sexta-feira, 6 de maio de 2011

Burke & Hare
(Burke & Hare, 2010)
Comédia - 91 min.

Direção: John Landis
Roteiro: Piers Ashworth e Nick Moorcroft

Com: Simon Pegg, Andy Serkis, Tom Wilkinson, Isla Fischer, Jessica Hynes e Tim Curry



É um grande prazer rever John Landis (o mesmo de pérolas como: Innocent Blood, Trocando as Bolas, Um Lobisomem Americano em Londres, Blues Brothers, Clube dos Cafajestes entre outros) de volta a mistura infalível do "terrir", cheio de boas sacadas, brincadeiras com a ciência, cinema e figuras reais.


De saída o filme já faz sua primeira piada ao enunciar em tomo solene: "essa história é real", para em seguida gozar da própria cara com o acréscimo de "exceto tudo que é mentira". Esse clima permeia todo o filme que tem um elenco sensacional cheio de talentos conhecidos do público e alguns sumidos que tem momentos de grande inspiração.


O filme começa de maneira muito bem humorada com um narrador se dirigindo diretamente ao público, tal como um menestrel que contará uma fábula, com a peculiaridade de que o nosso notável apresentador é o carrasco da cidade.



A história narrada pelo carrasco é a dos amigos Burke (Simon Pegg, de Todo Mundo Quase Morto, Chumbo Grosso e Star Trek) e Hare (Andy Serkis da trilogia Senhor dos Anéis, King Kong e De Repente 30), dois camaradas falidos que na Escócia do século XIX estão sempre atrás de dinheiro fácil e de uma nova e fantástica idéia que os deixará ricos. Ao mesmo tempo o filme apresenta dois médicos rivais que competem pela soberania da profissão na cidade de Edimburgo, onde a história de passa. O doutor Knox (Tom Wilkinson, de Entre Quatro Paredes, Conduta de Risco, Ou Tudo ou Nada entre muitos outros) um presunçoso e talentoso cirurgião que usa cadáveres para suas aulas de anatomia. De outro lado, temos o antiquado (palavras do próprio filme) Doutor Monro (o sumido Tim Curry de Rocky Horror Pícture Show e Esqueceram de Mim 2) que luta com Knox pelo monopólio dos cadáveres para seus estudos.


Utilizando seu prestigio Monro consegue influenciar os poderosos governantes da cidade a promulgar uma lei que de a ele a exclusividade dos cadáveres para suas experiências. Durante uma conversa de bar, Burke & Hare ficam sabendo da situação e começam a ver o "negócio" como uma forma lucrativa de viver a vida.


O filme então acompanha os dois amigos e suas desventuras recheando a história com piadas pontuais sobre a ciência (e a incompetência para definir as "causas mortis" dos cadáveres), sobre a criação da fotografia (que tem papel importante na trama) e até uma ligeira mais engraçada piada com o criador do refrescante bucal Listerine.



O que se destaca é a sintonia imediata entre Serkis e Pegg que funcionam muito bem juntos. Burke em sua ingenuidade e bom coração logo se encanta por uma intensa e vivida atriz (a bela Isla Fisher de Becky Bloom e Penetras Bons de Bico) enquanto Hare é casado com a hilária Lucky (Jessica Hynes) e funciona como o gênio do mal da dupla. As trocas rápidas de diálogos e a linguagem corporal da dupla são muito eficientes e são o maior destaque do filme.


Landis parece a vontade com o tema e passa sem grande problema dos corpos cortados pelos médicos para as piadas e situações exageradas e burlescas.


Infelizmente o fôlego inicial de Burke & Hare não é mantido durante todo o filme. A segunda parte (quando novos personagens surgem na trama e ela fica mias "séria) é arrastada e as poucas piadas não compensam o desconforto com o caminho mais "real" que o filme toma. Tentando dar um tom de fábula ao filme, Landis escorrega em sua conclusão que é doce demais para sua história irônica e ácida e que vinha apresentando grandes momentos e seqüências inspiradas.



Se esse foi o aquecimento de Landis para sua volta (espero) ao cinema com força total é uma boa - apesar de curta - amostra de como seu senso de humor continua afiado e sua câmera ainda continua sabendo misturar como poucos o gore e o humor de forma sutil e divertida.

Um comentário:

  1. Inocente Mordida é bem meia boca, tirando as cenas de nudez daquela delícia de vampira. Mas ele acertou legal algumas vezes - o kra se dava muito bem em comédias (Um Príncipe em Nova York, o notável "Os Espiões que Entraram numa Fria"/ e deixando de lado as piadinhas chatas de Um Lobisomem Americano em Londres) - embora esteje longe de ser um dos diretores que me empolgam saber que anda preparando algo.

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