terça-feira, 11 de maio de 2010

REC 2
(REC 2, 2009)
Terror - 85 min.

Direção: Jaume Balagueró e Paco Plaza
Roteiro: Jaume Balagueró, Paco Plaza e Manu Díez

Com: Pablo Rosso, Àlex Battlori, Jonathan Mellor

São raras (cada vez mais) às vezes em que uma sequencia de um filme de grande sucesso, consegue atingir a mesma qualidade do antecessor. Porém o mínimo que se espera é que a qualidade de produção, os personagens (quando se mantém) ou mesmo a história tenham o mínimo de qualidade em relação a obra original.

Pois bem, REC foi um fenômeno, de crítica e dos poucos (aqui) que tiveram a chance de verem o primeiro filme. Na Europa venceu os principais prêmios destinados ao horror ou cinema fantástico e fez muita gente (incluindo esse que escreve) ficar grudado na poltrona impressionado com o que via. As atuações críveis, as situações e o mistério que não fica claro nem quando o filme acaba, combinado com o estilo “câmera na mão-Bruxa de Blair" com filmes de zumbi. Tudo funcionava muito bem, inclusive a curta duração que fazia com que os cortes (as vezes em que a câmera era desligada por algum motivo) ficassem ainda mais realistas. Talvez seja o melhor dos filmes que usem esse recurso da câmera “real”.


REC 2, apresenta não uma, mas (no ápice da produção) 4 câmeras “reais”. Só por ai, o realismo que REC (o original) apresentava cai por terra. A história do grupo SWAT espanhol que entra no prédio minutos depois dos eventos do primeiro filme não convence, e seus interpretes preferem gritar e urrar a tentar resolver os problemas apresentados. O personagem do médico (que é mais do que aparenta) é a pior coisa do filme. Mal interpretado por Jonathan Mellor (que não é espanhol, mas que até fala bem o idioma) é um personagem, no bom português, imbecil. Chato, pedante, sem o menor carisma e que devemos entender como o personagem mais importante, aquele que trará as respostas aos mistérios do primeiro filme.

“Por que as pessoas ficaram assim?” era a pergunta que ficou no primeiro filme. Sem querer entrar no mérito do porque havia a necessidade de uma sequencia (que eu achei desnecessária) as respostas apresentadas são péssimas. Garanto que quando elas são dadas (e nem guardam isso pro final, dizem logo de cara o que faz o filme ficar mais insuportável ainda) o espectador vai se sentir indignado. Não bastasse zumbis (que são legais e eu pessoalmente gosto) o filme apela para... enfim, vejam e depois comentem.


Os coadjuvantes (não zumbis) são três adolescentes irritantes e insuportáveis que deveriam ter morrido com dois segundos de tela. Numa tentativa completamente imbecil de mostrar mais sobreviventes no prédio, o filme ainda inclui essa narrativa paralela de dois moleques malas e uma menina medrosa, que pela “emoção” entram no prédio. Sim, o prédio estava completamente fechado no primeiro filme, mas, a magia do cinema encontra possibilidades para que eles participem da matança. Esse moleques protagonizam os momentos mais infelizes do filme e em mais uma falha do filme, simplesmente somem.
Lembram do pai que ficou pra fora no primeiro filme? Pois é, ele também entra no prédio, mas é tão mal explorado que dá até dó.

E os sustos, vocês perguntam. Eles estão lá, mas são genéricos, falta e muito a sensação de urgência e de realismo que tínhamos no primeiro filme, ainda mais depois que as revelações sobre os motivos do aparecimento dos zumbis acontecem. É de chorar de raiva a falta de cabimento.


A direção de um filme assim não pode nem ser avaliada em termos visuais, o que conta são as interpretações, as idéias e nisso a mesma dupla responsável pelo sucesso do primeiro sepulta o segundo.

O filme apela ainda para a “revelação nos cinco minutos finais” que é um recurso medíocre. A surpresa é igualmente idiota e faz o filme se tornar verdadeiramente insuportável.

A única coisa que o filme tem que possa ser considerado aceitável é sua parte técnica. As câmeras funcionam bem (apesar de pra história que querem contar não de muito certo), os efeitos sonoros e visuais são corretos. E uns dois minutos e meio de ação com uma câmera em primeira pessoa que fazem o filme parecer Doom (o jogo) com um soldado metralhando zumbis.


Sem dúvida alguma, é o pior filme que vi esse ano, com sobras. Consegue ser pior do que Bruxa de Blair 2, que pelo menos teve a decência de não tentar replicar a magia do filme original. O pior é que não duvido que tenhamos REC 3.

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