Fish Tank
(Fish Tank, 2009)Drama - 123 min.
Direção: Andrea Arnold
Roteiro: Andrea Arnold
Com: Katie Jarvis, Michael Fassbender, Rebecca Griffiths e Kierston Wareing
Ano passado, Educação foi o filme mais hypado do ano. Muitos prêmios, muita gente achando-o a “última bolacha do pacote” e que era um excelente exercício sobre o crescimento e amadurecimento. Pois bem, quem acompanha o Fotograma sabe que pessoalmente não achei Educação grande coisa em especial suas “escolhas morais”.
Fish Tank, da diretora e roteirista Andrea Arnold, é tudo aquilo que Educação tentou ser mais não teve capacidade para conseguir. Crível, amargo e muito verdadeiro.
Mia (vivida por Katie Jarvis) é a protagonista da história. Aos seus 15 anos, sua vida é um emaranhado de hormônios em fúria, descaso familiar, personalidade irascível e total falta de perspectivas. Bastante parecido com a história de outro filme oscarizado, Preciosa. Porém, diferente do filme americano, a protagonista nunca é mostrada como uma ”coitada”, vitimada por seus problemas. Mia é uma adolescente que tenta manter seus sonhos nessa realidade cruel dos subúrbios ingleses. Para isso ela não mede esforços e sempre parte de uma perspectiva belicista no contato com os demais personagens.
Sua vida é patética e simplória, vive com sua mãe (mais preocupada em encher a lata e mostrar que ainda tem 20 e poucos anos) e sua irmã menor. Seu grande sonho é viver da dança, o que o filme faz questão de mostrar. A dança em si, pra mim pessoalmente, não é lá grande coisa. Um amontoado de pulos e giros sem grande técnica. Não sei se a diretora quis ressaltar que no fundo, Mia era medíocre.
Mia sofre um abalo significativo quando sua mãe (Joanne, interpretada por Kierston Wareing) trás pra casa um namorado. Connor (o sempre eficiente Michael Fassbender) é um protótipo do “cara legal” e rapidamente faz amizade tanto com a complicada Mia, quanto com a extremamente precoce Taylor (a irmã mais nova). A partir desse encontro a vidinha insossa da família é mudada radicalmente.
Espero ter conseguido aguçar o leitor a procurar esse pequeno filme inglês independente, pois é sem duvida um dos mais interessantes do ano de 2009. É raro um filme conseguir manter-se interessante, mesmo tendo uma protagonista que por diversas vezes é insuportável.
No inicio da resenha eu teci uma comparação com Educação e após o término do filme, fiquei curioso em saber qual dos dois “saiu” primeiro. É curioso, no mínimo que filmes parecidos tenham saído tão próximos, no mesmo país e com um plot semelhante.
Entre um e outro, Fish Tank é muito mais interessante, pois tudo é muito crível, e o fato de não estarmos tratando de um filme de época também ajuda.
Mais a diferença primordial é que Fish Tank foi escrito e dirigido por uma mulher, e isso faz uma diferença brutal. Andrea parece ter total consciência sobre todos os seus personagens, e sem nenhuma cerimônia faz de suas personagens femininas pessoas reais.
Tecnicamente, a diretora aposta na estética urbana, quase suja que é marca registrada de muitas produções atuais que retratam subúrbios nas grandes cidades. Muita câmera “treme-treme”, super closes, imagem granulada e estouros de iluminação, tudo numa tentativa de deixar o filme caseiro e com ar de documentário.
Um filme a ser descoberto, e que é dificilmente verá a luz das telas de cinema por aqui (excetuando-se festivais- passou na Mostra de SP ano passado), e que se sair deve ser em DVD.
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