Sete Dias com Marilyn
(My Week with Marilyn, 2011)
Drama/Romance - 99 min.
Direção: Simon Curtis
Roteiro: Adrian Hodges
Com: Michelle Williams, Eddie Redmayne, Kenneth Branagh, Julia Ormond, Judi Dench
Marilyn Monroe é a
mulher mais linda que já foi fotografada na história do cinema. Que me perdoem
Elizabeth Taylor, Kate Winslet, Ava Gardner, Grace Kelly, Greta Garbo, Rachel
Welch, Angelina Jolie, Megan Fox, Rachel Weisz entre tantas outras na historia.
Sete Dias com
Marilyn é uma ode a beleza e a inexplicável capacidade da atriz americana em
enfeitiçar todos a seu redor, conseguindo resplandecer a cada take de cada um
de seus filmes, mesmo não sendo - na fria análise - uma grande atriz. Não é uma
biografia da atriz, embora possa ter sido compreendida pelo público como tal.
O filme gira em
torno de Colin (Eddie Redmayne) um jovem garoto rico que, segundo ele mesmo, não é especial
diante de sua família de super dotados e criaturas especiais. Ele é um
sonhador e se refugia dentro das salas de cinema, procurando ali um alento
para uma vida tediosa e comum. Decide então "juntar-se ao circo",
tentando a todo custo uma vaga na companhia do lendário Laurence Olivier,
interpretado aqui por Kenneth Branagh.
Uma vez que consegue
a vaga, começa a trabalhar justamente quando o mitológico Olivier acaba de
fechar um contrato para dirigir e estrelar O Príncipe Encantado, uma comédia
bobinha que funcionaria como veiculo para Laurence se firmar como estrela de
cinema contracenando com a mulher mais desejada - e rentável - do cinema
mundial, Marilyn Monroe.
Sete Dias é um
filme leve, apesar de esbarrar nas questões mais complexas que envolvem
Marilyn, como sua carência sem fim, sua dificuldade para aceitar-se como
estrela e sua profunda dependência dos outros. Michelle Williams se
esforça ao máximo para convencer de que é uma espécie de avatar da musa maior
do cinema, recriando com sucesso algumas características mais conhecidas da
atriz, como os sorrisos enviesados, as piscadelas sensuais e a voz ingênua que
eram fundamentais para a criação do ícone de Marilyn.
Porém, Michelle
não é fisicamente parecida com a biografada, que exalava sexualidade e talvez
esse seja um pequeno problema do filme. Ao observamos Michelle não conseguimos
perceber essa questão da sexualidade latente, talvez pela ideia do filme ser
desmistificar essa impressão. No entanto, Michelle por ser uma atriz de grande
capacidade faz de sua Marylin uma mulher sedutora e magnética, embora - que
fique claro de uma vez - não seja uma representação 100% realista da
personagem, mas a visão do ícone por um microscópio, no caso, a visão de Colin -
que é o narrador da historia.
Os coadjuvantes
estão todos muito bem e roubam à cena. Kenneth Branagh é excelente, treinado na
"escola shakespeariana" e possivelmente conhecedor de Laurence
Olivier, também não tenta mimetizar o personagem, mas retratar um homem
profundamente talentoso e competente que se vê encantado pela beleza e charme
de Marylin. Já Julia Ormond vive a esposa de Olivier, Vivan Leigh, a lendária
atriz de E O Vento Levou que aqui surge como uma mulher que percebe o flerte de seu marido e
se mantém "classuda" (como uma boa inglesa) embora esteja sempre
preocupada com sua imagem e principalmente com o envelhecimento.
E Dame Judi Dench,
mesmo com pouco tempo de tela é outra figura notória no filme. Fazendo de Sybil Thorndike,
uma mulher educada e profundamente inteligente que sabe guiar Marilyn mesmo quando
essa parece profundamente perdida e apavorada. Em uma cena - que exemplifica
facilmente essa qualidade de sua personagem - ao notar que a bela loira não
conseguia acertar suas falas, pede gentilmente a garota americana que ensaie
com ela, pois, sendo uma senhora idosa, não tinha mais tanta facilidade para
decorar seus diálogos. É claro que a ideia dela era na verdade ajudar Marylin,
mas para evitar mais uma complicação para a garota, sai com a explicação de que
ela na verdade a estaria ajudando.
Já o jovem Colin,
que é o protagonista do filme, acerta mais do que erra, embora não convença
como tão mais jovem que Marylin. Ele enxerga a atriz como uma musa embora alimente uma paixão - quase - platônica pela loira, o que amplifica a
ideia da Marylin do filme não ser exatamente a “verdadeira”, mas a visão de um
homem embasbacado.
O outro detalhe
interessante do filme é a discussão a respeito do Método, uma forma de atuar
que utiliza da memória emocional dos atores para criar as cenas as quais eram
submetidos, ou seja, para interpretar uma determinada personagem, o ator do
Método tem de "sentir" aquele personagem, entender completamente suas
intenções para - uma vez compreendido - viver aquele personagem.
Olivier - vindo do
teatro inglês - não conseguia compreender a necessidade de "entender"
personagem, de criar uma história pregressa até aquele exato momento da ação
entre outras características de atores do Método. Olivier acredita da simples
representação, no "fingimento" sem grande preocupação com a questão emocional.
Marilyn sendo uma
ferrenha seguidora do método tinha muitos problemas para entender seu
personagem no filme, e o roteiro de Adrian Hodges insere diversas reações furiosa de
Olivier quanto à dificuldade da atriz, sempre auxiliada por sua técnica de
interpretação, Paula (Zoe Wanamaker).
E, apesar de
visualmente bonito e com uma recriação das cenas e cenários do filme dentro do
filme ser excelente, o ritmo inconstante da produção dá a impressão de
faltarem diversas transições entre os pequenos momentos de clímax do filme.
Quando vemos Marilyn - por exemplo - discursar de forma emocional para Colin, o filme não nos deixa digerir aquela situação, nos empurrando mais uma
cena, sem a preocupação de ligá-las. No fundo, o filme parece uma grande
coleção de pequenos sketches unidos por um fio muito tênue. Soma-se a sensação
de muito barulho por nada proporcionada pelo filme, que tem alguns outros
coadjuvantes mal construídos (como o empresário de Marilyn - Toby Jones - e um de seus
"ex-amigos" - Dominic Cooper, além da figurinista que se apaixona por Colin - Emma Watson) e mal aproveitados,
dando a sensação de estarmos vendo uma homenagem honesta a Marilyn, mas incapaz
de penetrar mais fundo na personagem, apesar do esforço de Michelle Williams em
nos deixar ver por trás da máscara de sensualidade e sedução que sempre
caracterizou a atriz.
Sete Dias não é
uma biografia da atriz, mas a visão de mais um apaixonado sobre um ícone quase indecifrável
e que nos deixou muito antes de - talvez - conseguir ser compreendida.
Creio que não há nada a acrescentar ao seu texto, tão sólido que está. Uma excelente abordagem a respeito desse filme. Michelle Williams está soberba como Marilyn Monroe e soube bem como apresentá-la a nós belamente.
ResponderExcluirCorrigindo:
ResponderExcluirSobre Marilyn Monroe: isso me instiga, as pessoas serem amadas por outras como ela foi, e a beleza que ela tinha, e fama também, entre outros, isso não foi o suficiente para lhe trazer a felicidade.Parece que sempre lhe teve o VAZIO.
E parabéns pelo texto é ótimo, nos faz querer ler ainda mais. E realmente, Marilyn foi uma linda mulher.