quarta-feira, 2 de junho de 2010


Compositores VII


Olá ao Fotograma Digital. Como de costume, nas últimas postagens tenho escrito sobre os compositores mais influentes da história da Trilha Sonora, fazendo uma explicação sobre a obra e estilo de cada artista, mostrando alguns vídeos com trilhas principais e contando um mínimo sobre a vida de cada um destes mestres que, como sempre digo, nos passam um tipo de “mensagem” impossível de absorver por outros meios além da música.

Em especial na postagem de hoje, o compositor que escolhi diz muito a respeito desse “sentimento a mais” presente no cinema, principalmente o cinema da década de 40 e 50. Alguns compositores desta época - assim como diretores, que usavam muitos recursos que enfatizavam a atuação dos atores - usavam técnicas diversas para acentuar o conteúdo emocional da “score” do filme. O uso da música para caracterizar o estado emocional de um personagem foi uma técnica herdada das óperas, que no século XIX, em pleno período Romântico, estava beirando grandes inovações com compositores como Wagner. Este compositor, que segundos historiadores foi considerado o “Pai do Cinema”, utilizava uma série de efeitos na orquestra - dadas as devidas proporções da tecnologia da época - que enfatizavam momentos de tristeza, tensão, alegria, entre outras sensações. Foi um estilo que ficou conhecido como “O estilo Wagneriano” de compor e interpretar, composto de uma orquestra muito densa, com grandes instrumentações e arranjos dramáticos.

E muitos trilheiros, de uma época que o cinema estava a todo vapor, se influenciavam com os compositores da música erudita para fazer suas músicas. É o caso de Bernstein, Morricone, especialmente Steiner, que foi aluno de Gustav Mahler, entre muitos outros. Acredito que isso é um fato que também tem a ver com a data em que estes compositores viveram. Nos anos 40 e 50, o cinema já era grande e já utilizava técnicas que até hoje são usadas, mas ainda não tinha um passado tão longo, a ponto de existir “compositores de cinema influenciados por antigos compositores de cinema”. Os primeiros trilheiros procuravam fontes para se inspirar, assim como compositores eruditos que queriam inovar, e buscavam a música popular, a música folclórica, ou novas estéticas para fazer suas “novas artes”.

E foi nesta época, e com estes passos que o conhecido compositor Bernard Hermann fez sua carreira brilhar, se tornando uma grande lenda na história da música cinematográfica.


Bernard Hermann nasceu dia 29 de Junho de 1911, em Nova Iorque. Sempre foi influenciado pelo seu pai, que o levava a óperas e outros eventos musicais. Após ter ganho um concurso de composição, aos 13 anos de idade, a jovem lenda do cinema começou a se concentrar na música, estudando na conhecida Juilliard School e também na universidade de Nova Iorque. Aos 20 anos já tinha sua própria orquestra, a “New Chamber Orchestra of New York”.

Em 1934, Hermann começou a trabalhar na CBS (Columbia Broadcasting System), como condutor. Em alguns anos ele virara um funcionário de destaque, responsável por introduzir mais novos trabalhos do que qualquer outro regente. Casou-se com a escritora Lucille Fletcher em 1939, após objeções por parte da família dela, e se divorciaram em 1948.
Ainda na CBS, Hermann conheceu o diretor Orson Welles, e através dele seu caminho para o sucesso já estava desenhado. Ele passou a conduzir a música para Welles, e com isso os grandes clássicos “Citizen Kane” (1941) e “The Magnificant Ambersons” (1942) foram concebidos. Ainda nesta época, foi o compositor do filme “The Devil and Daniel Webster” (1941).



Bernard Hermann também fez um importante trabalho com o diretor Alfred Hitchcock. Talvez a maior parte das suas trilhas foram usadas para os filmes deste diretor. Hermann tinha um estilo diferente dos outros compositores, compondo trilhas que exploravam ao máximo os instrumentos. É o caso de “Psycho” (1960), onde explora bastante um único naipe de cordas. Também posso citar “Vertigo” (1958), “North by Northwest” (1958) e “The Birds” (1963), que com o avanço da tecnologia dos teclados sintetizadores, Hermann foi capaz de simular, eletronicamente, o som dos pássaros.




Bernard Herrmann sempre confiou na música para o cinema como um novo horizonte para a composição musical. Como já escrevi em outras postagens, no início os compositores pensavam que a música do cinema era inferior, comercial e sem um propósito artístico. Ao contrário de muitos, que acreditam no fato de que a música de cinema pode ter uma qualidade equivalente à música erudita. Nos seus últimos anos, Herrmann batalhou para criar o interesse nas pessoas pela música do cinema, com o intuito de mostrar o quanto ela pode ser uma forma de arte capaz de se desenvolver. Esta grande lenda do cinema morreu em 24 de Dezembro de 1975, com uma variedade de músicas compostas para filme.


Você gosta de algum compositor em especial? Comente! Selecionei alguns compositores para o FotoMusic Score, mas qualquer sugestão é bem-vinda!

(Nota do Editor: vocês que gostam do Fotograma Digital, sigam-nos no twitter: http://www.twitter.com/fotogramadig )

Nenhum comentário:

Postar um comentário