sexta-feira, 24 de maio de 2013

A Datilógrafa

A Datilógrafa
(Populaire, 2012)
Comédia/Romance - 111 min.

Direção: Régis Roinsard
Roteiro: Régis Roinsard, Daniel Presley e Romain Compingt

com: Romain Duris, Déborah François, Bérenice Bejo, Shaun Benson

Simpática comédia francesa, A Datilógrafa esteve no festival Varilux de cinema francês e chega ao circuito nacional, dando a chance de um público maior conseguir assistir a esse singelo trabalho do diretor Régis Roinsard que não tem medo de fazer uma comédia romântica com vários dos elementos tradicionais em tramas do gênero. E fazer desses clichês que nos irritam em diversas produções diferentes, elementos de força no filme.

A trama fala sobre a garota do interior Rose Pamphyle, que no final dos anos cinquenta, quando o papel da mulher na sociedade era o de mãe e dona de casa, decide sair da pequena cidade onde nasceu e enfrentar o mundo. Um dos poucos empregos que uma garota poderia conseguir é o de secretária e por isso Rose entra na disputa pelo cargo em uma firma de arquitetura. Sua única qualidade é a de datilografar, o que faz com velocidade impressionante, o que chama a atenção de seu chefe (Louis), um ex-atleta que desistiu dessa vida quando participou da segunda guerra mundial, mas que mantém a chama da competitividade acesa, especialmente contra Bob, seu amigo americano que se casou com sua paixão do passado, a igualmente bela Marie. 

Nessa tentativa de competir e de vencer seu amigo (que aposta contra o sucesso da garota de forma irônica) - mesma que seja usando outras mãos - Louis inscreve a jovem garota em um concurso local de digitação em velocidade (sim, amigos é isso mesmo que vocês leram) e a partir daí o romance toma conta da produção, usando os velhos artifícios do homem que não tem coragem de assumir uma posição e da mulher apaixonada e que se coloca nas mãos do sujeito para tê-lo em sua vida. 



Elementos básicos em uma dezena de comédias românticas e que aqui funcionam pela direção de Roinsard, que consegue manter sob controle a taxa de glicose da trama, e pela química entre os protagonistas. Se Louis (Romain Duris) esbarra na caricatura, exagerando em algumas caretas e num excesso de sisudez que beira a antipatia em certos momentos, Rose (Déborah Françoise) é radiante. Nunca tinha visto a jovem atriz, e ela me pareceu uma mistura de Natalie Portman com Mary Elizabeth Winstead, atrizes que usam dos seus grandes olhos para conquistar a afeição (e paixão) do espectador. É singela e delicada, mas não cai no clichê da mocinha burra e indefesa.

As tais competições de datilografia são os pontos altos do filme. Muito bem montadas e usando o som para construir uma cama sonora que dispensa o auxílio de música propriamente dita, Roinsard consegue criar tensão em um grupo de pessoas batendo a máquina, da mesma forma que acompanharíamos uma atividade esportiva. O filme ainda explora a questão do culto a fama, mesmo quando essa venha por motivos aparentemente banais (como bater a máquina em alta velocidade), e de forma discreta faz sua "denúncia" à fábrica de ídolos do esporte. 


Mas esse não é o foco da história de fato. A produção francesa é uma historia de amor bastante previsível e que transita pelos clichês com sucesso e bastante charme. A excelente reconstrução de época e a direção de arte elegante e que abusa da mistura de cores (especialmente nas tais competições) ajudam a deixar o filme mais leve e até ingênuo, beirando um conto de fadas moderno. Simples, sem inventar a roda e abusando de clichês, mas com atores decididos e com ótima química, A Datilógrafa é um raro caso de comédia romântica que consegue sobreviver mesmo com seus clichês. 

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