quinta-feira, 24 de maio de 2012

Homens de Preto 3


Homens de Preto 3
(Men in Black 3, 2012)
Ação/Comédia - 103 min.

Direção: Barry Sonnenfeld
Roteiro: David Koepp, Jeff Nathanson e Michael Soccio

Com: Will Smith, Tommy Lee Jones, Josh Brolin, Emma Thompson, Jemaine Clement

Quando o primeiro Homens de Preto estreou (no quase jurássico ano de 1997) fez um sucesso inesperado. A sátira ao mundo da ficção cientifica funcionou perfeitamente, amparado pelo talento de uma dupla que exibia na tela uma química tremenda. A direção eficiente de Barry Sonnenfeld também conferia aquele mundo uma veracidade que nos fez crer que sim, existia mesmo uma agencia super secreta que cuidava da chegada e partida de alienígenas no planeta.

A inevitável sequência foi programada, e o mundo teve o desprazer de assistir ao quase indefensável Homens de Preto 2, que se concentrava tanto em criar novas criaturas que se esqueceu completamente de apresentar uma historia que não parecesse tão derivativa e inconstante.

Uma década depois, a franquia - depois de muitas e muitas noticias sobre a realização do filme - volta às telas do planeta apostando no carisma de Will Smith, mas do que nunca alçado a condição de protagonista do filme, e do velho chavão da ficção cientifica: à volta no tempo.


A trama fala sobre um alienígena que busca vingança contra o agente K (Tommy Lee Jones) que há quarenta anos o prendeu, arrancando seu braço no processo, em uma colônia penal encravada na Lua. Quando o filme começa, o tal alienígena, chamado Boris (Jemaine Clement) consegue fugir da cadeia e volta a terra em busca de um dispositivo que o permita voltar no tempo e impedir que K o prenda, e por consequência acabar com o agente da MIB.

Sem me estender demais, o filme engrena quando subitamente K "some" tendo sua existência apagada da memória de todos, que enxergam o agente como um bravo combatente morto a mais de quarenta anos. O único que se lembra do agente, é J (Will Smith), que volta no tempo para impedir que o amigo e parceiro morra.

Homens de Preto se apóia no carisma de Smith e no falso mau humor de Tommy Lee Jones. Se Smith é dos poucos atores confiáveis do mercado hollywoodiano hoje, muito se deve a sua capacidade de entregar personagens agradáveis e naturalmente engraçados, simpáticos à primeira vista. Seu agente J é um caso claro dessa constatação. Longe de ser profundo, ou complexo, J é um veiculo ideal para que a persona de Smith sobressaia num exercício que o transforma naquele amigo "gente boa" ou naquele sujeito que sempre vai ser a alma da festa. E com trabalhos como esse, altamente comerciais e sucessos praticamente garantidos, Smith consegue espaço para se lançar em projetos mais ousados como Ali ou Procurando a Felicidade por exemplo, trabalhos em que o ator precisa desenvolver personagens mais densos do que seu homem de preto.


Já Tommy Lee Jones parece estar no automático há anos. Talvez falte ao ator uma melhor assessoria que o impeça te tomar contato com personagens muito parecidos. Curioso notar como essa imagem de Jones (se minha memória não falha) como um sujeito autoritário, sempre sisudo, mas "de bom coração", nasceu com o primeiro Homens de Preto e desde então o ator está vezes demais ligado a projetos que abusam do estereotipo.

As novidades do elenco são as adições de Emma Thompson como a nova chefe dos Homens de Preto (será que Rip Torn não quis voltar?) que mostra seu timing para a comédia - pouco explorado no cinema, infelizmente - e o ótimo Michael Stuhlbarg (do também ótimo Um Homem Sério e que esteve em Hugo Cabret) como uma criatura que parece ter saído da mente de um roteirista de Doctor Who, tamanha excentricidade e bizarrice. Stuhlbarg faz de Griffin, uma criatura divertida e inocentemente perturbada. A impagável participação de Bill Hader como Andy Warhol é outro destaque, e mesmo que curta, apresenta os momentos mais engraçados do filme ao lado da ótima piada que envolve o presidente americano.

Mas o grande "adendo" é mesmo Josh Brolin, que imita quase a perfeição Tommy Lee Jones. Além da semelhança física, Brolin recriou inflexões de voz, olhares enviesados e até a mania de Jones de manter o olhar eternamente caído, como se suas pálpebras precisassem de um guindaste para manterem-se abertas. Um trabalho divertido e correto, principalmente se levarmos em consideração que o material não é nenhuma maravilha.


Apesar de correto, o roteiro de David Koepp, Jeff Nathanson e Michael Soccio escorrega justamente na hora em que dele mais se espera. Durante todo o filme, somos bombardeados com frases misteriosas, de que existe um segredo muito grande por trás da trama. Quando o grande segredo é revelado, além dele não ser tão sensacional assim, destrói a suspensão de descrença do filme, já que prejulga que um dos personagens sofre no mínimo de problemas de memória graves. E mesmo que o filme insira uma justificativa para essa - digamos - falta de memória, ignora os eventos mostrados no primeiro filme, quando encontramos os personagens pela primeira vez e nada é sequer mencionado referente a esses eventos.

O que resta é um divertimento leve e passageiro que infelizmente não deixa marca alguma. Os ótimos efeitos visuais continuam afinados, assim como a trilha e o som. A maquiagem no somente esforçado Jemaine Clement que vive o vilão Boris, é excelente também. Mas são elementos técnicos que criam um mundo bonito de se ver, mas simplório, e pior, requentado. Acho que é a hora dos homens de preto perdurarem os ternos.

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