segunda-feira, 13 de junho de 2011

Kung Fu Panda 2
(Kung Fu Panda 2, 2011)
Ação/Aventura - 90 min.

Direção: Jennifer Yuh
Roteiro: Jonathan Aibel e Glenn Berger

Com as vozes de: Jack Black, Angelina Jolie, Seth Rogen, Dustin Hoffman, Jackie Chan, Lucy Liu, Gary Oldman, David Cross, James Hong, Michelle Yeoh, Jean Claude Van Damme e Dennis Haysbert

É tradição da DreamWorks Animation realizar filmes infantis baseados essencialmente em ação, aventura, e personagens carismáticos - e invariavelmente cômicos. É a maneira de se trazer dinheiro para o estúdio e de explodir com sucesso fácil entre as crianças. Foi o que o tentaram fazer no primeiro Kung Fu Panda (2008). Protagonista gordinho e engraçado, pano de fundo de tons épicos e muita ação. Essa era a fórmula que faria o filme do urso Po o ''novo Shrek''. E se a animação de 2008 já tinha sido um sucesso fenomenal, temos agora sua sequência. E é preciso dizer este Kung Fu Panda 2, apresenta-se, de modo geral, numa forma ainda melhor que a de seu original.



Há fatores que explicam isso. Se o primeiro filme queria arrebentar em ação logo de cara, teve que aguardar a explicação da história, a introdução dos seus personagens. Era preciso apresentar Po, aguardar sua maturação, e contar a velha historinha do ''escolhido improvável'. Assim, o primeiro filme agradou muito, mas, verdadeiramente, o papel de ''ir direto ao ponto'' tem muito mais a cara deste segundo longa. Sem perder tempo, Kung Fu Panda 2 parte para a ação sem cerimônia - o que faz dele um produto tão mais divertido - mas também não se esquece das partes dramáticas nos momentos certos de projeção - o que o torna um mínimo avanço para a didática da DreamWorks.


Praticamente, toda a história do filme se esboça em seus 5 primeiros minutos de exibição. É contado - em uma animação 2D de artes gráficas interessantes - que Lorde Shen, um príncipe pavão, ao saber da descoberta da pólvora, começa a utilizá-la para fins destrutivos, e não meramente lúdicos - como para fogos de artifício, por exemplo . Ele inventa as armas de fogo, e, com seus canhões, pretendia subjugar toda a China. Uma profecia, entretanto, dizia que Shen não conseguiria realizar tal feito, pois um ser preto e branco o impediria. Para se prevenir, o pavão ordena que todos os pandas do reino sejam dizimados. Ele é expulso do reino de seus pais por seus atos, mas promete um dia voltar e se vingar de todo o povo chinês. Quando ele retorna, só Po (o panda sobrevivente) e seus companheiros podem impedir tal tragédia.



A partir desta breve explicação ilustrada, já temos todo o esquema do filme armado. São Po e os Cinco Guerreiros, contra o exército do pavão e seus poderosos canhões. Nem se cogita enrolar ou complicar a história, e partimos todos para dentro da ação junto aos protagonistas. Essa simplicidade que vive estampada na cara da DreamWorks, agora parece mais "admitida", mais aceitada. Se é ação que se sabe - e se quer - por em prática, então que a façam com destreza e admitindo o roteiro raso. Fazendo isso, esta segunda aventura de Po pelas telas se torna mais limpa em carga narrativa, e por conseguinte um entretenimento muito acima da média.


Todo esse gás proveniente de uma história simples e direta, dá, é claro, muita força para a produção, mas não seria o suficiente para se manter viva por 95 minutos. É aí que Kung Fu Panda 2 conquista seu diferencial crucial - sua parte dramática. O filme tem seu foco nas belas cenas de ação, mas trás também a temática do passado de Po. O Dragão Guerreiro, afinal, vai enfrentar, pelo bem da China, o assassino de seus pais. Toda a ação é permeada por detalhes dos pais de Po, da noite do massacre, de sua superação frente ao ocorrido. Isso tudo ajuda a engrandecer o personagem principal, aumentar sua tridimensionalidade dramática, na busca por sua ''paz interior''. Conseguir reunir com sucesso dois artifícios fundamentais para uma animação hoje em dia - o entretenimento de qualidade e um drama minimamente trabalhado - é o trunfo principal do longa.


O resto fica a cargo das belezas visuais e do talento da equipe técnica. A direção de arte, assim como a fotografia, extraem toda a intensidade da cultura chinesa, e as paisagens orientais são ressaltadas em relação ao primeiro filme. Muito competente também, é a diretora estreante Jennifer Yuh Nelson, que tem excelência ao dirigir de um modo semelhante ao do primeiro filme - fornecendo um senso de unidade á franquia - e obtendo êxito nas partes de luta e de perseguição. Ágil, com takes muito bacanas, - destaque para toda a sequência de fantasia de dragão, que possui sacadas visuais interessantes - ainda consegue se sair bem na utilização do 3D. Explorando o estudo de profundidade com objetos que freqüentemente trabalham dentro e fora do 3D, temos em Kung Fu Panda um exemplo de emprego orgânico da tecnologia, que, se não é fundamental para o filme, o preenche de detalhes preciosos. Um exemplo de longa que vale a pena gastar para ser assistido com os óculos, pois de fato trabalha com a cara tecnologia de maneira decente.



Admitindo sua ação desenfreada sem querer problematizá-la num roteiro mais cabeçudo - ou seja, assumindo ser uma aventura escapista pura e simples - e desenvolvendo seu personagem através de arcos dramáticos mais densos - como realizado em Como treinar seu Dragão - Kung Fu Panda 2 é, mesmo que tímido, um avanço. Mas lembre-se: É um avanço nos termos obsoletos e engessados da DreamWorks. Para chegar ao nível da Pixar, ainda falta uma China inteira para o estúdio percorrer.


Obs: Nota-se ao fim da sessão, que esta será a nova franquia que ''sustentará'' o estúdio, devido a um grotesco e desnecessário gancho para continuação


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