terça-feira, 7 de junho de 2011

Doce Vingança
(I Spit on Your Grave, 2010)
Suspense/Terror - 107 min.

Direção: Steven R. Monroe
Roteiro: Stuart Morse

Com: Sarh Butler, Jeff Branson, Andrew Howard e Chad Lindberg



O mal fadado gênero torture porn foi o responsável por gerar "pérolas" cinematográficas como O Albergue (seu filho mais famoso), Turistas, Borderland, Cativeiro, Albergue 2 entre outros. Como toda moda, ela se foi, mas deixou marcas e hoje o torture porn (sadismo doentio que envolve mulheres "indefesas" contra machos sedentos de sexo e com sérios problemas emocionais) foi batido no liquidificador com o terror tradicional e o suspense. São filmes como Martyrs (fantástico filme francês de 2008), os remakes de Massacre da Serra Elétrica, Quadrilha de Sádicos e Exército do Extermínio, passando até a influenciar a série Jogos Mortais e a culminar no indigesto (sem trocadilhos, por favor) Centopéia Humana.


Doce Vingança é um remake - semelhante na forma aos já citados Massacre e Quadrilha - de um Cult dos anos 70, que contava a história de vingança da pobre Jennifer Hills (no remake chamada apenas Jennifer) sobre um grupo de caipiras estupradores de uma cidadezinha minúscula nos Estados Unidos.


O problema mais grave desse remake não está na quantidade industrial de diálogos ruins, ou nos personagens estereotipados, ou mesmo na câmera de Steven R. Monroe que insiste em balançar com uma freqüência irritante em quase todas as cenas de impacto visual, mas no sadismo doente que esse tipo de produção causa no espectador, esquecendo completamente de criar algum clima de suspense ou mesmo desenvolver melhor suas situações.



Doce Vingança explora a violência e apenas isso. Não o faz com bom humor como Hobo with a Shotgun (um exemplo recente) ou como os filmes Grindhouse (outro exemplo recente também), mas usa cada sequencia de violência "extrema" para chocar o espectador, e apenas isso.


Em uma análise "psicológica de boteco" é notável perceber o sadismo da produção em apresentar a vingança de Jennifer com igual, ou maior intensidade do que a cena em que a personagem é violentada. O filme brinca com nossa sensibilidade (e isso é um dos pouquíssimos méritos do filme) em nos apresentar cenas hediondas e de violência brutal e ainda sim, nos fazer olhar para as mesmas e torcer para que aqueles personagens absurdamente nojentos sejam realmente castigados.


Tais vinganças são habilmente orquestradas em seus temas. Temos corvos, ácido, canos de calibre 12 e até a vingança mais óbvia: uma tesoura de jardinagem.



O pior é que após uma chatíssima hora inicial, onde todas as tentativas de criar clima são infelizes, passamos a vinte minutos de grande felicidade (que envolve os preparativos da vingança) e uma infeliz conclusão que apesar de saciar nossa sede por vingança e "justiça", cinematograficamente não convence e nem sustenta uma história. Saímos da sessão frustrados, pois queríamos mais dos personagens e menos tripas. Mais tensão e menos gritos. Mais intensidade dramática e menos obviedade. E principalmente um pouco mais de talento para contar uma história de vingança tão intensa (vejam o original e comparem) e que poderia render um filme interessantíssimo.


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