quinta-feira, 30 de setembro de 2010


É com muito pesar e sempre atraindo o descontentamento de meus colegas de cineclube que olho atualmente para as telas de TV e vejo algumas das chamadas símbolos sexuais da contemporaneidade. O que pode haver de realmente interessante em máscaras de botox, corpos siliconados em demasia e outras intervenções cirúrgicas que eu tenho até medo de explicar para os leitores desse humilde blog? É, meus amigos e confidentes virtuais, beleza está virando motivo de discórdia (ou, no mínimo, de discussão que pode render meses e meses de debate sem chegar a lugar nenhum). E não pensem vocês que as musas de cinema estão livres desse universo plastic surgeon! Não, senhor. Há exemplares exóticos em grande número desfilando pelas ruas de Hollywood e adjacências. Nem todo mundo (que bom seria se fosse!) pode ser uma Charlize Theron...


Em cena, no "clássico" da Sessão da Tarde:
Allan Quatermain e as Minas do Rei Salomão
Mas eu não ia falar de musas? Claro! E vou. O caso é que a musa de hoje me remete a um tempo em que seios gigantescos, coxas musculosas e lábios carnudos em excesso eram coisa, no máximo, de heroína underground de histórias em quadrinhos. Não era isso que se procurava na tela grande. Vide o sucesso causado pela atriz Sharon Stone quando despontou para o estrelato. E olhe que se tratava meramente de uma estudante universitária de desempenho acima da média, mas com um comportamento anti-social bastante presente em seu caráter. A primeira vez que a vi atuando - algo em torno da época em que ela devia já ter sido eleita Miss Pensilvânia - foi em duas produções de aventura ao lado do ator Richard Chamberlain, que interpretava o heróico personagem dos livros de H. Rider Haggard Alan Quatermain, nos filmes As Minas do Rei Salomão e Alan Quatermain e a Cidade de Ouro Perdida (ambas produções de Menahem Golan e Yoram Globus). Sharon, linda, esbelta, cabelos loiros ainda encaracolados, já mostrava um pouco do sex appeal que seria sua marca registrada nos anos seguintes.

Nem precisa de legenda...

"Lesbian Chic"

Entretanto, sua estreia realmente se deu quando Woody Allen a chamou para ingressar o elenco de Memórias (em 1980), quando ainda era uma contratada da agência Ford Models. O estrelato, então, só começaria a bater em sua porta com Instinto Selvagem (1992), do diretor Paul Verhoeven, com quem já trabalhara dois anos antes no longametragem de ficção O Vingador do Futuro, baseado em conto do escritor Phillip K. Dick. Na pele de Catherine Tramell - até hoje sua personagem de maior destaque ao longo de toda a carreira -, marcou uma geração de cinéfilos, principalmente o público masculino, pela cruzada de pernas mais famosa da história do cinema, e por suas cenas calientes com o ator Michael Douglas que, anos mais tarde, quando casou com a atriz Catherine Zeta-Jones, assinou um contrato pré-nupcial por conta de seu suposto "vício em sexo" (uma história muito mal esclarecida até hoje). O fascínio pela personagem femme fatale de Stone rendeu a atriz até mesmo um convite para posar nua pela Playboy.

Em "Invasão de Privacidade", com um dos mil irmãos Baldwin


Sly & Stone em "O Especialista"
Passada a fase da novelista policial ninfomaníaca, continou marcando presença nas telas com personagens sensuais e poderosas, seja na pele da inocente, mas sedutora Carly Norris, espionando a intimidade alheia em Invasão de Privacidade, na vingativa May Munro de O Especialista, capaz de tudo para destruir o homem que matou seus pais (e aqui um aparte mais que necessário: como esquecer a cena do chuveiro em que contracena com o ator Sylvester Stallone?) e a pistoleira Ellen que retorna à sua cidade natal para acertar contas com o passado num torneio de vida ou morte em Rápida e Mortal, inusitado projeto de Sam Raimi (então famoso por seus filmes de terror de baixo orçamento). Até a chegada do fantástico ano de 1995 e o convite de Martin Scorsese para interpretar a inebriante e letal Ginger McKenna, o elo de paixão e ódio dos personagens mafiosos vividos por Robert de Niro e Joe Pesci em Cassino. Uma interpretação poderosa que lhe rendeu o Globo de Ouro de Melhor Atriz e uma posterior indicação ao Oscar.


"Bad Ass Chick" no western "Rápida e Mortal"


Deslumbrante e arrebatadora em "Cassino"

Diabolique
De cabelos curtos em "Esfera"
Daí em diante sua carreira sofre uma queda considerável, apesar de sua beleza continuar em evidência. Porém, mesmo seu carisma não consegue alavancar produções apenas medianas - mesmo sendo algumas delas dirigidas por nomes de peso da indústria -, tais como  Diabolique, de Jeremiah Chechik, dividindo a atenção com a também exuberante Isabelle Adjani; Esfera, de Barry Levinson, em que não consegue convencer na pele de uma cientista, mesmo estando acompanhada da dupla Dustin Hoffman e Samuel L. Jackson; Garganta do Diabo, de Mike Figgis, Onde o único personagem consistente parece ser a casa onde os personagens moram; Mulher-Gato, de Pitof, filme em que o diretor conseguiu destruir a reputação da personagem dos quadrinhos Selina Kyle (vivida por Hale Berry), até retornar 14 anos depois a personagem que dera o pontapé a toda a sua ascensão profissional (contudo, Instinto Selvagem 2, de Michael Caton-Jones, se mostra um thriller vazio, sem brilho algum e com psicologia de mais e sexo de menos).

Queimando o filme em "Mulher Gato" com Halle Berry
Com Dennis Quaid em "Garganta do Diabo"
Sem repetir a mesma magia em "Instinto Selvagem 2"
Nesse ínterim uma notícia externa aos sets de filmagem suscitou muito mais comentários do que seu próprio trabalho frente às câmeras: a notícia de que a atriz tinha um coágulo no cérebro, o que provocou um sumiço repentino da musa das telas. Nos últimos tempos, entre pequenas participações, papeis de pouco destaque e produções em que a própria atriz bancou do bolso, as que tiveram algum destaque - mesmo que momentâneo! - digno de nota em jornais e publicações voltadas para a sétima arte foram Bobby, belíssima produção do ator/diretor Emilio Estevez em que narra o dia do assassinato do então candidato a presidência da república nos EUA Robert Kennedy (e aqui uma observação importante: muito se comentou, na época, sobre a cena curta em que contracena com Demi Moore, outra que andava sumida dos holofotes desde sua desastrosa participação no filme Striptease, que quase deu fim a sua carreira) e o drama Alpha Dog, de Nick Cassavetes, onde seu maior destaque atuando foi numa das últimas cenas em que contracena exibindo uma silhueta gorda e flácida, construída para mostrar a derrota e a amargura de uma mãe que nunca superou a perda do filho, morto dias após seu sequestro.


Em pequena, mais marcante participação em "Bobby"
Desilusões e contratempos à parte, Sharon Stone (pelo menos em minha memória) ficará eternamente gravada como beleza natural e verdadeira, diferente de certas aberrações tratadas como musas nos dias de hoje. Numa era onde beleza é sinônimo de armaduras marombadas feitas em academia, lembro com saudades do tempo em que essa magnífica blonde star exibia sua exuberância e charme inigualáveis em personagens pra lá de sensuais. Onde foram parar esses tempos mágicos?





quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Feliz Natal
(Feliz Natal, 2008)
Drama - 100 min.

Direção: Selton Mello
Roteiro: Selton Mello e Marcelo Vindicato

Com: Leonardo Medeiros, Darlene Glória, Graziela Moretto, Paulo Guarnieri e Lúcio Mauro

Selton Mello talvez seja o ator mais importante do cinema nacional. Talvez, porque afirmar isso categoricamente além de ser um exercício de arrogância tremendo, pode ser perigoso, já que todo grande - e mesmo os medianos - ator precisa de bons papéis que sacramentem sua condição e seu talento.

Sabendo disso, é que Mello (vislumbrando o futuro, talvez) trás ao público Feliz Natal, sua estréia por trás das câmeras. É nítido, mesmo aos leigos, que a maior preocupação de Mello são seus personagens, aquela gente perturbada que por quase uma hora e meia ilumina a tela trazendo a tona problemas e situações que muita gente deve ter passado. É claro que Mello - e aqui cabe um elogio de cara - é deverás inteligente ao incutir em cada personagem características "over acted" que auxiliam na identificação do público com a história.

Na prática isso quer dizer que, ao embutir nos tipos de seu filme características excessivas ele consegue aquele laço (quase intransponível em alguns momentos) entre a história e o público, já que esse último consegue gostar do que vê, se colocando numa posição cômoda, ao identificar-se com aqueles personagens de maneira superficial e (por cada elemento estar nessa esfera mais exagerada) ainda assim manter-se numa posição de superioridade que julga de maneira vil e arrogante a história a sua frente.


Se o público vê um fac-símile de sua vida retratado em tela, dificilmente ele compra aquela idéia, já que o choque de realidade é tamanho que afasta aquela sensação de entretenimento que é fundamental quando se conta qualquer história ficcional. Caso o espectador queira ver um retrato real da vida, ele busca (quem se interessa por isso) um documentário.

Por isso, julgar qualquer filme mais cru de "retrato fiel da vida" é uma bobagem, e os grandes nomes do cinema independente sabiam muito bem disso. Selton Mello parece ter entendido a mensagem e referencia por diversas vezes a obra de John Cassavettes e Dogma 95. De Cassavettes, por exemplo, ele tira os diálogos realistas, a invasão da psique dos seus personagens e a personagem de Darlene Glória que parece muito com a vivida por Gena Rowlands em Mulher Sob Influência. Ambas são mulheres em estado de insanidade e que fazem aqueles ao seu redor se sentirem desconfortáveis a seu redor. Do Dogma 95, vem a estética granulada e "imunda" de filmar, com muita câmera na mão, closes e super-closes e a fotografia que usa apenas luz natural, inclusive nas cenas noturnas. Porém Mello não é xiita e por diversas vezes aposta (com resultados positivos na maioria das vezes) no uso de trilha sonora e até de interlúdios musicais.


Os atores estão - todos - bem. Bom ver de volta ao cinema Paulo Guarnieri que rouba a cena a cada aparição como o frustrado e depressivo Theo. Um cara que tenta encontrar saídas onde elas não existem e tenta unir o que já foi quebrado. Darlene Glória, já citada, compõe Mércia como uma mulher perdida e esquecida pelo tempo, num paralelo curioso e inteligente com a carreira da própria atriz. Leonardo Medeiros que é muito melhor no cinema do que na televisão é um homem amargurado e que usa o natal - essa festa melancólica por excelência - como terapia para expurgar de vez seus fantasmas, e Graziella Moretto tenta trazer o filme ao chão, sendo de todos os personagens, aquele que mais se parece com alguém de carne e osso, e talvez aquele que o espectador, imagino que por esse motivo, tenha mais dificuldade de se relacionar.

O maior trunfo para com que seu quarteto de atores funcione bem é seu texto, que é ferino, sensível e bastante natural. Uma pena que o desenvolvimento da narrativa seja o calcanhar de Aquiles da produção.


Apesar de as idéias estarem lá, e no fundo o filme falar sobre situações que somente a vida pode consertar, ele perde tempo com os interlúdios que funcionam, visualmente muito bem, mas que deixam uma sensação de "por quê ?". Qual a necessidade narrativa de partir para isso? O que motiva essa escolha?

Essas opções surgem descompassadas e apesar de obterem resultados visuais acachapantes (notem a cena em que a ceia de Natal é consumida pelas moscas) não funcionam tão bem quanto ao andamento da história, parecendo uma longa procissão rumo ao vazio. Mesmo quando se revela o motivo para que Caio (o personagem de Medeiros) seja considerado um pária , pensamos "é muito barulho, mas muito mesmo, para uma explicação tão rasa". Não que seja algo banal, mas o personagem já cumpriu seu calvário e todos ao seu redor o tratam quase como um verme nocivo. Interessante ao retratar o que uma mancha numa colcha branca pode representar, mas vazio quando vemos que tudo ao seu redor é, talvez, mais sujo do que qualquer mancha que Caio possa representar.


Talvez esteja ai o mérito do filme: apresentar tudo sem hipocrisia. Tudo é sujo, tudo é escurecido e apodrecido pelo tempo e pela vida. Mello conseguiu um debut bastante interessante, que apesar das falhas pontuais mostra-se uma história inteligente, intrigante e muito cruel, assim como a vida pode ser.

 

terça-feira, 28 de setembro de 2010


Tron Legacy

O segundo trailer de Tron Legacy já seria magnânimo apenas por sua direção imponente e trilha grandiosa. Entretanto, a continuação do sucesso de 82 tem mais a mostrar. Com uma história inicial que não dá muita margem para clichês, o vídeo mostra detalhes embasbacantes e efeitos divinos. O Jeff Bridges digital é perfeito, incrível e absolutamente real. A apreensão é alta e justifica o filme ser uma das maiores expectativas do ano. Imagina quando virmos o espetacular jato de luz no cinema? É esperar e desfrutar.


segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Wall Street 2: O Dinheiro Nunca Dorme
(Wall Street: Money Never Sleeps, 2010)
Drama - 133 min.

Direção: Oliver Stone
Roteiro: Allan Loeb e Stephen Schiff

Com: Michael Douglas, Shia LaBeouf, Josh Brolin, Carey Mulligan, Eli Wallach, Susan Sarandon e Frank Langella

Wall Street é um marco dos Anos 80. Não apenas satisfeito em alçar Charlie Sheen ao estrelato e transformar Stanley Weiner em exímio roteirista, o filme ainda criou o genial vilão Gordon Gekko, interpretado por um oscarizado Michael Douglas. Seu "Greed is Good" virou um dos maiores bordões dos icônicos vilões que cercam Hollywood. Agora, depois de 20 anos, Oliver Stone demonstrou não manter a regularidade e virou o inconstante diretor que é hoje, que alterna projetos bons como W. com excentricidades como seu recente documentário sobre o regime de Hugo Chávez na Venezuela. E é nesse cenário que Stone retoma as câmeras pra continuar a história de seu seminal filme oitentista. E o contexto histórico ajuda afinal a Crise Econômica de 2008, o período em que se passa o filme, é um prato cheio para contar histórias sobre a Bolsa de Valores e seu mundo tão peculiar. Deixo bem claro que não assisti ao primeiro filme, logo, essa crítica procurará avaliar a continuação apenas como um filme, sem se deixar levar pela análise-comparação que se tornaria se eu tivesse assistido o longa de 87.

A trama segue um jovem corretor chamado Jacob Moore (Shia LaBeouf), que está em alta no mercado. Ele trabalha para a empresa de Lewis Zabel (Frank Langella) e trabalha com as ações em Wall Street. Jacob pensa em pedir Winnie (Carey Mulligan) em casamento, mas ela não gosta muito disso pois se lembra da relação traumática entre seus pais. Porém, Winnie é obrigada a conviver novamente com seu pai, ninguém menos que o lendário Gordon Gekko (Michael Douglas), quando Jacob começa a se reunir com o personagem de Douglas, do qual é grande fã, para pedir conselhos sobre a Bolsa que está começando a declinar com a falência da companhia de Lewis. Em troca, Jacob ajudará Gekko a se reconciliar com sua filha. Mas quando Lewis tem um destino ruim, Jacob encontra Bretton James (Josh Brolin), o homem responsável pela quebra da empresa e começa a pensar num plano de vingança.


O roteiro escrito por Allan Loeb e Stephen Schiff é competente em apostar no filme de 87 para trazer um fôlego novo aos filmes de golpe, em demonstrar a agilidade digna dos melhores filmes de roubo, mas falha grandiosamente quando procura solucionar problemas do passado. Jacob precisa de um elo entre ele e Gekko e, por isso é criada sua namorada, filha dele. E criando um personagem que toma tanto tempo de tela apenas por falta de desculpa melhor pra juntar Jacob e Gekko, o filme perde um pouco. Fora que, tentando dar uma profundidade maior ao arrependimento do lendário corretor, a importância de Winnie cresce e ela funciona como o escape dramático do filme. Mas as soluções apresentadas ali são arquetípicas e, algumas vezes, incongruentes.

Peguemos por exemplo a cena da festa, a conversa de Winnie e Gekko. O arrependimento do personagem pode até soar verdadeiro, mas o rápido convencimento de Winnie no perdão é estranho e meio deslocado. Assim, a personagem é mais um problema do que um ponto pro filme. Pode até dar um fundo dramático, mas prejudica o filme quando se pensa que ele podia ser mais cínico, mais ácido e menos emotivo.

Mas ainda temos a parte ágil do filme, a ácida, a do mercado das ações. E ela não poderia ser melhor, registrada muito bem pelo diretor e escrita soberbamente. Sem explicar roteiro e tendo diálogos espetaculares e críveis, o filme avança muito nas partes da Bolsa, inclusive na parte final, quando temos uma reviravolta esplêndida. Se focasse apenas nessa inovação que é mostrar o mercado da bolsa de dentro pra fora, o filme ficaria facilmente entre os melhores do ano. Mas o drama impede isso e Wall Street 2 acaba, no final das contas, tendo um roteiro acima da média, mas que poderia ser melhor.


Se o roteiro fica devendo, tecnicamente o filme é impecável. Oliver Stone parece estar em sua melhor forma, apresentando takes interessantes e, nas passagens da Bolsa de Valores, é espetacular. Apresentando vários cortes ágeis, cortando a tela em dois, três ou até quatro pedaços pra mostrar o caos que é o mundo das ações. Agilidade marcante, com uma fluência impressionante, uma direção soberba. Nas partes dramaticas, entram os takes bem planejados mas lentos, com calma, sem aquele panorama corrido que marcava as sequências na Bolsa. Consegue enquadramentos competentes e uma direção de atores ótima, mostrando algo um pouco (apenas um pouco) diferente do que se vê ultimamente nos filmes dramáticos. A fotografia de Rodrigo Prieto faz o feijão com arroz, retratando bem a cidade de Nova York e só. Poderia se sair melhor se quisesse, por exemplo, utilizar o filtro de câmera que foi usado no espetacular cartaz. Porém, só conseguimos ver aquela fotografia sombria na conversa de Bretton com Jacob na sala do primeiro.

A edição de David Brenner e Julie Monroe é muito boa, sendo destaque nas anteriormente citadas sequências do mundo das ações. Auxiliando a direção de forma impecável, a edição é um dos destaques. Já a trilha sonora de Craig Armstrong é composta de maneira precisa. O curioso dessa trilha, e que faz ela ser um pouco acima da média, é que Armstrong faz a "agitação" (que retrata o mundo corporativo) com instrumentos clássicos, o que dá um ar novo a tudo aquilo.


As atuações de Wall Street 2 são ótimas, como era de se esperar. Shia LaBeouf demonstra que pode criar um personagem crível e interessante, com carga dramática e se distanciar do seu Sam Whitwicky de Transformers. Claro que não há como não notar a semelhança do biotipo do ator com Joseph Gordon-Levitt, um ator mais competente (e que ficaria melhor no papel). Mas Shia mostra seu talento e faz com que esqueçamos da tal semelhança. Carey Mulligan tem um papel reduzido e, como citei anteriormente, meio dispensável. Mas mesmo assim é definitivamente uma das atrizes mais completas atualmente. Mesmo sem muita relevância na trama, Carey marca sua presença em cena com dignidade. Se Josh Brolin tem um papel estendido e só faz o caricatual vilão, sem ir muito além disso, temos Frank Langella no outro espectro. Mesmo tendo pouco tempo de tela, Langella engole qualquer um com sua atuação e mostra ter diferentes facetas, ficando irreconhecível se pensarmos que aquele cara era o Nixon.

Mas todos sabem que o mais legal do filme só poderia ser mesmo Michael Douglas. O espetacular ator, com atuações tão marcantes quanto os próprios filmes (Wall Street, Um Dia de Fúria), fica á vontade no papel que rendeu o Oscar a ele. No início do filme, aparece mais retraído, quase sentindo nostalgia de tudo aquilo e sendo um mero coadjuvante de luxo. Porém, quando a trama vai ganhando duração, Douglas aparece mais e mais e seu comportamento vai mudando de forma. É interessante acompanhar esse processo pois parece que Douglas foi se reacostumando com o papel, provando a si mesmo que estava enferrujado e precisava voltar com o tempo ao lendário homem. Atuação soberba, que faz valer o ingresso e que deve fazer muita gente que viu o filme de 87 sentir nostalgia, principalmente na virada da trama, próxima do final.


Aliando uma técnica vencedora e um elenco vitorioso, Wall Street 2 era jogo ganho. Mas seu roteiro se autosabota em alguns pontos e isso prejudica o filme de ser algo marcante como o filme de 87. É sempre bom ver Oliver Stone de volta a forma depois de direções insossas como em As Torres Gêmeas e também é bom ver um elenco tão estrelado e competente junto, tendo todos (menos Shia) os principais atores indicados ou vencedores do Oscar. Porém, os rumos dramáticos do filme impediram que a agilidade caótica da Bolsa de Valores ocupasse todo o tempo de duração, resultando em algo marcante e espetacular. E aí entra a personagem de Mulligan e o núcleo da família Gekko. É estranho pensar que sem apelar pro drama arquetípico, o filme poderia ser um dos melhores lançamentos do ano. Apesar de seus erros e percauços, Wall Street 2 vale o ingresso, seja pela nostalgia ou pelos momentos inspirados do mercado financeiro.


sábado, 25 de setembro de 2010


The Town


Ben Affleck parece comprovar o que seu filme anterior (Gone Baby Gone) indicava.Atrás das câmeras podemos estar vendo o surgimento de um diretor competente, já que na frente delas Affleck (a exceção é Hollywodland) sempre foi um ator comum. O que esperar de The Town? O trailer arma o tabuleiro como um jogo de gato e rato, onde os "animais" são vividos pelo mesmo ator, Affleck. Ao mesmo tempo que temos John Hamn, cada vez mais apostando em novos ares, Chris Cooper e Jeremy Renner pós-Guerra ao Terror. O trailer é um caso raro de plot twist dentro de um trailer. O que isso vai significar para o filme em sí ainda é um mistério.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010


A grande diferença entre um grande clássico e um filme cult é simples: Cult é aquele filme que você gosta e não necessariamente é tão bom assim (alguns até são), mas que por algum motivo você adora, se diverte e indica aos amigos. O caso é que na ânsia de encaixar esses filmes em alguma sessão, o Fotograma resolveu criar essa nova sessão, onde aqueles filmes amados e cultuados serão aqui comentados. Sempre de maneira leve e divertida, como pede um filme cult.

A Vingança dos Nerds
(Revenge of the Nerds, 1984)

Lendário filme trash dos anos 80, A Revanche dos Nerds, parte 1, debutou nas salas de cinema dos EUA em 1984.

A história de Tim Metcalfe, dirigido por Jeff Kanew, mostra o cotidiano de um campus universitário dominado pelos jogadores veteranos que abusam dos calouros nerds que tentam conquistar seu espaço como qualquer outro aluno. Mas o caminho não será fácil principalmente para os protagonistas do filme.

Robert Carradine é Lewis Skolnick, um nerd que ingressou na faculdade para estudar ciências da computação junto com seu amigo Gilbert Lowe, interpretado por Anthony Edwars (famoso anos depois pela série ER).

Os dois passam a acreditar que faculdade será uma fase onde vão possuir grande status, realizar vários sonhos e que não enfrentarão os problemas típicos da adolescência, pois agora são verdadeiros adultos. Mas logo nos primeiros momentos no campus eles já sofrem com as dificuldades impostas pelos Jocks (populares jogadores e praticantes de esportes que fazem sucesso com as cheerleaders).

Liderados por Stan Gable (Ted McGinley – Married with Children) a turma dos jogadores fazem parte de uma fraternidade, os Alpha Betas e eles basicamente comandam tudo pelo Campus. Inclusive eles acabam expulsando os novatos das suas acomodações e faz com que eles tenham que dormir no Ginásio da universidade.

Somente os novatos mais populares conseguiram lugar para se acomodar, por serem jogadores e iniciados em alguma fraternidade, porém os nerds e o pessoal estrangeiro ou diferente da faculdade logo encontram se totalmente abandonados pela instituição.

Lewis e Gilbert até tentam entrar para a fraternidade dos Alpha Betas, mas acabam sendo sacaneados por Stan Gable e sua trupe.

Então, Lewis e Gilbert resolvem se juntar aos outros renegados, e reformar uma casa antiga para usar de abrigo durante a estadia na faculdade. Mesmo assim Stan Gable continua fazendo da vida de todos os nerds um verdadeiro inferno.

O filme é recheado de clichês que com o tempo se tornaram típicos dos filmes de adolescentes. Mas este filme com certeza foi um grande marco, por retratarem as figuras dos nerds, mais fragilizados e estranhos que o normal, até então. Pois o nerd era retratado, no máximo, como o cara que nunca transou e tinha dificuldades de relacionamento.

Mas muitos elementos típicos são encontrados no filme, como por exemplo, a primeira transa, festa regadas por bebidas e entorpecentes, o estrangeiro esquisito, o cara afeminado, o cara escatológico, o técnico de futebol americano durão (John Goodman), as gincanas e o nerd que se dá bem com a cheerleader gostosa.

O filme passa uma mensagem bem legal, mostrando que qualquer um é capaz de ter sucesso na vida independente do seu gosto ou estilo. Todo ser humano tem o mesmo direito que o próximo. Basta querer e lutar pela sua verdadeira vontade.

Outro ponto interessante é a trilha sonora do filme que, é excelente. Entre eles encontramos músicas muito marcantes como a faixa título Revenge of the Nerds, da banda The Rubinoos que teve um certo sucesso na época.

Outro destaque vai para o riff new wave da faixa They’re so Incredible que eles usam durante o rap dos nerds no festival de música na final da Gincana. Tenho certeza que mesmo quem nunca viu o filme (existe alguém?) conhece esse riff característico. Além disso, temos um hard rock bem legal, “Don’t Talk” feito pela banda The Ya Ya, liderada, na época, pelo guitarrista Lea Hart, que nada mais é que o empresário (ex?) de Paul Dianno, ex vocalista do Iron Maiden.

Enfim, vale à pena conferir o filme, que é O grande clássico dos filmes de adolescentes de todos os tempos. Ele consegue ser trash e genial ao mesmo tempo. E a trilha sonora também merece ser conferida.

PS: Na versão dublada para o português, que eu costumava assistir, os novatos renegados não eram chamados de nerds e sim de....CALOUROS!!!

Clássico!!!

quinta-feira, 23 de setembro de 2010


Killer Inside Me


Será que Winterbottom acerta dessa vez? O trailer é sensacional e temos Jessica Alba extremamente sexy, Kate Hudson fora da zona de conforto das comédias românticas além de Casey Affleck demonstrando porque é o irmão com talento para interpretar na família. A história de assassinato por algum motivo me fez lembrar do saudoso e brilhante Henry-Retratos de um Assassino. Winterbottom é um dos grandes cineastas de nosso tempo, e tem alguns dos filmes mais interessantes e provocadores do milênio. Grandes chances de (para mim) se tornar meu filme de cabeceira em 2010/2011.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010


Let me In: um filme necessário?


Uma das coisas mais comuns em Hollywood: comprar os direitos de filmes estrangeiros que surpreenderam no mercado internacional e produzir versões próprias, do jeito que o americano gosta de ver. Foi assim com os japoneses "O Chamado" e "O Grito", o espanhol "REC" e tantos outros. Esses três, no entanto, são obras de terror mais tradicionais, de certa forma mais fáceis de se adaptar. Agora os americanos estão pisando em território perigoso: escolheram o sueco “Låt Den Rätte Komma In" (aqui lançado como “Deixa Ela Entrar”), de 2008 e entregam o versão deles com este "Let Me In".

Pessoalmente acho assustadora a idéia do que um estúdio pode ter feito com essa história. A trama gira em torno do que talvez seja uma das mais improváveis e genuínas histórias de amor já contadas no cinema: uma menina e um garoto pré-adolescentes que se encantam um pelo outro. O problema: ela é uma vampira. Não soa muito original em tempos de "Crepúsculo" over-saturando essa mitologia em todos os cantos da nossa vida... Mas não se engane: o envolvimento dos personagens de “Deixa Ela Entrar” não podia ser mais diferentes do amor idealizado e pudico de Bella e Edward.


A qualidade da interpretação de Lina Leandersson e Kåre Hedebrant que dão vida ao estranho casal é assustadora. Existe algo absolutamente gelado e ao mesmo tempo incrivelmente doce no olhar dos dois e o filme contrasta passagens de delicadeza intensa com cenas de horror extremamente violentas e apavorantes. E são justamente esse clima gelado, o ritmo lento e envolvente e a profundidade da relação dos dois que me pergunto se sobreviverão nas mãos do estúdio americano.


O escolhido para tocar o projeto foi Matt Reeves, que estreou com o competente "Cloverfield", sobre aquele mostro misterioso que destruiu NY pela milésima vez. Eu não duvido do talento do cara, longe disso. Só fico aflito em pensar como ele vai lidar com o tom sóbrio do filme original. "Cloverfield" foi todo rodado em digital, com a intenção de acompanhar um grupo de amigos que tenta sobreviver ao ataque enquanto registra tudo com uma câmera amadora. Tem aquela qualidade realista de produções como "A Bruxa de Blair" e, mais recentemente, "Atividade Paranormal". Funciona muito bem! Se o cara tivesse sido escalado, por exemplo, para dirigir "Quarentena" (a versão americana de “REC”, que eu citei aqui acima), o filme provavelmente teria ficado muuuuuito mais interessante do que acabou ficando. Mas falamos aqui em um filme de planos longos e ritmo desacelerado; uma história construída com maestria e pleno domínio da linguagem cinemática. Um filme calmo e extremamente profundo. Ou seja, totalmente antagônico ao frenesi estressante grita de “Cloverfield” a todo o tempo.























Numa coisa, no entanto, Reeves: escalou a genial Chloe Moretz para interpretar a vampira Abby depois de ver o trabalho excepcional da menina como a heroína Hit Girl em "Kick-Ass". Não consigo pensar em nenhuma outra atriz desta idade que pudesse dar conta do recado e parece que a menina entrega uma performance digna do papel. Ela, aliás, deve estar fazendo muita terapia fora das telas (se não está, deveria!), por que parece só se envolver em papeis que a obrigam a lidar com um universo muito mais maduro e violento do que deveria para seus 13 anos. Fica a dúvida: será que o jovem australiano Kodi Smit-McPhee está também à altura de Kåre Hedebrant, o ator original? Será que a química entre os protagonista é tão boa quanto a obra exige que seja?

Os atores Kodi Smit McPhee e Chole Moretz em cena de "Let Me In".
O trailer de “Let Me In” (acima) já dá sinais de que a coisa toda foi bem anabolizada e deve focar mais nos momentos de terror do que de afeto . Já nota-se outro estilo; outro ritmo. De qualquer forma, deve valer como exercício de comparação e possivelmente como forma de se constatar (mais uma vez): certos filmes são tão especiais que não deveriam ser tocados. Jamais.



(Nota do Editor: Originalmente publicado em http://mytakeonit-pp.blogspot.com)

terça-feira, 21 de setembro de 2010


Wall Street : Money Never Sleeps




Oliver Stone vem vivendo dias irregulares e cada vez mais extremos. Depois de jogar no ventilador seu documentário em que enaltece o ditador/presidente venezuelano, volta a ficção com a continuação de um dos filmes seminais nos anos 80: Wall Street. O original deu o Oscar e o respeito da classe a Michael Douglas e deu visibilidade de vez para o bad boy Charlie Sheen. A continuação aposta de novo em Gordon Gekko e na "cara nova" de Shia Lebouf. Além de um elenco de apoio interessante que conta com a jovem e talentosa Carey Mulligan, Charlie Sheen, Josh Brolin, Eli Wallach e Susan Sarandon. O trailer tem tiradas políticas e a nostalgia impregnada na cena da saída de Gekko da cadeia. Não vi o filme, mas aposto que no final dessa vez Gekko terá um final menos infeliz do que o anterior. Sinal do tempos.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Resident Evil 4: O Recomeço
(Resident Evil: Afterlife, 2010)
Terror/Suspense - 97 min.

Direção: Paul W.S. Anderson
Roteiro: Paul W.S. Anderson

Com: Milla Jovovich, Ali Larter, Kim Coates, Wenthworth Miller, Sienna Guillory e Shawn Roberts

Em 2002, começava no cinema a franquia Resident Evil, baseada na série de videogames da empresa japonesa Capcom . O sucesso dos jogos era grande e exponencial, e obviamente Hollywood esperava a mesma coisa nas telonas . Dito e feito, o filme não fez feio nas bilheterias, arrecadando um pouco mais que 100 milhões de dólares, tendo como orçamento um pouco mais de 30 milhões. Paul W.S. estava nesse filme, como diretor , escritor e produtor, e talvez por esse mesmo motivo, a película não se saiu bem nas críticas mundias . Afinal, é um fato e uma constatação quase unânime que W.S. Anderson não possui competencia atrás das câmeras, o que só viria a ser evidenciado nos seus trabalhos seguintes, como a franquia risível Alien Vs. Predador . Infelizmente, o mesmo ocorreu com Resident Evil . Seguiram-se os anos , e foram lançados mais produtos da saga, entre animações, quadrinhos, video-games, e obviamente, mais filmes. Depois das sequencias Apocalypse, em 2004, e Extinção, em 2007, Resident Evil se tornou uma daquelas franquias onde é preciso ser muito fã, e ter muita força de vontade para acompanhar.

Portanto , como o próprio Anderson já disse em entrevistas, era preciso algo novo para se comercializar a franquia novamente nos cinemas . Afinal, repetição após repetição, filme após filme, uma hora os fãs se cansariam . E é aí que a modernidade chega para ajudar o quarto capítulo da série. Nos últimos anos, com a popularização definitiva do 3D , e com o fenômeno tridimensional Avatar, a maioria dos blockbusters passaram a introduzir o 3D nas suas histórias, como método de atrair mais público, e mais dinheiro - já que o ingresso é bem mais caro . Não é diferente o que passou pela cabeça de Anderson, e como diretor,escritor e produtor, novamente, ele tomou a decisão mais esperta para uma estratégia de mercado - colocou a novidade de três dimensões no seu filme, e utilizou a elogiadíssima câmera do ''pioneiro" James Cameron.



E o resultado final é o mesmo que o cineasta queria. Seu plano deu certo, e saiu melhor até do que o esperado. O dinheiro chega, o público se atrai pelo filme, e o 3D funciona. E paremos por aí. Resident Evil 4 - Recomeço , é estranho , pois reúne as melhores e as piores características de seu realizador, e por mais que seja divertido e utilize seus efeitos tridimensionais de maneira muito esperta, também é mais um roteiro falho de Anderson.

A trama é quase a mesma de todos os outros filmes. Alice ( Milla Jovovich) continua na sua jornada de procura de sobreviventes do vírus mortal que transforma pessoas em zumbis. Ao mesmo tempo, também busca destruir e se vingar da empresa Umbrella, responsável pela contaminação, que tem como chefe o agente sem emoção Wesker .

Raso desta maneira, o filme se baseia nos pilares básicos dos filmes de terror e de sobreviventes a infestações zumbis. Após chegar ao encontro de um grupo de sobreviventes, Alice tem que levar seus - agora companheiros - até um local seguro, e lá manter a ''resistencia'' da espécie humana . Desta forma, eles vão enfrentando dezenas de zumbis no seu caminho - inclusive o gigante Executioner - seguindo a fórmula de mortes dos filmes de terror , onde um por um morre até que apenas os protagonistas sobrevivam.


Não podia se esperar nada além disso num filme desses, mas o roteiro ainda apresenta erros dispensáveis. Flashbacks surgem sem necessidade, e acabam irritando. Ora, quem já conhece a série, não precisa deles, e quem não conhece, não fica sabendo de nada, nada se esclarece. Outro problema se dá pela excessiva "mastigação" do roteiro, que se concentra principalmente na parte inicial do filme. Nos momentos onde a protagonista registra suas falas para a câmera, a explicação de narrativa fica explicitada. Isso também atrapalha o produto, afinal, não peço que o filme seja inteligente , mas que apenas não julgue seu espectador por imbecil. Isso tudo somado aos já clássicos buracos de roteiro que produções assim necessitam para viver, já quebra qualquer estrutura narrativa no meio.

Mas tudo que citei já era de se esperar. A história não era definitivamente o ponto forte do filme, e o seu diferecial é, como todos sabem , o 3D . Utilizando-se das super-câmeras criadas por James Cameron , que permitem registrar o longa já em 3D, Paul W.S.Anderson consegue criar um filme que tem nas cenas de ação qualidade considerável . Com coreografias interessantes e bem executadas, as cenas de ação se saem realmente muito bem, com uma direção que foge do padrão - afinal o cineasta precisa filmar com takes mais longos para que o 3D possa funcionar. A tridimensionalidade em si, é muito bem explorada por Anderson . Existem bons takes, com boa profundidade , que consegue criar uma imersão similar a de Avatar , por exemplo .


Os conceitos de chuva e de fumaça também são testados de maneira muito eficiente, mas é claro que Anderson não deixaria o filme passar sem os seus toques pessoais. Para cada cena de profundidade bem explorada, há duas de objetos voando na tela. Nada que desfavoreça o longa, obviamente, e no geral, a tridimensionalidade entretem de maneira muito eficaz.

O problema para as cenas de ação é, com certeza, o fundo musical . A trilha de Tomandandy (Tom and Andy, mas optaram pela tosqueira do nome conjugado sabe -se lá porque) é pra lá de estranha e descompassada . Assistir as belas sequencias de ação com as musicas estranhas ao fundo nao é muito agradável, e a trilha só se salva com a música final e a da cena de luta com o Executioner . A fotografia teria méritos principalmente pela cena dentro da Arcadia, onde tudo é branco e muito mais claro. Infortuitamente, fora dali, a fotografia é escura, e com a presença dos óculos 3D tudo fica mais escurecido ainda. Porém, os efeitos especiais tem resultado abaixo da média. Em certos pontos, parece que os efeitos eram maiores do que o orçamento de 60 milhões , o que gera certa queda na qualidade gráfica. Felizmente, isso não prejudica a diversão no cinema .

Num apanhado geral, podemos dizer que nada mudou na franquia Resident Evil como base para história. Seguem-se as mesmas linhas narrativas, os mesmos confrontos, e os mesmos ganchos pra prolongar a franquia. Não parece passar pela cabeça de W.S.Anderson finalizar a série agora. Entretanto, é importante ir começando a pensar nisso, pois daqui a uns anos, o 3D vai ser artifício comum no cinema, e se foi só ele que salvou o Recomeço do fracasso total, o que vai salvar o próximo filme?