quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Indicados ao Oscar - Parte 1

Foram divulgados os indicados ao mais famoso prêmio do cinema mundial. Por mais que possamos questionar o sentido de o considerarmos como uma seleção dos "melhores filmes e profissionais do ano", não podemos negar sua importância, seu glamour e sua vitalidade.

Todo ano é a mesma coisa: "que absurdo, fulano não ter sido indicado", "como podem ter esquecido daquele filme", "como assim, ignoraram aquele profissional". Não adianta, como em toda eleição - popular ou não - aqueles escolhidos serão sempre alvo para a polêmica e o desagrado de uma parcela das pessoas.

Porém, as cartas foram dadas, e os jogadores são esses. Quem vença aquele com a melhor mão (ou melhor blefe) ;)

Aviso, que este será um post longo, dividido em duas partes. Nessa primeira falarei sobre as categorias "principais", que envolvem atuação, direção e roteiro.Na seguinte, as demais categorias técnicas, animação e filme estrangeiro. 

Espero que gostem!

(Obs: não apresentarei meus favoritos do coração, já que não vi parte dos indicados. Mais perto do prêmio posto uma lista com esses nomes)

FILME

                       AMOR - Estreia em 18/01                      ARGO - Estreou em 09/11/2012

        INDOMÁVEL SONHADORA - Estreia em 22/02              DJANGO LIVRE - Estreia 18/01

OS MISERÁVEIS - Estreia em 01/02                 AS AVENTURAS DE PI - Estreou em 21/12/2012


        LINCOLN - Estreia em 25/01                        O LADO BOM DA VIDA - Estreia em 01/02

A HORA MAIS ESCURA - Estreia em 15/02

Comecemos pela categoria mais aguardada. Desde que a Academia instituiu um número máximo de dez indicados entre os melhores filmes, que a "nota de corte" ficou mais baixa. Ano passado por exemplo, tivemos o fraco Tão Perto, Tão Longe entre os nominados. Esse ano felizmente não sofreremos de algum filme abaixo da crítica. Todos os nove filmes, uns mais outros menos, fizeram boa carreira entre os colegas. Amor, de Michael Haneke, é um duro retrato do amor e da velhice. Argo, um intrigante thriller político sobre um dos momentos mais insólitos da história da CIA. Indomável Sonhadora uma história sensível sobre a relação entre um pai e uma filha em meio ao desolado mundo pós-enchentes em Nova Orleans. Django Livre é a releitura de Tarantino para o sub-gênero spaghetti western, e ainda toca em questões como racismo e escravidão. Os Miseráveis é a adaptação (fidelíssima) do famoso musical da Broadway. As Aventuras de Pi, a historia filosófica de sobrevivência de um garoto indiano em meio ao Oceano Pacífico. Lincoln, a biografia do mais famoso e popular presidente americano. O Lado Bom da Vida, versa sobre um jovem adulto em busca de um recomeço depois de meses em uma instituição mental e A Hora mais Escura conta os anos de busca para a captura de Osama Bin Laden.

TERMÓMETROS: O Producter's Guild Awards é o mais "garantido", tendo indicado 8 dos 9 filmes em sua premiação. As mudanças estão na inclusão de Amor, e na esnobada em Moonrise Kingdom e 007 - Operação Skyfall.

QUEM PODERIA ESTAR AÍ: O MESTRE, MOONRISE KINGDOM, KILLER JOE, HOLY MOTORS, 007 - OPERAÇÃO SKYFALL

QUEM DEVE LEVAR: Lincoln parece partir com certo favoritismo. Acredito que como segundas forças estarão Indomável Sonhadora e Aventuras de Pi. A não indicação para direção de Ben Affleck (por Argo) e Kathryn Bigelow (por A Hora mais Escura) apontam perda de força desses filmes. O mesmo vale para Django e Miseráveis. O Lado Bom da Vida conta com boas críticas (ainda não conferi) e o lobby sempre forte dos irmãos Weinstein, que conseguem sempre emplacar um de seus filmes na lista. Por fim, Amor que é a grande surpresa da lista, mas que deve levar outro prêmio.

ATOR
       BRADLEY COOPER - O Lado Bom da Vida                DANIEL DAY-LEWIS - Lincoln

       HUGH JACKMAN - Os Miseráveis                            JOAQUIN PHOENIX - O Mestre

DENZEL WASHINGTON - O Voo

Muita gente famosa para o grande público nessa categoria. Alguns que dispensam maiores apresentações, como são os casos de Hugh Jackman, Denzel Washington e Daniel Day-Lewis. Hugh Jackman, talentoso e muito versátil, recebe sua primeira indicação como o prisioneiro Jean Valjean do musical Os Miseráveis. Hugh - para quem não sabe - é bom de gogó, tendo estrelado musicais na Broadway, mas no cinema imortalizou-se como Wolverine na serie X-Men. Denzel Washington é um daqueles atores que nos consegue fazer crer em quase todos os papéis que se envolve. Esta é sua sexta indicação, sendo a quarta por melhor ator. Venceu uma vez na categoria como o inesquecível detetive Alonzo Harris, o corrupto policial de Dia de Treinamento. Suas outras indicações vieram para interpretações em Hurricane: O Furacão e Malcom X. Denzel ainda recebeu o prêmio de coadjuvante no longinquo ano de 1989, quando viveu o soldado Trip, falastrão e mal humorado em Tempo de Glória, dois anos depois de sua primeira indicação (também como coadjuvante) por O Grito de Liberdade. Seu personagem em O Voo, é o piloto de avião que salva uma aeronave em colisão, mas que tem sua vida devassada, descobrindo-se problemas com álcool e drogas no processo; Daniel Day-Lewis é o maior ator de sua geração. Em sua quinta indicação, ele parte rumo a sua terceira vitória, para fazer companhia aos seus carecas ganhos por Meu Pé Esquerdo em 1989 quando viveu Christie Brown, o artista plástico que movimentava seu pé esquerdo para pintar e por Sangue Negro em 2007, quando deu vida ao nefasto barão do petróleo Daniel Plainview. Day-Lewis ainda foi indicado outras duas vezes: Em 1993, por Em Nome do Pai e em 2002 por Gangues de Nova York. Sua indicação vem para sua interpretação do mítico Abraham Lincoln, o mais famoso e querido dos presidentes americanos. Joaquin Phoenix está ressurgindo das cinzas depois de seu bizarro ano documentado em I'm Still Here, uma gigantesca brincadeira sobre o mundo das celebridades, quando o ator passou um ano agindo como um completo maluco e documentando tudo. Está é a terceira indicação de Phoenix aos Oscars. Em 2000, foi lembrado como coadjuvante por seu desempenho cruel como o imperador Commudus em Gladiador. Cinco anos depois foi a vez de receber sua primeira indicação como ator, ao interpretar Johnny Cash em Johnny & June. A indicação chega para sua interpretação em um dos esnobados do Oscar esse ano, o novo filme do aclamando Paul Thomas Anderson, O Mestre. Nele, Joaquin vive um ex marinheiro cooptado para a cientologia. E por fim Bradley Cooper, o galã de sua geração, que consegue o reconhecimento da crítica, depois de uma serie de filmes amados pelo público, como a cine-série Se Beber Não Case. Em sua primeira indicação, vive um homem que tenta reencontrar seu lugar no mundo, depois de passar um período em uma instituição mental.

TERMÓMETROS: O Screen Actor's Guild (sindicato da categoria) sempre é termómetro. Esse ano o SAG cravou 4 dos cinco indicados. A ausência é a de John Hawkes, pelo drama As Sessões. No Oscar, Joaquin Phoenix foi o escolhido.

QUEM PODERIA ESTAR AÍ: DENIS LAVANT por HOLY MOTORS, JEAN-LOUIS TRITGNANT por AMOR, JOHN HAWKS por AS SESSÕES, OMAR SY por INTOCÁVEIS.

QUEM DEVE LEVAR: Tudo indica que Daniel Day-Lewis vai conseguir seu terceiro careca. A Academia adora transformações em seus atores e somado ao peso do personagem e de quem o dirige é uma vitória praticamente anunciada. Correndo (muito) por fora, Hugh Jackman e Joaquin Phoenix.

ATRIZ

      JESSICA CHASTAIN - A Hora mais Escura       JENNIFER LAWRENCE - O Lado Bom da Vida

        EMANUELLE RIVA - Amor                         QUVANZHANÉ WALLIS - Indomável Sonhadora

NAOMI WATTS - O Impossível

Uma categoria recheada de surpresas. Duas jovens estrelas em ascensão, a mais velha e a mais jovem indicada a categoria e uma estrela consolidada fecha a lista das mulheres do ano seguindo os votantes da Academia. Jessica Chastain chega a sua segunda indicação seguida em uma temporada em que também manteve-se em foco com Infratores e colhendo os louros de sua interpretação em Árvore da Vida. Curiosamente sua indicação anterior, veio por seu papel mais banal, no fraquinho Histórias Cruzadas. Jessica é uma estrela se consolidando a cada ano. Bonita, talentosa e com (aparentemente) bom olho para escolher papéis, ganha sua indicação interpretando uma analista da CIA obcecada por encontrar o terrorista Osama Bin Laden. A outra estrela em ascensão é magnífica (elogio exato para seu talento) Jennifer Lawrence, que também é a atriz de sua geração. Desde de sua aparição impecável no forte Inverno na Alma (que lhe rendeu uma indicação a essa mesma categoria, dois anos atrás) vem se mantendo entre blockbusters de qualidade e filmes menores. Se o grande público a conhece hoje como a Mística de X-Men: Primeira Classe e como Katniss da cine-serie Jogos Vorazes, a crítica reconheceu seu trabalho no pequeno O Lado Bom da Vida, onde vive uma viúva que se apaixona pelo personagem de Bradley Cooper. Emmanuelle Riva é a grande surpresa da lista, não por seu desempenho (impecável) mas, por sua idade e por estar em um filme absolutamente europeu. A atriz de 85 anos é a mais velha indicada a categoria. Riva é a mítica interprete do clássico Hiroshima Mon Amour, de 1959, dirigido por Alain Resnais e chega aqui a sua primeira indicação, vivendo a idosa que enxerga sua saúde e sanidade degringolar diante de seus olhos. De outro lado a muito jovem Quvanzhané Wallis (competindo com a também novata Gabourey Sidibe, como os nomes mais dificéis já indicados a um Oscar) é uma legítima força da natureza. Como sua contraparte mais velha, também tem sua primeira indicaçao, tornando-se a mais jovem indicada ao prêmio, com apenas nove anos de idade. Ela é a tal Indomável Sonhadora do título, a garotinha que tenta de tudo para manter-se ao lado do pai, uma figura destrutiva em meio a mais completa pobreza de uma comunidade encravada em Nova Orleans depois dos furações que devastaram a cidade anos atrás. Embora tão jovem, seu trabalho vinha sendo muito elogiado, e sua indicação não chega a ser uma enorme surpresa. Fechando a lista, Naomi Watts, elogiada como a mãe que luta para sobreviver diante da tragédia do Tsunami. Essa é a segunda indicação de Naomi ao prêmio, tendo sido nomeada em 2003, no denso e doloroso 21 Gramas. 

TERMÓMETRO: Novamente os SAG'S, que nessa categoria acertaram apenas três das cinco indicadas. A garotinha Wallis não pode ser votada pois é amadora e não faz parte do sindicato, enquanto Emanuelle Riva é a outra novidade. Nos SAG'S a veterna Helen Mirren, vivendo a esposa de Alfred Hitchcock, em Hitchcock e a bela Marion Cotillard pelo dramático Ferrugem e Osso estiveram em seus lugares.

QUEM PODERIA ESTAR AÍ: MARION COTILLARD por FERRUGEM E OSSO, RACHEL WEISZ por THE DEEP BLUE SEA

QUEM DEVE LEVAR: Diferente dos atores, em que temos um favorito assumido, nessa categoria é difícil imaginar um grande favoritismo. Talvez Jessica Chastain pelos últimos anos leve ligeira vantagem. Jennifer Lawrence viria logo atrás, pelo mesmo motivo. Porém não me surpreenderia se a Academia premiasse Naomi Watts, atriz de respeito e prestígio por um papel difícil e fisicamente complexo. Riva e Wallis são azaronas. Dificilmente, a senhora europeia levaria o prêmio e a garotinha Wallis tem contra o fator "o quanto isso é atuação e o quanto isso é ela mesma", que vitimou Gabourey Sidibe em sua indicação a mesma categoria, alguns anos atrás por Preciosa.

ATOR COADJUVANTE

                   ALAN ARKIN - Argo                                 ROBERT DE NIRO - O Lado Bom da Vida
      PHILIP SEYMOUR HOFFMAN - O Mestre               TOMMY LEE JONES - Lincoln

CHRISTOPH WALTZ - Django Livre

Que lista! Apostando em atores de meia ou terceira idade, a lista dos coadjuvantes é muito forte. Alan Arkin vivendo o produtor de cinema Lester Siegel em Argo chega a sua quarta indicação ao Oscar, a segunda na categoria, que já havia vencido em 2006, por Pequena Miss Sunshine. Suas outras indicações (como ator principal) foram por Os Russos estão Chegando! Os Russos estão Chegando! em 1966 e em Por que tem que ser Assim? em 1968. Depois de anos vivendo em filmes menores vem ressuscitando sua carreira nos últimos anos, tendo sido visto em produções das mais variadas, indo de comédias como Agente 86, dramas como o brasileiro O Que é isso Companheiro? e ficções científicas como Gattaca. O que dizer de Robert De Niro? Esta é sua sétima indicação, a segunda na categoria. Categoria essa responsável por seu primeiro careca, no hoje longínquo ano de 1974, quando venceu por Poderoso Chefão 2. DeNiro levou seu segundo Oscar como o boxeador Jake LaMotta no imortal Touro Indomável. Suas outras indicações (todas como ator principal) vieram por Taxi Driver de 1976, O Franco Atirador de 1978, Tempo de Despertar de 1990 e Cabo do Medo em 1991. Em O Lado Bom da Vida ele interpreta o pai do personagem de Bradley Cooper que abriga seu filho recém saído do hospital psiquiátrico. Philip Seymour Hoffman é outra lenda, extremamente versátil como indicam seus prêmios e indicações. Podendo ir de seu Oscar de melhor ator em 2005, vivendo o escritor Truman Capote em Capote, passando por um lado mais bem humorado em sua indicação nessa categoria de 2007 por Jogos do Poder ou no padre que é alvo de suspeita de uma rígida freira em sua indicação de 2008, Dúvida. Em O Mestre, ele vive o criador da Cientologia, que no filme não é chamada assim, mas de A Causa. Tommy Lee Jones é outro que vem reerguendo a carreira depois de anos em papéis de tipos óbvios. Ano passado esteve no singelo Um Divã para Dois e recebe sua indicação como Thaddeus Stevens, congressista republicano, importante na discussão da escravidão. Essa é sua quarta indicação, a terceira na mesma categoria que lhe rendeu um careca. Foi em 1992 por O Fugitivo, quando viveu o policial Samuel Gerard. Suas outras indicações vieram por JFK de 1991 e em 2007 (essa como ator principal) no drama No Vale das Sombras. E por fim, Christoph Waltz revelado ao mundo em uma assombrosa interpretação - vencedora do Oscar na categoria - do Coronel Hans Landa em Bastardos Inglórios. Em Django Livre ele vive o Dr. King Schultz, caçador de recompensas alemão no período do Velho Oeste americano. 

TERMÓMETROS: As usual, the SAG'S. Na categoria o sindicato acertou quatro dos cinco indicados. Christoph Waltz foi para os Oscar, enquanto os SAG'S preferiram Javier Bardem como o vilão de 007 - Operação Skyfall.

QUEM PODERIA ESTAR AÍ: LEONARDO DI CAPRIO por DJANGO LIVRE, FRANÇOIS CLUZET por INTOCÁVEIS, MATTHEW McCONAUGHEY por KILLER JOE, EZRA MILLER por VANTAGENS DE SER INVISÍVEL, JAVIER BARDEM por 007- OPERAÇÃO SKYFALL.

QUEM DEVE LEVAR: Se fosse cravar um favorito, seria Philip Seymour Hoffman, embora seu filme venha sofrendo resistência. Pode pesar também o lobby "cientólogo" o que poderia - quem sabe - minar sua vitória. Mas isso, é pura especulação. De Niro indicado depois de mais de vinte anos é uma constatação de que parece ter acertado em cheio. Arkin seria uma bem vinda surpresa, já que seu papel é divertidíssimo e a categoria gosta de pregar surpresas em quem aposta em bolões. Não vejo muita chance em Tommy Lee, embora a força de Lincoln possa ser um diferencial. E quanto a Waltz, enxergo seu Dr. Schultz como uma versão mais polida do Coronel Landa, e apesar de adorar o filme e seu personagem especificamente, não aposto em uma repetição do prêmio.

ATRIZ COADJUVANTE

 
              AMY ADAMS - O Mestre                                  SALLY FIELD - Lincoln

           ANNE HATHAWAY - Os Miseráveis                   HELEN HUNT - As Sessões

JACKIE WEAVER - O Lado Bom da Vida

Essa é uma categoria interessante, já que tem um comeback, duas consolidações, uma atriz que ousou em seu papel e uma veterana que parece descoberta pela Academia.
Amy Adams que o grande público lembra muito mais como a princesa engraçada de Encantada, ou como a divertida garota ingênua de Os Muppets, cava sua quarta indicação na mesma categoria. Em 2005, recebeu a indicação pelo pequeno Retratos de Família, três anos depois foi a vez de outra indicação como a freira inocente de Dúvida. Mais dois anos e recebe - em sua melhor interpretação - a terceira indicação por O Vencedor. Dessa vez a indicação vem como a mulher de Philip Seymouf Hoffman em O Mestre. Sally Field é o "comeback" da temporada. Em um ano em que ela viveu a nova versão da Tia May em Espetacular Homem-Aranha, a veterana atriz crava sua terceira indicação ao Oscar, a primeira como atriz coadjuvante. Nas outras duas vezes (Norma Rae de 1979 e Um Lugar no Coração de 1984) ela levou os prêmios. Será uma tendência? Em 2013, a indicação vem para sua interpretação da primeira dama Mary Todd Lincoln em Lincoln. Anne Hathaway, como Amy Adams, é de uma versatilidade enorme. Se o público a conheceu com a desajeitada princesa de Genóvia em O Diário de uma Princesa e se apaixonou por ela em O Diabo Veste Prada, Anne também mostra que é capaz de transitar por outros gêneros, como provou esse ano em sua interpretação de Selina Kyle em Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge e como Fantine no musical Os Miseráveis. Anne chega a sua segunda indicação, a primeira na categoria. Em 2008, foi indicada para o prêmio de melhor atriz no excelente drama O Casamento de Rachel. Helen Hunt recebe sua segunda indicação, a primeira na categoria, em um ousado papel - em que não teve pudores de aos 49 anos aparecer completamente nua como a terapeuta sexual que ajuda um homem deficiente a perder sua virgindade em As Sessões. A outra indicação de Hunt lhe rendeu o careca de atriz na bela comédia Melhor é Impossível de 1997. Por fim, Jackie Weaver, veterana atriz australiana que crava sua segunda indicação ao Oscar em poucos anos, vivendo a mãe do personagem de Bradley Cooper em O Lado Bom da Vida. Pelo pequeno filme independente Reino Animal de 2010, Jacki recebeu sua outra indicação, para a mesma categoria.

TERMÓMETROS: Vocês sabem... o SAG, que acertaram três das cinco indicadas. Ficaram de fora Nicole Kidman no polêmico Paperboy e a sempre ótima Maggie Smith pelo simpático Exótico Hotel Marigold. Em seus lugares Amy Adams e Jackie Weaver.

QUEM PODERIA ESTAR AÍ: MAGGIE SMITH por EXÓTICO HOTEL MARIGOLD, EMMA WATSON por VANTAGENS DE SER INVISÍVEL.

QUEM DEVE LEVAR: Anne Hathaway ou Sally Field, sendo curto e grosso. Ambas atrizes talentosas, em personagens de época, com interpretações poderosas (não vi, mas repito o que os colegas vem dizendo). Vai depender do anúncio dos SAG. Quem levar o prêmio, abre frente como favorita. Embora a categoria goste de surpresas e ai colocaria o nome de Helen Hunt pelo desprendimento. Não creio em Amy Adams ou Jacki Weaver, ambas ignoradas pelo sindicato. 

DIREÇÃO

             MICHAEL HANEKE - Amor                            BEN ZEITLIN - Indomável Sonhadora

                           ANG LEE - As Aventuras de Pi             STEVEN SPIELBERG - Lincoln

DAVID O. RUSSELL - O Lado Bom da Vida

De todas as listas de indicados, acho que está é a mais surpreendente. Algumas "zebraças", outras surpresas moderadas e a consolidação de dois nomes entre os favoritos da Academia. Comecemos pela surpresa de vermos Michael Haneke indicado ao prêmio. Longe de duvidar da competência do diretor austríaco, é surpreendente vê-lo na lista. No mesmo ano recebe duas indicações (a outra é pelo roteiro). Amor é uma pancada dolorosa na cabeça (como é de praxe na filmografia do diretor), um retrato duro e sem pudor do envelhecimento e do amor até os últimos dias da vida. Ben Zeitlin é a grande surpresa da lista. Assim como Haneke, em dose dupla, já que também levou a indicação pelo roteiro. Enquanto Haneke tem uma carreira sólida na Europa, realizando filmes duros e bastante pessimistas como Cachè, A Fita Branca, Professora de Piano e Violência Gratuita, Zeitlin é um estreante, vindo de curtas metragens e que acerta com um filme que mostra o lúdico dentro da desgraça humano. Um trabalho belíssimo e bastante visceral. Na turma dos consolidados, vale destacar o taiwanês Ang Lee, o diretor asiático mais bem sucedido no ocidente. Em sua quarta indicação, Lee segue em Aventuras de Pi a linha lúdica de Indomável Sonhadora, porém com um viés mais reflexivo e introspectivo, beirando o religioso em alguns momentos. Suas outras indicações vieram pelo fenômeno O Tigre e o Dragão (direção e filme) e por Segredo de Brockeback Mountain, o qual venceu na categoria em 2005. Steven Spielberg (que dispensa apresentações) chega a incrível marca de QUINZE indicações ao Oscar. Duas só esse ano, já que ele também é produtor de Lincoln. Como disse, ainda não vi Lincoln (verei em breve), mas colegas que assistiram o colocam como o melhor filme do diretor em anos. Suas outras indicações datam desde 1977, quando foi indicado por Contatos Imediatos, em 1981 foi a vez de receber indicação por Caçadores da Arca Perdida. Em 1983, duas indicações (filme e diretor) por ET, 1985 marcou mais uma indicação por melhor filme graças A Cor Púrpura. 1993, foi a vez de A Lista de Schindler, novamente com duas indicações (levou as duas), o mesmo valendo para 1998 (vez de O Resgate do Soldado Ryan, que o fez vencer na categoria de diretor) e 2005 (Munique). As últimas indicações vieram - apenas para melhor filme - por Cartas de Iwo Jima (dirigido por Clint Eastwood) e Cavalo de Guerra, ano passado. Por fim, um diretor que vem cavando seu espaço entre os nomes mais queridos pela Academia: David O. Russell, que chega a sua segunda indicação seguida. Em 2010, foi a vez do ótimo O Vencedor. Ele é um diretor em franca ascendência e os próximos anos vão nos dizer se estamos diante de um diretor competente de verdade.

TERMÓMETRO: Os SA.. ops, o Director's Guild, sindicato da categoria. Como disse, de todas as listas essa foi a mais "estranha". Favoritos por todo o ano, Ben Affleck (por Argo) e Kathryn Bigelow (A Hora mais Escura) tiveram suas escolhas no DGA ignoradas em favor de David O. Russell, Michael Haneke e Ben Zeitlin. O outro nome na lista do DGA, o irregular (pra não dizer fraco) Tom Hooper também não garantiu sua indicação aos carecas. Em resumo, dois diretores ganhadores de Oscar (Bigelow e Hooper) não tiveram a chance do bi. 

QUEM PODERIA ESTAR AÍ: QUENTIN TARANTINO por DJANGO LIVRE, KATHRYN BIGELOW por A HORA MAIS ESCURA, BEN AFFLECK por ARGO, WES ANDERSON por MOONRISE KINGDOM, PAUL THOMAS ANDERSON por O MESTRE, LEOS CARAX por HOLY MOTORS.

QUEM DEVE LEVAR: Depois da ignorada em Affleck e Bigelow, o caminho parece livre para Steven Spielberg levar seu terceiro careca na categoria (e que para mim indica que ele levará seu quarto por melhor filme). Correndo por fora, Ang Lee, o único citado que vem do sindicato. Haneke seria uma enorme surpresa, assim como David O. Russell. Zietlin foi lembrado, mas não tem chance.

ROTEIRO ORIGINAL

                        MICHAEL HANEKE - Amor                 QUENTIN TARANTINO - Django Livre

         JOHN GATINS - O Voo                         WES ANDERSON e ROMAN COPPOLA - Moonrise Kingdom

MARK BOAL - A Hora Mais Escura

Surpresas, oscarizados, grandes nomes, todos reunidos na categoria. Michael Haneke, como sempre assinando seus filmes, esse um dos mais difíceis e doloridos de sua carreira, chega com as já citadas duas indicações. Quentin Tarantino, tem sua chance de consolação aqui. Esta é sua quinta indicação, em 1994 foi indicado como melhor roteiro original e direção por Pulp Fiction (levando por roteiro). Em 2009, foi a vez de novamente duas indicações por Bastardos Inglórios, nas mesmas categorias, dessa vez sem vitória. Django é uma gigantesca homenagem aos westerns italianos e como eles é repleto de humor negro e piadas de gosto duvidoso. Porém, por se tratar de um texto de Tarantino, sempre se espera a metralhadora verborrágica de Quentin, e isso não falta por aqui. John Gatins recebe sua primeira indicação por O Voo e é a maior surpresa da categoria. Seus créditos são bem irregulares e incluem o divertido Gigantes de Aço e dois filmes de esporte razoáveis: Coach Carter e Hardball. Wes Anderson, como Tarantino tem a chance de seu prêmio de consolação da noite nessa categoria. Anderson chega a sua terceira indicação, a segunda na categoria. Em 2001, concorreu com Os Excêntricos Tenembauns. Em 2009, foi indicado a filme animado por Fantástico Sr. Raposo (que dirigiu e produziu). Ao lado de Anderson, Roman Coppola (irmão de Sofia e filho de Francis Ford) chega a sua primeira indicação. Ele é o co-roteirista dos dois últimos filmes de Anderson, Viagem a Darjeeling e o indicado Moonrise Kingdom, uma fábula deliciosa, com um toque surreal que é constante na filmografia de Anderson. Fechando a lista Mark Boal, repete a dobradinha com a diretora Kathryn Bigelow em A Hora mais Escura. Em 2009, levou dois carecas, pelo roteiro e como produtor do filme Guerra ao Terror. 

TERMÓMETRO: Eu deveria dizer o Writer's Guild, mas, muita gente não faz parte da entidade. Para se ter uma ideia, Tarantino filiou-se apenas esse ano e mesmo assim não foi lembrado. Da lista do Sindicato, estão presentes John Gatins por O Voo, Wes Anderson e Roman Coppola por Moonrise Kingdom e Mark Boal por A Hora mais Escura. Tarantino e Haneke entraram no lugar de Paul Thomas Anderson e seu O Mestre (que só teve indicações para os atores) e do inovador Rian Johnson e seu noir/sci-fi Looper.

QUEM PODERIA ESTAR AÍ: RIAN JOHNSON por LOOPER, OLIVIER NAKACHE e ERIC TOLEDANO por INTOCÁVEIS, LEOS CARAX por HOLY MOTORS.

QUEM DEVE LEVAR: Como vejo esse prêmio nos Oscares como "consolação" é a chance de Wes Anderson/Roman Coppola ou de Quentin Tarantino. Talvez Mark Boal, já que seu filme  é politizado e toca em um tema importante. Haneke já tem seu careca reservado e Gatins é um recém-chegado, não deve ter chance. Arrisco aqui em Mark Boal por A Hora mais Escura.

ROTEIRO ADAPTADO

       CHRIS TERRIO por Argo              LUCY ALIBAR e BENH ZEITLIN por Indomável Sonhadora

          DAVID MAGEE por As Aventuras de Pi                 TONY KUSHNER por Lincoln

DAVID O. RUSSELL por O Lado Bom da Vida

Nenhuma surpresa nessa categoria, que incluem roteiros previamente indicados a melhor filme também. Chris Terrio adaptou o artigo de Joshuah Bearman e conseguiu sua primeira indicação a Academia em seu primeiro roteiro completo, uma verdadeira conquista. Lucy Alibar e o diretor do filme Benh Zeitlin adaptaram para o cinema a peça da própria Lucy, intitulada "Juicy and Delicious" conquistando a primeira indicação para ambos (duas para Zeitlin, se contarmos a indicação para direção). David Magee chega a sua segunda indicação ao Oscar. Em As Aventuras de Pi ele adaptou o livro de Yann Martel que por sua vez é inspirado no livro Max e os Felinos do brasileiro Moacyr Scliar. A primeira indicação de Magee veio por Em Busca da Terra do Nunca em 2004. Tony Kushner também chega a segunda indicação adaptando parte do livro de Doris Kearns Goodwin, intitulado "Team of Rivals: The Political Genius of Abraham Lincoln". Sua outra indicação veio em Munique em 2005. E por fim o também indicado a direção David O. Russell adaptou o livro de Matthew Quick, também chamado "The Silver Linings Playbook". 

TERMÔMETRO: Novamente o Writer's Guild, que nomeou na categoria quatro dos cinco indicados. A ausência no Oscar - e que estava no WRG - é a de Stephen Chbosky que adaptou o próprio livro "Vantagens de ser Invisível". No Oscar, Lucy Alibar e Benh Zeitlin ocuparam seu lugar.

QUEM PODERIA ESTAR AÍ: STEPHEN CHBOSKY por VANTAGENS DE SER INVISÍVEL

QUEM DEVE LEVAR: Tony Kushner impulsionado pela força de Lincoln, favorito ao prêmio de melhor filme se destaca. David Magee por Pi e a dupla Alibar/Zeitlin correm por fora.  Chris Terrio pode surpreender, e levar como "consolação", mas não creio. David O. Russell, salvo uma campanha de marketing violenta daqui até o prêmio é figurante. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário