Eu e Ana assistimos a Toy Story 3 e para isso eu resolvi assistir antes aos outros dois filmes da franquia para relembrar o que já havia acontecido e entrar no clima do que estaria por vir no terceiro. Portanto, o breve relato que aqui deixarei não é nada técnico e sim um tanto quanto sentimental e parcial.
Desde muito pequeno meus pais compravam bonecos para mim, mais do que jogos, bolas, carrinhos ou qualquer outro tipo de brinquedo, os bonecos “comandavam” o baú do meu quarto e como não podia deixar de ser, um carinho muito grande cresceu em mim por essas pequenas criaturinhas.
Assim como Andy, eu não saía de casa sem ao menos uns dois deles, brincava o tempo todo e quando algum sumia, era como perder um amigo. Ser filho único também teve uma grande influência no meu carinho por esses amigos de plástico e digo que até mesmo quando ganhei um gato e um cachorro, eles ainda eram parte importante da minhacompanhia diária na hora de brincar e conversar. Além do mais eles eram uma forma divertida e prática de me sociabilizar com outras crianças.
Sou filho de pais separados e na época da separação, por mais amigável que ela tenha sido, vários sentimentos explodiam em minha cabeça, mesmo sem motivos para isso. Eu sentia culpa, tristeza, medo, expectativa e tudo mais que uma separação possa trazer a um menino de 10 anos e meus brinquedos eram meu apoio, meus ouvintes, alguém em quem eu podia depositar minha confiança.
O meu maior sonho era de que um dia, todos eles ganhassem vida e se tornassem meus amigos para sempre. Toy Story realizou esse sonho para mim e tenho certeza que para muitas crianças e adultos que assistiram aos filmes também.
Imaginar o que esses heróis, soldados, cowboys, astronautas fariam se ganhassem vida sempre foi algo que passava na mente das crianças. Vale lembrar aqui a série Thunderbirds, onde os “atores” eram bonecos comandados por cabos transparentes ou por meio de robótica.
Woody, Buzz e sua turma são os nossos bonecos ganhando vida. O principal mérito dessa franquia é exatamente isso. Sim, Toy Story foi uma revolução na animação. Em todo o mundo se falava desse novo patamar que o “desenho” alcançou. Mas de nada valeria esse esforço sem o enredo espetacular, sério e adulto em alguns momentos e hilariante e absolutamente divertido. Mas vai muito além.
Existe um sentimento durante o filme de muito carinho. Carinho dos criadores que provavelmente também adoravam seus bonecos, carinho com as crianças e adultos que assistem e carinho com esse tema tão forte para os seres humanos: nossa infância. E assim temos um filme que nos gruda na cadeira e não nos deixa sair de forma alguma. Nem mesmo nos créditos finais (vide o segundo filme com a sacada genial de “erros” de filmagem) conseguimos tirar o olho dessas obras primas.
A conclusão da série
Falemos agora do terceiro filme que fecha essa trilogia com chave de ouro (sendo ultra clichê). Na terceira parte desta aventura de brinquedos, temos um Andy adolescente que já não brinca com seus amigos faz um tempão. Por falta de tempo e por novos interesses que apareceram em suas vidas, o que chateia muito nossos mini-heróis que não conseguem (leia querem) entender que Andy está crescendo.
Andy agora está indo para a faculdade e vai se mudar, o que implica jogar tudo que é tranqueira fora, incluindo os velhos bonecos do baú, que sua mãe indica a doação para a creche. Mas o adolescente resolve colocá-los no sótão e, por acidente, acabam parando no lixo e se revoltam por isso. Sendo assim, decidem ir para a creche por acreditarem ser um lugar melhor.
Assim, a parte final desta jornada começa. Varias mensagens nesse filme são transmitidas: o amor em todas as suas formas, pela infância, pelos animais, ao próximo, não correspondido e correspondido, amor pelo irmão e pela família. A mensagem de como é importante acreditar em nossos sonhos e de como a amizade é uma das coisas mais importantes e fortes deste mundo. É a amizade que move toda essa jornada e os autores foram muito felizes em demonstrar como essa pequena palavrinha pode nos afetar (a cena em que todos dão a mão em um determinado é o exemplo disso).
Ainda temos alem dessa forte carga emocional, momentos de humor incríveis (vale lembrar um personagem falando em outra língua, impagável). Os momentos cômicos aqui são melhores do que em muitos filmes com gente de “carne e osso”. Tiradas, sacadas e piadas muito inteligentes, que fazem referencia a bonecos, bonecas e brinquedos em geral, de distintas épocas.
Toy Story 3 fecha a série nos deixando com um gostinho de quero mais (mais um bordão clichê), porém o que ficou para, de mim especial, é o sentimento de que a vida vai passando, mas não temos (nem devemos) deixar a criança que temos morrer e sim renová-la com nossos filhos, sobrinhos e quem sabe, doando nossos brinquedos e visitando creches, porque não?
Termino esse papo (que estou escrevendo com dois bonecos em cima da minha mesa que estão olhando para mim) com uma passagem de uma banda de rock progressivo aqui de Belo Horizonte. O Cartoon: “Todo menino vive sozinho e tem dentro de si um sol. Vem um adulto com seu balde d’água e apaga esse ser num…tchau. Não deixem que te apaguem menino! Não deixe que roubem seu brilho!” Cartoon – Duendes
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