sábado, 9 de fevereiro de 2013

O Amante da Rainha


O Amante da Rainha
(En Kongelig Affære, 2012)
Drama - 137 min.


Direção: Nikolaj Arcel
Roteiro: Ramus Heisterbeg e Nikolaj Arcel

com: Alicia Vikander, Mads Mikkelsen, Mikkel Boe Folsgaard

Biografias históricas em geral são bastante previsíveis. Primeiro, por motivos bastante óbvios: o espectador conhece (ou pode pesquisar) o final daquela história e  segundo porque diante de uma história conhecida, é muito difícil aborda-lo por uma perspectiva muito inovadora. O que geralmente se faz é tentar dar um verniz diferente a um fato de conhecimento público.

É o caso de o Amante da Rainha, produção dinamarquesa que concorre ao Oscar de filme em língua não inglesa esse ano. Apesar de a história ser - imagino - quase desconhecida para os não nascidos na Dinamarca ou fãs de história, ela segue a risca os preceitos dos filmes históricos mais tradicionais. Planos abertos, figurinos caprichados, design de produção de alto nível, cenários grandiosos e tudo mais que compõem um filme do tipo. A direção é de Nkolaj Arcel, que opta pelo classicismo em sua abordagem do tema, ou seja, além dos planos abertos, não existe de ousado na montagem ou na abordagem da história.

Isso não faz de Amante da Rainha um filme ruim, pelo contrário. Dentro do que pretende fazer ele é extremamente competente. A rainha Caroline (Alicia Vikander) é mais um dos muitos exemplos de meninas muito jovens que eram "vendidas" para sacramentar alianças entre países durante boa parte da história da Europa. Uma vez que a garota chega à Dinamarca vinda da Inglaterra, logo percebe que a vida ao lado do rei Christian VII (Mikkel Boe Folsgaard) será uma espiral de tristeza, devido a personalidade maníaca e uma doença mental que vai transformando o monarca em uma figura excêntrica e muito perturbada.


O filme tem como plano de fundo o período em que os iluministas revolucionaram a forma de pensar na Europa e mudaram o panorama político do continente. A Dinamarca mantém-se a parte do movimento e continua sendo um país de forte predomínio conservador, onde obras do movimento e a liberdade de expressão eram tolhidas pelo governo.

Entra em cena o médico Johann Friedrich Struensee, interpretado com extremo autocontrole por Mads Mikkelsen. Um homem de pensamentos modernos e ideias diferentes da maioria, o médico acaba se tornando amigo e confidente do rei e uma vez na corte, se apaixona pela rainha.

Apesar dos óbvios conchavos e intrigas palacianas típicas de produções do gênero, o filme também aborda a politicagem de forma inteligente. Struensee é um homem que deseja mudar o mundo e a paixão de Caroline pelas ideias iluministas faz com que de médico, ele se transforme em líder do país, conseguindo colocar em prática ideias progressistas. A química entre Alicia e Mikkelsen é boa, e o casal é crível na tela. Já Mikkel como o rei Christian consegue transitar pela insanidade e pela inocência com tranquilidade.


O Amante da Rainha é tecnicamente bem realizado, com seus cenários grandiosos, fotografia clássica e funcional interpretações seguras do elenco. Não é das melhores produções de época já realizadas, mas é uma historia trágica, contada com emoção e esmero.

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