segunda-feira, 6 de junho de 2011

I'm Still Here
(I'm Still Here, 2010)
Drama/Comédia - 108 min.

Direção: Casey Affleck
Roteiro: Casey Affleck e Joaquin Phoenix

Com: Joaquin Phoenix


Quando as noticias de que Joaquin Phoenix tinha surtado, largado tudo e virado um hippie maluco que queria fazer hip-hop surgiram, muita gente achou que aquilo não passava de golpe de publicidade, Porém, quando o tempo passou e o cada vez mais estranho Joaquin começou a envolver-se em situações perturbadoras, começaram a dar crédito a suas verdades e todos passaram a encará-lo como um ex-ator perturbado e sem futuro.


Até meados de setembro do ano passado, após o lançamento do filme, muitos (inclusive o famoso critico Roger Ebert) encaravam I'm Still Here como um retrato de uma mente perturbada e de uma jovem estrela que se apagava ainda em seu auge.


E não é que o documentário e toda a situação que o envolveu não passou da maior pegadinha da história recente? Nada era real, tudo o que surge na tela é a construção de uma "anti-imagem", um anti-personagem, uma persona construído apenas com a intenção de subverter as expectativas do público sobre como deveriam se portar as estrelas ou como funciona essa coisa de ser estrela, e mais ainda: como é fácil manipular a opinião publica, apresentando fatos e factóides a todo momento, com a intenção de chocar a opinião publica.



Munidos disso, Joaquin e o diretor e também ator Casey Affleck (The Killer Inside Me, Assassinato de Jesse James e Gonne Baby Gonne) criaram essa história absurda de que Phoenix estava se aposentando da atuação e que se dedicaria ao hip hop.


O próprio documentário já começa dando pistas de que aquela história é uma completa mentira ao mostrar imagens do pequeno Joaquin cantando e dançando, seguido de diversas entrevistas onde o ator dizia que jamais havia cantado, tocado ou tinha nada relacionado ao mundo da música. De cara o filme diz ao seu espectador: Phoenix é um mentiroso, não creia em suas palavras.


O que se segue é a história de mentira da queda de uma estrela, por suas próprias escolhas, seu comportamento desregrado, sua forma estúpida de lidar com todos ao seu redor e por sua obvia falta de talento para seu novo empreendimento. Critica também os famosos entourages que vendo o astro da companhia jogar sua carreira fora, não são capazes de se posicionar e dizer que a pessoa não tem talento, o que suas sucessivas bobagens vão estragar sua vida.



Joaquin, e chega a ser cômico demais escrever isso, tem o papel de sua vida. Intenso e perturbado a cada segundo, o filme reflete a egotrip (tanto fictícia quanto real, afinal quem se interessa em ver um documentário, mesmo que fake, sobre Joaquin Phoenix?) de seu personagem e diversas seqüências são impagáveis.


Sua conversa com Edward James Olmos (que não sei se sabia da brincadeira) é sensacional, sua perseguição a Sean Combs (P.Diddy) e a hilária tiração de sarro com Ben Stiller (que parece que sabia de toda a brincadeira) valem o ingresso, assim como as cenas de total depreciação pessoal com vômitos, prostitutas, barrigas em franco crescimento, roupas rasgadas e sujas entre outras barbaridades.


Phoenix se torna um misto de mendigo com artista performático e a cada cena parece mais perturbado, parecendo muito com Nicholson em Iluminado, exagerado e perturbado em cada palavra dita.



O filme apesar de criativo em suas idéias, se torna cansativo e a veia egotrip explode a partir da metade do filme, que apesar de não ser longo é cansativo e poderia ter uns quinze minutos a menos.


Curioso como esse, que é sem duvida o melhor papel do ator, deve ter sepultado sua carreira, o que chega a ser irônico, já que acaba sacramentando as intenções profanadas por seu alter-ego.


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