segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Eu Vi - Walt nos Bastidores de Mary Poppins

tempo para ver as estreias rarearam, mas continuo vendo filmes (e até algumas estreias porque não?). E quem quiser continuar lendo está convidado a acompanhar essa "nova fase" do blog. Resenhas (e não mais crítica longas) diretas ao ponto, sobre o que "andei vendo".



PS: vou tentar manter esse tipo de publicação constante.

Walt nos Bastidores de Mary Poppins
(Saving Mr. Banks, 2013)
Direção: John Lee Hancock
Roteiro: Kelly Marcel, Sue Smith
com: Emma Thompson, Tom Hanks, Paul Giamatti, Colin Farrell, Ruth Wilson

Uma das histórias de bastidores mais saborosas de Hollywood é a intensa e longa corte feita por Walt Disney sobre a autora de Mary Poppins, P.L. Travers. Os relatos apontam que o criador do império da animação levou mais de vinte anos para conseguir tirar do papel sua ideia de um filme sobre o famoso livro. 

O filme (com um dos títulos nacionais mais auto-explicativos que já vi) conta essa história focando-se na personagem interpretada por Emma Thompson, mostrando-a no presente do filme - quando ela chega a Hollywood para finalmente acompanhar o início da produção e dar seus pitacos - e seu passado, quando nos é explicado o que aconteceu para que o livro tomasse forma. 

A personagem de Thompson é muito, mas muito chata. Daquelas pessoas que nada satisfaz, tudo é indigno de sua atenção e nada emociona. Tudo é problema, e isso imediatamente impõe uma barreira gigante entre o público e sua protagonista. É claro que vamos acompanhar os motivos de sua personalidade (quase) detestável ter sido formada, mas em geral seu personagem é um problema no filme. Outro é a transformarçnao de Walt Disney no sujeito mais legal do mundo. Não é nenhum segredo que apesar de seu trabalho ter sido fantástico e suas criações maravilhosas, sua personalidade não era tão dócil assim, mas essa visão do criador é comprensível, devido a produção ser - obviamente - do estúdio que ganhou seu nome.

Walt é um filme "bacaninha". Daquelas historinhas água com açucar que não ofende ninguém, que vai encontrar um público ávido por esse tipo de trama, mas que em geral, não vai a fundo no que e propõe. P.L. Travers é uma senhora irritante e traumatizada e Walt, um quase santo ancorado por uma promessa aos filhos. E só. Muito pouco para uma cinebiografia que coloca como protagonistas duas figuras tão importantes como Disney e Travers.

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Eu Vi - The Past

O tempo para ver as estreias rarearam, mas continuo vendo filmes (e até algumas estreias porque não?). E quem quiser continuar lendo está convidado a acompanhar essa "nova fase" do blog. Textos (e não mais crítica longas) direto ao ponto, sobre o que "andei vendo".

PS: vou tentar manter esse tipo de publicação constante.



The Past
(Le Passe, 2013)
Direção: Asghar Farhadi
Roteiro: Asghar Farhadi
com: Bérénice Bejo, Ali Mostaffa, Tahar Rahim

Asghar Farhadi se destacou ano passado para um público mais abrangente, graças ao laureado "A Separação", que falava sobre um casamento iraniano em crise. Em Le Passe/The Past, o diretor continua a falar sobre a dificuldade de comunicação entre casais e os traumas que relacionamentos encerrados de forma abrupta provocam. A trama gira em torno da visita de Ahmad (Ali Mostaffa) um iraniano que vem até a França para se separar oficialmente de sua esposa Marie (Bérénice Bejo), uma francesa que já tinha dois filhos e que está se relacionando com um outro imigrante árabe que por sua vez também tem um filho, fruto de um relacionamento interrompido por circunstancias traumáticas.

A trama é intrigante e angustiante já que nos leva a descobrir coisas a respeito desses personagens que os mesmos faziam de tudo para esconder. Nos moldes do que "A Caça" fez, o foco está nas crianças e nos jovens, muito suscetíveis a rompantes de amor e ódio. 

A interpretação de Bejo é devastadora. Nunca transformando sua personagem em heroína ou em uma mulher repleta de virtudes, essa mãe vê seus segredos sendo devassados pela presença de seu ex-marido auxiliado por sua filha mais velha, que mantinha uma relação de companheirismo e amizade muito forte. O jovem Tahar Rahim, que vive seu novo namorado tem um papel ingrato, já que precisa criar a credibilidade de que é um sujeito bom, já que Ahmad é definitivamente – e o filme não se exime de dizer que o fracasso do relacionamento dele e Marie é culpa dele – um sujeito mudado, pronto para ajudar e sem (não notei) interesses amorosos em sua ex. 

A dinâmica entre esse “triangulo”, move o melodrama que se assume como tal e não se furta em tentar emocionar e chocar o espectador com relevações bombásticas tiradas do melhor que o sub-gênero pode oferecer. Porém, felizmente, não descamba para o absurdo ao tentar tocar o público mantendo a trama semi investigativa em ritmo pausado o que ajuda os personagens a ganharem mais força e a a historia a fluir melhor. Falado todo em francês, Farhadi fez sua estreia fora de seu pais de forma muito consistente. Flertando com a tragédia e ainda sim apostando em deixar sua trama com gosto agridoce, The Past/Le Passe foi um dos grandes filmes do ano de 2013.