sábado, 22 de maio de 2010

O Homem que Não Amava as Mulheres
(Män som hatar kvinnor, 2009)
Thriller - 152 min.

Direção: Niels Arden Opley
Roteiro: Nikolaj Arcel e Rasmus Heistenberg

Com: Michael Nyqvist, Noomi Rapace

A série de romances policiais Millenium é um sucesso editorial, e os filmes baseados na trilogia escrita por Stieg Larsson, foram vistas por milhares de pessoas na Europa.

Confesso que tenho o primeiro dos livros (que é à base do roteiro desse primeiro filme) mais ainda não tive a oportunidade de ler. Apesar de alguns problemas, o filme me “inspirou” a ler o original e de descobrir como a história continua nas sequencias dos livros (porque não agüentei e vi os três filmes numa tacada só, e adianto que a série cinematográfica vai melhorando).

Esse primeiro apresenta os dois personagens que vão ser os “heróis” da trilogia e os coloca envolvidos numa trama tradicional de caça ao assassino. Ao mesmo tempo, a tela se enche de sub-tramas, que funcionam melhor do que a trama principal dando mais profundidade aqueles personagens.


Lisbeth Salander é uma hacker de visual agressivo e personalidade mais ainda. Durante a história somos envolvidos em sua vida; Lisbeth (interpretada por Noomi Rapace) é apresentada como uma garota que sofreu traumas sérios e por esse motivo mantém-se tão errática em relação ao convívio social. Age como um bicho raivoso afastando tudo e todos que tentam se aproximar. Um personagem bastante complexo e que é (ainda bem) mais explorado nos demais filmes.

Mikael Blomqvist é o jornalista que após ser condenado por calunia é contratado por um velho obcecado por descobrir o assassino de sua sobrinha. Mikael (vivido por Michael Nyqvist) é a mola condutora da ação e do desenvolvimento da história. Porém, não é um personagem complexo, na verdade é um estereótipo do jornalista investigativo. Corajoso e destemido, sempre em busca da verdade.

A historia que Blomqvist se envolve é outro estereótipo. Dessa vez dos livros e filmes de mistério. Você já viu essa história antes (na estrutura), mas isso não significa que por não ser original não funcione. Funciona razoavelmente, mas tem dois problemas. O assassino é óbvio (o que sempre enfraquece) e as sub-tramas são mais interessantes do que a caçada, que em diversos momentos torna-se corrida, em especial quando a dupla de protagonistas tenta encontrar pistas que ajudem o caso.


Entre as sub-tramas, o primeiro “arco” de Lisbeth, apesar de muito agressivo, é muito corajoso. Não aliviando em nenhum momento, Niels Arden Oplev fugiu do lugar comum, principalmente ao não retratar sua heroína como uma mocinha indefesa, ou como alguém que vitimiza sua existencia.

Porém, a busca do assassino (que deveria ser o principal no filme) fica em segundo plano, pois o filme sofre de acúmulo de informação. Como não li o livro, não posso julgar com exatidão, mas parece que na ânsia de mostrar tudo o que o livro tem de bom, alguém (roteiristas ou diretor) exagerou e tornou o filme numa sorumbática procissão que dura mais de duas horas e vinte minutos (a versão extendida sueca tem inacreditáveis 180 minutos). E, acreditem apesar da duração as pistas que vão levando a descoberta do assassino são mostradas na correria.

Esteticamente o filme não pretende inventar a roda e é mais um dos exemplares do thriller policial. Muita sombra, trilha enérgica, cortes secos e violência moderada.


Não é uma obra prima, e nem figura entre os melhores do gênero, mas não ofende a inteligência do espectador (apesar das idas e vindas do roteiro) e funciona como um passatempo divertido. Parto agora para os livros e a arte (nem sempre cômoda) de comparar os erros e acertos do filme em relação a seu "irmão" de papel.


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