quinta-feira, 19 de maio de 2011

Piratas do Caribe: Navegando em Águas Profundas
(Pirates of the Caribbean: On the Stranger Tides, 2011)
Aventura/Ação/Fantasia - 137 min.

Direção: Rob Marshall
Roteiro: Ted Elliot e Terry Rossio

Como: Johnny Depp, Penelope Cruz, Geoffrey Rush e Ian McShane



Quem precisa de mais Jack Sparrow? Sejamos sinceros, quem a exceção dos famintos executivos da casa do Mickey realmente acha necessário mais uma incursão do pirata pelas telas mundo a fora?


O primeiro Piratas do Caribe é um dos mais divertidos filmes da década de 2000 e ponto. Leve, descompromissado, investindo fundo na aventura capa e espada, em um protagonista (Will Turner, interpretado por Orlando Bloom) carismático, uma donzela em perigo (Elizabeth Swan interpretada por Keira Knightley), um excelente vilão (Capitão Barbossa interpretado por Geoffrey Rush), uma dose criativa e que nunca parecia exagerada ou confusa de sobrenatural e em uma figura ímpar e hilária chamada Capitão Jack Sparrow.


Depois dessa aventura inicial surpreendentemente bem recebida por publico e critica (lembrem-se que o subgênero filme de pirata era certeza de fracasso, vide o "fantástico" A Ilha da Garganta Cortada) a série - agora transformada em franquia - seguiu ladeira abaixo, esquecendo da aventura capa-e-espada e investindo em uma mitologia "pirata" enfiando bruxas, demônios do mar, mitologia grega, Shakespeare e muito CGI.



Sucessos monstruosos de bilheteria apesar de considerados infantis, confusos e ruins por grande parte da crítica, a série entrou em repouso por alguns anos até Jerry Bruckheimer (o produtor) ressuscitar sua galinha de ovos de ouro, entregá-la ao irregular Rob Marshall (dos fracos Chicago e Nine e do regular Memórias de uma Gueixa) e - com o perdão da piada infame - içar velas e partir rumo ao desconhecido.


Marshall é um diretor ruim e isso fica claro por sua completa incapacidade de criar nenhum plano - que não dependa de efeitos visuais - memorável. Se Verbinski ainda conseguiu - mesmo com roteiros desastrosos - criar tensão e imagens interessantes nas duas seqüências seguintes de Piratas, Marshall parece sempre estar filmando em estúdio e sem nenhuma personalidade, esquecendo que boa parte de sua história se passa em mar aberto ou em praias e florestas, que quando surgem sempre parecem ser reproduzidas em um estúdio qualquer.


A história gira em torno da obsessiva busca de quatro grupos diferentes pela Fonte da Juventude. De um lado temos os espanhóis que encontram um naufrago que se alega pertencente à tripulação de Ponce de Leon, lendário explorador espanhol que segundo a lenda encontrou a Fonte da Juventude, e que havia partido da Espanha a mais de duzentos anos. Ao saber disso o segundo grupo - que surge motivado pela inveja pura e simples - é formado pelos corsários do rei da Inglaterra, liderados pelo nosso velho conhecido Capitão Barbossa (Geoffrey Rush) que precisa de Jack Sparrow como guia para encontrar a tal fonte. Ao mesmo tempo, alguém se passando por Jack está reunindo uma tripulação para partir em busca do mesmo objetivo. E por trás disso ainda existe uma quarta força (o temível pirata Barba Negra, interpretado por Ian McShane) - e que surge no filme ainda em sua primeira hora- manipulando esse suposto Jack para reunir uma tripulação.



Com uma história confusa como essa, com quatro linhas narrativas entrelaçadas é muito difícil - mesmo em produções ditas de "arte" - manter alguma coesão ainda mais quando são misturados os efeitos visuais, as criaturas de fantasia e as inúmeras cenas de ação.


Não falta vontade ou talento aos interpretes dos personagens principais. Afinal como negar que Geoffrey Rush, Johnny Depp, Penélope Cruz (que vive o interesse romântico de Jack, a pirata Angélica) e Ian McShane são atores talentosos? E como negar também que Rush e Depp conhecem de trás para frente seus personagens?


Mas mesmo com bons atores que sabem exatamente o que estão fazendo, porque o filme não passa de uma fracassada tentativa de diversão? Por que se leva a sério demais, porque é extremamente confuso, porque não tem ritmo algum e porque parece ter sido dirigido por vídeo conferencia, sendo estéril e arrastado.



Nada funciona no filme. Nem as piadas - requentadas - de Jack Sparrow, nem o novo "vilão", nem Barbossa ou mesmo a bela Penélope Cruz.


Sou da opinião de que quanto mais temos Jack Sparrow em cena, pior para o filme. Jack em doses homeopáticas funciona perfeitamente. Seu humor anárquico, seus trejeitos de desenho animado e sua voz de bêbado e seu caráter duvidoso fazem do personagem sensacional. Mas quando Sparrow é o foco das ações, tudo parece fora de lugar e a repetição de esquetes do pirata beira o ridículo.


E a direção preguiçosa de Rob Marshall só comprova o quanto esse rapaz é um diretor limitado. Não conseguindo criar sequer uma sequencia de ação regular, Piratas do Caribe 4 é um convite ao sono e ao tédio.



Ainda que tente apresentar uma possível ponta para uma sequencia (que surge no filme de forma absurda e sem fazer sentido) não consigo entender nenhuma motivação artística para uma nova "aventura". O que mais precisa ser dito a respeito de Sparrow? Conheceremos seu passado? Ou teremos mais uma mirabolante história que mistura o pior que o cinema fantástico pode oferecer com o que Hollywood melhor sabe fazer: efeitos visuais e muita, mais muita propaganda?


Levando em conta o que esse filme apresenta fica claro que uma nova história só sairá do papel se você, espectador, pagar - caro - para ver um remendo de história ancorado por um ator talentoso mas que vive de preguiça há alguns anos.


Obs: O 3D do filme não vale à pena. Escurece o filme, deixa a mesma tremida em diversos momentos e não amplifica a profundidade.


3 comentários:

  1. sou fã de Johnny Deep e seu Jack Sparrow. Não vejo a hora de ver o novo filme. Espero que para quem procura apenas diversão, eu encontre.
    blogtvmovies.blogspot.com

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  2. Foi com essa mesma espectativa que assisti ao filme, já que não acho que na série Piratas do Caribe agente possa encontrar mais do que diversão de qualidade. Infelizmente nem mesmo nesse quesito (a pura e simples diversão escapista) o filme consegue uma boa nota. É sonolento, longo demais e repete as mesmas situações e piadas que os outros filmes apresentavam. Realmente gostaria de ter gostado pois sou um grande fã do primeiro filme e do gênero "filme de pirata". Abraço!

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  3. sou uma das maiores fãs do Johnny (e do Jack, claro!), e isso me motiva a continuar assistindo. Mas me decepcionei com o filme. Afinal, depois da cena espetacular do redemoinho do terceiro filme, o quarto me pareceu bem pequeno. Na minha opinião, os motivos do fracasso do filme incluem, mas não se resumem, a duas questões: 1°: o fato da Disney querer "economizar" no orçamento do filme (diminuindo claramente as cenas na água). E 2°: A troca dos diretores (sinceramente, não sei o que eles esperavam trocando Gore Verbinsky por um diretor limitado como Marshall). É claro que o roteiro também não ajudou em nada... Mas, como uma boa virginiana, vou esperar o próximo com certa expectativa, mas vou esperar com mais expectativa ainda a próxima parceria entre Depp e meu diretor favorito: Tim Burton. Avante, dupla dinâmica! Parabéns pelo blog!

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