quarta-feira, 18 de maio de 2011

Velozes & Furiosos 5 - Operação Rio
(Fast Five, 2011)
Ação - 130 min.

Direção: Justin Lin
Roteiro: Chris Morgan

Com: Vin Diesel, Paul Walker, Jordana Brewster, Tyrese Gibson, Ludacris, Elsa Pataky e Dwaine Johnson

A franquia Velozes e Furiosos sempre foi o resultado entre o equilíbrio sensível de dois fatores que enchem os filmes de ação de dinheiro - a velocidade e a temática de crime. A dosagem nem sempre certeira, e histórias que simplesmente não colaboravam, davam a série um ar errôneo um tanto trash. Não é por acaso. Repare no primeiro longa. O amor pela velocidade transposto em tela através de uma narrativa já surrada no cinema, a famosíssima e sempre recorrente trama do infiltrado. No filme de Rob Cohen, que abriu a franquia em 2001, era tudo muito previsível, esquemático. Mas quem ligava? Era a paixão por motores que deixava os espectadores vidrados. Funcionou, serviu de cartão de visitas matador. O segundo, trabalhou mais para carimbar a trasheira que a série fica conhecida no imaginário pop - e frases antológicas de seus protagonistas só corroboram para isso.



Já o terceiro filme - o mais estiloso e talvez um dos mais importantes por ter introduzido o diretor que permaneceu na série, Justin Lin - conseguiu trazer de volta algum equilíbrio entre velocidade e criminalidade (perdido por completo no desastroso segundo longa) e o fez de maneira segura, conseguindo detalhar o submundo de corridas ilegais de Tókio com entretenimento decente, pelo menos. É óbvio, nada é perfeito, já que tudo conquistado em Tokio Drift foi em cima de outra história clássica, consagrada e regurgitada - a do cara comum que consegue se tornar o melhor de uma competição através de um treinamento árduo com um mestre, no melhor estilo Karate Kid .



Tratando o quarto filme como apenas uma passagem para o que viria a seguir, chegamos a Velozes e Furiosos 5 - com o título simples e direto de Fast 5 nos Estados Unidos . Não é à toa. O quinto Velozes e Furiosos não quer mais equilíbrio, e nem procura bengala em cima de tramas já consagradas. O fato de querer ir direto ao ponto, e enveredar de vez para os filmes de assalto, ajuda e muito o quinto filme da série, tanto do ponto de vista crítico, mas também para quem almeja apenas diversão.


Ora, filmes de roubo têm, obviamente, muito mais caminhos e saídas narrativas do que filmes de corrida teriam. Usar os carros mais como objetos de auxílio na vida do grupo criminoso , e menos como temática em si, ajuda e muito a limpar as metas do longa , e também de aproveitar mais seu entretenimento. De fato, saem de cena muitos dos divertidos rachas que permeavam toda a série, mas esse é um mal necessário, e uma vontade clara dos realizadores. Enquanto o segundo filme inventava motivo para filmar os ''pegas'', o quinto faz o possível para eliminá-los da projeção, introduzindo-os apenas quando estritamente necessários. A cena chave: Vin Diesel chama um cara para um pega valendo os próprios carros. O homem aceita. Corta rápido para o esportivo do rival chegando na garagem de nosso protagonista.



Limpam-se os horizontes, mas também se busca novos modos de contar a história. A trama da vez conta como o trio de protagonistas, - Toretto (Diesel), Brian (Walker) e Mia (Brewster) - após fugirem dos EUA como procurados internacionais, chegam ao Brasil. Aqui, eles realizam um negócio com criminosos locais, que acaba não saindo como o planejado. Refugiam-se então de novo, e a partir de uma favela, organizam uma equipe para dar um golpe grande e ousado na ''máfia'' brasileira com quem antes negociavam. Um roubo arriscado, mas essencial para garantir as suas condições financeiras a partir dali. Os problemas do grupo só aumentam, entretanto, quando um agente Federal incansável, Hobbs (The Rock), é trazido para o Rio para rastrear e capturar toda a gangue de Toretto.


Quase como um Toretto's Eleven - só que nesse caso há 10 pessoas no grupo do bombado Vin Diesel - Fast 5 se desenha de uma maneira bastante superior a todos os seus predecessores. Já disse que a opção pelo filme de assalto é deveras inteligente e fundamental ao produto final, mas por si só não seria suficiente. Por mais descerebrado que seja - e é, e muito - Velozes 5 têm uma construção de eventos em cadeia muito mais interessante do que qualquer filme na série já fez. E se faz mais interessante não por ser mais complexo - já que não é - mas por ser mais original: Se antes possuíamos tramas já conhecidas de trás pra frente, extremamente previsíveis e esquemáticas, desta vez contamos com um roteiro diferenciado, que ao menos prende a atenção do espectador com desfechos nem sempre inesperados, mas que percorrem caminhos desconhecidos. Sabemos onde o filme irá chegar, mas não sabemos por onde ele vai passar, o que vai acontecer até ali. Para filmes com roteiros limitados, essa é a fórmula ideal para um relativo sucesso.



E para tais ''caminhos desconhecidos'' que darão o sabor especial ao longa , nada poderia contribuir mais do que os eventos ocorrerem no Rio de Janeiro. Tudo bem que não há o mínimo de respeito com a cidade , e a verossimilhança foi colocada pra escanteio - Trem bala cruzando um deserto entre Rio e São Paulo? - mas o que vale mesmo é que o território exótico - e não há palavra que defina melhor o Brasil para um estrangeiro típico - abre brechas para o imprevisível ocorrer. E o inesperado é fundamental , como na já antológica cena onde Diesel abre o sorriso para soltar seu ''This is Brasiu !'' .


Além da locação exótica, para aquecer um filme como Fast 5, nada melhor do que seu casting. Não que Tyrese Gibson, Ludacris e The Rock sejam atores ''talentosos'' o suficiente para auxiliar seu elenco, mas são essenciais para a proposta que o filme sugere. Como um produtor de filmes pornográficos pensaria '' o ideal é unir todos esses rostos famosos e ver no que dá !''. Se a indústria pornô pensa em estrelas famosas no ramo para entrarem em cena juntos e vender mais, não é diferente o que ocorre em Velozes 5. Brutamontes se encaram, batem de frente, e colocam o carisma de seus personagens para trabalharem juntos a favor do filme. Não é algo criticamente louvável a princípio, mas como não ficar entusiasmado com a pancadaria de The Rock vs. Vin Diesel? Se o filme usa seu casting famoso para aumentar o hype das cenas de ação, quem serei eu para negar sua força de carisma?



Se para aumentar o sabor da ação, as palavras de ordem são descomplicar, simplificar e inovar, Velozes e Furiosos fez seu dever de casa. No equilíbrio entre motores e balas, a corda rompeu para o lado mais fraco, no caso, o subgênero com menos apelo. Dessa vez, venceu a fúria, mas a velocidade não deixa de permear o longa em momentos oportunos. Enfim, Velozes 5 não vai fazer nenhum detrator passar a gostar da franquia, mas vai dar um ar muito mais cool e vibrante para quem deu chance de se apegar aos seus personagens desde o primeiro longa de 2001 .



Um comentário:

  1. Assisti o Velozes 5 e me decepcionei!!!
    Quando procuramos "Velozes e Furiosos" para assistir, estamos esperando um filme de carros com cenas de ação, por mais que especialistas, como é o seu caso, ache desequilibrado ou algo do tipo para este estilo de filme. O que vimos nesta versão, foi um filme de ação com baixissimas participação de carros, e qndo iria ter, corta-se a cena e mostra apenas o resultado, frutração da maioria do publico presente na sala de cinema onde acompanhei o filme.
    Assistimos (no sentido de passado), velozes e furiosos na linha dos primeiros, pois eles miraram neste publico alvo, e isso, querendo ou não, foi um sucesso. Acompanhamos o filme para ver carros, rachas, e ação. Quem quer um otimo filme de ação, poderia procurar tantos outros que existe disponivel.
    Por isso sou contrario a sua critica em relação ao filme. Acessei seu blog pela primeira vez e achando que estaria "metendo o pau" no filme. Engano meu.

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