quinta-feira, 21 de março de 2013

Os Croods


Os Croods
(The Croods, 2013)
Aventura/Comedia - 98 min.

Direção: Chris Sanders e Kirk DeMicco
Roteiro: Chris Sanders e Kirk DeMicco

com as vozes de: Emma Stone, Nicolas Cage, Ryan Reynolds, Catherine Keener, Cloris Leachman

Em pleno século 21, ainda tem gente que tem medo/ódio do que se apresenta como "diferente". Parece que continuamos na idade da pedra quando a "fuga" do sol durante a noite era encarada como um prenúncio do pior. É só abrir a janela e perceber como vivemos um momento ignorante de nossa historia. Por isso vem a calhar - principalmente ao ser destinado as crianças majoritariamente - que uma produção como Os Croods chegue ao cinema.

No cerne da trama, não temer o diferente e o novo. Os Croods são uma "tipica família" neandertal que vive numa caverna escura e enfrentam a morte todos os dias apenas para conseguir o café da manhã. Sua rotina diária é essa e não existe perspectiva de mudança, já que tudo que é novo ou diferente é logo vetado pelo pai da família, o intransigente Grug. A protagonista Eep é uma garota que como toda adolescente adora desafiar os conceitos de seus pais em busca de suas próprias verdades. Ela está cansada de apenas sobreviver por mais um dia e é curioso o bastante para ansiar ter mais do que isso.

Entra em cena Guy, que é um rapaz a frente de seu tempo. Criativo, original, dominando os segredos do fogo e de outras tecnologias, ele surge para revolucionar o mundo dos Croods, que sofrem com as mudanças climáticas que destroem seu refúgio (caverna). Sem casa, eles precisam vagar pelo mundo em busca de um novo lugar.


No fundo, é um road movie com essa família atravessando os belos cenários criados pela equipe da Dreamworks que criam uma realidade cheia de cores e criaturas divertidas. No meio disso, o filme retoma o tema da dificuldade de convivência entre pais e filhos assim como Sanders (um dos diretores do filme) havia estabelecido em Como Treinar seu Dragão. Como na produção viking, Eep e seu pai não conseguem se entender e é sobre essa base que a trama caminha. Os personagens - apesar de cartunescos - são bem realizados e de personalidade bastante diferente. Se a garota é pro - ativa e curiosa, seu irmão é preguiçoso e pouco inteligente. Sua irmãzinha é quase um bichinho de estimação da família, sendo voraz e agressiva. Quem rouba a cena é sua avó que está em todos os momentos engraçados da produção, com o excesso de piadas sobre a velha máxima de que a sogra não se dá bem com o genro.

Dentro dessa historia de não temer o novo ainda existe espaço pra boa ação com especial destaque para a fantástica sequência de abertura com um tema divertido criado por Alan Silvestri. Em poucos minutos o público consegue compreender a difícil rotina da família Crood para conseguir sobreviver e ainda ganha uma excelente apresentação dos personagens, muito bem realizada e divertida. Outra característica interessante é o fato de que a protagonista ser - digamos - o "sexo forte" na relação , sendo agressiva fisicamente e não tendo medo de usar da força para ameaçar seu par.

Sendo um irmão pré-histórico de Como Treinar seu Dragão com mais humor, ele foge da característica da Dreamworks em fazer mil referencias a cultura pop, deixando-as (sim, elas existem ainda) muito sutis e integradas a história que está sendo contada. Os diálogos são muito bons, misturando um humor quase cáustico com a mensagem a ser passada (já citada aqui de não temer o novo) e que dão ritmo ao filme.


Embora destinada ao público mais jovem, Os Croods acerta ao tratar de um tema importante e que ressoa a todas as idades. Além disso, relações entre pais e filhos resistem a todas as encarnações possíveis. O filme prova o quanto a Dreamworks acertou em trazer Chris Sanders a sua equipe. Tendo produzido os dois melhores filmes do estúdio até aqui é uma prova que a fórmula "bichos coloridos + citações modernosas" não funciona mais e merece ser revista.

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