quinta-feira, 20 de junho de 2013

Universidade Monstros

Universidade Monstros
(Monsters University, 2013)
Aventura/Comédia - 110 min.

Direção: Dan Scanlon
Roteiro: Robert L. Baird, Daniel Gerson e Dan Scanlon

com as vozes de: Billy Crystal, John Goodman, Helen Mirren, Steve Buscemi

A Pixar vem de dois fracassos. Ok, posso estar sendo exagerado, mas Valente e principalmente Carros 2, tiveram uma recepção muito ruim mundo afora. Valente não se acertou entre ser uma historia de inspiração e um "mommy issue", apesar de absurdamente bem realizado. E Carros 2, o que dizer? Nem parece uma produção Pixar, com um enredo bem fraco, desenvolvido de maneira equivocada e que apostou naquele coadjuvante divertido - e que tinha um apelo monstruoso com as crianças pequenas - como protagonista.

Assim como Carros 2 e Toy Story 2 e 3, Universidade Monstros retoma uma produção da Pixar. Porém, diferente de todas essas, a historia nos trás para o passado dos protagonistas, nos mostrando como eram Mike Wazowski e James P. Sullivan antes de se tornarem as estrelas da Monstros S.A. (que no susto e no grito fazem bonito), no divertidíssimo e ótimo filme de 2001. Começando com uma pequena introdução que apresenta um (muito) pequeno Mike se encantando com o ofício de Assustador, Universidade Monstros é uma overdose de novas criaturas que povoam o campus da instituição de ensino dos monstros. E mesmo com esse mundo novo, quase todos ganham contornos de personalidade definidos e características físicas únicas, o que é muito bem exemplificado pelas diferentes fraternidades mostradas no filme. 

Vale lembrar também que Universidade Monstros marca o retorno da Pixar as observações adultas e inteligentes em suas produções, que ao lado de tramas engenhosas e personagens cativantes sempre foram à marca registradas do estúdio. Isso faz do filme um retorno bastante saudável ao caminho do sucesso. Ainda não estamos no mesmo nível de excelência de Ratatouille, Wall-E e Toy Story 3, mas deixamos para trás os fracassos dos últimos trabalhos.



A trama é bastante simples (até simplória em alguns momentos) e mistura Vingança dos Nerds com comédia de situação, lembrando muito trabalhos oitentistas, o que é um tremendo acerto, já que foge das lições de moral óbvias e lugares comuns. Mas elas estão ali, embaixo de diversão e boas piadas. Se em Monstros S.A., não havia uma lição propriamente dita, aqui ela existe e é bastante clichê, o que enfraquece o material. É no fundo, mais uma historia sobre se esforçar para conseguir o que quer, enfrentar as dificuldades e prevalecer.

A interação entre Mike e Sully continua funcionando muito bem. Partindo da ideia de dois sujeitos que não se acertam e que aos poucos descobrem a amizade, o filme porém apenas resvala no potencial da dupla, tendo apenas (e somente no último ato, que lembra bastante à perseguição de ET) um único momento terno e que acerta em cheio. Vale lembrar que o ato final é interessante por não se furtar a fazer comentários sobre "finais felizes". Sem me estender demais sobre a trama, basta dizer que as coisas não terminam como em contos de fada para nossos heróis que precisam aprender o valor do "trabalho duro", no melhor estilo american way of life.

O grande destaque entre os novos personagens é a diretora da Universidade (Hardscrabble), uma dragoa de visual austero que comanda com descrença a instituição. Fazendo-se de durona, não consegue crer que alguém irá conseguir atingir seu patamar (representado pelo cilindro amarelo colocado em uma sala de aula, que contém seu recorde para o maior grito conseguido por um monstro). Outro que retorna é Randall (o monstro vilão do filme original) mas de forma muito diferente. Além da fraternidade que Mike se associa no decorrer da trama, que - pra manter o estereotipo Vingança dos Nerds - é formado por monstros rejeitados, incluindo ai um sujeito com duas cabeças, uma garotinho mimado pela mãe, um quarentão que esta de volta a faculdade e uma criatura estranha (me lembrou um Muppet) que é dona das tiradas non-sense da trama.



Universidade Monstro não é ruim como os dois últimos filmes da Pixar, mas ainda está longe da excelência dos maiores trabalhos do estúdio. Isso é ruim? Não. Já que o filme não envergonha seus irmãos e o filme de 2001, mas está longe de entrar para o hall dos melhores filmes da produtora.

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