burton, pode estar perdendo chances de vôos mais altos, vide suas excelentes performances em Donnie Brasco, Em Busca da Terra do Nunca e Inimigos Públicos.

Burton quis compensar a falta de uma boa história com imagens bonitas. Em parte foi bem sucedido. O coelho é sensacional, os gêmeos (que tem nomes impronunciáveis) são foto-realistas, e a cabeça exagerada da Rainha de Copas é impressionante. Porém, e isso é uma critica pessoal (meu gosto mesmo), não gostei da re-invenção do gato (perdeu-se a imponência do personagem, relegando-o a ser mais um coadjuvante chato) e detestei a lagarta, que parece um professor chato e não aquele personagem dúbio que vimos no livro.

Talvez seja implicância de fã, ou meu modo de ver as coisas, mas o fato é que mesmo visualmente esse filme de Burton não me agradou. Reconheço o brilhantismo de sua equipe de produção, mas o uso excessivo da computação começa a transformar o cineasta num filhote mais estranho de George Lucas ou Robert Zemeckis.


E nem comentei o 3d. Pois é, não vi em 3d por dois motivos: primeiro que não pude, e segundo que pensando melhor não estou certo que valeria o investimento. Primeiro porque não teria gostado do filme e segundo, não vejo onde o uso dessa tecnologia poderia ajudar o filme. Ao contrário, acho que o uso do 3d foi uma forma tacanha de camuflar uma história ruim.

Burton prova mais uma vez que imagens “bonitas” e “3d”, nunca serão suficiente para fazer uma boa história. As bilheterias me desmentem sim, mas afinal, o público em geral pouco se importa com isso. Querem mais é pipoca, tiro e explosão. Uma pena.


quinta-feira, 27 de maio de 2010

Rainha do Castelo de Ar
(Luftslottet som sprängdes, 2009)
Thriller - 148 min.

Direção: Daniel Alfredson
Roteiro: Jonas Frykberg

Com: Noomi Rapace, Michael Nyqvist

Rainha do Castelo de Ar é a terceira e última parte da série cinematográfica Millenium, adaptação dos livros do escritor Stieg Larsson. Partindo do exato ponto em que o seu antecessor (Menina que Brincava com Fogo) parou, esse terceiro e melhor filme da série parte para a análise dos momentos em que Lisbeth passou presa numa instituição mental e na conspiração que tenta eliminá-la (espero não ter soltado muitos spoilers).

Estruturalmente, o filme é uma história de julgamento, com a investigação dos eventos mostrados no filme anterior, ao mesmo tempo em que toda uma trama política é levada a tona. Diferente do filme anterior, em que o personagem do jornalista Mikael Blomqvist era um mero coadjuvante de luxo, bi-dimensional e raso, o diretor Daniel Alfredson (o mesmo do filme anterior curiosamente) insere alguns pequenos e importantes conflitos na personalidade do jornalista, que assume a posição de personagem principal no contexto investigativo da história.


Já Noomi Rapace, repete (mais segura ainda, se isso é possível) o papel de Lisbeth, e consegue estabelecer o melhor desempenho interpretativo de toda a série. Amargurada e atuando muito com a linguagem corporal, consegue transmitir toda a dor e a angustia de sua personagem. Excelente desempenho.

É fácil perceber que a série de filmes ganha muito quando assistida em conjunto (se você tiver tempo, em sequencia no mesmo dia), pois os pontos negativos do primeiro filme passam a ser integrados ao segundo e ao terceiro, causando uma avaliação mais condescendente com os erros (vários) do primeiro filme.

Não sei se a forma quase industrial de produção dos filmes da série possa ter prejudicado o resultado final, mas é um fato (pelo menos pra mim) que a série como um todo deveria ter sido encurtada, ou mesmo transformada em uma mini-série, pois na ânsia de revelar tudo, alguns personagens e histórias são relegadas ao limbo.


Nesse terceiro filme, apesar de em sua meia hora final ser excelente, ainda podem ser encontradas alguns problemas no “quem é quem” dos personagens secundários (pois são muitos e quase todos sub-desenvolvidos) e no acréscimo desnecessário de mais um fato que comprova a culpa do vilão do filme. Quando assistirem talvez concordem comigo. Soou forçado e acrescentado nos últimos segundos, já que a “revelação” já era sentida pelos espectadores mais ligados.

De todo modo, o terceiro filme funciona melhor, pois esse se foca numa só história e não desvia o foco para acréscimos paralelos a história. Tudo gira em torno da mesma investigação e das mesmas pessoas. A trama política integra-se perfeitamente a trama principal, atuando de forma direta nos resultados da mesma.

Funcionou bem, e diferente dos demais a direção de Alfredsson é mais ágil e menos reverente. A ação comanda e o ritmo é mais palatável. Como disse no primeiro post sobre a série, ainda não li nenhum dos livros, mas fuçando pela internet reparei que boa parte das pessoas que leu os livros viu diversos problemas na adaptação. Esses problemas seriam de adaptação mesmo? Ou em relação ao material final? Quem leu o livro e quiser me “ajudar” basta comentar aqui embaixo.


É interessante notar que Daniel Alfredson ao fim da projeção não havia se rendido a um eventual happy end novelistico, e apostou num final muito mais condizente com aqueles personagens (o que é muito bom). Por outro lado, não houve uma “jornada” para Lisbeth, que parece ter mudado muito pouco com tudo o que aconteceu em sua vida e foi retratado no filme. Seria esse talvez a falha maior da adaptação? Ou de Noomi Rapace que não conseguiu mostrar isso? Ou isso já era dito no livro, e Alfredson apenas seguiu seu material guia?

Novamente, quem leu comente aqui embaixo sobre. Mas de qualquer forma, isso tornou-se um problema para mim, pois não parece apresentar nenhuma espécie de redenção emocional a personagem, que parecia ser claramente o objetivo intrínseco dos filmes. A história daquela menina, os eventos que ela passou e (acreditei) sua eventual redenção.


O que será que Larsson quis dizer com isso? Que ainda falta muito para Lisbeth encerrar numa caixa profunda seus medos e problemas? Ou que ela é “daquele jeito” é ponto?

Saio da maratona Millenium com vontade de ler os originais, o que por si só é (para mim pelo menos) um grande mérito, mesmo com alguns erros que os filmes tenham.

quarta-feira, 26 de maio de 2010


Compositores XVI

Mais um “Olá a todos” para o Fotograma Digital. Como venho fazendo nas últimas semanas,estou escrevendo em cada postagem, uma matéria sobre a vida e obra dos compositores de trilha sonora que mais de destacaram, desde o surgimento do cinema até os dias de hoje. Uma série de compositores já foram citados, desde Ennio Morricone até Michael Giacchino, passando por Hans Zimmer, Danny Elfman e Elmer Bernstein.

Já comentei em postagens mais antigas, sobre alguns aspectos do surgimento do cinema e também sobre alguns compositores , mas só nestas últimas postagens tenho destacado um único compositor para cada post. Hoje escolhi um compositor que ficou para a história da Trilha Sonora, mas que talvez alguns não o conheçam, por não ser desta época.

O cinema, mesmo sendo uma arte “recente” em comparação a outras formas, como o teatro, a ópera e a própria música, é uma arte que já tem algumas gerações, e exatamente por isso, têm uma série de diretores, compositores, atores e atrizes que deixaram a sua marca, mas que hoje, depois de tantos sucessos lançados, ficaram para trás e infelizmente poucos conhecem. Como costumo dizer, às vezes as pessoas ficam tão maravilhadas com a tecnologia empregada no filme, que não olham mais para trás, e nem se interessam pelo o que já existiu. Não se interessam pela parte da história em que as pessoas faziam muito, com muito pouco... digo pouco em termos tecnológicos, porque em atuação, roteiro, trilha sonora e por que não dizer, “feeling”, tem e até de sobra, rs..

Mas voltando ao foco da postagem, nesta semana pretendo escrever sobre um dos maiores compositores de Holywood, que recebeu inúmeros prêmios pelo seu trabalho, e que escreveu temas que até hoje são ouvidos e lembrados. Muitos compositores hoje em dia são aclamados e fazem sucesso, mas todos reconhecem que Max Steiner foi uma personalidade única em Hollywood.


Maximillian Raoul Walter Steiner nasceu em dia 10 de Maio de 1888 em Viena, Áustria. Era o filho prodígio de Gabor Steiner, que terminou o conhecido curso de música da Hochschule Music Academy, de quatro anos, em apenas um. Foi aluno do compositor erudito Gustav Mahler e aos 16 anos compôs sua primeira Operetta (uma espécie de ópera), “The Beautiful Greek Girl”. Aos 20 anos já trabalhava como condutor, e mudou-se para Londres, logo depois para Nova York, onde se tornou um dos maiores orquestradores e regentes dos conhecidos musicais da Broadway.

Sua carreira com a trilha sonora de filmes começou em 1929, quando foi contratado por William LeBaron para ir para Hollywood, e fazer a supervisão a produção da música para o filme Rio Zita (1929).


Um dos seus primeiros grandes passos foi a composição para o filme “Cimarrom” (1931), sendo muito bem recebido pela crítica. Pela sua formação musical, Steiner adota um estilo bem vienense de composição, compondo valsas e com um estilo Wagneriano de elaborar seus “Leitmotif”. Filmes como “Symphony of Six Million” (1932), “Bird of Paradise”(1932), e “Morning Glory” (1933), foram conquistando cada vez mais o espaço de Steiner nas trilhas sonoras.

Porém o ano de 1933 foi um divisor de águas para o compositor, que compôs a trilha sonora de “King Kong”, o que para alguns foi a maior contribuição de Steiner para a produção cinematográfica, sendo este um filme de 75 minutos com vários temas e sequências agitadas.


Max Steiner, além de todos os sucessos que compôs, ficou conhecido pelo seu estilo de sincronizar sons aos eventos que aconteciam nas imagens. A técnica ficou conhecida como “Mickey-Mousing”, pelo fato de ser muito usada em desenhos animados, e foi muito usada pelo compositor, sempre muito bem recebida pelo publico e crítica.

A partir disso, Steiner passou a trabalhar com outros diretores, compondo trilhas memoráveis como “Gone with the Wind”(1939), e “Casablanca” (1942), sendo o tema destes filmes uma grande referência para todos os interessados por trilha sonora. Sua música para o filme “A Summer Place”(1959) é também extremamente reconhecível, e é necessário ressaltar a trilha sonora de “Now Voyager” (1942) e "Since you Went Away" (1944), que foi digna de vários prêmios.






Max Steiner morreu em 28 de dezembro de 1971, aos 83 anos, por uma falência do coração. O compositor continua influenciando à muitos com a sua arte, digna de tantos prêmios e reconhecimentos.
Para alguns, Steiner ficou amplamente conhecido pela sua técnica de “Mickey-Mousing”, que acompanha sincronizadamente uma imagem em especial. A minha intenção é comentar melhor, em outra postagem com melhores exemplos, sobre esta interessante técnica.

Você gosta de algum compositor em especial? Comente! Selecionei alguns compositores para o FotoMusic Score, mas qualquer sugestão é bem-vinda!




terça-feira, 25 de maio de 2010



Depois de um hiato de 8 anos, Scott volta a ter brilho e trouxe esta maravilhosa história de 2 mulheres que saem num fim de semana para se divertir e a pequena diversão toma grande proporções.

Este filme entra na obras boas de Ridley Scott, uma obra que teve muito destaque no ano de 91, bem como é lembrada até hoje, mas poucos lembram a quem pertence.





Tecnicamente o filme não há nada de extraordinário, tudo é simples, mas há de destacar a Fotografia e Edição de Imagens que são coisas que até o mais leigo possível consegue perceber o quão são boas.

Mais uma vez vemos os mesmos aspectos pontuais de Scott esse especialmente pelas belas fotografias e principalmente o anti-herói. Um road movie de primeira, senão um dos melhores já feitos, sem contar com a dupla principal de atrizes que são sensacionais.





Geena Davis e Susan Sarandon que são ótimas, tanto que as duas concorreram ao Oscar de Melhor Atriz no ano de 1992, com destaque também para Brad Pitt em começo de carreira fazendo uma pequena participação ao longo da trama.

A transformação de Thelma e Louise ao decorrer da película é surpreendente, ao mesmo tempo em que vão se libertando, vai ocorrendo meio que uma “despirocada” que faz com que façam as coisas mais inimagináveis, mas sentimos empatia a qual tomaríamos as mesmas decisões.





Um ponto que foge da linha de Scott é a falta de idéia certa quanto ao roteiro, pois em todos os outros filmes sabemos onde ele começa e como vai terminar este aqui é um total andar no escuro, nunca sabemos o que vem por aí. O elemento surpresa é constante.

Lembrando que venceu em 1992 o Oscar de melhor Roteiro Original.

Amizade, lealdade e loucura, assim é Thelma & Louise.

Thelma e Louise também em imagens:











Bruno Gonçalves
Estudante de Direito e Arauto do Caos

(Nota do Editor: Pulamos Chuva Negra, antes que alguém xingue... ele será publicado em breve).