Wolverine: Imortal
(The Wolverine, 2013)
Ação/Aventura - 126 min.
Direção: James Mangold
Roteiro: Mark Bomback e Scott Frank
com: Hugh Jackman, Rila Fukushima, Tao Okamoto, Hiroyuki Sanada, Svetlana Khodchenkova, Will Yun Lee, Ken Yamamura, Hal Yamanouchi, Famke Janssen
Vamos esquecer que um dia X-Men Origens:
Wolverine viu a luz do dia. Vamos considerar que após o mediano (sendo gentil)
X-Men 3, Wolverine ganhe sua primeira aventura solo aqui. Por quê? Porque
diferente do péssimo Origens, esse é de fato um filme sobre Wolverine e não
mais um desfile de mutantes pela tela. Fora o Carcaju, pouquíssimos mutantes
cruzam a tela, podendo ser agrupados em uma mão sem grandes dificuldades
matemáticas. Isso faz do filme excelente? Não, mas faz da produção divertida e
redondinha e principalmente, focada em seu protagonista.
Os primeiros momentos do filme se passam
na Segunda Guerra Mundial, quando um Wolverine prisioneiro (e ainda sem adamantium) é salvo - na cabeça do salvador - morte certa após os americanos
lançarem uma das bombas atômicas em solo oriental. Yashida, o soldado que o salvou, se impressiona com o fato de na verdade Wolverine acabar o salvando, e por consequência revelar sua natureza mutante, quando o
impacto da explosão alcança o local onde ambos estão escondidos.
O filme então avança no tempo até - ao que
parece - alguns poucos anos depois da terceira aventura mutante. Logan é um ermitão
que vive escondido nas montanhas canadenses, absolutamente largado para a vida
e obcecado pela morte de Jean Grey, sendo "visitado" por ela durante
os sonhos. Quando um Wolverine barbudo e cabeludo se envolve numa confusão com
caçadores, toma conhecimento de que o japonês que tentou salvá-lo está à beira
da morte e deseja vê-lo antes de partir dessa para uma melhor (ou não).
Escoltado pela misteriosa Yukio é convencido a visitar Yoshida, agora um sujeito
podre de rico e que oferece ao nosso mutante nervosinho a chance de deixar de ter
seu fator de cura, o que o torna praticamente imortal (dai o título nacional,
entenderam?).
Claro que a coisa não é tão fácil assim e
uma vez no Japão, Logan se envolve com a neta do milionário, Mariko e acaba
perseguido pela máfia japonesa e por uma serie de ninjas estranhos, todos em
busca da garota protegida pelo nosso herói.
James Mangold dirige o filme que tem como
grande mérito ser sobre Wolverine e levar o personagem razoavelmente a sério,
como nos quadrinhos. Quem conhece minimamente o personagem sabe que ele é - de
longe - um dos mais complexos e "adultos" personagens da Marvel e em
seu filme solo anterior foi tratado muito mal. Ainda que não se aprofunde muito, o filme
pelo menos acerta no tom do que quer mostrar. Ajuda muito o fato da historia
acontecer no Japão, um país marcado pelos contrastes entre a última novidade e o apego a milenar tradição. Para um personagem como Wolverine, um sujeito velhíssimo
e que vive confuso em meio à contemporaneidade, não existe lugar melhor para
que se debata sua "imortalidade".
Meu conhecimento sobre as aventuras de
Logan no Japão é limitado mas, em uma rápida pesquisa dá pra notar que muita
coisa foi mudada em relação às hq's, especialmente em relação aos personagens
de Yukio(interpretada por Rila Fukushima) e de Harada (interpretado por Will Yun Lee), além da identidade do grande vilão da trama. Se os fãs
vão reclamar pelas mudanças não sei, mas o filme é bem construído em uma típica
(e boa) aventura de ação até quase o seu final, praticamente deixando de lado
as sequências de ação irreais (embora, seja impossível não dizer que, curiosamente,
a mais eficiente delas, envolva uma perseguição em um trem e seja - de longe -
a mais absurda). O filme só derrapa quando tenta resolver sua trama e parece
esquecer da simplicidade e do clima Musashi/Zatoichi/Lobo Solitário e apelar
para brigas megalomaníacas.
Hugh Jackman continua bem à vontade no
papel, embora nunca tenha precisado ir verdadeiramente fundo na psique
perturbado de Logan. As aparições - até excessivas - de Famke Janssen podem
incomodar em primeiro instante, pois parecem uma muleta narrativa bastante
pobre. Em vez de mostrar tensão, prefere-se colocar uma personagem que avisa
Wolverine (e o publico) do perigo próximo. Porém, com o decorrer da historia, fica
claro que sua função é maior e está relacionada à redenção de Logan. O elenco
de coadjuvantes é surpreendentemente bom, levando-se em conta que apenas Hiroyuki Sanada (de Twilight Samurai e Ultimo Samurai) tem experiência anterior. Tanto
Rila Fukushima, como Yukio e principalmente Tao Okamoto que vive Mariko funcionam muito bem e dão
credibilidade a trama. Okamoto por sinal, é responsável por comprarmos um romance
entre Wolverine e sua personagem de forma sutil e bastante delicada.
Por outro lado, apesar de Will Yun Lee/Harada estar
bem, seu personagem assim como a geneticista mutante Viper (Svetlana Khodchenkova) sofrem de mudanças súbitas
de opinião e lealdade, já que hora "jogam para os mocinhos" e hora para os
vilões, o que atrapalha ainda mais o problemático ato final.
Felizmente muito superior ao horrível
Origens, James Mangold quase cumpriu a risca o que prometera em uma serie de
entrevistas: que faria um filme pé no chão com cara de Western e filme de
samurai. Até quase o final, o filme realmente adotava essas características.
Pena que justamente nos derradeiros momentos, exista uma concessão desnecessária aos clichês.
Mas, felizmente nada que fala a aventura do Carcaju ser menos divertida. Que o
próximo filme do mutante acerte na mosca.
Obs: não saia da sala antes de ver a cena pós-créditos do filme. Além de nostálgica e muito bem realizada, aponta caminhos para a sequência da vida de Wolverine no cinema
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