domingo, 15 de agosto de 2010


O Filmes para ver antes de Morrer nunca tentou - e nem vai tentar - criticar ou analisar uma obra que por motivos óbvios está no panteão das maiores (na opinião da equipe) já produzidas pela sétima arte, por isso o espaço aqui é para relembrarmos, homenagearmos e apresentarmos a quem não viu, grandes filmes da história do cinema.

Mulher Sob Influência 
(Women Under the Influence, 1974)

O que é a loucura?

John Cassavettes era um dos grandes diretores - talvez o maior - independentes do mundo. Sabia como poucos criar situações e deixava seus atores soltos o suficiente para que eles guiassem a narrativa e o filme. Seus filmes eram improvisados, no melhor dos sentidos, e os atores sempre saiam-se bem com essa escolha do diretor.

Em Uma Mulher Sob Suspeita, Cassavettes versa sobre a loucura e o impacto dela nos que com ela convivem. Seu objeto de estudo é Mabel, vivida com extrema competencia pela brilhante atriz Gena Rownlads, que apresenta desde o início do filme sinais claros de que sua saúde mental não anda muito boa. O filme é muito feliz quando insere uma enorme quantidade de eventos em que aqueles ao seu lado sofrem com sua instabilidade.

Durante sua viagem ao mundo da loucura , Mabel cria "cenas" em quase todo evento que participa. Em especial durante um almoço com os amigos do marido, em que o desconforto é tão grande que  espectador consegue ao mesmo tempo se solidarizar com os problemas da mulher e entender o "pisar em ovos" que seu marido (Peter Falk) passa.

O personagem de Falk é outro que influencia a "loucura" de sua mulher. Esse aliás é uma constatação bastante interessante sobre o título. Tanto em português quanto em inglês ele diz o mesmo: a mulher está sob influência. De que, o leitor pergunta? Segundo Cassavettes, infuenciada pelo marido e seus rompantes agudos de histrionismo, por sua família igualmente problemática e seus amigos que são igualmente perturbados a sua maneira.

É o caso de percebermos, o que segundo o diretor, é a loucura. Seria mesmo sensato julgarmos Mabel como louca e ignorarmos tudo a sua volta? Será que a insanidade não pode ser provocada pelo meio?

Não sei o que os psiquiatras e psicologos teriam a dizer sobre isso, mas no mundo "Cassavetiano" esses elementos influenciam sim e agravam a condição de alguém já debilitado.

O filme é recheado desses pequenos questionamentos, como a sequencia de Falk com as crianças na praia, que envolve um pai enfurecido com a vida, transformando-se em negligente e até - para o padrões politicamente corretos desse século carola - imoral.

Tudo isso adornado com os diálogos quase "non-sense", totalmente libertários e improvisados , mas com enorme competência, que permeiam todo o filme. É impossivel não notar, o quanto cineastas independente modernos como Steven Soderbergh (pela temática e a montagem) e Quentin Tarantino (na questão dos diálogos como peça fundamental de seus filmes) foram influenciados - mesmo que indiretamente - pelo maior de todos os independentes.

 

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