domingo, 30 de maio de 2010

Direito de Amar
(A Single Man, 2009)
Drama - 101 min.

Direção: Tom Ford
Roteiro: Tom Ford e David Scearce

Com: Colin Firth, Julianne Moore, Mathhew Goode e Nicholas Hoult

Demorei certo tempo pare embarcar na história de Tom Ford, e muito dessa “culpa” reside na forma quase solene com que boa parte do filme é contada. Esteticamente Direito de Amar (a péssima tradução de A Single Man “Um Homem Sozinho/Solitário”) é impecável e belíssimo.

Fica ainda mais impressionante quando a historia conta que esse foi o primeiro filme que o estilista realizou. E com que esmero, com que qualidade fotográfica e com que conhecimento de cores e iluminação. É a mais impressionante estréia de um diretor que vi desde Darren Aronofsky em Pi.

Mas sobre o que versa A Single Man (me recusarei a chamá-lo de Direito de Amar)? Temos George, um professor de meia idade homossexual que vive em uma crise profunda causada pela morte de seu marido/namorado Jim. George sente-se preso a seu papel de viúvo enlutado e por mais que tente (e tentem também) ele não consegue sair do estado de profunda melancolia. Até um dia em que ele resolve mudar as coisas.


E durante esse dia, em que se passa o filme, ele tenta colocar as coisas em ordem antes de seguir em frente. Para isso ele encontra diversas pessoas que de uma forma ou de outra marcam seu dia e sua vida, ao mesmo tempo em que (via flashback) vemos alguns momentos dos dezesseis anos de amor e carinho do casal.

George é vivido com extremo talento por Colin Firth, no seu melhor papel na carreira. Sutil até mesmo quando precisa transmitir muita emoção, sua interpretação é uma aula de naturalidade e de destreza. Notem uma sequencia em flashback que se inicia com um telefonema e culmina numa corrida pela chuva. Que aula. Eu adoro Jeff Bridges, mas se a Academia tivesse premiado o inglês seria muito mais do que merecido.

Entre os encontros somos apresentados a Charley, Juliane Moore, uma amiga de George que se manteve obcecada por ele, mesmo com a homossexualidade do amigo. Um caso para terapia.O amor de George é vivido por Matthew Goode (de Watchmen) e tem pouco tempo de tela para demonstrar muita coisa.


Mas porque, no inicio do texto demorei para “entrar” no filme? Por que (usando uma expressão do filme Shrek) A Single Man tem camadas. Superficialmente ele trata da superação de traumas e seguir em frente. Mas também podemos lê-lo como um libelo a favor da coragem e um conto sobre entender sua própria natureza.

Por isso, A Single Man, é um filme que faz pensar depois que ele acaba. Muito mais do que um filme panfletário sobre gays, mas sobre o amor e sobre entender que nossa felicidade está intrinsecamente ligada aquilo que sentimos sobre aqueles que amamos.

E Tom Ford consegue “passar a mensagem” totalmente ?

Sim, até quase aos 45 do segundo tempo, quando o filme escorrega e apresenta uma resolução infeliz para esse que escreve. Achei simplista e de certa forma até um pouco clichê, e que prejudica o bom desenvolvimento do filme.


Espero ver Ford em outros projetos demonstrando a mesma competência estética inquestionável e apresentando maior qualidade (ainda) no desenvolvimento de sua história.

Será que estamos vendo o nascimento de um novo grande diretor? Só o tempo dirá, mas A Single Man é uma tremenda estréia.


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