Tyson
(Tyson, 2008)Documentário - 90 min.
Direção: James Toback
Roteiro: James Toback
Um filme imperfeito sobre um cidadão igualmente imperfeito. Se pudesse criar um sub-titulo sobre o documentário de James Toback sobre a personalidade do boxe mais conhecida desde Rocky Balboa e Muhammad Ali, seria essa a minha escolha.
Imperfeito porque não passa de uma longa entrevista entrecortada com imagens de arquivo. Tudo bem simples e até um pouco amador. Mas que só realça o personagem retratado.
Tyson era uma máquina de bater, uma máquina que funcionava perfeitamente. Cada engrenagem foi produzida com treinamento, raiva, ódio e vontade incomensurável de vencer, e tudo isso Toback consegue mostrar em seu filme.
A longa entrevista do ex-boxeador é um enorme presente, até mesmo para aqueles que não gostam de Tyson. Sua relação com seu primeiro treinador (e mentor) Cuz D’Amato é o momento mais bonito da projeção. Lá está o brutamontes, cheio de tatuagens demolido ao relembrar a importância do homem que o construiu.
Os primeiros trinta minutos desse documentário estão entre os mais interessantes que vi. Tudo funciona muito bem, desde sua abertura com a luta do primeiro título mundial de Tyson sendo mostrada enquanto os créditos aparecem, as primeiras histórias do lutador, sua relação com o crime, suas inúmeras passagens por instituições de correção juvenil, o já citado Cuz D’Amato culminando no primeiro titulo mundial. Tudo flui muito bem, de forma natural.
A partir daí, o filme torna-se muito irregular. A acusação de estupro contra o lutador (até hoje, muito polemica) é muito bem apresentada, mas o período pós-casamento passa voando pela tela. Mais 20 minutos de Tyson seriam ideais para que tudo fosse mostrado de forma mais completa.
Mas não é exatamente um defeito. Diferentemente de um filme ficcional, um documentário não depende só de seu diretor e roteirista, mas do objeto documentado. Vai saber se Tyson não disse mais nada? Se ele se fechou e não quis mais comentar? Apenas falando com Toback poderia descobrir.
O que cativa, apesar da falta de ritmo do filme, é o personagem. Confesso que conhecia “por cima” a historia do lutador, mas que como uma cria dos anos 80, fui bombardeado por Tyson em todos os lados. Desde suas lutas em si, a reportagens na TV, passando até pela homenagem ao boxeador no seriado Os Simpsons. Lembro de ter ficado acordado até de madrugada para assistir o “retorno” do campeão após a saída da prisão. Aquela famosa luta que durou menos de 30 segundos e que muita gente depois ficou dizendo que era armada.
Lembro-me também da famosa mordida na orelha de Holyfield, que é explicada por Tyson no documentário, que é um dos poucos pontos realmente interessantes da segunda metade do filme.
Mesmo com esses problemas de ritmo, Tyson funciona como uma excelente crônica de um homem que subiu mais alto do que todos, que conseguiu cair no poço mais profundo e que agora tenta escalar pelas paredes ásperas da redenção. Uma bela historia.
Tenho este filme no computador há um bom tempo, mas sempre prefiro assistir a outra coisa quando me sobra tempo.
ResponderExcluirTambém sou cria dos anos 80 e realmente, Tyson marcou demais.
Seu review me deixou com vontader de ver o documentário, mesmo não sendo perfeito.
Abraços!