terça-feira, 28 de junho de 2011

Animais Unidos Jamais Serão Vencidos
(Konferenz der Tiere, 2010)
Aventura - 93 min.

Direção: Reinhard Klooss e Holger Tappe
Roteiro: Reinhard Klooss, Oliver Huzly, Klaus Richter e Sven Severin

Com as vozes de: Jim Broadbent, Stephen Fry, Vanessa Redgrave e Andy Serkis


A animação como forma de contar uma história vem se transformando em coqueluche nas últimas duas décadas. É por ela que mais facilmente, toda e qualquer história pode ser narrada, desde épicos sobre o fim do mundo (Akira, Ghost in the Shell), passando por singelas histórias infantis (Kirikou e a Feiticeira, Meu Vizinho Totoro), fábulas existencialistas (Wall-E, Mary & Max), perversões adultas (Fritz, the Cat), críticas a sociedade (Planeta Selvagem, Túmulo dos Vagalumes), a boa e velha diversão (quase tudo que a Dreamworks já produziu) e o singelo uso da animação para emocionar cada um de nós (essencialmente o que a Pixar e Hayao Miyazaki fazem).


Pois bem, Animais Unidos é um Frankenstein sem controle, dopado e vingativo. Montado sobre diversas histórias paralelas tenta funcionar como libelo ecológico e pela preservação dos animais - um motivo deverás nobre - mas que esbarra em personagens unidimensionais, essencialmente caricatos e numa história que parece não ter sido criada por humanos, tamanho ódio destinado aos homo sapiens.



O filme começa com diversos sketches mostrando a destruição dos diversos habitat naturais de alguns animais, que se vêem forçados a migrarem. Aos poucos um grupo nada ortodoxo é apresentado (um galo francês, um velho casal de tartarugas, uma ursa polar, um canguru e um diabo da Tasmânia) que unidos passam a navegar juntos em busca de um lugar melhor para se estabelecerem. Ao mesmo tempo entram em cena um leão e um suricate que enfrentam problemas em sua região quando uma gigantesca represa breca a fornecimento de água em sua região.


O grupo aporta na região do leão e do suricate (algum lugar da África) e logo investem em uma tentativa de descobrir o que faz com que aquela região - antes banhada pelas águas de um rio - sofra de uma severa estiagem.


O filme é uma catequese de péssimo gosto para crianças pequenas. Aponta todas as "falhas de caráter" do ser humano, mas faz de cada um de seus personagens "bichomanos" que agem e pensam com a lógica daqueles que estão sendo criticados pela produção.



Temos um fã de golfe - um esporte obviamente animal - e outro que engana seus semelhantes para obter comida - outra característica profundamente ligada aos animais - e até mesmo daddy issues esses animais enfrentam. Outra óbvia referencia ao comportamento animal, é o uso da piada escatológica como meio de tentar fazer graça.


É difícil compreender como esse tipo de "Coisa" consegue ser produzida, financiada e encontra espaço nos cinemas mundo afora, já que apresenta falhas monstruosas em seu roteiro (afinal qual a idéia por trás? Diversos personagens são descartados durante o filme e o final é absurdo de tão ofensivo) tem qualidade sofrível de animação, peca pelo profundo mau humor e ainda é longo demais.


A trilha sonora é impagável (no pior dos sentidos) e a sequencia que envolve a primeira jornada dos animais rumo à represa - que até então eles não conheciam - já entrou para o hall de piores usos de trilha sonora em uma sequencia única.



A pregação chata e arrastada consegue ir piorando com o tempo, em especial quando o "núcleo" humano surge na tela. Apesar de compreender que a sátira era necessária, os personagens são representados com um ódio e desprezo dificilmente vistos em animações ou mesmo em live-action.


E o final? Pois é, fiquei pensando dias depois - afinal um filme desses deixa marcas em nosso cérebro - sobre qual a intenção do diretor e roteiristas com ele. Algo como "here comes the revolution", cuidado com sua casa e pense em morar em árvores e desaprender tudo o que conhecia? Não sei, e talvez o leitor consiga solucionar esse meu dilema. O que eu sei com certeza absoluta é que definitivamente Animais Unidos é um dos piores filmes da história recente do cinema, e sem dúvida o mais medíocre filme de animação do ano.

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