Cold Souls
(Cold Souls, 2009)
Comédia/Drama - 101 min.
Direção: Sophie Barthes
Roteiro: Sophie Barthes
Com: Paul Giamatti, Armand Schultz, Dina Korzun, David Straham
Pretensão e soberba parecem ser um dos maiores males do século 21 no cinema, vide a incrível quantidade de filmes que “chupinham” idéias de outros filmes melhores, ou que com a desculpa esfarrapada de apresentar a um novo público um filme consagrado, refazem-no, às vezes até mutilando a obra original, tornando-a um porre para quem conhece o filme e afastando quem poderia se interessar pela obra original.
Cold Souls é mais um desses exercícios de exageros. A história é sobre Paul Giamatti (sim Paul Giamatti, o ator, interpretando ele mesmo, ou algo assim) que vem enfrentando problemas com sua própria consciência (manja, crise de identidade, ou de meia idade). Por isso, ele decide, convencido que o problema está em sua alma, retirá-la em um processo experimental e novo.
Como o leitor do Fotograma é bastante inteligente, obviamente reparou na junção tosca entre dois dos filmes “moderninhos” mais queridos dos últimos tempos. A questão do ator viver ele mesmo numa situação esdrúxula lembra muito Quero ser John Malkovich, e a questão de tirar a alma, é uma versão (mais estranha ainda) de Brilho Eterno de Uma Mente sem Lembranças.
A diretora e roteirista Sophie Bartes, estreando na direção de longas, parece não saber exatamente o que quer e como quer. Tudo parece lento demais, arrastado e sem o menor ritmo. A trama que começa com as discussões sobre o homem e sua alma (se é que ela existe) transforma-se numa tentativa de comédia de humor negro imbecil. Ao mesmo tempo somos apresentados a uma quadrilha de almas russa, que usam “mulas” para transferirem as almas dos pobres e inocentes russos para os abastados americanos.
Não sei o que a diretora tentou dizer com isso. Que o homem não enxerga sua alma a ponto de vendê-la? Que só nos falta vender a alma? Que o homem no fundo não passa de uma criatura desalmada? Que no futuro o homem, por não ter alma, passará a contrabandeá-la?
Para mim não passou de uma sucessão de idéias “Cult” embaladas em um filmezinho esquisito. Nem a performance sempre excelente de Paul Giamatti salvou.
Falando dele, fico curioso em saber o quanto da “alma” do ator estava no filme, ou se ele criou um personagem homônimo. De qualquer forma, a única coisa boa do filme é sua atuação. Muito crível, muito sensível, dosando a patetice com a profunda depressão, sempre com os olhos injetados, parecendo uma fera enjaulada procurando falhas na segurança para saltar. Seu personagem parece sempre estar à beira do abismo, pronto e aguardando um empurrãozinho para cair rumo ao desconhecido.
De resto, Cold Souls é uma porção de trechos supostamente cult e estranhos tentando soar inteligente e descolado. Passem longe e não percam tempo.
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