quinta-feira, 7 de julho de 2011

Cilada.com
(Cilada.com, 2011)
Comédia - 107 min.

Direção: José Alvarenga Jr.
Roteiro: Bruno Mazzeo e Rosana Ferrão

Com: Bruno Mazzeo, Fernanda Paes Leme, Sérgio Loroza, Augusto Madeira, Thelmo Fernandes e Carol Castro



Bruno Mazzeo é um camarada talentoso. Conseguindo sair da sombra de um pai nacionalmente famoso (e genial) o escritor/ator vem se consolidando como um dos grandes nomes do humor nacional da nova década. O principal catalisador para isso, vem da série de tv Cilada, um grande sucesso na tv paga (no canal Multishow) e que ganha sua versão cinematográfica com roteiro do próprio Bruno (em parceria com Rosana Ferrão e participação de Marcelo Saback) e direção de José Alvarenga Jr. (Divã, Os Normais e que também colaborou com o roteiro) um egresso da televisão com experiência na transposição entre mídias.


O filme gira em torno da vingança da mulher traída (Fernanda, interpretada por Fernanda Paes Leme) após ver seu namorado Bruno (Bruno Mazzeo) se agarrando (impossível dizer transando por questões de vestuário) com uma garota desconhecida em pleno casamento de sua prima. Para melhorar sua situação, o rapaz acaba sendo pego "com as calças na mão" em frente a toda a família da garota, amplificando ainda mais a vergonha.


Como vingança a garota solta na internet um vídeo que mostra uma atrapalhada "transa" do casal (novamente com aspas já que em momento algum os personagens parecem estar fazendo algo mais visceral do que um abraço forte) que se transforma em um martírio para o rapaz e repercute de forma violenta em sua vida.



Cilada.com é um erro. De construção de roteiro, de interpretações exageradas e piadas (algumas) boas desperdiçadas por um filme que não sabe e nem consegue ser divertido em seu conjunto. Talvez o plot funcionasse melhor como um episódio da série de Tv, já que a construção que interliga as cenas é muito fraca. Existe uma série de personagens desnecessários e que são apresentados como importantes, apenas para serem revelados como figurantes de luxo. Sérgio Loroza como o pretenso cineasta Marco André, é tão exagerado e patético que nem mesmo as piadas físicas funcionam. Optando sempre por satirizar os pretensos cults e apostando em piadas batidas sobre drogas e maconha funciona como um bufão no meio de um deserto de falta de humor.

Por sua vez, Bruno Mazzeo se sai surpreendentemente bem, conseguindo misturar a comédia mais rasgada e desbocada com uma capacidade de interpretação dramática surpreendente. De longe é a melhor coisa do filme.


Os demais coadjuvantes são todos muito mal aproveitados. Fernanda Paes Leme, tendo em mãos um incomodo papel de mulher traída que (como manda a regrinha da comédia romântica) vai acabar perdoando o namorado, precisa nos convencer de que existe alguma tridimensionalidade nessa idéia. Afinal, a personagem foi traída na frente da família toda e é óbvio que toda mulher perdoaria o namorado nesse caso, não é mesmo? Afinal, para que precisamos ter amor próprio?



A personagem de Carol Castro é tão obtusa e desnecessária que é desperdício de tempo escrever sobre ela, mas em poucas palavras, a personagem muda quando "abre a boca" e proporciona uma virada do roteiro (depois que assistirem vão entender) que vai culminar no encerramento da produção.


Mas mesmo que os personagens fossem fracos (incluímos ai o patético Sandro, um camarada sem graça e que enfia estrangeirismo nas frases como forma de fazer piada, o mala Gerson, que estereotipa toda uma categoria de trabalhadores de escritório e Dr. Leoni que tem como única característica razoavelmente engraçada sua semelhança capilar com Ray Coniff) se a comédia mantivesse um mínimo de interesse talvez o filme conseguisse ser melhor do que a nota dada.


Os "melhores" exemplos disso residem em duas seqüências em especial. A primeira envolve a humorista Dani Calabreza e uma tentativa de representação de um programa de Tv, desses de baixaria. Além de não fazer sentido a participação da personagem de Fernanda Paes Leme no mesmo, toda a produção e "interpretação" da platéia beiram a musical de pré-escola, e fazem pérolas do nosso humor, como Zorra Total parecerem menos medonhos do que são.



Mais nada pode ser pior do que a infeliz e ofensiva cena do sonho de Bruno, em que o mesmo se ve em uma reunião de "apoio e tratamento aos que sofrem de ejaculação precoce". O humor é copiado do pior da série Todo Mundo em Pânico, além de tratar o espectador como imbecil, já que mesmo esfregando na cara (literalmente) sobre o que se trata essa tal reunião, em um derradeiro take mostra uma placa onde se lê o nome da organização que é visitado por Bruno. Pergunto, para que? Não confia mesmo na inteligência do espectador a ponto de precisar explicar, tal qual a um garoto de dois anos, sobre o que se trata?


Como disse durante a crítica apesar de piadas eficientes aqui e ali, o conjunto que une essas piadas é profundamente infeliz. Conduzido como uma tentativa frustrada de comédia romântica, não conseguindo nem ser engraçada nem romântica, o discurso televisivo fica claro pelas piadas prontas e pelo simplismo exagerado na resolução dos problemas (como se estivesse finalizando um episódio). O final completamente abobalhado, além de copiar sem dó um trecho especialmente romântico e tocante de Simplesmente Amor, é o atestado de falta de amor próprio e de "final de novela das oito" que o filme tem.


Cilada.com é uma comédia boboca. Não diverte mais do que um episódio mediano de Grande Família, ou um inspirado de Os Normais e passa longe da sagacidade e inteligência do Comédia MTV. Comparado aos parceiros de telinha, Cilada.com fica muito atrás e talvez mereça mesmo ser visto apenas na reprise do Corujão.


Um comentário:

  1. o filme não é fraco, apesar da cena inicial ser uma tragédia é um bom filme de comédia e serve pra dar boas risadas...

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