Antes da Meia-Noite
(Before Midnight, 2013)
Drama - 109 min.
Direção: Richard Linklater
Roteiro: Richard Linklater, Julie Delpy e Ethan Hawke
com: Ethan Hawke, Julie Delpy
Não faço parte do clã de fanáticos pelos
filmes do diretor Richard Linklater, que junto a esse Antes da Meia-Noite
formam um trilogia sobre o amor, a vida e os encontros de Jesse e Celine, dois
jovens que reapresentam muito bem, as várias fases de um relacionamento amoroso. Como todo casal de
apaixonados, enfrentam as dificuldades de manter-se juntos e durante os três
filmes sofreram com a distância e nós - espectadores - sofremos com a espera
para saber se aqueles dois simpáticos idealistas de Antes do Amanhecer
chegariam - como ficou subentendido no final de Antes do Pôr-do-Sol (desculpe
pelo spoiler) - ao final (será?) de suas jornadas juntos.
Ancorado em quatro enormes cenas, Antes da
Meia-Noite é uma maravilhosa jornada por uma relação humana. Não
existe espaço para o melodrama, para o final óbvio, para conversas saídas de
sonhos coloridos ou de filmes eróticos de segunda. O grande trunfo - e que faz
o filme ser um dos grandes lançamentos de 2013 até aqui - é sua ousadia em ser
verdadeiro. Honesto e direto, mas sem ser raso ou mesmo redundante aposta
na naturalidade com que Ethan Hawke e Julie Delpy navegam pela doçura ou
amargor das palavras. Não é a toa que os dois ao lado do diretor Linklater
assinam o roteiro do filme.
Não existe nada próximo de uma história como
em geral os filmes são realizados. Existe, no entanto uma jornada e um ponto de
partida de um plot, que envolve o filho de Jesse, que está voltando para a casa
de sua mãe depois de passar suas ferias de verão com o pai na Grécia. Linklater
não é nada "sensível" ao logo de cara apresentar o destino do casal
depois da famigerada cena de despedida no aeroporto em Antes do Pôr-do-Sol.
Esse naturalismo em logo revelar o que aconteceu aos dois é saudável já que
engrena na primeira das ótimas cenas e revela o tal ponto de partida que gera a
enorme e deliciosa discussão sobre a natureza do amor, companheirismo, manter
um relacionamento feliz, a finitude das relações humanas entre outros pequenos
momentos de humor ácido, leveza crônica e romance na medida.
Pode parecer enfadonho, mas - e me
permitam uma dose de acidez - se o sujeito consegue acompanhar uma dezena de
sujeitos absolutamente sem graça conversando sobre seus feitos medíocres em
reality shows da vida, porque não se encantaria em acompanhar duas pessoas
complexas e verdadeiras falando sobre suas vidas e que falam sobre aquilo que
qualquer um de nós que já teve qualquer tipo de relacionamento amoroso já
passou em sua vida. Jesse, o escritor bem sucedido, parece confuso em relação a
seu filho. Sente-se culpado pelo que causou ao garoto que vive distante de sua convivência
diária. Celine é uma mulher engajada que luta para manter-se ativa, e que tem a
chance de um emprego dos sonhos batendo a sua porta. Esse conflito - meio
velado - entre seus anseios é o que move o filme e as discussões.
Antes da Meia-Noite observa com ternura a
realidade. Conciso e delicioso, onde suas quase duas horas passam voando, nos
apegamos novamente ao casal mais verdadeiro que o cinema americano recente
apresentou. São chatos, divertidos, amorosos, sensuais, irritantes, odiosos,
calorosos, inteligentes, práticos, sonhadores e verdadeiros. Igualzinho a mim e
a você.
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