quarta-feira, 15 de junho de 2011

Eu sou o Número 4
(I Am Number Four, 2011)
Ação/Fantasia - 109 min.

Direção: D.J. Caruso
Roteiro: Alfred Gough, Mark Millar e Marti Noxon

Com: Alex Pettyfer, Timothy Olyphant, Dianna Agron e Callan McAuliffe


A fórmula é simples: pegue um diretor que não tenha personalidade forte e que tenha realizado filmes com adolescentes ou jovens adultos, amparado por um roteiro idealizado e escrito pela dupla responsável por uma série de tv que misturava o "cotidiano" de personagens adolescentes e super poderes, coberto pela produção de um "mestre" na arte de explodir o mundo.

Sendo menos elíptico, falo de DJ Caruso (diretor de Paranóia e Controle Absoluto), Alfred Gough e Mark Millar (criadores de Smallville) e Michael Bay (diretor de Armaggedon, Transformers 1 e 2, Bad Boys 1 e 2 entre outros). Esses quatro são boa parte do motivo para que Eu Sou o Número 4 pareça tanta coisa, seja tão derivativo de tantas outras coisas e ainda assim (e isso sim é novidade) seja uma diversão leve, descompromissada e que não se leva a sério.


Ano passado, o meu guilty pleasure foi o sofrível - mas hilariamente ruim - Legião, que contava a história do anjo que salvava a humanidade com calibres doze e facas maneiras. Esse ano, o posto - até o momento - é encabeçado por esse filme, uma fantasia mezzo absurda/mezzo curiosa sobre alienígenas, romances entre espécies e beagles mutantes.



Eu sou o Número 4, fala sobre o garoto John (o regular Alex Pettyfer), um alienígena adolescente e refugiado na Terra. Seu planeta fora dizimado por uma espécie rival e como última esperança ele e mais alguns jovens "Escolhidos" são enviados a um novo planeta. Cada um desses jovens tem um número e poderes especiais, graças ao sol amare... não, graças a seus antepassados que eram de uma espécie guerreira no planeta.


Só com esse plot o leitor mais esperto já reconhece as primeiras influencias do filme (e do livro imagino), mas felizmente o filme vai mais além e aposta suas fichas nas descobertas do garoto sobre seus poderes e na sua difícil tarefa de manter-se invisível em um planeta onde "não ser visto" é um atestado de morte social.


Acompanha o garoto um tutor (Henri interpretado por Timothy Olyphant) que serve de pai/professor/amigo ao deslocado garoto, principalmente quando os "outros números" vão sendo mortos pela raça de guerreiros sem nariz que os persegue até a Terra, com o objetivo clichê de colonizar o planeta.



Obviamente que nesse meio do caminho, todos os hormônios - aliens ou não - começam a fazer efeito no pobre John e um "romancezinho" sempre é bem vindo (e o filme nem faz questão de esconder sua intenção). Entra em cena uma conhecida das telas, a bela Dianna Agron de Glee, aqui interpretando Sarah.


O que me conquistou em Eu sou o Número 4, mesmo percebendo que o filme tem uma série de problemas com seu elenco (a maioria mediana ou ruim), é a inocência que o filme tem. Ele sabe que não vai inventar a roda e nem tenta sequer parecer ter essa intenção. Tudo é muito simples e isso faz falta em um momento em que todos os filmes de fantasia ou de heróis tentam ser complexos e "adultos". Numero 4 define de cara e de forma até esquemática quem são seus heróis e seus vilões. E seus vilões são maus mesmo, sem espaço para arrependimentos ou mesmo complexos que explicam os motivos de toda maldade.


O que em 99% das vezes pode ser uma coisa ruim, nesse caso é perfeito. Nosso foco não está nos seres de dentes serrados e que respiram por uma espécie de guelra próxima ao nariz, mas no garoto John e na descoberta de seus poderes (entre eles raios de luz que saem das mãos, será que ele pagou royaltes ao Tony Stark?), seus amigos e suas paixões. Muito parecido com o que Millar e Gough fizeram por mais de dez anos na série Smallville.



Os efeitos visuais - importantes nesse tipo de produção - são efetivos, mas parecem ter sido "melhorados" pelo fato de quase todos eles surgirem durante a noite ou amparado por sombras. Notem a luta entre uma fera alienígena e o tal beagle mutante. Bem realizada e violenta para os padrões de um filme PG-13, é toda fotografada de forma para que as sombras e o contraste presentes na cena, possam camuflar algum eventual erro ou atenuar a qualidade das expressões dos animais.

Algo que deu um gosto diferente ao filme e que pode ser notado - literalmente - a cada quadro é a competência habitual do fotografo renomado e brilhante responsável pelo filme. Guillermo Navarro (Labirinto do Fauno, Hellboy 1 e 2, Jackie Brown entre outros) mistura tudo o que já vimos em seus diferentes trabalhos. Temos a fotografia contrastada presente nos trabalhos com Del Toro, em especial quando o diretor pretende assustar ou demonstrar que aqueles personagens são deturpados física e mentalmente. Ainda existe muito de dourado ou de "hora mágica", quando Caruso mostra o florescer dos poderes de seu herói. Elementos que são amplificados pelo trabalho competente do fotografo.

A montagem (Vince Filippone e Jim Page) felizmente não seguiu a mão do produtor Michael Bay, certamente o responsável pelas idéias aqui e ali para inflamar o filme transformando-o - em especial na meia hora final - em uma batalha divertida e bem realizada. Tudo pode ser enxergado no filme, e mesmo os slow motions empregados - várias vezes no filme - não são gratuitos e funcionam bem para amplificar a sensação de grandiosidade.



DJ Caruso por sua vez soube encaixar cada carinha bonita em seu respectivo lugar e dar espaço a bela Dianna Agron ser charmosa em tela, enquanto o esforçado, mas apenas regular Pettyfer consegue mostrar ser um protagonista de ação interessante. Completa a equipe, o alívio cômico vivido pelo ator Callan McAuliffe, que serve como os olhos e ouvidos do público aquela confusão de explosões e alienígenas pela tela, e apesar de não funcionar em todos os momentos, consegue tirar alguns sorrisos do público (a piada do X-Box é muito boa).

Eu sou o Numero 4 pode ser resumido como o Crepúsculo para meninos. Estão lá todos os elementos consagrados pela franquia dos vampiros que brilham mas, focados para o público masculino. Sai o romance melado entra a ação, super poderes e os gadgets divertidos. Seria uma heresia pensar em um crossover entre Bella e John?



3 comentários: