sábado, 8 de dezembro de 2012

A Escolha Perfeita


A Escolha Perfeita

(Pitch Perfect, 2012)
Comédia - 112 min.

Direção: Jason Moore
Roteiro: Kay Cannon

com: Anna Kendrick, Brittany Snow, Skylar Astin, Ben Platt, Anna Camp, Rebel Wilson

Você gosta de Glee? Se sua resposta for sim, a chance de gostar de Escolha Perfeita será enorme. Você não gosta de Glee? Então, a chance de não ver nada demais na produção é igualmente generosa. Sei que dificilmente uma crítica "séria" deve se propor a servir como guia de consumo (sim, amigos, eu fiz cursos a respeito), mas nesse caso específico, acho que combina perfeitamente esse tipo de introdução questionadora em relação ao público.

Por quê?

Porque, Escolha Perfeita é basicamente uma versão universitária de Glee, no tocante ao seu plot básico (um pessoal que não se encaixa no padrão se reúne para cantar). Porém, não tem muito a ver na forma de lidar com o humor e principalmente nos conflitos dos personagens. Se em Glee, existe até certa sutileza, aqui os personagens são abertamente estereotipados. No grupo das cantoras "a capella" principal, temos a loira neurótica e desesperada, a segunda em comando com bom coração, a gordinha boca suja, a negra que parece ser lésbica porque se veste como um garoto, a oriental que fala muito baixo, a latina gostosa e Anna Kendrick, que é a única que até tenta fugir - a principio - do estereotipo, nos fazendo crer que sua personagem (nos apresentada como uma DJ) será uma peça fora de lugar, uma outsider dentro de um grupo de outsiders. Mas não é o caso, rapidamente, Beca transforma-se em uma espécie de líder e também uma cantora de talento.


Os vilões do filme são o grupo masculino da mesma universidade. Guiados por um estereotipo de vilão, rude, grosseiro e estúpido é a casa onde o affair da personagem de Kendrick encontra seu lar. Também visto a principio como alguém diferente naquele meio de estereótipos, que inclui o negro rapper alternativo e um companheiro de quarto nerd e mágico, também é outro que logo se rende as competições estudantis de cantoria.

Como está na moda, o humor "de banheiro" da às caras por aqui, com algumas cenas de pura grosseria, enquanto os melhores momentos cômicos (não muitos, é verdade) acontecem quando a personagem Lilly (a tal oriental calada) tenta se comunicar com suas companheiras.

As canções - quase todas dos anos 2000 o que talvez ajude a uma identificação do público - estão bem interpretadas, todas corretas, mas sem nenhum momento espetacular. Todo mundo ali canta bem, mas falta um grande destaque individual.


Uma coisa curiosa são as referências a John Hughes e ao Clube dos Cinco, feitas por Jesse (o galã vivido pelo ator da Broadway Skylar Astin) que deseja ser um compositor de trilhas sonoras. Além de demonstrar ser um rapaz que fica apenas na superfície da superfície no que tange boas trilhas (posso ter pegado pesado aqui, mas foi minha impressão), as referências ao Clube dos Cinco não podem passar em branco. John Hughes era o mestre de transformar o estereótipo em "realismo". O filme referido é o ápice nessa questão, quando ele faz cinco tipos se transformarem em cinco pessoas durante a produção. A Escolha Perfeita faz exatamente o oposto, transformando as premissas críveis de Kendrick e Skylar em mais um estereotipo banal.

Mesmo assim, o filme não é desagradável. Têm bom ritmo, canções bem interpretadas e até passa rápido (mesmo sendo exageradamente longo para sua proposta). Uma pena que o roteiro é tão esquemático e os personagens tão finos quanto uma folha de papel.



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