sexta-feira, 8 de junho de 2012

Madagascar 3: Os Procurados


Madagascar 3: Os Procurados
(Madagascar 3: Europe's Most Wanted, 2012)
Comédia/Aventura - 85 min.

Direção: Eric Darnell, Tom McGrath e Conrad Vernon
Roteiro: Eric Darnell e Noah Baumbach

Com as vozes de: Ben Stiller, Chris Rock, David Schwimmer, Jada Pinkett Smith, Bryan Cranston, Martin Short, Sacha Baron Cohen, Cedric the Entertainer, Jessica Chastain, Frances McDormand

E chegamos a mais um Madagascar, a serie que coloca os animais em lugar dos humanos para que nós nos identifiquemos com eles e rirmos das piadas que, no fundo, são dirigidas a nós. A antropoformização é um trunfo da animação quando quer de forma "inteligente" criticar um comportamento humano. Ela é usada desde sempre, e na última década ninguém fez com maior sucesso do que a Dreamworks em Madagascar.

Nesse terceiro capítulo - que tem cara de ser o último, mas não duvide se pintar uma quarta parte por aí - depois de um período de tempo indefinido, continuam na África longe de casa, Alex, Mellmann, Gloria e Marty. Os pinguins (que hoje são mais famosos que os personagens dos longas, graças à bem sucedida serie animada) partiram no final do segundo filme, junto aos macacos deixando os demais presos em um continente “estranho", embora não se faça nenhuma menção - mesmo - aos eventos do segundo filme.

Alex, cada vez mais infeliz por estar fora de Nova York decide seguir os pinguins, que se descobre (honestamente não me recordo se isso aparecia no segundo filme) estão em Mônaco. Como? Primeiro problema do filme, já que não se mostra exatamente como os animais fazem para chegar até lá, eles simplesmente surgem com snorkels na baia do principado, o que sugere que eles foram nadando (pois é).


Depois de se envolver em uma confusa tentativa de se aproximar dos pinguins, os animais acabam perseguidos por uma obcecada e caricata policial monegasca (embora se vista como uma versão do inspetor Clouset da Pantera Cor de Rosa, que por sua vez é francês) e depois de algumas cenas de ação e perseguição bem realizadas, se deparam com a salvação no circo que está de saída da cidade. Por lá, conhecem os novos personagens que farão à alegria (ou não) da criançada: o tigre russo Vitaly, a jaguar Gia e o leão marinho Stefano. Vitaly funciona como o anti-herói e é assombrado por um trauma enquanto Gia é a garota inocente da vez e interesse romântico do leão Alex e Stefano, o alívio cômico mais claro.

Apesar da historia manjada, o que faz esse terceiro Madagascar divertido são seus excessos que são claramente incentivados pela produção. Se vamos criar um circo, porque não transformá-lo em uma coisa exageradamente colorida, como se os artistas misturassem os néons de Tron, a mobilidade dos espetáculos do Cirque du Soleil e as cores da parada gay mais exagerada do mundo. Chove glitter, personagens mergulhando no arco-íris, os néons gritam na sua cara e Katy Perry canta Firework. É a Dreamworks saindo do armário, fazendo de Madagascar 3 um filme sobre a diversidade também, por que não.

O cuidado visual da trilogia atinge o ápice, em especial na quantidade de animais apresentada e nas apresentações circenses que são realmente impactantes. O design dos personagens continua sempre em evolução, como exemplifica o leão marinho Stefano. O personagem - que é uma antropoformização do estereotipo do italiano de Hollywood - é bastante expressivo e genuinamente engraçado. A versão original é feita por Martin Short, mas na cabine de imprensa que compareci tivemos acesso apenas à versão dublada. Quem dubla, e muito bem, é o ator Marcos Frota que rouba a cena, numa interpretação muito engraçada para o personagem.


Mas é uma pena, que o visual muito caprichado do filme se perca diante de mais uma historia obvia, absolutamente previsível e com um vilão chatíssimo. A policial Chantel DuBois é mais do que rasa, beirando o inacreditável. Entendo que a ideia era realmente apresentá-la como sendo uma criatura sem nenhuma emoção, mas a motivação de suas tentativas incessantes para capturar os animais nunca fica clara (ela quer caçar os animais e ponto, colocar a cabeça do leão em sua parede, no melhor estilo vilão de quadrinhos ruim).

Os eventos vão se sobrepondo, ignorando fatores como realidade geográfica e apresenta uma irritante e constante mudança de ideia dos personagens quanto aos seus companheiros ou mesmo aos eventos que presenciam, com enorme facilidade. Não é por que o filme se destina aos menores, que devemos ignorar a inteligência deles, o que parece ser a intenção do filme.

Madagascar 3 é mais um episodio de mais uma franquia de animação que a tempos precisa se reciclar (ou ser encerrada). Faltam boas ideias, e o filme apesar de visualmente muito bonito carece de novidades, deixando no público a sensação de estar vendo a mesma historia sendo recontada. Mas afinal, o público se importa com isso?


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