quarta-feira, 13 de julho de 2011

13 Assassinos
(Jûsan-nin no Shikaku, 2010)
Ação/Aventura - 141 min.

Direção: Takashi Miike
Roteiro: Kaneo Ikegami e Daisuke Tengan

Com: Koji Yakusho, Takayuki Yamada e Yusuke Iseya


Takashi Miike é um diretor prolifico e muito original. Quando surgiu era conhecido por sua fascinação pela violência gráfica e pela facilidade de expor o bizarro e o extremo de forma crítica e ainda assim chocante para aqueles de estomago mais fraco.


Em 13 Assassinos, Miike volta seu olhar para o mundo do Japão feudal e os milenares samurais. A história fala sobre a tentativa de assassinato organizada pelos conselheiros do então xogum japonês, contra o futuro sucessor do mesmo, o violento e niilista Lorde Naritsugu (um grande vilão). Para isso, o conselheiro pede a um samurai que forme um grupo de assassinos (os tais 13 do título) para acabar com o insano postulante ao xogunato.



Esse grupo é bastante heterogêneo, mas simplista em sua concepção. Além do líder, temos o velho samurai arrependido, dois irmãos gêmeos que funcionam como alívio cômico, o anti-herói bêbado e jogador, o samurai por excelência entre outros estereótipos que facilitam a vida do espectador em acompanhar/reconhecer aqueles inúmeros personagens.

O filme caminha com alguma lentidão durante o desenvolvimento de seus personagens e principalmente da elaboração do tal plano de ataque dos assassinos para exterminar o lorde, porém em seu ato final (tomado completamente por uma épica batalha) o filme cresce e mantém o espectador preso a cadeira. Miike constrói uma claustrofóbica batalha entre os treze assassinos e o exercito que protege o lorde. Além da incrível capacidade do exercito ir se "reconstruindo" com a aparição inexplicável - mas sensacional - de cada vez mais soldados o ambiente vai se tornando cada vez mais opressivo, enevoado e sangrento. Sem dúvida, essa sequencia já entrou para o meu hall pessoal de grandes momentos do cinema de ação da última década. As diversas seqüências dentro desse ato, são muito bem coreografadas e sem medo de expor a violência estética de corpos se partindo e do sangue escorrendo pelos corpos acertados.



Por outro lado, os efeitos visuais são pobres e denotam uma falta de recursos destinados a essa função (notem a sequencia com os javalis que pegam fogo, e percebam como aquilo ficou realmente mal feito), que contrabalanceiam a criatividade do diretor em seus ângulos e forma de filmar. Como exemplo, aponto uma que envolve um personagem severamente ferido que passa a enxergar o mundo de forma embaçada. O filme traduz essa sensação com o uso de uma inteligente e visceral câmera subjetiva que funciona como amplificador que ilustra a proximidade da morte.  

O filme ainda é inteligente ao diferenciar seus personagens por seus estilos de luta com as espadas e objetos. Desde ataques firmes e certeiros, ao uso de pedras como armas, passando pelas lanças e pela agilidade de movimentação, cada samurai é também identificado por suas técnicas diferenciadas.


Uma pena que aos quarenta e cinco do segundo tempo, o filme comete sua única falha mais grave, ao tentar convencer o espectador da existência de uma espécie de personagem "Highlander" que mesmo seriamente ferido (coisa que o filme mostra acontecer) mantém-se vivo, apenas para contracenar com outro personagem que funciona como herói acidental da produção. Mas é um detalhe, que não tira a força dessa intensa, visceral e poética história sobre a honra de uma classe que dominou com grandiosidade todo um país.

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