terça-feira, 21 de junho de 2011

VIPS - Histórias Reais de um Mentiroso
(VIPS - Histórias Reais de um Mentiroso, 2011)
Documentário - 71 min.

Direção: Mariana Caltabiano



A idéia é ótima. O protagonista é igualmente interessante e a história é impressionante. Três elementos básicos de qualquer narrativa minimamente razoável. Vips- Histórias Reais de um Mentiroso tem tudo isso. A idéia de apresentar a história de Marcelo Nascimento da Rocha na tela grande trazendo detalhes de suas incríveis histórias é um achado, pois seu protagonista talvez seja um dos mais carismáticos personagens retratados em um documentário recente no país. E sua história beira a fábula, tamanha a quantidade ininterrupta de acontecimentos de sua vida que merecem ser ouvidos e vistos.


Mais então porque o filme não consegue ser mais que mediano? Amador na forma e tendencioso - flertando perigosamente com o apoio ao marginal - no conteúdo, o filme de Mariana Caltabiano é uma colcha de retalhos mal costurada. A diretora mistura sua história pessoal com o personagem, usa de animação de baixíssima qualidade para ilustrar algumas passagens do filme, maquetes "engraçadinhas" para outras e perde a oportunidade de ser mais profunda com seu personagem ao optar por tratar na mesma medida (embora, sejamos justos com menor exposição) as "molecagens" de Marcelo - como o caso da Gol - e as óbvias contravenções graves (Marcelo foi piloto do narcotráfico e segundo ele ainda é apadrinhado por um chefão).



Marcelo é um personagem empolgante, suas muitas histórias são ótimas (embora possamos desconfiar de todas, já que o referido é um mentiroso confesso) mas, ao se documentar sua vida e seus atos, o filme não diferencia suas muitas falhas de caráter e suas contravenções, colocando tudo na mesma conta. A impressão que dá é que o filme encara o rapaz como um animal exótico, uma excentricidade e não como um perigoso charlatão.


Pior é quando a diretora - sem o menor motivo narrativo - insere sua própria vida na história. Qual a idéia? Catarse coletiva? Que nos emocionemos com seu drama? Mais uma prova de que Marcelo é "bandido romântico"? De qualquer forma não funciona e enfraquece o conjunto, que não é muito coeso, apostando em uma série de entrevistas com o personagem, intercaladas com outros depoimentos de pessoas que auxiliam a montar o mosaico da vida desse rapaz. O problema é que tudo é ligado ao tal evento da Gol, faltando profundidade nas demais "aventuras" de Marcelo. Onde estão os parceiros das viagens ilegais ao Paraguai, por exemplo? E os detentos que Marcelo "liderou" em uma rebelião na cadeia?



Mariana não conseguiu criar um documentário que fizesse jus ao personagem formidável e complexo que tinha em mãos e por isso é impossível não pensar o que essa história nas mãos de um documentarista mais competente poderia render.


Um comentário:

  1. Gostei muito do documentário,muito melhor que o filme com o capitão nascimento

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