domingo, 9 de maio de 2010

The Cove
(The Cove, 2009)
92 min. - Documentário

Diretor: Louie Psihoyos
Roteiro: Mark Monroe

Um documentário sobre matança de golfinhos em águas japonesas foi o vencedor do Oscar de Melhor Documentário desse ano. The Cove é o nome do filme e as motivações para essa vitoria ficam claras durante a exibição.

Mais do que um documentário, The Cove segue a linha bem sucedida de Taxi to the Dark Side, Deliver Us to Evil, Na Captura dos Friedmans entre outros, que além de serem obras que analisam fatos chocantes e perturbadores, mostram-se igualmente chocantes em suas respectivas conduções e na forma de abordar o tema.

The Cove é uma parceria entre seu diretor Louie Psihoyos e o militante e ex-treinador de golfinhos Richard O’Barry, que entre outras coisas sente-se de alguma forma responsável pelo “culto ao golfinho fofinho” (aquele que pula e aceita peixe na boca, visto em muitos aquários e shows aquáticos mundo afora). O’Barry foi o captor e treinador dos golfinhos usados na série de TV Flipper, que popularizou a “meiguice” dos animais. Por isso, e revoltado com as condições dos animais (tanto em cativeiro, quanto na perseguição que resulta na caçada desses animais) Richard vem se empenhando em combater os mal tratos que os animais recebem. Entre seus manifestos está o que é contra a enseada da cidade japonesa de Taiji, um dos lugares que concentram uma das maiores matanças de golfinhos da Terra.


O que impressiona de cara no filme é sua história, que é verdadeiramente chocante. Além da matança, as justificativas imbecis para o ato, a forma com que tudo é escondido, como as autoridades japonesas camuflam tudo e como a carne dos golfinhos é vendida como outro tipo de carne de peixe (a carne dos golfinhos tem uma quantidade de mercúrio tóxica, o que deveria impedir o consumo dos humanos). Choca muito ver as imagens ridículas de um monte de pescadores japoneses filmando a equipe de filmagem para eventualmente usarem como provas de eventuais crimes, ou as justificativas imbecis para a matança (que vão desde “contenção de pragas” a “um reflexo da cultura japonesa”).

O documentário é um grande exemplo de como conseguir, a partir de um tema “chato e complicado”, ser estética e narrativamente agradável e interessante. Apesar do tom aparentemente sério, ele foi montado como um thriller de espionagem e de suspense.
Boa parte de The Cove se concentra na preparação da gravação das imagens da matança dos golfinhos, que por motivo óbvio não seriam fáceis de serem conseguidas. O filme mostra isso como um simulacro de filmes como Missão Impossível, Onze Homens e um Segredo e afins. Desde a seleção dos integrantes da equipe passando pelos equipamentos usados (a pedra câmera é genial) e por fim pela instalação dos mesmos. Tudo isso conduzido como nos melhores longas de suspense.


A tensão criada funciona muito bem. Não é difícil torcer para que a equipe consiga captar as imagens que precisa e os sons dos animais sofrendo. Animais muito inteligentes que faz com que a dor deles seja muito mais compreensível de forma direta por qualquer um, por mais leigo que seja.

O grande mérito de The Cove reside na captação dessas imagens. Se ficasse apenas no discurso, cairia na vala comum de documentário de denuncia. Esse vai um pouco mais além mostrando sem dó tudo. Evitando o melodrama e entendendo que as imagens são por si só são mais que suficientes para chocar e emocionar o público, e não tenta usar da trilha sonora para “enganar” o emocional. Psihoyos já tem as imagens, não precisa de mais nada.


A sensação de ver as imagens do massacre é a mesma de ver um filme sobre o holocausto, pois é isso que parece. As impressionantes manchas de sangue que cobrem a enseada secreta, onde os pescadores matam sem a menor piedade os golfinhos. É doente, beirando o filme de terror. Um dos mais impressionantes da história.

Um comentário:

  1. Já faz um tempo que ando lendo sobre esse documentário, mas não sabia direito do que se tratava e depois de ter lido essa resenha, ficou mais doido ainda. Vou conferir ! xD

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