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sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Foxcatcher

Foxcatcher - A História que Chocou o Mundo
(Foxcatcher, 2014)

Direção: Bennett Miller
Roteiro: E. Max Frye, Dan Futterman

com: Steve Carell, Channing Tatum, Mark Ruffalo

Um tremendo desperdício. A história dos envolvimento dos dois atletas de luta olímpica com o milionário maluco John Du Pont merecia um pouco mais de cuidado. Apresentado como uma trama assustadoramente incômoda com personagens que parecem sempre caminharem sem se perceber para uma tragédia, o filme de Bennett Miller é uma trama incompleta. Se sobra estudo de personagens (abordo isso abaixo) falta impacto, falta melodrama, falta o tal "choque que assombrou a América".

O que o filme acerta e em cheio, é no estudo de seu antagonista, interpretado com enorme competência por um Steve Carrell que guarda dentro de si um rancor e uma vontade - que supera seus pudores - em ser mais do que aparenta ser. Menino rico, Carrell é o estereotipo do ricaço que precisa de aprovação da mãe e se colocar na embaraçosa posição de líder, diante de um pelotão que o respeita apenas por causa de sua conta bancária. Ninguém o respeita dentro de sua casa, ele sempre é encarado como "aquele cara estranho" que aproveita-se de sua condição financeira para tomar conta de dois atletas que - como ele - não são valorizados dentro dos padrões que impuseram a si mesmos.

Enquanto o personagem de Mark Ruffalo encontra um substituto para esse descaso das pessoas nos braços da família, o personagem de Channing Tatum precisa ser valorizado e encontra em DuPont, alguém que o respeita (ou pelo menos assim parece) e que vai valorizar seu talento.

A primeira hora de "Foxcatcher", justamente quando esses personagens estão tomando lados e apresentando-se ao público é especialmente eficiente, porém falta (como disse acima) impacto e mesmo que a figura de Carrell vá se transformando em uma criatura horrível diante de nossos olhos, o choque de suas ações perdem força. Ao retratar gente fragilizada e impotente de uma forma verdadeiramente honesta, faz do filme um longo prelúdio para o apocalipse. E como todo prelúdio, ele só se completa ao lado de uma atração principal, o que fica faltando nessa produção.


★★★

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Meu Malvado Favorito 2

Meu Malvado Favorito 2
(Despicable Me 2, 2013)
Comédia - 98 min.

Direção: Pierre Coffin e Chris Renaud
Roteiro: Ken Daurio e Cinco Paul

com as vozes de: Steve Carell, Kristen Wiig, Benjamin Bratt

Confesso que não fui atraído com a mesma paixão que muita gente demonstrou pelo filme original de Pierre Coffin e Chris Renaud, mesmo reconhecendo sua historia simpática, seu herói/vilão Gru interessante, as pequenas Margo, Edith e Agnes e principalmente os hilariantes Minions. O que o pessoal da Illumination Entertainment criou no filme original foram criaturinhas adoráveis e que podem ser utilizadas ad infinitum tanto nas animações como em uma quantidade obscena de produtos de merchandising. Ou seja, os criadores têm uma mina de ouro em mãos nas figuras desses bichinhos de sexo indefinido e amarelos, esses pequenos monstrinhos que falam como se tivessem inalado gás hélio e tem uma moral que os coloca no mesmo nível dos Looney Tunes em termos de falta de noção no trato da violência e que fazem dos Minions criaturas que roubam todas as cenas.

Mas, felizmente, os Minions não são utilizados em excesso. Apesar de fundamentais na trama, a produção não segue a infeliz ideia de Era do Gelo, que usa seu esquilo a cada quinze minutos como vinheta de forma absolutamente desnecessária (e cansativa) durante todo o filme. Aqui, as piadas dos Minions estão intrinsecamente ligadas a eventos da trama. E qual é a trama da vez?

Gru é recrutado por uma organização secreta para investigar o sumiço de um misterioso soro que causa mudanças brutais no físico e no comportamento de suas cobaias. Como parceira, a atrapalhada Lucy, que serve como novo elemento cômico da trama, embora (pelo menos na versão dublada que foi a que vi) seu humor não acerte sempre. Entre os novos personagens se destaca o bonachão e misterioso Eduardo (que em português ganha a voz do cantor Sidney Magal, em um trabalho muito competente e divertido) com seu visual "luchador" mexicano.


Porém, apesar da trama de investigação - que leva Gru a assumir uma identidade "secreta" num shopping center - impulsionar o início da história, são de fato os dramas dos personagens que fazem a historia funcionar. Se no primeiro filme sua baixa estima o transformou em um vilão e apenas com a acolhida das pequenas órfãs sua vida passou a ter outros significados, aqui o mote é sua dificuldade para se relacionar com as mulheres. Se Gru tem problemas para encontrar uma "alma gêmea", mostra-se um pai muito ciumento ao ver a garotinha nerd Margo descobrir o amor. Essa questão apresentada no filme dá mais tridimensionalidade ao personagem, já que esse tipo de ciúme paterno em relação aos filhos é deveras comum.

A pequena Agnes continua sendo a alma do filme, sempre pronta a demolir Gru (e os marmanjos com alguma sensibilidade) com aquelas declarações que só crianças são capazes de fazer, misturando ingenuidade e sabedoria. Posso estar exagerando nas intenções do texto de Ken Daurio e Cinco Paul, mas existe aqui algo um pouco mais elaborado do que simplesmente algumas boas piadas e referências um pouco mais intrincadas para os adultos. Isso já havia me chamado a atenção no primeiro Malvado Favorito e mesmo não estando (permitam-me a redundância) no grupo de grandes fãs do filme - muito por causa do antagonista enfadonho dessa primeira aventura - ficou claro a qualidade da interação (mesmo que pueril) entre Gru e as meninas que estão longe de exemplificarem os papéis óbvios de garotinhas no cinema. Acho que esse é um elemento fundamental para que o filme consiga funcionar tão bem para um público tão amplo: você enxerga ali um afeto real, ancorado - evidentemente - por sacadas humorísticas funcionais e pelos Minions, essas criaturas que pontuam muito bem as agruras do pobre Gru.

Meu Malvado Favorito 2 é um passo bem dado em direção a uma franquia, que parece estar estabelecida. Ao final dessa segunda historia algumas possibilidades ficam em aberto para uma eventual sequência. Todas elas envolvem novos conflitos entre Gru e seus traumas (e agora com o acréscimo de eventuais consequências para seu futuro) e é claro, muitos Minions. Não chega a ser uma animação de excelência, mas é divertida e tem estilo próprio, não tentando nem ser Pixar, muito menos cair na galhofa da maioria dos trabalhos da Blue Sky ou Dreamworks.

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Um Divã para Dois


Um Divã para Dois
(Hope Springs, 2012)
Comédia/Drama - 100 min.

Direção: David Frankel
Roteiro: Vanessa Taylor

Com: Meryl Streep, Tommy Lee Jones, Steve Carell

O cinemão americano não gosta dos adultos. Muito menos dos adultos que estão chegando, ou já chegaram, à chamada terceira idade. São raros os projetos que apostam em atores mais velhos encabeçando o elenco, em papéis onde suas idades são importantes para a trama. Não se envelhece em Hollywood, e quando personagens mais velhos são vistos no cinema é sempre por aquele prisma clichê de sabedoria, desastre ambulante ou como pais e mães de família. Raramente estes atores têm chance de falarem sobre amor na maturidade, sexo, as dificuldades de manter um casamento, assuntos que parecem ser enormes tabus.

Uma das poucas atrizes que tem cacife para bancar um projeto que aborda esse tema é Meryl Streep, que na última década tem apresentado papéis tão variados como a freira de Dúvida, a primeira ministra britânica em Dama de Ferro e papéis mais leves e divertidos como a "maluquinha" de Mamma Mia e a dona de casa que se envolve com o ex-marido, no fraquinho Simplesmente Complicado.

Um Divã para Dois apresenta mais uma faceta da unânime Meryl. Sua Kay é uma mulher comum, típica personagem de meia idade que casada há muito tempo com Arnold (Tommy Lee Jones) vê seu casamento praticamente inexistir, com falta de carinho, amor, sexo e tudo o que faz de um relacionamento uma experiência única.


Decidida a re-acender a chama perdida, decide apostar tudo numa terapia de casal, que os tira de casa levando-os aos braços do Doutor Feld (o contido, mas excelente Steve Carell), o terapeuta responsável por tentar encontrar a fagulha apagada do casal.

O encanto de Um Divã para Dois está na dupla de protagonistas que tem uma química muito intensa, surgindo muito honestos. Meryl, como sempre (e ela é uma raridade que merece a referência) extrai qualidade no material que tem em mãos não importando muito a qualidade geral da obra, ainda mais quando o texto é tão humano, tão próximo das pessoas que conseguem se enxergar em diversos momentos da trama, mesmo aqueles que não tem nem metade da idade daqueles personagens. Meryl usa muito de seu olhar e transforma a personagem em uma claudicante mulher que pisa em ovos para tentar encontrar uma saída para sua vida infeliz e burocrática.

São diversos os momentos de destaque da atriz, que surge muito consciente de seu papel, jamais exagerando no excesso de submissão, ou na postura absurdamente compreensiva frente a um personagem ranzinza e travado com suas emoções.


Tommy Lee Jones surge "fresco", em um personagem muito próximo de um Woody Allen bronco, um homem com neuroses, reclamações, medos e que não sabe o que quer de sua vida. Vive sua rotina como uma maratona sem fim, sem perspectiva de uma mudança. Essa é uma das maiores interpretações de sua carreira, fugindo dos óbvios clichês que o marcam no imaginário popular. Seguro, intenso e muito inteligente.

E Steve Carell é a grande surpresa do filme. Seguro em um papel que o impede de mostrar seu viés cômico, está muito confiante como o terapeuta (que, novidade, não é um charlatão) que resolve ajudar o casal. Muitas das cenas mais interessantes do filme se passam em seu consultório, num "bate-bola" intenso e delicioso entre esses três atores fazendo seu melhor.

É difícil definir o gênero a qual essa produção faz parte. Tem momentos de pura comédia, geralmente envolvendo a dificuldade de conversar sobre sexo dos dois personagens tão travados, e de profunda emoção, quando o assunto fica muito mais sério e o sexo se torna apenas a primeira de muitas camadas de um texto que aborda a dificuldade de se manter um relacionamento. Tudo de forma muito realista, sem mágicas milagrosas, mas com um óbvio otimismo que faz de um assunto complicado muito mais leve para ser "comprado" pelo publico.


A direção é de David Frankel, o mesmo de Diabo Veste Prada, filme que rendeu um papel icônico a Meryl Streep, e que assim como Um Divã para Dois, tentava a todo custo transformar a historia potencialmente água com açúcar em algo com muito mais substância. Aqui, com um tema que já é denso o bastante, Frankel faz o caminho inverso, deixando as analises comportamentais recobertas de uma camada de humor e romance que faz do filme praticamente irresistível. Em mais um desempenho sensível de Meryl Streep, uma química inegável com Tommy Lee Jones, uma trilha romântica e moderna, cenários bem escolhidos e acertos até mesmo na escolha de subverter as expectativas do público em alguns momentos, este é um daqueles filmes gostosos de assistir, e que se não mudam o mundo, pelo menos o tornam mais feliz.


sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Amor a Toda Prova
(Crazy, Stupid, Love, 2011)
Comédia/Romance - 118 min.

Direção: Glenn Ficarra e John Requa
Roteiro: Dan Fogelman

Com: Steve Carell, Ryan Gosling, Julianne Moore, Emma Stone, Analeigh Tipton, Jonah Bobo, Kevin Bacon e Marisa Tomei

Meia idade, casamentos infelizes, personagens deslocados, aceitar o envelhecimento, saber ceder e perdoar. É disso que, basicamente, trata a comédia Amor a Toda Prova, novo filme dos diretores Glenn Ficara e John Requa (de O Golpista do Ano e responsáveis pelo roteiro de Bad Santa, entre outros). Dessa vez a dupla fica apenas atrás das câmeras e deixou o texto aos cuidados de Dan Fogelman (o mesmo de Carros, Enrolados, Carros 2 e Bolt). Se os currículos dos envolvidos não impressionam, o elenco reunido para essa comédia dramática é respeitável. Steve Carell, Julianne Moore, Ryan Gosling, Kevin Bacon, Marisa Tomei e Emma Stone todos reunidos para contar a história da separação de Cal (Carrell) e Emily (Moore).

Cal é um típico homem de meia idade que ficou para trás em alguns quesitos que fazem parte de nosso cotidiano. A moda é um deles, e é brilhantemente ilustrada na sequencia que abre o filme, quando Ficara e Requa mostram uma série de planos dos calçados usados por homens e mulheres que jantam a dois, em um romântico restaurante. Todos impecavelmente usando sapatos brilhantes enquanto as mulheres desfilam de salto alto ou sandálias com muito estilo. Quando a câmera mostra o nosso "herói", vemos que Cal usa um tênis que - no mínimo - não condiz com o que se espera de alguém que vá a um lugar desses. E antes que a patrulha do bom mocismo comece a berrar, não,  a idéia não é impor uma realidade sobre a outra, mas atestar que aquele homem parou no tempo e que aos poucos foi deixando sua vida e seu casamento se perder.


Não é surpresa então, quando Emily pede o divorcio e para melhorar ainda mais sua situação, diz que o traiu com um colega do trabalho. Cal, arrasado, sai de casa e passa várias noites em um bar até ser abordado pelo galã Jacob (Ryan Gosling), uma mistura de Don Juan do século 21 com Hitch - O Conselheiro Amoroso, que o filme já havia apresentado anteriormente quando ele tenta sem sucesso conquistar (um eufemismo para "levar para a cama") a travada e ansiosa Hannah (Emma Stone).

Ao mesmo tempo, o filme ainda dá espaço para o apaixonado filho de Cal e Emily, Robbie (Jonah Bobo) que está totalmente obcecado por sua babá, a adolescente desengonçada Jessica (Analeigh Tipton), que por sua vez começa a demonstrar certa queda por Cal. Enfim, um prato cheio para uma boa e convincente comédia de costumes, recheada com algumas piadas mordazes, alguma acidez, um pouco de escatologia e piadas físicas.


Amor a Toda Prova é a melhor comédia que vi esse ano em uma sala de cinema. Leve, divertida, realmente vale o preço - caro - do ingresso. Todo o elenco, incluindo os coadjuvantes tem ótimos momentos em tela, embora o filme peque pelo mal do bom mocismo, típico de produções americanas.

Steve Carrel comanda a festa interpretando Cal, como um homem completamente sem chão, quando se ve sem sua mulher. Parado no tempo, Cal reflete uma visão da realidade masculina que, segundo a mesma "morre" depois que se casa, e que por culpa própria, pela preguiça e como conseqüência da vida acaba se distanciando de sua própria personalidade, tornando-se um rascunho de ser humano, que não consegue atrair ou manter um casamento. O mais interessante, é que Carrel não tem idéia de sua condição, o que além de ser comovente como constatação de sua própria falta de tato, gera uma série de gags divertidas (a dos tênis New Balance é de gargalhar). Carrel é um dos poucos comediantes que conseguem interpretar sem apelar, o homem comum colocado em uma situação extrema. As reações do personagem são críveis e o ator ainda aproveita para apresentar mais uma faceta de seu talento, em uma cena delicada e profundamente honesta ao lado de Ryan Gosling (quando assistirem vão entender).


Ao seu lado, Julianne Moore é a mulher que tenta fugir do casamento frustrado e entediante, buscando um pouco de aventura. Apresentando tanto momentos cômicos (como a sequencia em que aos prantos revela ter visto Crepúsculo) quanto nos mais tocantes e emocionais (em especial, a cena em que conversa pelo telefone com Carrel, enquanto é observada pelo mesmo do jardim de sua casa) o mesmo talento, mostra (como se houvessem dúvidas ainda) sua capacidade de interpretação.

Fechando o quarteto de protagonistas, Ryan Gosling e Emma Stone mostram uma ótima química e confirmam-se como dois dos mais talentosos atores de sua geração. Gosling fugindo dos dramas intimistas ou dos trabalhos autorais, aqui vive uma versão mais sedutora e divertida de Hitch, personagem de Will Smith no filme homônimo. Gosling em momento algum, apesar de óbvios exageros, parece ser um cafajeste na concepção da palavra. Seu Jacob é traumatizado pelo passado e em sua atitude de negação foge dos compromissos e dos relacionamentos sérios. Você nota quando um grande ator está em cena, mesmo quando o roteiro é simplista e não busca nada mais do que divertir o espectador, ao perceber a atenção aos detalhes em sua atuação. Notem como Gosling jamais sobe o tom de sua voz, mesmo quando se vê diante de uma discussão acalorada. Stone, além de estar lindíssima, o que ajuda a entender a fascinação de Gosling por sua personagem, é carismática e tem um ótimo timing cômico. A sequencia que homenageia (ou será que tira um sarro?) de Dirty Dancing é engraçadíssima, e vai se transformando em um momento romântico e sensual, graças ao bom texto de Dan Fogelman e aos dois atores muito bem entrosados.


O filme ainda tem um terceiro plot que envolve a baby-sitter Jessica (Analeigh Tipton) que aproveita seu tipo físico para demonstrar ainda mais sua falta de jeito e de traquejo social e sua obsessão típica adolescente pelo homem mais velho. Analeigh é sensível e é outra atriz que apresenta timing cômico a ser explorado em futuras produções. O único problema desse elenco talentoso é o personagem do garoto Robbie (Jonah Bobo) que por "mérito" próprio ou do texto (ou ambos) torna irritante sua obsessão pela garota.

O discurso "Love conquers all" tão americanóide é um pouco anacrônico, mas não chega a incomodar. O excelente texto que mistura com inteligência a comédia de situação, o drama e o pastelão merece sim, elogios. Mesmo derrapando com a glicose durante as declarações de amor, consegue transmitir a idéia implícita em seu título. Esse Amor, Estúpido e Louco é o responsável por ações impensadas, personagens engraçados, as pitadas de emoção tão importantes em filmes assim e a melhor comédia do ano, até aqui.



sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Meu Malvado Favorito
(Despicable Me, 2010)
Comédia - 95 min.

Direção: Pierre Coffin e Chris Renaud
Roteiro: Ken Daurio

Com as vozes de: Steve Carell, Jason Segel e Julie Andrews



Desde que a animação passou a ditar as regras dos blockbusters americanos, praticamente todos os estúdios resolveram apostar em filmes "para toda a família” estrelada por personagens fofos, engraçados, aventureiros e afins.


Obviamente esse não é o caso da Pixar, que é um caso MUITO a parte, sendo responsável por alguns dos melhores filmes da década, incluindo ai Ratatouille, Wall-E e Toy Story 3.


Os demais vivem de historinhas bem menos inspiradas, geralmente apelando para gags físicas ou a inserção de piadas "adultas" num contexto diferenciado, querendo fazer rir os mais velhos, enquanto os pequenos - na visão deles - vão ficar empolgados com as cores brilhantes e personagens carismáticos.



Essa fórmula de bolo é a receita da Dreamworks em especial, que se caracteriza como o estúdio das animações esquecíveis, uma ou duas por temporada, que são divertidas mas que não trazem personagens ou histórias dignas de registro. A Universal vai pelo mesmo caminho, em especial com esse Meu Malvado Favorito.


Nesse, o foco é um anti-herói chamado Groo, que deseja ser o maior vilão do mundo, mas que não consegue muito sucesso em seu intento. Atrapalhado e dotado de um ajudante/cientista maluco e de "peões" de forma humanóide que vestem um estranho uniforme amarelado ele planeja seu maior plano: roubar a lua.


Para isso ele precisa recuperar uma arma que ajudará seu plano, que está em posse de um vilão bobalhão e nerd chamado Vetor. Entram ai três órfãs que podem ajudá-lo a recuperar a arma, ao mesmo tempo em que as crianças vão se apegando ao vilão.



Previsível desde o primeiro minuto, Meu Malvado aposta nas gags físicas de seu personagem principal e na voz de Steve Carrel, que interpreta o personagem principal. Em determinadas seqüências o filme é muito bem sucedido (em especial em uma que envolve um vídeo conferencia com um dono de banco), mas no todo o filme tenta apresentar o mesmo sentimento que os filmes da Pixar trazem misturando com o humor bobalhão da Dreamworks. Pende mais para o primeiro, porém falta à capacidade dos magos da turma de Lasseter para criar bons diálogos e uma linha narrativa que se é razoavelmente previsível, não ofende o público infantil e agrada muito os mais velhos.


O filme da Universal não consegue a atenção dos pequenos por não ter personagens carismáticos. Mesmo os seres "amarelados" com seu humor Tex Avery, não conseguem se destacar por terem pouco tempo de tela e servirem sempre - e a exaustão - como alívio cômico. Groo, por sua vez, é um personagem divertido sim, mas que perde pontos por ter em seu adversário um personagem medíocre. O cidadão que criou o tal de Vetor merece ser demitido. Dotado de uma falta de humor impressionante, o personagem deveria satirizar um nerd, mas não consegue nem isso, sendo incapaz de criar uma piada memorável ou mesmo uma linha de diálogo que faça referencia de forma inteligente a sua idéia de sátira. As crianças funcionam, é verdade, mas o acesso de sacarose na ultima parte da história incomoda.



Meu Malvado é mais uma animação esquecível, dotada de razoável apuro técnico, boas gags, mais que não funciona como história. Sobram piadinhas visuais, e a mania irritante de inserir músicas/sátiras/diálogos do "mundo adulto" numa produção de toda família, numa tentativa forçada de chamar público. Quando Shrek fez isso, era uma quase novidade, hoje é um clichê sem graça e que não ajuda em nada o filme.


A bilheteria foi boa, portanto devemos ter mais uma chance para Groo nas telas de cinema. Esperemos que dessa vez o personagem tenha uma boa história a seu serviço e um vilão um pouco mais desafiador.





quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Noite Fora de Série
(Date Night, 2010)
Comédia - 88 min.

Direção: Shawn Levy
Roteiro: Josh Klausner

Com: Steve Carrel, Tina Fey, Mark Wahlberg, James Franco, Mila Kunis e Ray Liotta

A receita parecia, de saída vencedora: pegue dois comediantes no auge de sua popularidade e esbanjando talento, coloque-os numa montanha russa de situações embaraçosas, engraçadas e dê espaço - muito - para os improvisos dos dois "magos". Resultado: um espetáculo, certo?

Não. Uma Noite Fora de Série, seria - e deveria - um veículo para comprovar que Tina Fey e Steve Carrel são o melhor que o humor americano poderia criar. Afinal são donos de carreiras vitoriosas por onde passaram. Carell após anos perambulando por produções menores e shows de TV, foi notado em Todo Poderoso, engatando O Ancora, Virgem de 40 Anos, Feiticeira, Pequena Miss Sunshine, o trabalho de dublagem em Os Sem Floresta e a versão para o cinema da série Agente 86. Mas foi com a série The Office que Carrel definitivamente entrou para o panteão de grandes astros cômicos do novo século. Seguidamente indicado ao Emmy e ao Globo de Ouro como melhor ator cômico, tornou-se uma figura popular e opção clara para bons papéis no gênero.


Já a deslumbrante Tina Fey - musa mor do editor do Fotograma Digital - é cria da máquina de revelar talentos, chamado Saturday Night Live. Além de atriz, escrevia boa parte dos shows. Teve uma tentativa de inserção no mundo do cinema - e não foi bem sucedida - mas ainda entregou uma boa comédia adolescente intitulada Meninas Malvadas. Mas só lhe foi outorgado o valor merecido quando "pariu" a série 30 Rock, que lhe valeu dois Globos de Ouro e uma série de Emmys.
Currículos invejáveis dirigidos pelo insosso Shawn Levy de "obras" como: Noite no Museu 1 e 2, Pantera cor de Rosa, Recém Casados e Doze é Demais. Ou seja, um diretor "so-so" que não trazia nada a mais para apimentar a força criativa da dupla. E o roteirista? Josh Klausner foi o responsável pelo medíocre Shrek 3 e pelo aceitável Shrek 4.

O que nos leva a pensar que o filme deveria ter sido "dado" aos dois atores, para que com seu talento e capacidade pudessem brincar como quisessem. Outro erro.


Os dois, apesar de apresentarem uma ou outra boa piada, estão presos a história bobinha do casal que ao fingirem serem outras pessoas num restaurante, são perseguidos pela máfia, policia e afins.

O filme começa brincando com os estereótipos do casamento frustrado americano. Rotina, tédio, falta de emoção e filhos são a causa para uma relação - seguindo o filme - cair no marasmo. O filme defende que é necessária uma sacudida para que a relação saia do lugar comum. Isso é uma constatação óbvia, que o roteiro eleva a enésima potência, quando inclui o plot da máfia que gera a montanha russa de situações que o casal enfrenta.

O problema é que o espectador telegrafa com muita antecedência os movimentos que o filme faz. É claro que estamos falando de uma comédia inofensiva, sem muita - ou nenhuma - pretensão além de ser um passatempo esquecível, mas é necessário que o espectador ao menos se envolva com aquele pessoal. E isso não acontece. Todos são rasos e chatos. O que se salva, e muito por estar brincando com sua persona é Mark Wahlberg, que passa o filme todo sem camisa, rendendo as melhores - e talvez únicas - piadas do filme.


Os demais coadjuvantes (todos de peso) não fazem nada digno de nota: Ray Liotta tenta reprisar (em censura PG-13) seu papel em Os Bons Companheiros, James Franco e Mila Kunis entram e saem - literalmente - pela janela e os protagonistas, mesmo extremamente talentosos, não conseguem fugir do embaraço do roteiro. Carell se sai um pouco melhor, talvez por estar mais acostumado a lidar com roteiros fracos criados apenas para capitalizar com a fama dos seus astros e consegue uma ou duas piadas. Já Tina Fey, apesar de linda, não está acostumada a lidar com roteiros que não vieram de sua mente privilegiada, portanto naufraga totalmente, reduzindo sua personagem a uma sucessão de momentos sem graça.

Nem mesmo na conclusão o filme arranca risos da platéia, em especial numa medonha aparição do casal numa casa de strip-tease. Ok, a situação por si só é absurda, mas somente risadas - poucas - amarelas são geradas pela seqüência.

Shawn Levy não tem jeito, deve continuar sua carreira no nicho das comédias "para a toda a família" e ganhará seu pão com isso. Que seja feliz. Mas Tina Fey e Steve Carell merecem projetos muito mais interessantes para demonstrarem na tela grande toda a sua competência que é visto na televisão toda a semana.