Rainha do Castelo de Ar
(Luftslottet som sprängdes, 2009)Thriller - 148 min.
Direção: Daniel Alfredson
Roteiro: Jonas Frykberg
Com: Noomi Rapace, Michael Nyqvist
Rainha do Castelo de Ar é a terceira e última parte da série cinematográfica Millenium, adaptação dos livros do escritor Stieg Larsson. Partindo do exato ponto em que o seu antecessor (Menina que Brincava com Fogo) parou, esse terceiro e melhor filme da série parte para a análise dos momentos em que Lisbeth passou presa numa instituição mental e na conspiração que tenta eliminá-la (espero não ter soltado muitos spoilers).
Estruturalmente, o filme é uma história de julgamento, com a investigação dos eventos mostrados no filme anterior, ao mesmo tempo em que toda uma trama política é levada a tona. Diferente do filme anterior, em que o personagem do jornalista Mikael Blomqvist era um mero coadjuvante de luxo, bi-dimensional e raso, o diretor Daniel Alfredson (o mesmo do filme anterior curiosamente) insere alguns pequenos e importantes conflitos na personalidade do jornalista, que assume a posição de personagem principal no contexto investigativo da história.
Já Noomi Rapace, repete (mais segura ainda, se isso é possível) o papel de Lisbeth, e consegue estabelecer o melhor desempenho interpretativo de toda a série. Amargurada e atuando muito com a linguagem corporal, consegue transmitir toda a dor e a angustia de sua personagem. Excelente desempenho.
É fácil perceber que a série de filmes ganha muito quando assistida em conjunto (se você tiver tempo, em sequencia no mesmo dia), pois os pontos negativos do primeiro filme passam a ser integrados ao segundo e ao terceiro, causando uma avaliação mais condescendente com os erros (vários) do primeiro filme.
Não sei se a forma quase industrial de produção dos filmes da série possa ter prejudicado o resultado final, mas é um fato (pelo menos pra mim) que a série como um todo deveria ter sido encurtada, ou mesmo transformada em uma mini-série, pois na ânsia de revelar tudo, alguns personagens e histórias são relegadas ao limbo.
Nesse terceiro filme, apesar de em sua meia hora final ser excelente, ainda podem ser encontradas alguns problemas no “quem é quem” dos personagens secundários (pois são muitos e quase todos sub-desenvolvidos) e no acréscimo desnecessário de mais um fato que comprova a culpa do vilão do filme. Quando assistirem talvez concordem comigo. Soou forçado e acrescentado nos últimos segundos, já que a “revelação” já era sentida pelos espectadores mais ligados.
De todo modo, o terceiro filme funciona melhor, pois esse se foca numa só história e não desvia o foco para acréscimos paralelos a história. Tudo gira em torno da mesma investigação e das mesmas pessoas. A trama política integra-se perfeitamente a trama principal, atuando de forma direta nos resultados da mesma.
Funcionou bem, e diferente dos demais a direção de Alfredsson é mais ágil e menos reverente. A ação comanda e o ritmo é mais palatável. Como disse no primeiro post sobre a série, ainda não li nenhum dos livros, mas fuçando pela internet reparei que boa parte das pessoas que leu os livros viu diversos problemas na adaptação. Esses problemas seriam de adaptação mesmo? Ou em relação ao material final? Quem leu o livro e quiser me “ajudar” basta comentar aqui embaixo.
É interessante notar que Daniel Alfredson ao fim da projeção não havia se rendido a um eventual happy end novelistico, e apostou num final muito mais condizente com aqueles personagens (o que é muito bom). Por outro lado, não houve uma “jornada” para Lisbeth, que parece ter mudado muito pouco com tudo o que aconteceu em sua vida e foi retratado no filme. Seria esse talvez a falha maior da adaptação? Ou de Noomi Rapace que não conseguiu mostrar isso? Ou isso já era dito no livro, e Alfredson apenas seguiu seu material guia?
Novamente, quem leu comente aqui embaixo sobre. Mas de qualquer forma, isso tornou-se um problema para mim, pois não parece apresentar nenhuma espécie de redenção emocional a personagem, que parecia ser claramente o objetivo intrínseco dos filmes. A história daquela menina, os eventos que ela passou e (acreditei) sua eventual redenção.
O que será que Larsson quis dizer com isso? Que ainda falta muito para Lisbeth encerrar numa caixa profunda seus medos e problemas? Ou que ela é “daquele jeito” é ponto?
Saio da maratona Millenium com vontade de ler os originais, o que por si só é (para mim pelo menos) um grande mérito, mesmo com alguns erros que os filmes tenham.
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