segunda-feira, 25 de julho de 2011

Aterrorizada
(The Ward, 2011)
Suspense/Thriller - 88 min.

Direção: John Carpenter
Roteiro: Michael Rasmussen e Shawn Rasmussen

Com: Amber Heard, Mamie Gummer, Daniele Panabaker, Lyndsy Fonseca e Jared Harris



Chegando apenas em home vídeo no Brasil, The Ward marca o retorno do mestre (esse merece o título com honras) John Carpenter ao cinema. Listar suas obras mais importantes é como passear por um museu das grandes realizações do cinema de terror e suspense do século XX. A exceção de suas duas últimas produções: Vampiros e Fantasmas de Marte, quase todos os filmes do "carpinteiro" são obras inteligentes, marcantes e dotadas de personagens e situações que permanecem na retina do espectador.


The Ward fala de uma garota (Kirsten) que quando o filme começa está queimando uma velha casa de madeira incrustada no meio do nada, em uma típica paisagem do interior norte-americano. Ela é presa e enviada a um sanatório onde é mantida em uma espécie de tratamento (que nunca é explicado especificamente) junto a quatro outras meninas, igualmente presas e que também não sabem os motivos de estarem por lá. Aos poucos Kirsten conhece as garotas e descobre que a antiga moradora de seu quarto morreu de forma misteriosa.


Carpenter mistura Ilha do Medo (manicômio/mistério/personagens confusos perdidos) com Sucker Punch (garotas bonitas enfrentando um mal maior) e ainda recheia o filme com um serial killer que pode ser mais do que aparenta. O diretor ainda consegue criar tensão e desenvolver uma história que mantém o espectador ligado em seus movimentos, por mais óbvio que pareça o filme. E sim, o filme não esconde com grande capacidade suas intenções, e se o espectador for um pouco perspicaz mata a charada do mistério por trás do filme.



O filme apresenta quatro belas atrizes, mas que interpretam estereótipos em produções do gênero. Além da protagonista Kirsten (Amber Heard de Fúria sobre Rodas) que é forte, segura e decidida a descobrir os mistérios do lugar onde se encontra presa, fazem parte do elenco: Mammie Gummer como a hiperativa e "moleca" Emily, Danielle Panabaker (da série Shark e de A Epidemia) como a desinibida e sexy Sarah, Laura-Leigh como a infantilizada Zoey e Lyndsy Fonseca (Kick Ass) como a inteligente e talentosa Iris.


Não se sabe os motivos daquela instituição estar lá, e o roteiro mergulha os personagens e o espectador em uma espiral de mistérios que ao final fazem sentido, em especial na forma com que Carpenter apresenta sua história. Pouca coisa é realmente "mostrada", já que nossa perspectiva é a mesma da de Kirsten e nossa visão de mundo é a dela. Tudo é muito subjetivo e isso ajuda a manter o filme em constante estado de tensão.


Tecnicamente, o "carpinteiro" continua a criar como poucas seqüências de suspense utilizando-se de som, montagem e da atmosfera construída pelos personagens. Notem como a partir de um clichê primário do cinema de horror (a noite chuvosa e os relâmpagos) Carpenter cria a atmosfera que será perceptível por todo o longa. Sempre que o filme apresenta os relâmpagos, sabemos instintivamente (por já termos visto isso em diversos outros filmes) que algo de ruim vai acontecer aos personagens. Mesmo assim, o diretor consegue programar suas seqüências e encontrar os sustos necessários e a tensão esperada.



Evidentemente que um filme apoiado em clichês do gênero, tem dificuldade para se sobressair frente aos outros exemplares da categoria. Além de apelar para um serial killer com aspecto semelhante a uma dezena de outros filmes, o mesmo ainda é retratado com qualidade duvidosa, devido à maquiagem datada e em certos momentos mal realizada. Em compensação, os efeitos práticos - realizados com pouco dinheiro como fica claro em alguns momentos do filme - são funcionais.


Ainda não foi dessa vez que Carpenter conseguiu alcançar a excelência de seus lançamentos do passado, mas The Ward é o primeiro passo para seu retorno aos bons tempos, quando o diretor nos apresentou Michael Myers e Snake Plissen, o enigma do outro mundo, o carro assassino...

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