quarta-feira, 5 de maio de 2010


To Kill a Mockingbird

Olá a todos. Nas últimas postagens tenho escrito sobre alguns compositores que, de alguma forma ou outra, acrescentaram e muito para a narrativa do cinema. Como já dito anteriormente, a música é usada no cinema como uma ferramenta para várias situações, porém para alguns pode ser difícil fazer uma análise crítica de um filme, ou de uma cena, uma vez que a história prende muito a nossa atenção, e que a música é apenas um complemento para o que estamos assistindo.

Na postagem que escrevi sobre a Música Diegética, onde usei como exemplo o filme “Natural Born Killers”, selecionei uma cena com poucos minutos, para observarmos todas as músicas que ouvimos. A idéia era diferenciarmos a música diegética da não-diegética, tendo assim um primeiro contato com a análise crítica da Trilha Sonora. Na mesma postagem, ressaltei que essa era apenas uma das várias análises que podemos fazer sobre a Trilha Sonora de um filme, porque ali estávamos prestando atenção apenas na música, e como já havia explicado antes, é um conjunto de 3 itens (Voz, Ruído e Música) que forma a Trilha Sonora como um todo.

Hoje escolhi um filme muito significativo para o cinema dos anos 60, que recebeu, entre outros prêmios, o Oscar de melhor roteiro em 1963.

“To Kill a Mockingbird” é um romance escrito por Harper Lee, em 1960, que fez um grande sucesso e virou um clássico da literatura dos Estados Unidos. O filme saiu dois anos depois, em 1962, e foi dirigido por Robert Mulligan, com o famoso Gregory Peck interpretando o advogado Atticus Finch, e Mary Badham interpretando a pequena Scout, sua filha caçula. A história se passa em uma cidade pequena do Alabama, onde Scout vive com seu irmão Jem (Philip Alford), junto com seu pai. Uma acusação foi feita na cidade, e o Sr. Finch foi selecionado para defender o personagem Tom Robinson (Brock Peters) de uma acusação de estupro.



A Trilha sonora foi confiada a Elmer Bernstein, que fez um dos temas mais bonitos que eu, particularmente, já ouvi. Como já comentei em posts anteriores, Bernstein foi um grande compositor de trilhas sonoras, nascido em 4 de abril de 1922. Fez muito sucesso com as trilhas sonoras de “The Ten Commandments”, “The Magnificant Seven” e “The Man with a Golden Arm”


Outros elementos na trilha sonora do filme são indispensáveis de ressaltar, como a idéia de “Voice Over” usada para as narrações que acontecem durante a história. Uma voz acaba narrando alguns trechos do filme, explicando o desenrolar da história, e também a passagens das estações do ano. Essa narração se passa, por exemplo, quando acaba o primeiro período letivo das crianças, ou quando se passa um longo espaço de tempo. O interessante é que a narradora é a própria Scout, como se ela contasse, nos dias de hoje, a história que estamos assistindo.

Também é relevante comentar os ruídos e a ambiência usada nas cenas noturnas. Nos anos 60, a maioria das técnicas de ruidagem que são usadas até hoje já estavam “firmes e fortes”. Isso é notável nas cenas de poucas falas e lugares abertos, onde se pode ouvir com nitidez o som das folhas batendo, ventos e grilhos. Toda essa ambiência, combinado com o fundo instrumental de suspense, são todos os ingredientes necessários para “musicar” o medo das crianças ao entrar no jardim dos Radley, e a curiosidade em conhecer o temído “Boo” Radley, o filho do vizinho. Algumas pessoas contavam terríveis sobre “Boo”, e segundo o que as crianças pensavam, tinha mais de dois metros de altura e uma grande cicatriz no rosto.

Infelizmente não consegui achar nenhum vídeo disponível no Youtube para poder ilustrar as minhas análises sobre este filme. As pessoas que estiverem interessadas em conhecer estes aspectos da Trilha Sonora, tanto da música, quanto dos ruídos, e também dos recursos das vozes, precisará assistir ao filme do começo ao fim. É interessante notar que o filme todo tem detalhes a serem comentados, para os interessados em Trilha Sonora, esse filme é uma grande lição de casa, rs.

Nas próximas postagens, continuarei falando compositores e também sobre alguns filmes de grande sucesso, focando sempre na questão da Trilha Sonora, com todos os seus detalhes, técnicas e maneiras de conseguir narrar várias situações com notas musicais.


Um comentário:

  1. Um dos poucos filmes em que o fator "didático" não atrapalhou em nada no resultado final.

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