quarta-feira, 9 de maio de 2012

Piratas Pirados!


Piratas Pirados!
(The Pirates! Band of Misfits, 2012)
Aventura/Comédia - 88 min.

Direção: Peter Lord, Jeff Newitt
Roteiro: Gideon Defoe
Com as vozes de: Hugh Grant, Salma Hayek, Jeremy Piven, Martin Freeman, Imelda Staunton, David Tennant, Brendan Gleeson

Conhecidos pela comédia que beira o absurdo, misturado ao típico humor inglês, a Aardman realizou algumas das animações mais interessantes dos últimos vinte anos. Sempre apresentando uma qualidade técnica praticamente irretocável, as animações em stop-motion da produtora, são exemplo de como aliar comédia e ação para os mais velhos sem se esquecer dos menores.

Apesar de um leve deslize com Por Água Abaixo, que contava a historia de um rato playboy que se envolvia com um rato de esgoto, o estúdio inglês produziu filmes de qualidade, como Wallace & Gromit: A Batalha dos Vegetais, que transformava a serie de curtas de alta qualidade da produtora em um longa metragem muito interessante. Ano passado a mesma produtora apresentou o igualmente gracioso Operação Presente, que infelizmente foi pouco visto por aqui.

Pois bem, é muito triste constatar que em dois anos seguidos, tanto Pixar quanto Aardman lançaram seus piores trabalhos em suas trajetórias. Se Carros 2 pela Pixar foi o choque de que até eles podiam errar, Piratas Pirados é a comprovação de que uma premissa interessante e engraçada às vezes não funciona nem para crianças e nem para os adultos.


Partindo da ideia de um pirata obcecado pela ideia de ser o "Pirata do Ano" na prestigiada organização dos piratas, o filme ainda tenta colocar no mesmo balaio a Rainha Vitória e... Charles Darwin. Apesar de parecer absurdo (e é, e até ofensivo em termos históricos) a ideia não é ruim, já que a forma de encaixar as duas personalidades históricas em meio aos piratas é engenhosa e non-sense, tal qual a ideia de piratas que divertem em uma "Noite do Presunto", ou seja, dentro da lógica do filme é compreensível.

O problema é que a inclusão desses personagens aponta diretamente para o espectador adulto (em teoria) que se imagina que tenha conhecimento sobre os personagens apresentados. Os pequenos vão certamente ter mais dificuldade para entender quem são aquelas figuras e muito provavelmente se referirão aos mesmos como "A Rainha Gorducha Nervosa" e o "Nerd Bobo e Chorão", pois são assim que os dois personagens são apresentados ao público, ou seja, nada de sutileza ou verdade histórica tem vez na animação.

A trama que surge curiosa e instigante - já que a chegada do famoso naturalista é um dos poucos momentos de alegria do filme - se torna previsível e o pior, nada engraçada. Uma ou outra piada interessante fazem os mais velhos rirem (como a dificuldade de todos notarem que um dos piratas esconde um segredo, digamos, sobre sua origem ou os muitos disfarces dos piratas), enquanto a historia erra feio ao ignorar a fauna curiosíssima dos piratas - que são identificados por características físicas ou de comportamento - e apostar no clichê mais do que batido de aprender com os erros e redenção, algo que a Aardman até então sempre soube apresentar de forma original e engraçada (uma característica de todos os seus curtas e filmes).


Além dos coadjuvantes principais serem muito rasos (Darwin é um bobo apaixonado e a rainha uma megera e os demais piratas mal aproveitados), o próprio personagem principal - o Capitão Pirata - não tem carisma algum. Auxiliado por um filme que tem problemas de ritmo e que não sabe se agrada às crianças ou aos mais velhos, é uma pequena bomba e que infelizmente vai estar sempre ao lado de produções muito mais virtuosas sempre que se falar sobre os estúdios Aardman.

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