quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

RED - Aposentados e Perigosos
(RED, 2010)
Ação/Comédia - 110 min.

Direção: Robert Schwentke
Roteiro: Jon Hoeber e Eric Hoeber

Com: Bruce Willis, Mary Louise Parker, Helen Mirren, John Malkovich, Morgan Freeman, Karl Urban, Richard Dreyfuss, Brian Cox e Ernest Borgnine

A fórmula é simples. Junte uma pancada de atores talentosos numa situação em que você não imagina vê-los, com um "fiapo" de roteiro e com espaço para que seus astros distribuam frases de efeitos, uma dose cavalar de humor non-sense e aquela sensação de "estamos nos divertindo e queremos que você também entre na festa". O resultado dessa salada é RED.

RED (a sigla para Retired Extremaly Dangerous, ou Aposentados Extremamente Perigosos) é uma comédia de ação que não ofende (muito) a inteligência de seu espectador, mas que também não oferece nada além do óbvio. Tudo o que você viu em Máquina Mortífera, Hora do Rush e até mesmo em Bad Boys está aqui. Personagens caricaturais, estrutura dramática praticamente inexistente e seqüências de ação razoáveis.

O que faz RED - talvez - mais divertido é que em vez de apostar em uma dupla de policiais - geralmente jovens ou acostumados a papéis físicos - o filme apela para astros consagrados sem grande conhecimento do cinema de ação. São os casos de Helen Mirren e John Malkovich, por exemplo. Que divertem exatamente pelo fato de nunca - até então - imaginarmos atores "densos" em uma produção totalmente descartável (no melhor dos sentidos).

Por outro lado, o filme de Robert Schwentke (do cult Te Amarei para Sempre e Plano de Voo) não esquece de apresentar ao público um herói de ação que seja familiar aos nossos olhos. Esse é o papel de Bruce Willis, calejado de dezenas de filmes de ação, quase sempre iguais. Morgan Freeman é a outra ponta do iceberg, acostumado a transitar por produções hollywoodianas e filmes menores e mais engajados. Juntando a eles está a nossa ligação com aquele mundo explosivo e cheio de adrenalina: Mary Louise Parker. Além da beleza inacreditável, a atriz leva para RED seus trejeitos da série que a consagrou (Weeds) e funciona como alívio cômico, apesar de ter o ingrato papel de dar alguma coerência a história. É por ela que o espectador vai sendo apresentado a cada uma das figuras, além de servir como "motif" para as explicações da história. Porém, e isso é o mais interessante em sua interpretação, ela não esquece do humor ferino e da quase onipresente feição de deboche que mostra aos seus parceiros de cena, relacionando-se diretamente a sua interpretação consagrada na televisão.

Além desse elenco estrelado, o filme ainda conta com um Brian Cox muito a vontade, Richard Dreyfuss (especializando-se em micos cinematográficos), Karl Urban (talvez o único que levou realmente a sério o filme) e Ernest Borgnine (uma verdadeira lenda do cinema americano que trás muita gana a sua ponta de luxo).

E a história? O leitor assustado com quase trinta linhas de elucubrações sobre atores pergunta.

Pois é. Não era de se esperar algo muito melhor do que o filme apresenta. São muitos personagens, todos querendo dizer alguma coisa, ou deixar sua "marca". É um filme que vive de pequenas cenas engraçadas individuais, mas que não se sustentam como narrativa. Narrativa essa, que é confusa e cheia de idas e voltas, desnecessárias e que fazem a diversão (que é a única função de RED) não ser a ideal.

Ela começa falando sobre um homem envelhecido e com medo de seguir adiante (o personagem de Willis, Frank Moses), que tem como única distração as ligações para o serviço de aposentadoria. Lá, ele costuma mentir dizendo que seu pagamento nunca encontra seu destino, como subterfúgio para conversar com a atrapalhada e sonhadora Sarah Ross (Mary Louise Parker). Tudo muda quando alguém tenta matá-lo e ele se junta a atendente (que mora em outra cidade, e que sem o menor sentido é a "única salvação" de Frank) para investigar os motivos do atentado. Em fuga pelo país a dupla se junta a outros aposentados envolvidos em segredos do alto escalão.

Confuso não?

Nem tecnicamente o filme consegue atingir grande coisa. Fora a diversão de ver Helen Mirren (como o trailer adianta) metralhando sem dó os inimigos e Malkovich vencendo uma bazuca com uma bala (sim, isso acontece mesmo), o filme é cheio de seqüências de ação genéricas e tem um final anticlimático.

Nem mesmo a ação elaborada dos aposentados na "batalha final" convence. É muito explosão é pouca percepção de Schwentke para o elenco que ele conseguiu reunir. Fora o fato de ser muito improvável que o diretor volte a ter em mãos tanta gente talentosa, ele erra totalmente ao não explorar aquelas pessoas, o que poderia render momentos de diversão sensacionais. Clint Eastwood em Cowboys do Espaço tentou ir por esse caminho quando reuniu uma legião de talentos em prol da história dos velhos astronautas. O erro de Clint foi não ter percebido que sua história deveria seguir, e que ao optar pelo caminho escolhido entregou um filme maçante, que tem uma primeira parte divertida e um clímax óbvio e fraco. RED erra ao subestimar o carisma de seus atores, o bom humor que essa gente poderia trazer a tela e apostar em tiros, explosões e afins, que o público cansou de ver em filmes com gente muito menos talentosa.

RED não é um desastre, mas é esquecível. Se fosse mais Trovão Tropical e menos Os Perdedores seria um dos filmes mais divertidos do ano.

Obs: o pôster que ilustra essa crítica é de Mary Louise Parker, simplesmente porque o editor desse blog é apaixonado por ela.




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