sexta-feira, 15 de outubro de 2010


Assim que me mudei para meu atual endereço conheci um camarada, numa dessas associações esportivas de bairro, que jogava basquete – esporte do qual sempre fui um grande admirador – com uma galera que mais parecia aquele desenho dos Globe-Trotters que passava na Rede Manchete nos anos 80 (aquele que os jogadores viravam o homem-macarrão, o homem-mola etc... Lembram?). E ele sempre me dizia em nossos bate-papos que “ter como vizinha uma mulher bonita demais sempre é um problema porque a imagem daquela beleza fica entranhada dentro da sua mente pro resto da sua vida, não importa pra onde você se mude”. Anos depois tive uma vizinha exatamente desse jeito, de nome Jéssica, e até hoje me lembro dela, de seus microshorts, de seu sorriso sedutor, de suas pernas torneadas, de uma maneira que só fui me lembrar posteriormente quando vi pela primeira vez a atriz italiana Monica Bellucci. A bela ragazza parece isso: aquela vizinha proibida que você fica olhando furtivamente, sem deixar ela perceber (vai que ela é casada!). O problema é quando simplesmente não se consegue mais parar de olhar pra ela.



Bellucci no polêmio em genial "Irreversível"

Belluci, na década de 80, era uma estudante de direito da Universidade de Perúgia. Enfim: uma mulher bonita – certamente já deveria ser quando adolescente – que queria enfrentar o crime ou, ao menos, ajudar os menos favorecidos. Muito motivada, obviamente, pelo universo mórbido que abrangia sua escolha, abandona tudo para ingressar numa carreira de modelo, aonde chegou a fazer parte do catálogo da Elite Models, uma das mais prestigiadas do mercado, e trabalhou com estilistas de renome mundial como Dolce & Gabbana, além de posar para capas de revistas conceituadas como Elle e GQ bem como na polêmica foto que fez grávida e nua para a revista Vanity Fair, que escandalizou o Vaticano, que disse tratar-se de uma blasfêmia. Contudo, havia algo maior a ser conquistado. E esse algo se chamava Hollywood.

A "polêmica" capa que escandalizou o Vaticano
Dividindo a tela com Gene Hackman no suspense "Sob Suspeita"
A atriz começou até bem na fita, fazendo uma ponta como uma das amantes do conde da Transilvânia (vivido por Gary Oldman) no clássico de terror Drácula, dirigido pelo mestre Francis Ford Coppola, em 1992. Porém, o sucesso, muito por conta de sua beleza esfuziante, só começaria a despontar verdadeiramente oito anos depois quando interpretou Malèna, protagonista do filme homônimo de Giuseppe Tornatore. E desde já confesso que aqui foi o momento crucial em que me encantei por aqueles olhos penetrantes, muito similares aos da “cigana oblíqua e dissimulada” Capitu, de Machado de Assis. No mesmo ano, faz um papel de pouca expressão no drama Sob Suspeita, de Stephen Hopkins, em que contracenava ao lado de duas lendas do cinema: Gene Hackman e Morgan Freeman.
Em cena, como a sensual Malena
Nos três anos seguintes, já consagrada entre as mulheres mais bonitas do cinema atual, atua em duas produções francesas – o extraordinário Pacto dos Lobos, de Christophe Gans e o polêmico Irreversível, de Gaspar Noe, que chocou a plateia do Festival de Cannes por conta da forte cena de estupro envolvendo a personagem da atriz – e como a médica que faz de tudo para salvar seus pacientes em Lágrimas do Sol, do diretor Antoine Fuqua. Até a chegada do visionário projeto Matrix, dividido em três partes, da dupla Andy e Larry Wachowsky, no qual interpreta a personagem Perséfone.

Com Bruce Willis, no filme de guerra "Lágrimas do Sol"
"Sexy as hell" como Perséfone na série Matrix

Em "Pacto dos Lobos"
 Após a revolução matrixiana que invadiu os cinemas, mais um papel polêmico: na pele de Maria Madalena da controversa produção A Paixão de Cristo, de Mel Gibson (e aqui uma curiosidade: no mesmo ano a atriz foi eleita, pela revista Maxim’s, aos 40 anos de idade, a melhor mais bonita do mundo). De 2005 em diante sua imagem vem perdendo o fôlego por conta de suas participações em projetos medianos ou totalmente equivocados, como é o caso de Os Irmãos Grimm, projeto de Terry Gilliam, em que conta a história dos célebres criadores de contos de fadas, na pele da prostituta Donna Quintano em Mandando Bala, de Michael Davis, uma comédia de ação das mais surreais dos últimos anos e em A Vida Íntima de Pippa Lee, da cineasta Rebecca Miller, esposa do astro Daniel Day-Lewis (um projeto que poderia - se melhor executado - ter rendido grandes resultados à equipe).

Maria Madalena nunca foi tão sexy..

...nem a bruxa malvada dos contos dos Irmãos Grimm


Em cena na comédia "Vida Íntima de Pippa Lee"
Minha última experiência com um filme em que trabalhou ela praticamente quase não atua: trata-se de Aprendiz de Feiticeiro, de Jon Turteltab, cujo único mérito – pelo menos para a crítica, que o detestou – é mostrar que seu protagonista, Nicolas Cage, está numa rota de colisão com o fracasso e precisa abrir os olhos com os projetos nos quais se envolve. Se o futuro promete a bela Monica ares mais auspiciosos, só o tempo dirá. Eu, confesso, acho difícil levando-se em consideração que esse mundo cinematográfico sempre dá prazo de validade (leia-se: idade) às pessoas. E no caso de Bellucci, pesa um agravante: não se trata de uma esplêndida atriz essa moça, mas dificilmente os fãs conseguirão negar que estão diante de uma das mulheres mais bonitas do planeta. Aquele que discordar, que profira a primeira crítica.





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