terça-feira, 3 de março de 2015

Relatos Selvagens

Relatos Selvagens
(Relatos Salvajes, 2014)

Direção: Damián Szifrón
Roteiro: Damián Szifrón

com: Ricardo Darín, Leonardo Sbaraglia, Oscar Martínez, Erica Rivas, Walter Donado, Julieta Zylberberg, Rita Cortese, Diego Gentile

Uma coletânea de diversas situações extremas em que o acaso, o destino ou o que quer que se acredite ditam as regras. Os tais "Relatos Selvagens" são pequenas histórias que representam momentos de desespero humano diante da injustiça, mentira e fúria. Um homem que se enxerga como vítima de todos a sua volta, uma garçonete que reencontra um homem que a fez muito mal no passado, uma disputa no trânsito, um homem em busca de justiça quando seu carro é rebocado, um acidente de trânsito com consequências terríveis e a pior festa de casamento da história. Todas elas misturando na mesma medida horror, suspense, non-sense e até um pouco de comédia, transformando o filme em um espetáculo de humor negro.

O que se destaca é a imprevisibilidade da maioria das situações, o texto afiado e as grandes interpretações dos atores, destacando-se o figurinha fácil do cinema argentino Ricardo Darín, Erica Rivas e Oscar Martínez nos seguimentos mais longos do filme. Não é difícil entender o sucesso do filme já que ele se relaciona facilmente com muitos de nós. Aqui, a coisa só é elevada a enésima potência e mesmo naqueles mais simplórios (o de Darín e o do homem que se vê como vítima) existe um toque de surpresa e fantasia. Alguns beiram o non-sense, outros usam da crítica social (de leve) para surpreender o espectador e outros beiram a anarquia. Tudo bem organizado, bem montado e com momentos muitíssimo satisfatórios.

Num mundo ideal, filmes como esse (e sendo bem honesto quase toda a lista dos estrangeiros) teriam sido os nomeados ao principal prêmio do cinema americano, com os demais filmes fazendo apenas figuração.

★★★★

segunda-feira, 2 de março de 2015

Conto da Princesa Kaguya

Conto da Princesa Kaguya
(Kaguyahime no monogatari, 2013)

Direção: Isao Takahata
Roteiro: Isao Takahata e Riko Sakaguchi

Faço votos para que esse não seja o último dos filmes do Studio Ghibli. Porém, se essa nefasta possibilidade se concretizar, essa é uma das mais belas histórias já apresentadas pelo estúdio e uma despedida bastante digna.

Adaptado de uma lenda do folclore japonês, o mais longo filme do estúdio é uma delicada e emocionante história sobre um casal de camponeses que encontram uma criança dentro de um bambu e a criam como sua filha transformando-a na Princesa Kaguya.

Muito já se disse a respeito da opção do diretor Isao Takahata (o mesmo do seminal O Tumulo dos Vagalumes) em fazer seu filme com essa técnica de animação que parece saída de uma pintura de aquarela ou esboços mais ríspidos - nas poucas, mais lindas sequências de ação. Funciona perfeitamente para a ideia do filme, que é suave e parece deslizar na tela. Um pouco longo (eu tiraria uns 10 minutos), mas essencial. Em um mundo em que todas as animações parecem precisar ser em 3D, Kaguya merece ser vista por sua enorme qualidade e por ainda compreender que um lápis e um papel podem dar vida a qualquer coisa.

★★★★½


sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

O Juiz

O Juiz
(The Judge, 2014)

Direção: David Dobkin
Roteiro: Nick Schenk, Bill Dubuque

com: Robert Downey Jr., Robert Duvall, Vera Farmiga, Billy Bob Thornton, Vincent D'Onofrio

Longo demais esse drama de tribunal/envelhecimento que reúne Robert Downey Jr. e o brilhante Robert Duvall. Downey é o filho advgado do juiz interpretado por Duvall que tem problemas sérios de relacionamento com o pai e que se ve obrigado a voltar a cidade pequena (mas que clichê) quando sua mãe morre. A partir daí seu envolvimento na família e nos problemas gravíssimos que acometem seu pai apenas aumentam.

A graça do filme é acompanhar os dois atores "duelando", mas a história é tão requentada e as reviravoltas tão melodramáticas e rocambolescas que não consegui me conectar aos personagens ou me emocionar com seus dramas, por mais humanos que sejam. Entendo que a trama até funcione e o embate entre o mal humor e a retidão moral de Duvall e o cinismo de Downey (aqui, finalmente deixando de ser Tony Stark) rendem bons momentos, mas a impressão de que o filme não está indo pra frente é enorme.

Com um final que - apesar de poético - você telegrafa um ano antes, "O Juiz" é um filme protocolar, daqueles que não conseguem um destaque na prateleira.

Obs: A indicação de Duvall por esse filme é desproporcional. Apesar de bom trabalho, o ator já esteve muito melhor em outros momentos e outros atores poderiam ter levado a vaga.

★★½





quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Caminhos da Floresta

Caminhos da Floresta
(Into the Woods, 2014)

Direção: Rob Marshall
Roteiro: James Lapine

com: Anna Kendrick, Daniel Huttlestone, James Corden, Emily Blunt, Christine Baranski, Meryl Streep, Lucy Punch, Tracey Ullman, Lilla Crwaford, Johnny Depp

Existe um momento em "Into the Woods" em que um dos personagens canta que não aguenta mais. Essa é a sensação que tive depois de pouco mais de vinte minutos desse péssimo musical que tenta misturar uma dezena de contos de fada em um mesmo balaio sem muita competência. Muito diferente do que a brilhante série em quadrinhos "Fábulas" ou a razoável "Once Upon a Time", falta muita coisa para que essa produção seja meninimante interessante.

Sendo um musical (e esse é daqueles em que só se canta, onde foram parar os musicais com números de dança?) esperasse competência das canções, principalmente quando se descobre - eu não sabia - que a produção de cinema é uma adaptação de uma musical de palco. Infelizmente, as músicas são muito fracas e quase todas as interpretações abaixo da crítica, especialmente as crianças que interpretam Chapeuzinho Vermelho e João (do Pé de Feijão). Johnny Depp faz uma ponta (péssima, o que vem se tornando um hábito em sua carreira) e Meryl Streep até que tenta mais não tem jeito jeito. Anna Kendrick e Emily Blunt ao lado do comediante britânico James Corden são os que se saem melhor, mas existe pouca inspiração na trama que segue - com algumas ligeiras mudanças - os fatos de alguns dos contos de fada mais famosos do mundo até sua metade, quando ocorre uma ruptura forçada e que dá origem a um terceiro ato absurdamente sério e deslocado diante do humor brega e exagerado que vinhamos até então.

Forte candidato a entrar na listinha de piores do ano de 2015, Into the Woods é um dos musicais mais fracos do século XXI, com atuações canastras, músicas fajutas, direção de arte pouco inspirada, figurinos fraquinhos (o que é o lobo mal?), efeitos visuais fajutos (os gigantes nunca aparecem e quando os vislumbramos notamos a falta de acabamento nos efeitos visuais) e uma trama que vai de aventura cômica meia boca a dramalhão insuportável.

★½ 

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Livre

Livre
(Wild, 2014)

Direção: Jean-Marc Valée
Roteiro: Nick Hornby, Cheryl Strayed

com: Reese Whiterspoon, Laura Dern

Esse é um trabalho que sai perdendo seu impacto por ser parecido (concetualmente) com "Na Natureza Selvagem", que é um filme um pouco mais antigo e que tem um legião de fãs. Em ambos vemos a luta do ser humano comum (leia-se que não é um atleta ou que está fisicamente preparado) para sobreviver em um ambiente naturalmente hostil: a natureza. Porém, enquanto "Na Natureza" abordava o desiludido rapaz que foge da vida na cidade em busca de um novo caminho, aqui Reese Whiterspoon está em busca de redenção. Baseado na vida de Cheryl Strayed, Resse vive uma mulher que perdeu muito e que está tentando encontrar uma forma de começar a viver novamente.

O roteiro de Nick Hornby é inteligente ao não apostar no dramalhão, e misturar os momentos mais ousados - emocionais e fisicamentes - com outros mais leves deixando com que a "via crucis" da personagem seja melhor deglutida pelo espectador (penso eu).

A força do filme está mesmo em sua protagonista em um bom drama de redenção e superação de limites. Não é espetacular, mas tem seus bons momentos (especialmente nos flashbacks em que vemos os problemas emocionais e de convívio e vício da personagem). Whiterspoon é uma atriz competente, mas, que ainda não conseguiu apresentar em sua carreira, uma sequência de bons filmes (mesmo já tendo levado um Oscar pra casa por "Johnny e June" merecido). "Livre" talvez seja o início de uma nova fase na carreira da atriz.


★★★

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Para Sempre Alice

Para Sempre Alice
(Still Alice, 2014)

Direção: Richard Glatzer, Wash Westmoreland
Roteiro: Richard Glatzer, Wash Westmoreland

com: Juliane Moore, Kate Bosworth, Kristen Stewart, Alec Baldwin

Eta filme difícil de se ver (especialmente se você tem alguma traço de hipocondria). "Para Sempre Alice", da vencedora do Oscar Juliane Moore conta a história da professora de linguística que descobre ter um tipo raro de Alzheimer. O filme é uma longa (nem tanto já que o filme não chega a duas horas) espiral rumo a degradação mental da personagem. Esse é daqueles que quer que o espectador se emocione e chore e por vezes, quase consegue.

Moore é uma excelente atriz e leva nas costas o filme mesmo ancorada por coadjuvantes talentosos (especialmente Alec Baldwin e Kristin Stewart que vem acertando seguidamente). Felizmente o filme não vai até o fundo do poço da doença e nos deixa com uma imagem final bela e poética (o que reforça o aspecto de "fazer chorar" que o filme pretende).

Assim como a grande maioria dos filmes do Oscar desse ano passa longe de ser uma grande produção, mas tem seus méritos cinematográficos - especialmente em ter uma protagonista que vai se despindo de suas capacidades intelectuais na nossa frente - e por abordar um tema tão duro de forma não tão melodramática assim.


★★★

domingo, 22 de fevereiro de 2015

Palpites do Oscar

Hora de palpitar. Os Oscars esse ano tem a menor quantidade de indicados a melhor filme desde que a regra que prevê até 10 nominações foi criada. Como uma observação pessoal, essa é a lista de filmes indicados que menos me agrada em muitos anos.

Obs 1: linkei as avaliações dos filmes que fiz no post. Por motivos óbvios não linkei mais de uma vez para não poluir o post.

Obs 2: algumas avaliações de filmes indicados ainda não foram publicadas. Quando essas forem ao ar atualizo o post.


FILME
"Sniper Americano" leia mais aqui
"O Jogo da Imitação'' leia mais aqui
"Birdman" leia mais aqui
"O Grande Hotel Budapeste" leia mais aqui
"Boyhood" leia mais aqui
"Selma" leia mais aqui
"A Teoria de Tudo" leia mais aqui
"Whiplash" leia mais aqui

Quem eu acho que leva? "Birdman"
Quem eu gostaria que levasse? "Whiplash"
Quem deveria estar aí e não está? "Era uma Vez em Nova Iorque", "O Abutre", "A Most Violent Year"

ATOR
Steve Carell em "Foxcatcher" leia mais aqui
Bradley Cooper em "Sniper Americano"
Benedict Cumberbatch em "O Jogo da Imitação"
Michael Keaton em "Birdman"
Eddie Redmayne em "A Teoria de Tudo"

Quem eu acho que leva? Michael Keaton
Quem eu gostaria que levasse? Steve Carell/Michael Keaton
Quem deveria estar aí e não está? David Oyelowo (Selma), Jake Gyllenhaal (O Abutre), Joaquin Phoenix (Era Uma Vez em Nova Iorque), Ralph Fiennes (O Grande Hotel Budapeste)

ATRIZ
Marion Cotillard em "Dois Dias, Uma Noite" leia mais aqui
Felicity Jones em "A Teoria de Tudo"
Juliane Moore em "Simplesmente Alice" (avaliação em breve)
Rosamund Pike em "Garota Exemplar" leia mais aqui
Reese Whiterspoon em "Livre" (avaliação em breve)

Quem eu acho que leva? Juliane Moore
Quem eu gostaria que levasse? Juliane Moore
Quem deveria estar aí e não está? Marion Cotillard (Era Uma Vez em Nova Iorque), Jessica Chastain (A Most Violent Year)

ATOR COADJUVANTE
Robert Duvall em "O Juiz" (avaliação em breve)
Ethan Hawke em "Boyhood"
Edward Norton em "Birdman"
Mark Ruffalo em "Foxcatcher"
J.K. Simmons em "Whiplash"

Quem eu acho que leva? J.K. Simmons
Quem eu gostaria que levasse? J.K. Simmons
Quem deveria estar aí e não está? Robert Pattinson (The Rover), Bill Murray (St. Vincent)

ATRIZ COADJUVANTE
Patricia Arquette em "Boyhood"
Laura Den em "Livre"
Keira Knightley em "Jogo da Imitação"
Emma Stone em "Birdman"
Meryl Streep em "Caminhos da Floresta" (avaliação em breve)

Quem eu acho que leva? Patricia Arquette
Quem eu gostaria que levasse? Patricia Arquette
Quem deveria estar aí e não está? Rene Russo (O Abutre), Jacqueline Bisset (Bem-vindo à Nova Iorque)

FILME ANIMADO
"Big Hero 6"
"Boxtrolls"
"Como Treinar seu Dragão 2"
"Song of the Sea"
"Conto da Princesa Kaguya"

Quem eu acho que leva? Big Hero 6
Quem eu gostaria que levasse? Não vi Song of the Sea, me abstenho.
Quem deveria estar aí e não está? "Uma Aventura LEGO"

FOTOGRAFIA
Emmanuel Lubezki por "Birdman"
Robert Yeoman por "Grande Hotel Budapeste"
Lukasz Zal e Ryszard Lenczewski por "Ida" (avaliação em breve)
Dick Pope por "Mr. Turner"
Roger Deakins por "Invencível" (avaliação em breve)

Quem eu acho que leva? Birdman
Quem eu gostaria que levasse? Ida
Quem deveria estar aí e não está? "Interestelar", "Sob a Pele", "Era Uma Vez em Nova Iorque"

FIGURINO
Milena Canonero por "Grande Hotel Budapeste"
Mark Bridges por "Vício Inerente"
Colleen Atwood por "Caminhos da Floresta"
Anna B. Shepard por "Malévola"
Jacqueline Duran por "Mr. Turner"

Quem em acho que leva? Grande Hotel Budapeste
Quem eu gostaria que levasse? Grande Hotel Budapeste
Quem deveria estar aí e não está? "Guardiões da Galáxia", "Era Uma Vez em Nova Iorque"

DIREÇÃO
Alejandro Gonzáles Iñarritu por "Birdman"
Richard Linklater por "Boyhood"
Bennett Miller por "Foxcatcher"
Wes Anderson por "Grande Hotel Budapeste"
Morten Tyldum por "Jogo da Imitação"

Quem eu acho que leva? Richard Linklater
Quem eu gostaria que levasse? Wes Anderson
Quem deveria estar aí e não está? Dan Gilroy (O Abutre), James Gray (Era uma Vez em Nova Iorque), J.C. Chandor (A Most Violent Year)

DOCUMENTÁRIO
"CitizenFour"
"Finding Vivian Maier"
"Last Days in Vietnam"
"O Sal da Terra"
"Virunga"

Quem eu acho que leva? CitizenFour
Quem eu gostaria que levasse? Não assisti a nenhum deles. Me abstenho.
Quem deveria estar aí e não está? "Life Itself", "Elena"

MONTAGEM
Joel Cox e Gary Roach por "Sniper Americano"
Sandra Adair por "Boyhood"
Barney Pilling por "Grande Hotel Budapeste"
William Goldenberg por "Jogo da Imitação"
Tom Cross por "Whiplash"

Quem eu acho que leva? Boyhood
Quem eu gostaria que levasse? Boyhood
Quem deveria estar aí e não está? "Era Uma Vez em Nova Iorque", "O Abutre", "Garota Exemplar"

FILME EM LÍNGUA NÃO INGLESA
"Ida" de Pawel Pawlikowski (Polônia) 
"Leviathan" de Andrey Zvyagintsev (Rússia) (avaliação em breve)
"Tangerines" de Zaza Urushadze (Estônia) (avaliação em breve)
"Timbutku" de Abderrahmane Sissako (Mauritânia) (avaliação em breve)
"Relatos Selvagens" de Damián Szifrón (Argentina) (avaliação em breve)

Quem eu acho que leva? Leviathan
Quem eu gostaria que levasse? Não assisti a todos. Me abstenho.
Quem deveria estar aí e não está? "Dois Dias, Uma Noite" (Bélgica)

MAQUIAGEM
Bill Corso e Dennis Liddiard por "Foxcatcher"
Frances Hannon e Mark Coulier por "Grande Hotel Budapeste"
Elizabeth Yianni-Georgiou e David White por "Guardiões da Galáxia"

Quem eu acho que leva? Foxcatcher
Quem eu gostaria que levasse? Guardiões da Galáxia
Quem deveria estar aí e não está? Ninguém

TRILHA SONORA
Alexandre Desplat por "Grande Hotel Budapeste"
Alexandre Desplat por "Jogo da Imitação"
Hanz Zimmer por "Interestelar"
Gary Yershon por "Mr. Turner"
Jóhan Jóhansson por "A Teoria de Tudo"

Quem eu acho que leva? A Teoria de Tudo
Quem eu gostaria que levasse? Grande Hotel Budapeste
Quem deveria estar aí e não está? "Sob a Pele", "O Abutre", "Jogos Vorazes: A Esperança - Parte 1"

CANÇÃO ORIGINAL
"Everything is Awesome" de "LEGO Movie" - Shawn Patterson
"Glory" de "Selma" - John Legend e Lonnie Lynn
"Grateful" de "Beyond the Lights" - Diane Warren
"I'm Not Gonna Miss You" de "Glenn Campbell... I'll be Me" - Glenn Campbell e Julian Raymond
"Lost Stars" de "Begin Again" - Gregg Alexander e Danielle Brisebois

Quem eu acho que leva? Glory, de Selma
Quem eu gostaria que levasse? Everything is Awesome, de LEGO Movie
Quem deveria estar aí e não está? "The Hanging Tree" de "Jogos Vorazes: A Esperança - Parte 1"

DESIGN DE PRODUÇÃO
Adam Stockhausen e Anna Pinnock por "Grande Hotel Budapeste"
Maria Djurkovic e Tatiana Macdonald por "Jogo da Imitação"
Nathan Crowley e Gary Fettis por "Interestelar"
Dennis Gassner e Anna Pinnock por "Caminhos da Floresta"
Suzie Davies e Charlotte Watts por "Mr. Turner"

Quem eu acho que leva? Grande Hotel Budapeste
Quem eu gostaria que levasse? Grande Hotel Budapeste
Quem deveria estar aí e não está? "Malévola", "Guardiões da Galáxia", "Planeta dos Macacos: O Confronto"

EDIÇÃO DE SOM
Alan Robert Murray e Bub Asman por "Sniper Americano"
Martin Hernández e Aaron Glascock por "Birdman"
Brent Burge e Jason Canovas por "O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos"
Richard King por "Interestelar"
Becky Sullivan e Andrew DeCristofaro por "Invencível"

Quem eu acho que leva? Sniper Americano
Quem eu gostaria que levasse? Interestelar
Quem deveria estar aí e não está? "Guardiões da Galáxia", "Godzilla", "Sob a Pele"

MIXAGEM DE SOM
John Reitz, Gregg Rudloff e Walt Martin por "Sniper Americano"
Jon Taylor, Frank A. Montaño e Thomas Varga por "Birdman"
Gary A. Rizzo, Gregg Landaker e Mark Weingarten por "Interestelar"
Jon Taylor, Frank A. Montaño e David Lee por "Invencível"
Craig Mann, Ben Wilkins e Thomas Curley por "Whiplash"

Quem eu acho que leva? Whiplash
Quem eu gostaria que levasse? Whiplash
Quem deveria estar aí e não está? "Garota Exemplar", "Godzilla", "Guardiões da Galáxia"

EFEITOS VISUAIS
Dan DeLeeuw, Russell Earl, Bryan Grill e Dan Sudyck por "Capitão América: O Soldado Invernal"
Joe Letteri, Dan Lemmon, Daniel Barrett e Erik Winquist por "Planeta dos Macacos: O Confronto"
Stephane Ceretti, Nicolas Aithadi, Jonathan Fawkner e Paul Corbould por "Guardiões da Galáxia"
Paul Franklin, Andrew Lockley, Ian Hunter e Scott Fisher por "Interestelar"
Richard Stammers, Lou Pecora, Tim Crosbie e Cameron Waldbauer por "X-Men: Dias de um Futuro Esquecido"

Quem eu acho que leva? Guardiões da Galáxia
Quem eu gostaria que levasse? Guardiões da Galáxia
Quem deveria estar aí e não está? "Godzilla"

ROTEIRO ADAPTADO
Jason Hall por "Sniper Americano"
Graham Moore por "Jogo da Imitação"
Paul Thomas Anderson por "Vício Inerente"
Anthony McCarten por "Teoria de Tudo"
Damien Chazelle por "Whiplash"

Quem eu acho que leva? Whiplash
Quem eu gostaria que levasse? Whiplash
Quem deveria estar aí e não está? "The Rover - A Caçada"

ROTEIRO ORIGINAL
Alejandro González Iñarritu, Nicolás Giacobone, Alexander Dinelaris Jr. e Armando Bo por "Birdman"
Richard Linklater por "Boyhood"
E. Max Frye e Dan Futterman por "Foxcatcher"
Wes Anderson e Hugo Guinness por "Grande Hotel Budapeste"
Dan Gilroy por "O Abutre" leia mais aqui

Quem eu acho que leva? Birdman
Quem eu gostaria que levasse? Grande Hotel Budapeste/O Abutre
Quem deveria estar aí e não está? "Era Uma Vez em Nova Iorque", "Bem-Vindo a Nova Iorque"



Sniper Americano

Sniper Americano
(American Sniper, 2014)

Direção: Clint Eastwood
Roteiro: Jason Hall

com: Bradley Cooper, Elise Robertson

Cercado de muita polêmica devido ao seu conteúdo político, "American Sniper" assim como "Whiplash" é um exercício de desapego moral em virtude da história na tela. Embora não tenha um décimo da qualidade da trama do garoto baterista e seu professor carrasco, Sniper defende suas ideias com competência. Se eu concordo com a transformação de um atirador de elite em herói? Não. Mas isso não me impede de compreender o que Eastwood - um notório defensor da chamada "direita" nos Estados Unidos - quer contar.

Diferente da maioria dos filmes sobre a guerra do Iraque feitos até então, Eastwood prefere focar-se nos motivos que fazem Chris Kyle (Bradley Cooper) ser tão bom naquilo que faz. Apostando em flashbacks redundantes, mostra o protagonista como um produto de um meio que ensina crianças pequenas a caçar, que entende que a força bruta sempre resolve os conflitos e que o país merece ser defendido sempre (mesmo quando, de fato, ele não está sob ataque).

Soma-se a isso um desfile de excelentes sequências de tiroteio e guerra que constroem uma atmosfera de desespero e agonia que amplificam o estado mental de Kyle. Sejamos justos aqui: Eastwood não tenta transformar - como li por aí - o personagem de Cooper na versão americana do personagem satírico que Tarantino criou em "Bastardos Inglórios, mas em um herói segundo sua visão de mundo. Falha miseravelmente? Sim, mas a ideia de criar um herói "humano" está lá. 

"Sniper Americano" é um filme razoável, mas que é amparado por questões moralmente bastante questionáveis o que derruba (na minha avaliação) seu impacto. 


★★½ 

sábado, 21 de fevereiro de 2015

Birdman

Birdman
(Birdman, 2014)

Direção: Alejandro González Iñarritu
Roteiro: Alejandro González Iñarritu, Nicólas Giacobone, Alexander Dinelaris, Armando Bo

com: Michael Keaton, Edward Norton, Emma Stone, Zach Galifianakis, Andrea Riseborough, Naomi Watts

Birdman tem ideia e conceitos bastante contemporâneos: fala sobre a nossa busca incessante por amor, na forma obsessiva com que perseguimos o sucesso e como a noção de popularidade pode estar ligada a fatores cada vez menos óbvios e de difícil compreensão. "Birdman" tem essas grandes qualidades mas derrapa na megalomania, na tentativa de transformar uma simples história de um sujeito desesperado por um "come back" ao sucesso em uma epopeia sobre o sucesso.

Brega, exagerado, beirando o ridículo muitas vezes, "Birdman" é um exercício de estilo ancorado em bons atores que entenderam a brincadeira melhor do que o próprio diretor. Michael Keaton - esse sim consegue um comeback digno de nota - Edward Norton (que transfigura-se entre o seu "eu real" e o "eu representativo" de forma que quase parecem duas pessoas diferentes), além de Emma Stone, dona dos diálogos mais mordazes e eficientes da trama. Todos os personagens são verborrágicos e vociferam abobrinhas que não tem sentido algum apenas para "chocar" o espectador com um timing cômico bastante duvidoso o que dificulta que a paródia seja bem construída. 

Visualmente, apesar de bonito, a ideia de inúmeros planos sequência não fazem sentido narrativamente. Estão ali para mostrar que a trama é fluída? Para dizer que a mente do personagem de Keaton está tão perdida que não existe espaço para "desligar"? Para dar a entender que tudo aquilo está se passando emn um perôdo curto de tempo e por isso é interessante mostrar que ele é uma longa espiral rumo ao fatalismo de seu final? Teorias e achismos que são a base do que a maioria dos assim chamados críticos adoram reproduzir em textos empolados e cheios de "e ses". Críticos esses que levam a melhor bordoada do filme no diálogo entre Keaton e a crítica azeda (e clichê). Confesso que vibrei.

Aliás, o julgamento sobre a arte e sucesso é talvez o grande acerto do filme. Quem somos nós para julgarmos o que para o outro é o seu melhor? Temos esse direito? De transformar um fracasso em sucesso e vice versa? E se tivermos, por quê? O que nos faz especiais? E principalmente, como alguém consegue sobreviver a uma avalanche de ódio e desprezo? Por outro lado, a visão careta do filme a respeito dos blockbusters não funciona mais no século XXI. 

As ilusões/viagens/sonhos de Keaton com seu personagem símbolo, o "Birdman", são as mais reais do filme e gosto de pensar que talvez sejam as únicas verdadeiramente honestas, já que colocam o personagem em um lugar que é o que parece mais correto: um ator trabalhador, mas apenas isso. Nada de gênio, brilhante ou afins. Um sujeito que devia ter aproveitado o sucesso, ganhado dinheiro e sossegado em vez de perseguir um sonho que - infelizmente - ele não tem capacidade para atingir.


★★½