segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Oscar 2013: aquele das barbas, dos cabelos e do apresentador meia-boca. Parte 1 - A Festa



Já começo com um título polêmico esse texto que não pretende ser uma análise puramente técnica da festa e dos premiados do Oscar, mas observações sobre o tema e sobre a festa em si. Não tenho a menor intenção de ser o dono da verdade e, portanto, caso discordem do mesmo, comentem com educação (aqui tem moderação de comentários hehehe).

Divido esse texto em duas partes, na esperança de não ficar longo, nesse primeiro faço os comentários "moleques" e divertidos sobre a festa e no seguinte, falo sobre os prêmios.

Vamos começar com Seth MacFarlane, o sujeito em que todos nós despejamos nossas esperanças de que pudéssemos ter um ar de novidade e de diversão na festa. De fato, podemos dizer que seu monólogo inicial apesar de brutalmente longo até tentou ser diferente. Começou complicado, apesar de logo na primeira piada ter conseguido tirar um sorriso de Tommy Lee Jones, o que sabemos ser mais difícil do que escalar o Everest. Mas depois o monólogo seguiu engessado (palavra que será muito usada no texto, aguardem) até a aparição de William Shatner.

MacFarlane tentando...

Capitão Kirk prevendo o desfecho da noite
Em plena era nerd, a presença do eterno (e nunca desvinculado ao papel) Capitão James Tiberius Kirk no palco foi uma ótima sacada. O problema é que o texto parecia arrastado e logo poderíamos adivinhar como aquele segmento se desenvolveria. A ideia de Kirk em prever o futuro de fato funcionou, como a festa nos provou. Se MacFarlane não foi o pior host da história do Oscar, também não passou do comum.

Mesmo assim, sejamos justos, uma musica grosseira no melhor estilo Family Guy caiu bem e talvez indicasse uma ousadia à festa, que infelizmente parou ali. Ao lado do coro dos "Homens Gays de Los Angeles", MacFarlane cantou de forma ácida sobre as atrizes que já haviam mostrado os seios em filmes, com especial atenção a sempre nua Kate Winslet. De fato, foi uma bem vinda anarquia ao formato quadrado da festa do Oscar. As expressões de raiva ou indignação das atrizes presentes à festa foram combinadas, afinal isso é Hollywood. Ou você acha que uma apresentação dessas não seria vista, revista, mudada e acertada um milhão de vezes antes de acontecer?

MacFarlane então em seu habitat natural cantou com sua voz de crooner temas clássicos de musicais para dar um ar de glamour e classicismo à premiação. "The Way you Look Tonight" de 1936, originalmente na voz de Fred Astaire e coverizada ad infinitum ao passar dos anos. Ao lado dele, Channing Tatum e Charlize Theron dançaram. Depois ainda tivemos MacFarlane ao lado de Daniel Radcliffe e Joseph Gordon-Levitt cantando "High Hopes", famosa na voz de Frank Sinatra.

"We Saw your Boobs"

"The Way You Look Tonight"

"High Hopes"
Ainda deu tempo de MacFarlane apresentar sua versão com fantoches de meia para O Voo (que funcionou bem) e tentar criar um número divertido com Sally Field. A ideia de surgir como a Noviça Voadora (primeiro papel de destaque da atriz) foi divertida, mas o restante do número simplesmente não funcionou; o timing estava errado, as punch lines não deram certo e o final - ao melhor estilo Family Guy - funcionariam melhor na TV e com animação. Ainda assassinou "Be Our Guest" de Bela e a Fera, na tentativa de ser engraçado substituindo pedaços da canção por piadinhas com os indicados, no melhor/pior estilo Billy Cristal.

O Voo da meia

A Noviça e a Primeira Dama
Depois de diversos prêmios (mais sobre isso no outro texto) chegamos à primeira homenagem da noite. Para mim, o ponto alto da premiação. Depois de ignorar por 50 anos a franquia mais lucrativa da historia do cinema, a Academia finalmente rendeu uma justa homenagem a James Bond. Tá certo que para host escolheram Halle Berry, uma das piores bond-girls da história, e que o ideal mesmo seria termos todos os agentes ali no palco, levando aquela boa e velha salva de palmas, mas ver Shirley Bassey cantar ao vivo Goldfinger foi verdadeiramente histórico.

A festa seguiu com mais música, dessa vez num despropositado momento - homenagem aos musicais lançados nos últimos dez anos. Pergunto-me por quê? Com todo respeito ao gênero, mas Dreamgirls merecia mesmo um momento na festa? Que pese a excelente forma de Catherine Zeta-Jones (que mulher maravilhosa) e seu desempenho, o fato de Jennifer Hudson estar lá (porque é uma estrela, talvez?) falando de Dreamgirls, um musical que não levou um Oscar na categoria de canção ou de trilha? E outra, por que relembrar Chicago, um filme que tem dez anos? Só porque foi produzido pelos produtores do Oscar? 

E por fim o mico máximo: a apresentação exagerada e muito over de Miseráveis, que começou com a candidata ao Oscar de Canção "Suddenly" e se transformou em "One More Day". Deve ser maravilhoso acompanhá-la no palco com cantores/atores preparados para isso, com uma produção cênica menos cafona e que pareceu comprimir todo mundo em um fusquinha. Mas ver Russel Crowe desafinando ao vivo foi de doer. Que levemos em consideração o momento e os trajes - nada adequados - o elenco é de bons cantores, mas a forma como aquilo foi montado não funcionou. Pareceu de última hora, mal ensaiado.

Shirley Bassey chutando bundas

Zeta-Jones... ai ai

Jennifer Hudson, a intrusa

Os Miseráveis... todos apertados
MacFarlane teve um momentozinho de "glória" quando Wahlberg e o ursinho virtual Ted entregaram o surpreendente empate na categoria de Edição de Som (apenas o sexto empate na história do Oscar). No geral - aproveitando o ensejo - os pequenos monólogos de apresentação dos indicados foram igualmente sem inspiração. Às vezes longos demais, as piadas demoravam a funcionar e quando aconteciam, simplesmente não tinham graça, como a péssima envolvendo Paul Rudd e Melissa McCarthy, ou a fraquíssima que introduziu Christopher Plummer. Parecia uma cena "random" saída de Family Guy, que ali não deu certo.

Por fim, Adele brilhando muito, cantou Skyfall - de longe a melhor música indicada - e fez o que dela se espera: deu show. Norah Jones encolhida ali antes do anúncio das canções defendeu a canção de Ted - escrita por MacFarlane. Aliás, vale uma observação pertinente. O sujeito que criou essa ideia de apresentar duas (e meia) das canções indicadas ao vivo, relegando as outras duas a um vídeo merece ser demitido por justa-causa. Além de uma completa falta de educação para com os demais indicados, demonstra que sim - de fato - as canções só voltaram porque tínhamos estrelas defendo-as. E se esse foi o pensamento, onde estava Scarlett Johansson, que canta a canção do musical Chasing Ice? Ou se apresentam todas ou não se apresenta nenhuma. Barbra Streisand homenageou o falecido Marvin Hamlish durante o In Memoriam, cantando "The Way You Are" do filme Nosso Amor de Ontem, estrelada pela própria ao lado de Robert Redford em 1973. Canção defendida e vencedora do Oscar.

O melhor momento de MacFarlane na noite

Adele, sendo linda

Norah Jones, sendo linda (2)

Tia Barbra, sendo elegante :p
Por fim, colocar uma apresentação depois que o prêmio de Melhor Filme foi entregue foi outra ideia de "gênio". Depois de três horas e meia de uma festa sonolenta, para que encerrar a festa com uma canção que parecia saída de uma festinha escolar? Desnecessário. Vale lembrar ainda que a contínua ideia de tirar os prêmios especiais da festa, continua me parecendo muita falta de respeito, embora possa até compreender pelas questões óbvias de tempo e etc.

A 85ª festa do Oscar foi tediosa como há tempos não via (e olha que as festas do Oscar são em geral assim). Mesmo com a "tensão" causada pela falta de um favorito e surpresas aqui e ali, a festa em si, o show, precisa ser modificado com urgência. Essa coisa de orquestra e host engraçadinho engessam a apresentação. Existe a necessidade de um monólogo de abertura tão longo? Precisa mesmo ser apresentado por um humorista? O formato precisa ser repensado e atualizado para o melhor do que a TV pode fazer no século XXI. E quanto a MacFarlane, foi burocrático, óbvio e errou mais do que acertou. Pelo seu histórico, podia se prever algo bem mais criativo. Preso num formato que está fazendo hora extra, ele tentou apimentar aqui e ali e não deu certo. Que isso melhore ano que vem, pois a cada ano acompanhar a festa está se tornando cada vez mais uma questão 100% profissional para mim.






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