Madagascar 3: Os Procurados
(Madagascar 3: Europe's Most Wanted, 2012)
Comédia/Aventura - 85 min.
Direção: Eric Darnell, Tom McGrath e Conrad Vernon
Roteiro: Eric Darnell e Noah Baumbach
Com as vozes de: Ben Stiller, Chris Rock, David Schwimmer, Jada Pinkett Smith, Bryan Cranston, Martin Short, Sacha Baron Cohen, Cedric the Entertainer, Jessica Chastain, Frances McDormand
E chegamos a mais
um Madagascar, a serie que coloca os animais em lugar dos humanos para que nós
nos identifiquemos com eles e rirmos das piadas que, no fundo, são dirigidas a
nós. A antropoformização é um trunfo da animação quando quer de forma
"inteligente" criticar um comportamento humano. Ela é usada desde
sempre, e na última década ninguém fez com maior sucesso do que a Dreamworks em
Madagascar.
Nesse terceiro
capítulo - que tem cara de ser o último, mas não duvide se pintar uma quarta
parte por aí - depois de um período de tempo indefinido, continuam na África
longe de casa, Alex, Mellmann, Gloria e Marty. Os pinguins (que hoje são mais famosos que os personagens dos longas,
graças à bem sucedida serie animada) partiram no final do segundo filme, junto
aos macacos deixando os demais presos em um continente “estranho", embora não
se faça nenhuma menção - mesmo - aos eventos do segundo filme.
Alex, cada vez
mais infeliz por estar fora de Nova York decide seguir os pinguins, que se
descobre (honestamente não me recordo se isso aparecia no segundo filme) estão em Mônaco. Como ? Primeiro problema do filme, já que não se mostra exatamente como os animais fazem para
chegar até lá, eles simplesmente surgem com snorkels na baia do principado, o
que sugere que eles foram nadando (pois é).
Depois de se
envolver em uma confusa tentativa de se aproximar dos pinguins, os animais
acabam perseguidos por uma obcecada e caricata policial monegasca (embora se
vista como uma versão do inspetor Clouset da Pantera Cor de Rosa, que por sua vez é francês) e depois de algumas cenas de ação e
perseguição bem realizadas, se deparam com a salvação no circo que está de
saída da cidade. Por lá, conhecem os novos personagens que farão à alegria (ou
não) da criançada: o tigre russo Vitaly, a jaguar Gia e o leão marinho Stefano.
Vitaly funciona como o anti-herói e é assombrado por um trauma enquanto Gia é a
garota inocente da vez e interesse romântico do leão Alex e Stefano, o alívio cômico mais claro.
Apesar da historia
manjada, o que faz esse terceiro Madagascar divertido são seus excessos que são
claramente incentivados pela produção. Se vamos criar um circo, porque não
transformá-lo em uma coisa exageradamente colorida, como se os artistas
misturassem os néons de Tron, a mobilidade dos espetáculos do Cirque du Soleil
e as cores da parada gay mais exagerada do mundo. Chove glitter, personagens
mergulhando no arco-íris, os néons gritam na sua cara e Katy Perry canta
Firework. É a Dreamworks saindo do armário, fazendo de Madagascar 3 um filme
sobre a diversidade também, por que não.
O cuidado visual
da trilogia atinge o ápice, em especial na quantidade de animais apresentada e nas
apresentações circenses que são realmente impactantes. O design dos personagens continua sempre em evolução, como exemplifica o leão marinho Stefano. O personagem - que é uma antropoformização
do estereotipo do italiano de Hollywood - é bastante expressivo e genuinamente
engraçado. A versão original é feita por Martin Short, mas na cabine de
imprensa que compareci tivemos acesso apenas à versão dublada. Quem dubla, e
muito bem, é o ator Marcos Frota que rouba a cena, numa interpretação muito
engraçada para o personagem.
Mas é uma pena,
que o visual muito caprichado do filme se perca diante de mais uma historia
obvia, absolutamente previsível e com um vilão chatíssimo. A policial Chantel DuBois é
mais do que rasa, beirando o inacreditável. Entendo que a ideia era realmente
apresentá-la como sendo uma criatura sem nenhuma emoção, mas a motivação de
suas tentativas incessantes para capturar os animais nunca fica clara (ela quer caçar os animais e ponto, colocar a cabeça do leão em sua parede, no melhor estilo vilão de quadrinhos ruim).
Os eventos vão se
sobrepondo, ignorando fatores como realidade geográfica e apresenta uma irritante e constante mudança
de ideia dos personagens quanto aos seus companheiros ou
mesmo aos eventos que presenciam, com enorme facilidade. Não é por que o filme
se destina aos menores, que devemos ignorar a inteligência deles, o que parece
ser a intenção do filme.
Madagascar 3 é
mais um episodio de mais uma franquia de animação que a tempos precisa se
reciclar (ou ser encerrada). Faltam boas ideias, e o filme apesar de
visualmente muito bonito carece de novidades, deixando no público a sensação de
estar vendo a mesma historia sendo recontada. Mas afinal, o público se importa
com isso?
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