Nowhere Boy
(Nowhere Boy, 2009)Drama - 98 min.
Direção: Sam Taylor-Wood
Roteiro: Matt Greenhalgh
Com: Aaron Johnson, Kristin Scott-Thomas, Anne-Marie Duff
Essa cine-biografia de John Lennon não tem a pretensão de ser o retrato final da vida e obra de um dos grandes artistas da história da música mundial. A diretora Sam Taylor-Wood faz por John Lennon o mesmo que Walter Salles fez (em proporções muito menores, é claro) por Che Guevara em Diários de Motocicleta. Em Nowhere Boy o espectador acompanha os "anos perdidos" do ex-Beatle, antes (muito antes) da fama, quando o garoto ainda não conhecia Paul, George e Ringo e nem mesmo pensava em cantar.
Quando o filme começa Lennon é um legítimo Nowhere Boy (na tradução livre: um garoto sem rumo), desordeiro, sem propósitos na vida além da curtição.
John, nesse período, vivia com seu tio George e sua tia Mimi, que cuidaram de John depois que sua mãe o "abandonou". Tudo muda quando George falece e durante o velório, John revê sua mãe, com quem tem uma relação inexistente. Um de seus primos descobre onde ela mora, e a relação entre mãe e filho (estranhíssima) é mostrada pelo filme como estopim para o interesse do garoto pela música e pela suposta liberdade que ela proporciona.
No entanto, o filme não é suficientemente interessante para sair do barril dos filmes medianos ou medíocres. A relação de John e sua mãe, apesar de boas atuações de Aaron Johnson (de Kick Ass) e Anne-Marie Duff (The Last Station), é esquemática e melodramática, assim como a relação do garoto com sua tia Mimi (Kristin Scott-Thomas).
Você já viu esse filme antes e até o final a previsibilidade toma conta da produção. É aquele tipo de filme que tenta de todas as formas emocionar o espectador, apelando para convenções óbvias como: o garoto enjeitado, a mãe com problemas, o padrasto que não aceita a reaproximação entre mãe e filho, a tia enciumada, a "revolta" adolescente entre outros.
Além disso, e apesar de se esforçar, Anne-Marie Duff não convence como mãe do garoto. Mesmo que a relação dos dois seja "estranha", a atriz não apresenta elementos em sua interpretação que ajudem ao espectador a entendê-la. Uma personagem "proto-junkie" patética que a cada frame indica seu fim, que por sinal é apelativo e piegas.
Por outro lado, Kristin Scott-Thomas - uma atriz de belos trabalhos - mantém a dignidade britânica de sua personagem mesmo quando exigida de maneira mais visceral. Peca na seqüência em que cai no choro, não tanto por sua culpa - e de sua interpretação - mas porque o filme telegrafa esse momento desde o início da seqüência. Uma pena.
E Aaron Johnson, tendo sem dúvida o trabalho mais difícil, sai-se razoavelmente bem. Tenta com sucesso em alguns momentos, imitar o quase incompreensível sotaque de Lennon, e apesar de não ser parecido com o cantor, tem uma boa performance. É sabotado pelo roteiro (Matt Greenhalgh) que não consegue manter o espectador verdadeiramente interessado naquela óbvia narrativa.
Para os neófitos, temos sim os Beatles. Na verdade, Paul (vivido por Thomas Sangster, o garoto de Simplesmente Amor e Nanny McPhee) e George (Sam Bell), numa banda que viria a ser o embrião dos "besouros". Não comprometem e a relação de Ying e Yang entre Paul e John já está presente, com constantes discussões entre os dois.
A fotografia (Seamus McGarvey) segue o marasmo do filme, e aposta no sépia para as cenas internas e nos filtros para quase impedir que o filme tenha contraste. Tudo é muito clean, muito "casinha de boneca", o que deve ser a idéia da diretora de viver no subúrbio inglês no fim dos anos cinquenta.
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