segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Os Sabores do Palácio

Os Sabores do Palácio
(Les Saveurs du Palais, 2012)
Comédia - 95 min.

Direção: Christian Vincent
Roteiro: Etienne Comar e Christian Vincent

com: Catherine Frot, Arthur Dupont, Jean D'Ormesson, Arly Jover

Depois dos filmes americanos é a cinematografia francesa a que mais chega ao brasileiro. Felizmente, a imagem - incentivada por alguns colegas com "o rei na barriga" - de que tudo feito na França é "difícil", "complicado" ou simplesmente pedante e chato vem diminuindo a cada ano. Da mesma forma como nos Estados Unidos não se faz apenas blockbusters e no Brasil filmes com temática de pobreza e afins, na França se faz de tudo, de comédias a filmes de ação e terror. Pensar dessa forma, é diminuir toda a rica diversidade cultural de um povo e ser preconceituoso.

Sabores do Palácio é mais um dos exemplos de histórias que nada tem de complexa e que se sabe lá porque acabam restritas a um nicho dos apreciadores do cinema francês, enquanto boa parte do grande público fica sem conhece-lo, mesmo que o filme seja apenas simpático e nada tenha de verdadeiramente especial. Mas, diante a pobreza da maioria das estréias de circuito, destaca-se pela simplicidade de sua trama. "Livremente baseado" na história da cozinheira do ex-presidente da França,  François Mitterand, a história apresenta Hortense, uma cozinheira que vive em uma fazenda e que de uma hora para outra vê sua vida mudar completamente ao ser chamada para ser a cozinheira privativa do mandatário francês.

Quando a produção começa, passaram-se dois anos da saída de Hortense da cozinha presidencial. Ela cozinha em uma base científica próxima a Antártica e por meio de flashbacks conhecemos sua rotina. O filme tem problemas ao nunca ir mais fundo na personalidade da protagonista ou mesmo não explicar seus anseios com a profissão. Mesmo as motivações para sua saída são frágeis e até um pouco banais, já que o filme talvez preocupado em não "dramatizar" demais, esquece-se de dar força aos problemas enfrentados pela personagem em seu dia a dia. A impressão que fica é que a personalidade difícil da chef, misturada a sua incapacidade de entender o lugar onde estava e as dificuldades financeiras enfrentadas a fizeram se irritar. Em suma, o diretor Christian Vincent faz-nos parecer que a protagonista de seu filme é mimada e fresca.



Porém, isso não tira o charme do filme que inteligentemente dá espaço a comida (aconselha-se a não assistir a produção de barriga vazia) com muitos pratos da cozinha francesa deliciosamente apresentados e saborosamente cozinhados. O que é interessante é que o conhecimento enciclopédico de Hortense sobre sua profissão garante momentos divertidos, com a dificuldade para todos ao seu redor, incluindo outros companheiros de cozinha, conhecerem os ingredientes e receitas propostas pela chef.

Outro elemento interessante e que dá simpatia e elegância a trama é a relação amistosa entre ela e um acanhado e envelhecido presidente francês, que garante bons diálogos. Porém, a presença de uma equipe de reportagem australiana na tal missão científica jamais se justifica. Sempre tentando saber mais sobre o período de Hortense na cozinha presidencial (e nunca conseguindo) pouco acrescenta a história, já que não é por meio dos relatos da cozinheira que o publico conhece a trama, mas por flashbacks simples sem adição de off ou outras características desse tipo de narrativa. Sabores do Palácio está bem longe da perfeição, mas é simples e divertido. Maiores explicações sobre a motivação ou mesmo profundidade dos personagens seriam bem vindas.

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